quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Romney bem lançado para a nomeação

A menos de uma semana dos caucuses do Iowa, a corrida parece cada vez mais encaminhada a favor de Mitt Romney. Ontem foi conhecida uma nova sondagem que mostrou Romney e Ron Paul a lutar pela vitória no hawkeye state, com Newt Gingrich, em clara perda, a surgir num já distante terceiro lugar. 
Assim, e salvo alterações de última hora ou uma surpresa na noite eleitoral, é bastante provável que o primeiro momento das primárias presidenciais traga um bom resultado para Romney. Se vencer, ganha logo à partida um importante avanço sobre a concorrência. Mas mesmo um segundo lugar, perdendo para Paul, não deixa de ser um desfecho positivo para o antigo Governador do Massachusetts. Isto porque um triunfo de Paul no Iowa catapultaria-o para o estatuto de principal adversário de Romney, o que ajudaria este último a agregar o grosso dos eleitores republicanos em torno da sua candidatura, já que Ron Paul, com as suas ideias políticas distantes do eleitor republicano comum, é considerado inelegível numa eleição geral.
Mesmo tendo surgido vários adversários a ameaçar a sua posição de principal favorito, a verdade é que Romney foi sempre capaz de se manter à tona, não entrando em pânico e mantendo a sua mensagem. Apesar do mérito de Mitt Romney, é preciso não esquecer que os seus adversários foram os grandes responsáveis pela sua própria implosão. Michelle Bachmann, Rick Perry, Herman Cain, Newt Gingrich falharam principalmente por culpa própria, fosse por incapacidade pessoal, por terem "esqueletos no armário" ou por falta de uma estrutura de campanha à altura de uma corrida presidencial.
Depois desta fase conhecida como primária invisível, Tim Pawlenty deve estar bem arrependido de ter abandonado a sua candidatura presidencial no Verão, depois de se ter ficado por um terceiro lugar na Ames Straw Poll. Por outro lado, também outros nomes que chegaram a ser falados como possíveis candidatos, casos de Mitch Daniels, Haley Barbour ou John Thune, teriam em 2012 excelentes possibilidades de conseguir a nomeação presidencial pelo GOP. Qualquer um deles, mas especialmente Daniels, seria um adversário de peso para Romney (e até para Barack Obama). A sua oportunidade perdeu-se, mas Romney agradece e vai bem lançado para ser o nomeado republicano e defrontar Obama na disputa pela presidência dos Estados Unidos.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Mensagem de Natal da família Obama


Como já começa a ser tradição do Máquina Política, aqui fica a mensagem de Natal da first family norte-americana.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Merry Christmas!

O Máquina Política deseja a todos os seus leitores um feliz Natal!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

As primárias republicanas: um balanço natalício

Com o Natal à porta, não há muito tempo para escrever. Todavia, com o início das primárias à porta - os caucuses do Iowa são já dia 3 de Janeiro - a corrida republicana está mais agitada do que nunca. E é precisamente no hawkeye state que se centram as atenções da campanha eleitoral, já que o vencedor da primeira eleição da época de primárias é uma incógnita completa.
Até há uns dias atrás, Newt Gingrich parecia imparável rumo à vitória no Iowa. Contudo, uma cerrada ronda de ataques liderada por Ron Paul prejudicou os seus números nas sondagens, tendo sido ultrapassado pelo congressista do Texas, mas também pelo principal favorito a conseguir a nomeação, Mitt Romney. Só que o feitiço parece ter-se virado para o feiticeiro e agora é Paul que se encontra debaixo de fogo, acusado de comentários racistas, mas não só, como se pode conferir por este artigo do Politico.
Por detrás da chuva de críticas a Paul, o campeão da ala libertária do GOP, podem estar as campanhas dos seus adversários, mas também de alguns sectores do Partido Republicano do Iowa. Isto porque Ron Paul, sendo um candidato de franja, com algumas ideias totalmente opostas às da plataforma política republicana (Paul defende a não intervenção no estrangeiro, a diminuição das forças armadas, o aborto ou a legalização das drogas leves), não tem qualquer hipótese de conseguir a nomeação republicana. Assim, a sua vitória no Iowa tornaria esse Estado praticamente irrelevante no processo de escolha do candidato presidencial do GOP e isso é algo que preocupa os responsáveis republicanos locais que não querem ver a credibilidade dos seus caucuses ameaçada.
Por outro lado, a ascensão de Paul no Iowa, ás custas de Gingrich, beneficia claramente Mitt Romney que não se importaria de ver Ron Paul vencer nesse Estado, anulando assim a possibilidade de um outro candidato viável ganhar momentum e ameaçar o seu estatuto de grande favorito nas primárias seguintes, em New Hampshire. Mais: com os ataques negativos centrados em Paul e em Gingrich, Romney pode, por contraste,  sobressair como o único candidato capaz de derrotar Obama em Novembro do próximo ano. E isso parece já estar a acontecer, com uma recente sondagem a dar-lhe a liderança no Iowa. Ora, com uma vitória no Iowa, seguir-se-ia, quase de certeza, um novo triunfo no New Hampshire. Com essas duas vitórias "no saco", muito dificilmente não seria Romney o nomeado republicano.
De momento, as estrelas parecem estar a alinhar-se de forma a favorecerem Mitt Romney. Porém, dada a natureza incerta de todas as campanhas eleitorais (e esta em particular), o melhor é mesmo esperar para ver o que acontece no dia 3 de Janeiro. Depois dos caucuses do Iowa, certamente que teremos mais certezas. Ou não.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Gingrich em perda

Depois de várias semanas em que Newt Gingrich liderou nas sondagens, novos números  relativos ao Iowa, o primeiro Estado a ir a votos (já de amanhã a duas semanas), dão a entender que a campanha do antigo Speaker pode estar em queda, como aconteceu, antes dele, com Michelle Bachmann, Rick Perry e Herman Cain. 
Segundo uma sondagem da Public Policy Polling, Newt, com apenas 14% dos votos, foi já ultrapassado por Mitt Romney (20%) e por Ron Paul (23%) no hawkeye state. Aliás, o congressista do Texas e herói da ala libertária do Partido Republicano é o grande beneficiado desta nova dinâmica da corrida, surgindo mesmo em boa posição para vencer no Iowa. Nesse caso, o grande beneficiado seria, sem dúvida, Mitt Romney, que evitaria a vitória de um adversário perigoso (Ron Paul não será nunca o nomeado republicano) no Iowa e, com a sua previsível vitória no New Hampshire, ganharia momentum para enfrentar as primárias seguintes na Carolina do Sul e na Florida.
Esta abrupta queda de Gingrich parece indicar que a campanha do georgiano está a sofrer os efeitos de várias rondas de ataques em anúncios televisivos por parte dos seus adversários, principalmente de Ron Paul. No guerra dos tv ads, Gingrich tem sido largamente derrotado pelos seus oponentes, fruto da sua menor capacidade financeira, mas também devido ao facto de a sua campanha ser menos profissional e organizada do que as de Romney e Paul. Além disso, Newt Gingrich demorou muito tempo a focar a sua atenção nos primeiros Estados e isso pode ser-lhe prejudicial no Iowa e no New Hampshire, onde os eleitores são conhecidos pornão votarem em alguém que não conheceram pessoalmente.
Nos próximos dias,haverá a quadra festiva, assim como vários eventos desportivos locais de relevo no Iowa, o que desviará as atenções da campanha eleitoral. Por isso, torna-se mais difícil para Gingrich recuperar deste momento menos positivo da sua campanha. Assim sendo, Mitt Romney volta a ser o grande favorito a obter a nomeação presidencial do GOP. Contudo, em política, duas semanas são uma eternidade e, como esta corrida eleitoral tem demonstrado tão claramente, tudo pode acontecer.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Cartoon: Uma corrida de lebres e tartarugas

Mais um engraçado cartoon do Político, que relaciona a disputa pela nomeação presidencial republicana à fábula da corrida entre a lebre e a tartaruga. De facto, os candidatos (ou aspirantes a candidatos) que começaram em força com a velocidade de lebres, como Donald  Trump, Michelle Bachmann, Rick Perry e Herman Cain, foram vendo as suas hipóteses eleitorais desvanecerem-se. Contudo, Mitt Romney, com o ritmo constante de uma tartaruga, foi sobrevivendo às fugazes ultrapassagens que lhe eram feitas, e Newt Gingrich, qual tartaruga que vinda de trás alcança a liderança, parecem bem lançados para derrotar, sem apelo nem agravo, qualquer uma das lebres que participa nesta animada corrida.

domingo, 11 de dezembro de 2011

A aposta de 10 mil dólares que assombrará Romney

Ontem à noite decorreu mais um debate entre os candidatos republicanos (com excepção de John Huntsman) à Casa Branca. A NBC News e o Des Moines Register foram os anfitriões do evento que teve lugar no Iowa, o Estado onde será dado o pontapé de saída da época de primárias, já no próximo dia 3 de Janeiro. 
Para este debate,  o grande ponto de interesse era saber como Newt Gingrich reagiria, agora que lidera as sondagens, e se os seus adversários partiriam para o ataque, nomeadamente Mitt Romney. E Gingrich deu uma excelente resposta,conseguindo uma boa prestação. Mas não foi o único a ter uma noite positiva, já que Michelle Bachmann, Ron Paul, Rick Santorum e Rick Perry também não estiveram nada mal.
Contudo, o grande destaque da noite vai para um passo em falso de Mitt Romney, que até aqui tinha passado incólume nos debates, saindo vencedor da maioria deles. Só que ontem, num momento em que estava a ser acossado por Perry devido ao sistema de saúde que implantou enquanto Governador do Massachusetts, Romney propôs uma aposta de 10 mil dólares ao seu adversário. Pode ter sido uma forma de expressão inocente, mas a verdade é que, numa altura em que os EUA e o mundo atravessam uma crise económica brutal, um candidato presidencial não se pode referir de forma tão leviana em relação a uma quantia que, para a maioria dos eleitores, representa uma pequena fortuna. 
Como não podia deixar de ser, os candidatos republicanos e mesmo os democratas não perdoarão este deslize de Romney e não tardarão a caracterizá-lo como estando afastado da realidade do eleitor comum. Depois de ontem, é provável que Romney aprenda uma lição que Perry também já teve de aprender da pior maneira: nos debates, pouco há a ganhar, mas muito a perder.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Novo blogue sobre política norte-americana

Apesar de já ter o adicionado na minha lista de blogues que, do lado de cá do Atlântico, abordam os meandros políticos dos Estados Unidos da América, ainda não tinha feito referência ao mais recente espaço sobre a política norte-americana escrito em português. Com o intuito de acompanhar a apaixonante corrida à Casa Branca de 2012, o Filipe Ferreira e o Carlos Manuel Castro lançaram o EUA 2012, um blogue que ambos, um democrata e um republicano, mantêm constantemente actualizado. A eles, as minhas boas vindas a este canto da blogosfera, onde se discute a política norte-americana.

Scott Brown com lugar em risco

Elizabeth Warren e Scott Brown
Quando os americanos se dirigirem às urnas, a 6 de Novembro do próximo ano, não votarão apenas para eleger o seu Presidente, decorrendo, em simultâneo, eleições para o Congresso e para cargos estaduais. Contudo, entre essas corridas, as eleições para o Senado são sempre as que geram mais expectativas, fruto da importância e estatuto do cargo de Senador.
No próximo ano, o Partido Democrata terá uma dura tarefa em manter o controlo da câmara alta, já que a larga maioria dos lugares em disputa são ocupados precisamente por democratas e, em algumas dessas corridas, os republicanos são favoritos à vitória. Contudo, o mesmo já não acontece no sentido inverso, e apenas no liberal Massachusetts (e talvez no Arizona), os democratas têm boas perspectivas de "roubar" um assento ao GOP.
No início de 2010, a surpreendente eleição de um conservador (ainda que moderado) naquele que é um dos Estados mais liberais da União provocou enormes ondas de choque por todo o país e assinalou o fim da lua-de-mel entre Obama e os norte-americanos. Com a perda do lugar no Massachusetts, os democratas perderam a maioria à prova de bloqueio no Senado e ficou provada a força do Tea Party, que teve aí a sua primeira grande vitória e demonstração de influência. Mas o Massachusetts continua a ser território democrata e os liberais tencionam derrotar Brown em 2012. Para isso, escolheram uma candidata de peso e uma heroína dos liberais. Elizabeth Warren, antigo docente em Havard e Presidente da Comissão de Supervisão do Congresso é a grande favorita a conseguir a nomeação democrata e será uma grande ameaça para a continuidade de Scott Brown no Senado.
Numa recente sondagem, Warren surge com vantagem sobre Scott Brown, amealhando 49% das intenções de voto, face a 42% do republicano. Porém, não se espere que a derrota de Brown é inevitável, pois o actual Senador já provou a sua capacidade no trilho da campanha e conta com boa imagem junto dos eleitores, tendo um índice de aprovação positivo. Assim, o vencedor é incerto, mas uma coisa é certa: esta disputa no Massachusetts será uma das mais interessantes corridas do próximo ano.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Newt domina em (quase) toda a linha

O início do calendário das primárias aproxima-se rapidamente, estando os caucuses do Iowa marcados para dia 3 de Janeiro. Dessa forma, os resultados das sondagens têm um cada vez maior significado e servem para medir a temperatura da corrida. E, segundo os mais recentes estudos de opinião, Newt Gingrich continua a cativar os eleitores republicanos, conseguindo uma vantagem clara sobre o seu principal adversário, Mitt Romney, nas seguintes sondagens de âmbito nacional:

Economist/YouGov: Gingrich 31%, Romney 15%, Paul 11%, Perry 9%, Santorum 7%, Huntsman 6%, Bachmann 5%
Gallup: Gingrich 36%, Romney 23%, Paul 9%, Perry 6%, Bachman 6%, Santorum 3%, Huntsman 1%

Estes números não deixam margem para dúvidas: Gingrich é, neste momento, o frontrunner da corrida republicana, com Romney a ser relegado para o segundo posto. O libertário Ron Paul continua a ter números interessantes que provam a eficácia da sua campanha, que está a ser bem organizada e que conta com voluntários e seguidores entusiastas. Todos os outros não parecem entrar para as contas, excepto no caso de uma eventual desistência e de uma consequente "movimentação" dos seus (poucos) eleitores para outras candidaturas.
Todavia, no contexto de umas primárias presidenciais americanas, que decorrem num largo período de tempo e com um ou poucos Estados a votarem de cada vez, as sondagens nacionais são bem menos significativas do que os estudos realizados nos primeiros Estados do calendário das primárias. Mas, mesmo assim, analisando os números das sondagens nesses locais, continua a ser Gingrich o grande destaque, já que, segundo a CNN e a Time, o antigo Speaker lidera em três dos quatro primeiros Estados a irem a votos:

Iowa: Gingrich 33%, Romney 20%, Paul 17%, Perry 9%, Bachmann 7%, Santorum 5%, Huntsman 1%
New Hampshire: Romney 35%, Gingrich 26%, Paul 17%, Huntsman 8%, Bachmann 3%, Perry 2%, Santorum 2%
Carolina do Sul: Gingrich 43%, Romney 20%, Perry 8%, Bachmann 6%, Paul 6%, Santorum 4%, Huntsman 1%
 Florida: Gingrich 48%, Romney 25%, Paul 5%, Bachmann 3%, Hunstman 3%, Perry 3%, Santorum 1%

Também aqui os números são inequívocos e demonstram a posição de força actualmente ocupada por Newt Gingrich, que terá sido o grande beneficiário da desistência de Cain e da implosão de Perry. Favorito no Iowa e esmagador no Sul, Newt tem tudo para ganhar um importante ímpeto de vitória nos primeiros Estados que o ajudará a ultrapassar melhor os desafios seguintes. Romney, por sua vez, necessita de aguentar o segundo posto no Iowa e de vencer claramente no New Hampshire, de forma a conseguir minimizar as previsíveis derrotas nos Estados sulistas. 
A disputa pela nomeação republicana é cada vez mais uma corrida a dois, entre Romney e Gingrich, com Ron Paul a intrometer-se apenas nos dois primeiros Estados (Iowa e New Hampshire). Todos os outros, repito, são actualmente quase que irrelevantes no contexto da campanha presidencial. Por agora, New parece levar vantagem, mas, como já viu ao longo desta corrida, Romney não pode ser menosprezado, já que, sendo um candidato seguro, experiente e com grandes recursos financeiros, pode recuperar a liderança a qualquer momento.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Um primeiro olhar sobre o mapa eleitoral de 2012

Como se sabe, as eleições presidenciais nos Estados Unidos são decididas através de um colégio eleitoral, arrecadando o candidato vencedor em cada Estado o número de votos eleitorais que esse Estado atribui (número esse atribuído pelo número de senadores e congressistas que representam esse mesmo Estado no Congresso). Dessa forma, mais que uma disputa nacional, as eleições presidenciais norte-americanas são várias corridas locais e estaduais, com os candidatos a darem o seu melhor para atingir o número mágico de votos eleitorais que permite a vitória final: 270.
270towin é precisamente o nome da minha mais recente aquisição para o iPad - uma aplicação que permite criar e recriar cenários do mapa eleitoral norte-americana. Utilizando esta fantástica ferramenta, começarei a partir de hoje a fazer o ponto da situação do mapa eleitoral americano, no que diz respeito às presidenciais de 2012. Na imagem de cima surge a minha primeira análise, numa altura em que ainda não é conhecido o adversário de Barack Obama. Ainda assim, esta é a minha visão do mapa eleitoral, ciente que, quando se souber qual o ticket republicano que irá defrontar Obama/Biden, esta imagem pode-se alterar substancialmente, fruto das características próprias dos candidatos escolhidos pelo GOP.
Neste meu primeiro mapa eleitoral, o equilíbrio é a nota dominante, com Obama a conseguir 201 votos eleitores, ficando o candidato republicano com 190. Uns impressionantes 147 votos eleitorais ficam em branco, na categoria de toss up, ou indeciso, o que demonstra a indefinição da corrida. Todavia, dentro dos votos eleitorais atribuídos a cada um dos lados, o grau de certeza do resultado final é variável, com a tonalidade da cor a ser mais forte à medida que é também maior a probabilidade de esse partido vencer num Estado em particular. Veremos, com o aproximar do dia das decisões (6 de Novembro do próximo ano) qual é a cor que ganha predominância: o azul, dos democratas, ou o vermelho, dos republicanos.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Barómetro 2012 - Update Dezembro

Barack Obama O desemprego desceu para os valores mais baixos dos últimos tempos e os seus índices de aprovação não voltaram a baixar da fasquia psicológica dos 40%. Devido a estes factores e à emergência de Gingrich nas sondagens (um adversário teoricamente mais acessível do que Romney) a situação de Obama melhorou ligeiramente.
Mitt Romney Perdeu, nos últimos dias, a liderança nas sondagens para Newt Gingrich. O excelente momento que atravessa o antigo Speaker já provocou, inclusivamente, a reacção da campanha de Romney, que se viu forçada a atacar o seu adversário.
Newt Gingrich É actualmente o grande destaque da corrida republicana e ameaça seriamente o estatuto de Romney como presumptive nominee. Se conseguir aguentar os seus bons números no Iowa, na Florida e na Carolina do Sul, eleições que decorrem já em Janeiro, pode tornar-se um caso sério.
Herman Cain Depois de ter sido acusado de ter mantido um caso extraconjugal durante anos, Cain não tinha condições para continuar na corrida e abandonou, sem surpresa, a disputa pela nomeação presidencial. É a última vez que surge neste barómetro.
John Huntsman Apesar de ser um dos candidatos com melhores credenciais, a verdade é que continua sem convencer o eleitorado republicano. O facto de se querer distanciar significativamente dos seus concorrentes também o prejudica com os eleitores mais conservadores, precisamente aqueles que têm mais propensão para votar nas primárias do GOP.
Rick Santorum Continua sem descolar da última posição nas sondagens e é difícil antever um cenário que não seja a sua desistência depois dos caucuses do Iowa.
Rick Perry A sua campanha é das mais profissionais e bem preparadas, mas quando o candidato é propenso a gaffes como Perry não há staff que lhe valha. Tem tentado ultrapassar os seus maus momentos recorrendo ao humor, mas, com os contribuidores financeiros em fuga, dificilmente conseguirá voltar à luta pela nomeação.
Michelle Bachmann É um caso semelhante ao de Santorum, com a diferença de que Bachmann já esteve no topo da corrida, para logo a seguir descer para os últimos lugares. Diz-se que não está a investir na Florida, o que indicia que a sua candidatura não deverá passar das primárias iniciais.
Ron Paul É um candidato com um potencial limitado, já que apela quase unicamente à ala libertária do GOP. Todavia, parece lançado para um excelente resultado no Iowa, o que lhe dará ímpeto para encarar as primárias seguintes com melhores perspectivas.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Herman Cain sai da corrida

Confirmaram-se os rumores dos últimos dias, que apontavam para o abandono de Herman Cain da sua tentativa de chegar à Casa Branca, na sequência das acusações de comportamento impróprio de que foi alvo por parte de várias mulheres, assim como de um caso extraconjugal que terá, alegadamente, mantido durante 13 anos. Acompanhado da sua esposa, algo raro nos últimos tempos, Cain anunciou a sua decisão de suspender a campanha, o que, na prática, significa que está terminada a sua aventura na campanha presidencial. 
Quando anunciou a decisão de disputar a nomeação presidencial republicana, Herman Cain não foi levado muito a sério, já que era praticamente desconhecido do grande público e nunca havia exercido um cargo público. Mas, com algumas boas prestações em debates e facilidade em fazer passar a sua mensagem aos eleitores, Cain conseguiu estabelecer-se como uma das grandes surpresas da campanha, chegando a ser um dos frontrunners. Contudo, como tantos outros candidatos antes de si, Cain não conseguiu sobreviver a um escândalo sexual, algo só ao alcance de um punhado de políticos, com Bill Clinton como exemplo mais paradigmático. Agora, com Cain a abandonar a corrida pela porta pequena, o principal ponto de interesse será perceber para onde irão os votos dos eleitores que contavam votar no georgiano, mas é provável que Gingrich (também oriundo da Geórgia) seja o grande beneficiário.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Gingrich descola

A emergência de Newt Gingrich como frontrunner da campanha pela nomeação presidencial republicana parece ser um fenómeno mais duradouro e consistente do que outros movimentos semelhantes, como foram os casos de Michelle Bachmann, Rick Perry e Herman Cain. Pelo menos essa é a ilação das mais recentes sondagens, que continuam a colocar o antigo Speaker da Câmara dos Representantes na frente da corrida, tanto a nível nacional como nos tradicionalmente decisivos early states.
Uma sondagem YouGov/TheEconomist, realizada entre 26 e 29 de Novembro, encontrou Gingrich 25% das intenções de voto e com uma vantagem clara sobre Romney, que se fica pelos 17%. Logo atrás surge Cain, com 15%, e, nos single digits estão Ron Paul (9%), Michelle Bachmann, (5%), John Huntsman (5%), Rick Perry (5%), e Rick Santorum (3%). Além disso, este estudo fornece ainda um importante indicador: quando Herman Cain (que está alegadamente a ponderar retirar-se da corrida, na sequência das várias acusações de cariz sexual que lhe têm sido feitas) é retirado das opções de candidatos, a vantagem de Gingrich para Romney aumenta para 13 pontos percentuais - 32% contra 19%. Estes números parecem indicar que, caso Cain abandone a disputa pela nomeação ou caso o seu apoio se dilua completamente, Newt poderá ser o grande beneficiado, recebendo a maior parte dos ex-apoiantes de Cain. 
Outra sondagem, esta exclusivamente na Florida e da responsabilidade Public Policy Polling, mostra que Newt Gingrich conseguiu uma enorme vantagem no sunshine state, contando com 47% das intenções voto, bem à frente de Romney (17%), Cain (15%), Paul (5%), Bachmann (4%), Huntsman (3%), Perry (2%) e Santorum (1%). Ora, a Florida pode desempenhar um papel decisivo nestas primárias, já que é o quarto Estado a ir a votos no calendário das primárias presidenciais e, entre eles, é, de longe, o que atribui mais delegados ao seu vencedor. Assim sendo, se Gingrich vencer na Florida é provável que também tenha triunfado no Iowa e na Carolina do Sul e, nesse caso, estaria com o caminho aberto rumo à nomeação pelo GOP.
Estes números, e quando estamos a apenas um mês dos caucuses do Iowa, devem fazer soar os alarmes na sede de campanha de Mitt Romney, já que Gingrich é a maior ameaça que o antigo Governador do Massachusetts já enfrentou até ao momento na actual campanha eleitoral. Por isso, não admira que Romney já esteja a lançar anúncios televisivos no Iowa, um Estado onde não pretendia competir abertamente, mas que, face às necessidades, tem agora de ser uma forte aposta da sua campanha. Até porque o seguro morreu de velho e Romney, com Gingrich a ganhar momentum, não pode facilitar nem um bocadinho.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Mitt vs Mitt

Barack Obama e o Partido Democrata já escolheram o alvo a abater, entre os candidatos republicanos à Presidência. Sem surpresas, Mitt Romney é o nome mais temido pela campanha que tenta reeleger Obama, em 2012. Assim sendo, os democratas não perdem tempo nem esperam pelo desfecho da disputa pela nomeação republicana para abrirem as hostilidades. Tendo definido as várias trocas de posição de Romney em relação a diversos assuntos como a sua principal fragilidade, os democratas lançaram recentemente este vídeo na Internet, além de uma versão condensada em anúncios nas televisões de alguns dos principais swing states. O resultado final dos vídeos parece devastador para Romney, mas falta saber a reacção dos eleitores a este excelente peça de marketing político, denominada Mitt vs Mitt.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Happy Thanksgiving!

A actividade política nos Estados Unidos durante o dia de hoje será praticamente nula, dado que se cumpre um dos mais importantes e característicos feriados norte-americanos, o Thanksgiving Day. Apesar de neste lado do Atlântico não se celebrar este dia, o Máquina Política não pode deixar de desejar a todos os seus leitores um um happy Thanksgiving!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Temos corrida (pelo menos assim parece)!

Com o início das primárias cada vez mais perto, as várias sondagens que vão saindo relativamente aos primeiros Estados a irem a votos - Iowa, New Hampshire, Carolina do Sul - ganham uma relevância cada vez maior. Por isso, importa ir prestando atenção aos números desses estudos de opinião, para termos uma melhor noção do estado da corrida nesses locais decisivos.
Em primeiro lugar virá o Iowa, um Estado onde o eleitorado dos caucuses é tradicionalmente conservador, principalmente em questões sociais. Não admira, portanto, que Mitt Romney, que chegou a ser pro-choice, seja visto com alguma desconfiança e, apesar de agora estar a lutar pelos primeiros lugares, é duvidoso que seja o vencedor da contenda no Hawkeye state. Assim, é provável que a vitória sorria ao principal candidato da linha mais conservadora, estatuto actualmente pertencente a Newt Gingrich. E, de facto, a mais recente sondagem da Rasmussen indica nesse sentido, colocando o antigo Speaker com 32% das intenções de voto, à frente de Romney  (19%) e de Herman Cain (13%).
Depois do Iowa, as atenções viram-se para New Hampshire, onde têm lugar as primeiras primárias (sistema de voto em urna) e Estado onde o eleitorado republicano não é tão conservador. Mas esta parece a corrida mais previsível e até com um vencedor anunciado. Mitt Romney, que até montou residência no Estado, parece imbatível no granite state, com uma sondagem da Suffolk University a atribuir-lhe 41% das intenções de voto. Bem atrás, com 14%, surgem Gingrich e Ron Paul.
A confirmarem-se estas previsões, Gingrich (ou outro conservador) e Romney chegariam à primária seguinte, na Carolina do Sul, com uma vitória para cada lado. Dessa forma, a corrida nesse Estado sulista desempenharia um importante papel, em especial para o candidato mais conservador, que necessitaria de uma vitória robusta para fazer crer à ala mais à Direita do GOP que é possível bater Romney. E, nesse sentido, surgiram hoje boas notícias para Gingrich, já que uma sondagem da Polling Company coloca-o no primeiro lugar na Carolina do Sul, com 31% dos votos, ficando Herman Cain no segundo posto (17%) e Romney a fechar o pódio (16%).
A confirmarem-se estes números (e se o bom momento de Gingrich estiver para ficar), podemos ter uma corrida mais animada e equilibrada do que se chegou a pensar, quando Romney ameaçou descolar para uma vitória rápida e sem grandes discussões. E isso seria bom para o espectáculo e para todos aqueles que, como eu, gostam de assistir a uma campanha equilibrada e disputada até ao fim.

sábado, 19 de novembro de 2011

Nos idos de Março

Fui ontem ao cinema ver um filme que não podia perder. Os Idos de Março, realizado e protagonizado por George Clooney, relata os bastidores da campanha presidencial do Governador da Pensilvânia, Mike Morris (Clooney) e está repleto de trama política e, claro, de escândalos sexuais. A narrativa acompanha um dos principais assessores políticos de Morris, o jovem e idealista Stephen Meyers (Ryan Gosling), que se vê envolvido numa delicada situação, envolvendo o candidato à Casa Branca e uma jovem interna da campanha. 
Na senda de películas como Primary Colors, este The Ides of March apresenta uma visão cínica dos meandros das campanhas políticas dos Estados Unidos. Apesar de alguns exageros, uma das ideias transmitidas pelo filme, de que a discrição sexual é mais importante para uma campanha do que a própria capacidade intelectual ou competência de um candidato, é triste mas verdadeira. Mas, não querendo estragar a experiência de quem ainda não viu o filme com mais spoilers, o melhor é ficar por aqui e aconselhar este "Nos Idos de Março", em especial para os mais interessados pela política norte-americana, mas também para o público em geral.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O Iowa ainda gosta de Cain

Apesar dos recentes escândalos sexuais e de uma gaffe comprometedora, a verdade é que Herman Cain não pode ser ainda riscado das contas da disputa pela nomeação republicana. Pelo menos é a ilação que se pode retirar de uma sondagem da Universidade do Iowa, que encontrou o georgiano na frente das intenções de voto dos eleitores republicanos registados para votar nos caucuses que têm lugar daqui a cerca de mês e meio, a 3 de Janeiro de 2012. Mas vejamos os resultados:

Herman Cain - 24.5 %
Ron Paul - 20.4 %
Mitt Romney - 16.3 %
Rick Perry - 7.9 % 
Newt Gingrich - 4.8 %
Rick Santorum - 4.7 %
John Huntsman - 0 %

Além da liderança de Cain, importa destacar nestes números o bom resultado do libertário Ron Paul que, caso nenhum dos outros candidatos consiga descolar, pode mesmo aspirar à vitória no Hawkeye state. Já Mitt Romney, que surge no terceiro lugar, algo distante dos dois primeiros, tem de investir mais no Iowa para poder sonhar em vencer neste Estado, o que, aliado à sua provável vitória no New Hampshire, seria o suficiente para quase "fechar" a nomeação. Newt Gingrich, por sua vez, tem um resultado que surpreende pela negativa, tendo em conta o seu bom momento nas sondagens a nível nacional. Todavia, como esta sondagem foi realizada entre 1 e 13 deste mês, é possível que os resultados dos primeiros dias, altura em que a recuperação de Gingrich ainda não se tinha feito notar de forma tão veemente, tenham prejudicado os seus  números finais. Já Santorum e Huntsman, são, como se esperava, cartas fora do baralho para os eleitores do Iowa.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O momento "oops" de Herman Cain

Depois do embaraçoso momento de Rick Perry, que se esqueceu de nomear a terceira agência federal que faria desaparecer caso fosse eleito Presidente, e que ficou para a história como o oops moment, Herman Cain desempenhou ontem um momento semelhante, quando, entrevistado pelo Milwaukee Journal-Sentinel, tropeçou (ou gaguejou) numa simples pergunta sobre a sua posição relativamente à forma como Obama lidou com os acontecimentos na Líbia. Se Cain já estava em maus lençóis, após as várias acusações de cariz sexual de que tem sido alvo, agora a sua campanha pode entrar definitivamente numa espiral negativa, hipotecando as suas chances na corrida pela nomeação presidencial republicana.
Até ver, a campanha dos candidatos republicanos tem sido bastante animada e com vários pontos de interesse. Todavia, a maioria desses pontos corresponde a momentos negativos dos concorrentes do GOP, a que apenas Mitt Romney (entre os principais candidatos) parece, para já, imune. E se isso até pode ser positivo para a campanha de Romney, que parece lançado para a nomeação, o mesmo já não se pode dizer da imagem do Partido Republicano, já que estas sucessivos oops moment parecem vir dar razão a quem caracterizava este leque de candidatos como fraco e insuficiente.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

The comeback kid

A campanha presidencial de Newt Gingrich chegou a ser dada como terminada, depois da debandada geral do seu staff, no Verão passado. Contudo, agora, o antigo Speaker da Câmara dos Representantes, parece ganhar um novo fôlego e volta a entrar nas contas da disputa pela nomeação presidencial pelo GOP.
Isso mesmo é confirmado pelas mais recentes sondagens, que o colocam na frente da corrida ou em segundo lugar, muito próximo de Romney. Segundo um estudo da CNN/Research Poll, Romney ainda lidera, com 24% das intenções de voto a nível nacional (entre eleitores republicanos), mas Gingrich está já muito perto, com 22%. Bem atrás surgem Herman Cain (14%), Rick Perry (12%), Ron Paul (6%) e  Michelle Bachmann (6%). Já uma sondagem da Public Policy Polling entrega mesmo a liderança a Newt, que conta com 28% dos votos, seguido de Cain, com 25%, e de Romney, com 18%. Os resto do grupo não chega aos single digits - Perry (6%), Bachmann e Paul (5%), Huntsman (3%), Santorum (1%).
Estes resultados apresentam várias divergências, nomeadamente no líder da corrida e nas intenções de voto que apontam a Romney, Cain e Perry, mas estão de acordo num dado: Newt Gingrich está em clara subida e já merece ser considerado um candidato do top tier, designação habitualmente atribuída ao grupo dos concorrentes de primeira linha.
De facto, dos sete candidatos que disputam com Mitt Romney a nomeação, vimos assistindo a uma sucessiva eliminação. Senão vejamos: Perry afundou-se nos debates televisivos; Cain foi acusado de comportamentos impróprios; Bachmann desapareceu do mapa; as posições de Paul pouco têm a ver com o Partido Republicano; Huntsman e Santorum nunca conseguiram atrair o eleitorado. Assim sendo, resta Gingrich como alternativa ao presumível nomeado Mitt Romney. Nos próximos tempos, veremos se o antigo speaker merece mesmo o epíteto de comeback kid (anteriormente concedido ao seu histórico rival, Bill Clinton), ou se segue o mesmo destino que os anteriores candidatos a frontrunners.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Rick Perry afunda-se

Rick Perry entrou na corrida pela nomeação presidencial como um dos principais favoritos à vitória final e, de facto, as primeiras sondagens demonstravam a força do Governador do Texas. Contudo, com a sua participação nos primeiros debates, onde teve prestações desastrosas e não pareceu estar preparado para uma campanha nacional, Perry foi perdendo simpatizantes e afundou-se nas sondagens, passando para os últimos lugares.
De qualquer forma, ainda havia quem considerasse que Rick Perry ainda era capaz de recuperar e voltar a entrar na luta pela vitória. Todavia, essas possibilidades, por pequenas que fossem, devem ter terminado ontem, com mais uma péssima prestação num debate televisivo. O seu pior momento (retratado no vídeo de cima), quando queria nomear as três agências que pretenderia acabar quando chegasse à Casa Branca, mas apenas conseguiu apontar dois (não se lembrou do Departamento de Energia), chega a meter dó. Depois disto, e das várias vezes que este vídeo irá ser repetido, dificilmente Rick Perry pode ser considerado um candidato viável.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Cavaco nos EUA

O Presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, chegou ontem aos Estados Unidos para uma visita com uma semana de duração. Os pontos altos da sua estadia em solo americano serão hoje. De manhã, Cavaco presidirá à sessão plenária do Conselho de Segurança da ONU, que, durante o mês de Novembro é presidido por Portugal. À tarde, o Chefe de Estado português será recebido na Casa Branca pelo seu homólogo norte-americano, Barack Obama.
Com esta prolongada visita aos Estados Unidos, Cavaco pretende sublinhar a importância da presença portuguesa no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde Portugal tem assento durante dois anos, corrigir a imagem menos positiva do país que tem circulado no exterior devido à crise da dívida soberana que assola Portugal, mas também fazer uma aproximação à comunidade portuguesa na Costa Oeste dos Estados Unidos, principalmente na Califórnia, onde um Chefe de Estado português não se desloca há 21 anos. É, por isso, uma agenda preenchida, a de Cavaco nos EUA.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Gaffe presidencial

Ontem, em Cannes, num encontro à margem da reunião do G20, Barack Obama e Nicolas Sarkozy foram intervenientes num embaraçoso incidente de open mic. Não se apercebendo que tinha o microfone ligado, o Presidente francês disse ao seu homólogo americano que não suportava o Primeiro Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apelidando-o de mentiroso. Obama replicou, afirmando que Sarkozy estava farto de Bibi, mas que ele tinha de lidar com o israelita diariamente.
Estas gaffes, que acontecem com alguma frequência para infortúnio dos seus intervenientes, são a maior parte das vezes inofensivas. Todavia, este incidente não podia vir em pior altura para Obama, que tem tido frequentes problemas com a comunidade judia norte-americana, que o acusa de não ser tão favorável à sua causa como os seus antecessores na Casa Branca. Apercebendo-se desse problema, o Presidente dos Estados Unidos já reforçou o seu apoio a Israel, como se viu através da sua tomada de posição em relação à formação de um Estado Palestiniano. Mas, a um ano das eleições presidenciais, onde o eleitorado judeu pode desempenhar um importante papel, a gaffe de ontem não ajuda em nada as hipóteses de reeleição de Obama.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A queda de Herman Cain

Quando Herman Cain saiu da obscuridade para passar a ser um dos principais candidatos presidenciais republicanos, muitos acharam que esse era um fenómeno temporário, mais um flavour of the month das primárias pela nomeação presidencial do GOP, como Michelle Bachmann e Rick Perry o foram antes dele. Contudo, o que não se esperava é que a desgraça da sua candidatura viesse da emergência de escândalos sexuais, algo que tinha estado ausente da campanha até ao momento. Alíás, o próprio Cain tinha afirmado, há alguns meses, que não tinha esqueletos no armário e que da sua parte nunca surgiriam notícias do género das que agora aparecem em catadupa, acusando-o de assédio sexual.
Durante a última semana, Herman Cain foi obrigado a abandonar a mensagem da sua campanha, sendo repetidamente interrogado pela comunicação social sobre as acusações que lhe têm sido apontadas. A princípio, quando apenas as primeiras acusações eram conhecidas, Cain ainda se foi aguentando nas sondagens. Agora, porém, a sua queda parece inevitável, ainda para mais quando hoje mesmo se fala numa outra mulher que o acusa de conduta imprópria. Estes escândalos podem não destroçar uma candidatura, veja-se Bill Clinton em 1992, mas prejudicam muitas as hipóteses de Cain em especial junto dos value voters e dos evangélicos, o seu principal eleitorado-alvo. Assim sendo, o seu lugar de principal alternativa a Mitt Romney pode ficar vago nos próximos dias. Newt Gingrich, que começa agora a recuperar nas sondagens, é o principal candidato a ocupar esse lugar.
 

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Barómetro 2012 - Update Novembro

Barack Obama Concentrou a sua mensagem no tema da economia e do emprego, forçando a votação da sua jobs bill que não passou no Congresso. A mudança de táctica parece estar a resultar, pois os seus números nas sondagens voltaram a subir.
Mitt Romney Nos debates continua seguro e sem rival à altura. Imbatível no New Hampshire e competitivo em todos os outros primeiros Estados a votarem nas primárias, será muito difícil de bater. É o grande favorito a defrontar Obama, em Novembro de 2012.
Newt Gingrich Depois de um início de campanha desastroso, começa agora a mostrar um pouco mais de vontade no trilho da campanha. Com as implosões de Bachmann e Perry, o antigo Speaker pode estar a colocar-se como o terceiro classificado na corrida.
Herman Cain Foi assolado pelo primeiro escândalo sexual do presente ciclo eleitoral, após ser conhecido que duas mulhers o haviam acusado de comportamento impróprio, durante os seus tempos como líder da National Restaurant Association. Contudo, esse facto parece não estar a fazer grande mossa na sua candidatura, já que continua a liderar muitos estudos de opinião.
John Huntsman Em 2009, quando a Casa Branca o nomeou Embaixador na China, a equipa presidencial temia que Huntsman pudesse ser um perigoso adversário para Obama, em 2012. Contudo, agora, esse cenário parece muito distante, já que o antigo Governador do Utah não descola dos últimos lugares nas sondagens. Mesmo no New Hampshire, a sua grande aposta, Huntsman não atinge, sequer, os double digits.
Rick Santorum A posição de Santorum é idêntica à de Huntsman, com a diferença que o antigo Senador da Pensilvânia, um dos candidatos mais conservadores, aposta tudo no Iowa. Contudo, também ele está a ter dificuldades em deixar os últimos lugares nas sondagens.
Rick Perry Mantém-se a tendência da queda vertiginosa da campanha do Governador do Texas. Depois de a sua candidatura ter abalado de sobremaneira a corrida, entrando directamente para o topo das intenções de voto dos republicanos, Perry está agora relegado para o 6º lugar. Será que ainda pode recuperar?
Michelle Bachmann A sua campanha atravesse um momento difícil e diz-se mesmo que as suas reservas financeiras estão praticamente esgotadas. Ainda assim, a congressista continua a investir no Iowa, onde já foi a frontrunner, e na Carolina do Sul, onde procura atrair os value voters, presentes em grande número nesse Estado sulista.
Ron Paul Com a emergência de Herman Cain como o representante da ala mais conservadora do Partido Republicano, o mais velho do clã Paul passou a elegê-lo como o principal alvo dos seus ataques. Todavia, por muitas estratégias que utilize, a verdade é que nenhuma o levará à Casa Branca.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Obama recupera

Na semana passada, falei de uma reacção de Obama que visava recuperar a sua imagem junto dos norte-americanos e, consequentemente, melhorar os seus números nas sondagens. E, pelo que sugere uma sondagem da Quinnipiac, a sua estratégia parece estar mesmo a ser bem sucedida. Senão vejamos: de uma taxa de aprovação do trabalho do Presidente de 41-55% no anterior estudo do mesmo organismo, Obama passa agora para uns bem menos assustadores 47-49%. É certo que está ainda em terreno negativo, mas esta é já uma marca que lhe permite ser reeleito.
Obama também surge, na mesma sondagem, mais forte nos vários confrontos com os seus possíveis adversários republicanos, conforme comprovam os seguintes resultados:

Obama 47% - Romney 42%
Obama 52% - Perry 36%
Obama 50% - Cain 40%
Obama 52% - Gingrich 37%

Além de demonstrarem que as notícias da inevitabilidade da derrota do actual ocupante da Casa Branca são totalmente prematuras, estes números comprovam, uma vez mais, que Mitt Romney é, de muito longe, o adversário mais difícil para Obama. Ao olharem para estes números, os eleitores republicanos que ainda desconfiam de Romney terão de se interrogar sobre se preferem ser pragmáticos, votando no republicano com mais hipóteses contra Obama, ou se desejam ser idealistas, optando por outro qualquer candidato, mais fiel aos seus princípios e ideias, mas, ao mesmo tempo, entregando quase de mão beijada a reeleição ao actual Presidente. Com base na história e naquilo que é normalmente apanágio nas primárias republicanas, inclino-me mais para a primeira hipótese.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Mais um flip flop de Romney

Não há dúvidas que Mitt Romney é, actualmente, o grande favorito a obter a nomeação presidencial pelo Partido Republicano. O antigo Governador do Massachusetts tem liderado uma campanha regular, consistente e sem grandes erros. Ainda assim, Romney tem algumas vulnerabilidades, nomeadamente a sua fama de flip-flopper, ou seja, de mudar constantemente de opinião relativamente a um determinado tema.
Recentemente, Mitt Romney voltou a ser apanhado numa contradição. Há alguns meses, e contrariando a opinião expressa da grande maioria dos seus opositores nas primárias republicanas, Romney afirmou acreditar que o aquecimento global é um fenómeno real e provocado por acção humana. Contudo, recentemente, o ex-Governador do Massachusetts afirmou, num evento de campanha, que não sabe o que está a causar o aquecimento global e que gastar triliões de dólares para tentar diminuir as reduções de CO2 não é correcto.
Se Romney já é propenso a este tipo de volte-faces, então numa corrida à Casa Branca, onde um candidato presidencial é normalmente forçado a encostar ao extremo ideológico do seu partido, de forma a agradar às bases que o elegem, para, meses depois, regressar ao centro para atrair o eleitorado independente que decide eleições, o cenário é ainda mais complicado. 
Assim, com esta tomada de posição, Mitt Romney vai de encontro ao que o núcleo duro dos eleitores republicanos querem ouvir. Todavia, as implicações de mais uma ronda de acusações de ser flip-flopper podem ser -lhe bastante prejudiciais, já para não falar dos eleitores independentes que alienará na eleição geral. Desta forma, parece-me que os custos suplantam largamente as vantagens e que Romney sai a perder de mais uma mudança de opinião. Até porque os eleitores, mesmo que não concordem com a sua posição, respeitam um político que defende aquilo em que acredita. O que não é o caso de Mitt Romney.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A reacção de Obama

Barack Obama tem vivido tempos difíceis, com a sua popularidade a atingir, muito recentemente, os seus níveis mais baixos de sempre. Todavia, o Presidente dos Estados Unidos parece estar a esboçar uma reacção a esse mau momento, montando uma nova investida de forma a reconquistar os eleitores, principalmente os independentes, que votaram em si em 2008, mas que agora estão descontentes com a forma como tem liderado a nação norte-americana.
Na Sexta-feira passada, Obama anunciou a retirada total dos militares americanos do Iraque, cumprindo um acordo que o seu antecessor havia formado com a liderança iraquiana e uma promessa sua que remontava à sua campanha eleitoral, quando prometeu transferir recursos do Iraque para a mais consensual guerra no Afeganistão. Com esta decisão, Barack Obama deverá retirar dividendos políticos, pois o conflito iniciado em 2003, através da operação Iraqui Freedom é já há muitos anos altamente impopular, tendo já ceifado milhares de vidas americanas e obrigado a enormes gastos monetários que contribuíram para o actual défice do Estado Federal. Assim, mesmo que após a saída das tropas norte-americanas do território iraquiano se verifique um aumento da violência no terreno, dificilmente Obama verá a opinião pública a recriminá-lo pela sua decisão de retirar daquele país do Médio Oriente. E, se juntarmos a retirada do Iraque às várias eliminações de inimigos dos Estados Unidos que decorreram durante a administração Obama (com Bin Laden à cabeça), chegamos à conclusão que o actual Presidente será praticamente imbatível em questões de política externa quando tiver que enfrentar o eventual nomeado republicano.
Contudo, as matérias de política externa são um caso completamente diferente e bastante mais decisivo, já que a economia será certamente o tópico que dominará a campanha eleitoral do próximo ano. Durante muito tempo, Barack Obama foi criticado por dar menos importância às questões da economia e do emprego do que seria desejável na actual conjuntura mundial. Mas, agora, o Chefe de Estado americano parece querer contrariar essas criticas. Os seus périplos por vários locais dos Estados Unidos mais afectados pela crise económica (mas também Estados ou distritos decisivos nas eleições presidenciais) provam a sua vontade em demonstrar que está empenhado na melhoria da situação económica do país. 
Nessas viagens, Obama promoveu o seu plano de combate ao desemprego. Plano esse que foi bloqueado no Senado, tendo todos os senadores republicanos votado contra (além de três fragilizados democratas). Esse era um desfecho previsível, mas ainda assim a Casa Branca não abdicou de forçar a sua votação no Congresso, sabendo que dessa forma teria mais possibilidades de caracterizar a oposição como uma força de bloqueio que impede qualquer iniciativa democrata unicamente por motivos políticos. Essa estratégia, principalmente numa altura em que a taxa de aprovação do Congresso anda pelas ruas da amargura, não chegando sequer aos single digits, é bem capaz de ser uma das mais acertadas e com mais possibilidade de êxito.
Finalmente, Obama utiliza o facto de os norte-americanos, apesar de não estarem satisfeitos com o seu trabalho, ainda gostarem de si pessoalmente para marcar pontos em situações onde se sente como peixe na água, como é bom exemplo a sua presença, ontem, no Tonight Show, de Jay Leno. Nesse registo, Obama consegue soltar-se e lembrar aos eleitores americanos as razões que os levaram a votar nele, em 2008. Contudo, a principal dúvida é se estes factores serão suficientes para os convencer a fazer o mesmo, mas em 2012.


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Cartoon: Occupy Wall Street

Mais um excelente cartoon com a chancela do Politico. M Wuerker acerta na mouche, ao recordar que as verdadeiras consequências políticas advêm da participação política e eleitoral. Os manifestantes de Wall Street têm feito sucesso e são a voz de um grande número de norte-americanos (e não só) descontentes com a actual desproporção de rendimentos e concentração de riqueza num cada vez mais reduzido número de pessoas. Contudo, se não traduzirem esse descontentamento com uma plataforma política concreta, seja apresentando-se a eleições ou apoiando os candidatos da sua preferência, nunca verão as suas preces serem atendidas. Afinal, foi dessa forma que os movimentos Tea Party, cujo exemplo é muitas vezes comparado a este novo fenómeno, conseguiram o seu lugar de destaque no mundo político e social dos Estados Unidos da América.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Herman Cain lidera no Iowa

Os caucuses do Iowa já têm data marcada - 3 de Janeiro - e, a dois meses e meio de distância desse momento que dará início às primárias presidenciais, saiu hoje uma sondagem da Rasmussen sobre as intenções de voto entre os eleitores republicanos desse Estado que se traduziu nos seguintes resultados:

Herman Cain - 28%
Mitt Romney - 21%
Ron Paul - 10 %
Newt Gingrich - 9%
Michelle Bachmann - 8%
Rick Perry - 7%
Rick Santorum - 4%
John Huntsman - 2%

Em primeiro lugar, importa sublinhar a liderança destacada de Cain, que confirma o excelente momento que a sua campanha atravessa. Romney também continua em boa posição, porque, apesar de ter sido relegado para a segunda posição, esse é um resultado que não desdenharia conseguir num Estado onde os eleitores mais conservadores são dominantes. A meio da tabela não há novidades, com Paul, Gingrich e Bachmann a obterem números considerados normais. Contudo, logo a seguir, Perry surpreende pela negativa, ao surgir num distante sexto lugar e com apenas 7% dos votos, o que parece indicar que a sua campanha está em queda vertiginosa. Na cauda do pelotão continua Santorum, que nem no Iowa, onde o seu conservadorismo social lhe poderia granjear maiores simpatias, consegue números razoáveis, e Huntsman, que, precisamente pelos motivos contrários, nunca esperaria bons resultados no hawkeye state.  
Contudo, para já, estamos apenas a analisar números teóricos que nos chegam através de sondagens. Daqui a 75 dias, aí sim, saberemos os resultados que verdadeiramente contam. Já não falta muito...

"O regime de Khadafi chegou ao fim"

Foi assim que Barack Obama reagiu à morte de Muammar Khadafi, o ditador líbio que foi hoje morto pelas forças rebeldes que se insurgiram contra o seu regime que durava há mais de 40 anos.  O Governo dos Estados Unidos também canta vitória, pois a participação militar da NATO, iniciada sob liderança norte-americana, foi decisiva para a queda do regime líbio. 
Em menos de seis meses, os Estados Unidos viram desaparecer três grandes inimigos, depois das mortes de Bin Laden, al-Awlaky e, agora, Khadafi, o que comprova, uma vez mais, a senda de sucessos da actual administração no que diz respeito à política externa. Sobre isto, Andrew Sullivan diz que se Obama fosse republicano já teria lugar no Mount Rushmore. É um exagero, mas sem dúvida que na campanha presidencial que se avizinha, o candidato democrata não pode ser acusado de ser soft on terror. É que em questões de defesa e segurança Obama já provou, e de que forma, ser bastante tough.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O fenómeno Cain estará para ficar?

Hermain Cain está definitivamente em alta. Quando a maioria dos analistas o considerava pouco mais que um sideshow nesta corrida presidencial, eis que o georgiano surpreende meio mundo ao intrometer-se na luta pela nomeação, chegando já a liderar a corrida em algumas sondagens nacionais e também no importante Estado do Iowa.
Contudo, esta ascensão quase meteórica nas sondagens com que Cain se colou a Romney no topo dos favoritos não é um fenómeno sem precedentes. Anteriormente, já Donald Trump, Michelle Bachmann e Rick Perry viveram experiências semelhantes, tendo-se colocado, em diferentes momentos, como a grande sensação da corrida. Porém, em todos esses casos o momentum conseguido foi de pouca dura e seguido de uma rápida e substancial descida nas sondagens.
Curiosamente, essas várias oscilações nas sondagens não afectaram Mitt Romney, que tem mantido valores constantes e quase inalteráveis. Assim, parece que o núcleo duro de votantes em Romney está já encontrado, enquanto que o grosso dos eleitores republicanos, que ainda desconfiam do político com raízes no Nordeste americano, continua à procura de uma alternativa viável, dando o seu apoio a quem parecer no momento o melhor colocado para bater Romney e, depois, enfrentar Obama na eleição geral.
Assim sendo, é minha convicção que Herman Cain não será o nomeado republicano, apesar da sua mensagem anti-Washington, anti-política e anti-establishment soar muito bem a um grande grupo do eleitorado na conjuntura actual. De facto, deverá suceder a Cain o mesmo que aos exemplos anteriormente citados  (ainda que Perry seja um caso diferente e ainda possa recuperar) e a visibilidade e responsabilidade acrescidas, consequências do seu novo estatuto na corrida, mostrarão que não está preparado para assumir a Presidência dos Estados Unidos. Aliás, essa dinâmica pode já ter começado no Domingo passado, quando no programa televisivo Meet the Press, Cain afirmou não estar familiarizado com o conceito de neoconservadorismo, tirada que trouxe à memória Sarah Palin e o seu desconhecimento sobre a doutrina Bush.
Ninguém tem dúvidas de que Herman Cain tenha agora alcançado um lugar de destaque na disputa pela nomeação republicana. Todavia, a sua campanha entra agora numa nova fase e a tarefa que tem pela frente - manter-se no topo e mostrar ser um candidato viável - é bem mais complicada. E o antigo CEO de uma cadeia de pizzarias tem hoje um novo teste, em mais um debate televisivo, eventos onde até se tem saído bastante bem.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Money, money, money!

Barack Obama continua a descer nas sondagens, o que indica que a sua reeleição não se afigura como uma tarefa nada fácil. Contudo, é ainda muito cedo para afirmar que Obama será um Presidente de um só mandato. Isto porque, além da vantagem óbvia a nível de estatuto (o selo presidencial é uma arma formidável), o antigo Senador do Illinois conta ainda com uma grande vantagem a nível financeiro relativamente aos seus adversários republicanos.
Se atentarmos aos números divulgados pela campanha sua campanha, vemos que a candidatura de Obama conseguiu amealhar, no terceiro trimestre de 2011, uns fantásticos 42 milhões de dólares. Mais: se somarmos a estes números os valores que o Democratic National Committe angariou no mesmo período chegamos ao estonteante resultado de 70 milhões de dólares que Obama poderá utilizar na sua campanha de reeleição. A discrepância entre a capacidade financeira do candidato democrata e dos seus oponentes fica totalmente clara quando se percebe que o dinheiro angariado pelo Presidente ultrapassa largamente as somas de todos os concorrentes republicanos em conjunto! Além disso, é preciso não esquecer que os republicanos que estão na corrida à Casa Branca têm de lutar em duas frentes, primárias e eleição geral, enquanto que Obama poderá concentrar os seus recursos na eleição geral.
Já em 2008 Barack Obama se mostrou um formidável angariador de fundos, o que o levou mesmo a abdicar das contribuições públicas para a campanha, optando pelo financiamento privado, indo contra uma sua promessa anterior. Na altura, Obama angariou cerca de 750 milhões de dólares, mas, agora, espera-se que consiga atingir os mil milhões, o que, numa altura de crise, seria algo de incrível (para não dizer obsceno). Historicamente, a angariação de fundos era tradicionalmente uma vantagem dos candidatos republicanos,  fruto da maior proximidade do GOP com o mundo empresarial. Contudo, desta vez, a vantagem está no lado democrata.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Debate confirma a tendência da corrida

Ontem à noite, em New Hampshire, decorreu mais um debate entre os candidatos presidenciais republicanos. Este, organizado pelo Washington Post e pela Bloomberg, foi muito semelhante aos anteriores (em conteúdo, já que adoptou um formato diferente, em jeito de mesa redonda) e confirmou a actual tendência da corrida rumo à nomeação presidencial.
Mitt Romney esteve, mais uma vez, irrepreensível e voltou a ser o vencedor da noite. Sem erros, beneficiou ainda de uma certa timidez (ou temor) dos seus adversários, que não foram capazes de o atacar eficazmente. Na verdade, o antigo Governador do Massachusetts parece estar a um nível acima da concorrência, o que não pode ser dissociado do facto de já ter tentado a sua sorte em 2008 e de ter passado os últimos cinco anos a concorrer à Presidência dos Estados Unidos.
Por sua vez, Rick Perry repetiu mais uma prestação medíocre, parecendo pouco à vontade e sem novas armas para voltar a mudar o rumo da campanha a seu favor. As expectativas que cria para as suas presenças em debates são agora baixíssimas, mas nem assim é capaz de as superar. Não foi terrível, mas certamente que não será assim que ameaçará o estatuto de Romney. Aliás,o seu segundo lugar parece agora estar inclusivamente em risco, fruto de uma fulgurante recuperação de Herman Cain.
Cain é, de facto, a figura do momento na campanha republicana, surgindo já na primeira posição em algumas sondagens, e a sua prestação no debate de ontem pode contribuir para o seu momento positivo. Depois de Romney, Cain foi quem esteve melhor no encontro de New Hampshire, apostando forte no seu programa fiscal denominado plano 9-9-9, que promete tornar-se um dos mais fortes soundbytes da campanha. Se Rick Perry não tiver cuidado, Herman Cain pode mesmo colocar-se como a maior alternativa a Romney.
Por fim, naquilo a que podemos chamar de "resto do grupo", Newt Gingrich foi quem mais brilhou, mantendo o seu tom provocador e polémico, chegando mesmo a sugerir que os democratas autores da reforma financeira deviam ir presos. Ron Paul, Rick Santorum e John Huntsman estiveram discretos e não me parece que ainda possam ressurgir em força na campanha de 2012 (mas o mesmo já foi dito sobre Herman Cain). Finalmente, Michelle Bachmann, cuja campanha parece estar quase sem oxigénio, esteve muito distante das suas excitantes prestações nos primeiros debates e não entusiasmou ninguém, provavelmente nem ela própria. 
Está assim cumprido mais um debate na quase interminável lista deste tipo de eventos que terão lugar durante a grande maratona que é a campanha presidencial nos Estados Unidos - estão ainda marcados mais onze debates, até Março de 2012. Por agora, a sua importância é relativa, mas, com o aproximar das primárias, as suas audiências e, consequentemente, o impacto nos eleitores, aumentarão significativamente.

Christie apoia Romney

Mitt Romney continua a amealhar pequenas vitórias e é cada vez o maior favorito a conseguir a nomeação republicana. Ontem, recebeu o importante apoio de Chris Christie, o popular Governador de New Jersey e que até à semana passada era um possível candidato presidencial. Este apoio chega relativamente cedo na campanha eleitoral, já que é normal as candidaturas guardarem este tipo de anúncios de peso para uma fase mais avançada da corrida, de forma a que tenha um maior impacto nas primárias. Contudo, desta forma, o apoio de Christie dá credibilidade a Romney e demonstra aos eleitores republicanos que o GOP está rapidamente a mobilizar-se em torno do antigo Governador do Massachusetts. Além disso, Chris Christie pode também ajudar Romney junto do eleitorado mais conservador, que parece ter ainda bastantes reservas a seu respeito. É certo que faltam ainda quase três meses para o início das primárias, mas, para já, Romney parece muito bem lançado.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Barómetro 2012 - Update Outubro

Barack Obama Os índices de aprovação do seu trabalho continuam em queda, atingindo já valores bastante preocupantes. Porém, a sua capacidade de angariação de fundos mantém-se em níveis recordes e os seus sucessos de política externa sucedem-se. A sua reeleição está longe de estar garantida, mas continua um formidável adversário para qualquer candidato republicano.
Mitt Romney Com Perry a perder fulgor e sem Chris Christie na corrida, o antigo Governador do Massachusetts é cada vez mais favorito a conseguir a nomeação. Até ao momento tem liderado uma campanha praticamente imaculada.
Newt Gingrich Tem subido ligeiramente nas sondagens e procura agora cativar Sarah Palin e os seus mais fieis seguidores. Prepara-se para lançar um novo Contrato para a América, à imagem do programa que em 1994 permitiu ao GOP reconquistar o Congresso e a Gingrich tornar-se Speaker. Veremos se em 2012 terá o mesmo sucesso.
John Huntsman Cada vez aposta mais (ou mesmo tudo) nas primárias do New Hampshire, onde as características dos eleitores podem favorecer as suas posições mais moderadas. Mas, apesar de algumas sondagens terem sugerido que estava a ganhar tracção no granite state, a sua candidatura é um (very) long shot.
Rick Santorum A candidatura de Santorum nunca criou expectativas muito elevadas. Contudo, o antigo Senador da Pensilvânia tem realizado uma campanha cinzenta e pouco entusiasmante. Por isso, não admira que não deixe os últimos lugares nas sondagens.
Rick Perry Depois de uma entrada triunfante na corrida, o Governador do Texas tem cometido erros, em especial nos debates, que puseram um fim à sua ascensão meteórica. Contudo, com vastos recursos financeiros ao seu dispor e sem Palin na corrida, Perry é ainda o principal adversário de Romney.
Michelle Bachmann Continua a descer a pique nas sondagens e parece que os tempos de fulgor onde parecia bem encaminhada para uma vitória no caucus já ficaram para trás. Para piorar as coisas, a campanha da congressista do Minnesota poderá estar com problemas financeiros, o que põe em perigo a viabilidade da sua candidatura.
Ron Paul A seguir aos dois frontrunners, Romney e Perry, é quem angaria mais dinheiro. Contudo, as suas posições em política externa, como quando pede a demissão de Obama pela morte de um líder da Al-Qaeda que é cidadão norte-americano, prejudicam-no junto do tradicional eleitorado republicano.
Herman Cain A vitória na straw poll da Florida e as boas prestações nos debates deram um novo ímpeto à sua candidatura. De forma algo surpreendente, Cain tem ressurgido em força nas sondagens que o colocam nos primeiros lugares.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Morreu Steve Jobs

"A morte é muito provavelmente a melhor invenção da vida"
Faleceu, ontem, aos 56 anos, o lendário fundador da Apple, Steve Jobs, vítima de um cancro no pâncreas. Ficará para a história como um dos mais bem sucedidos empresários no ramo da informática e como um visionário na área das tecnologias. Barack Obama, ele próprio um entusiasta dos gadgets da Apple, já lamentou a morte de Jobs, que apelidou de "um dos maiores inovadores norte-americanos".

Palin não vai a jogo

Sarah Palin não será candidata à Presidência dos Estados Unidos, segundo a própria anunciou ontem, via Fox News. Termina assim o grande último tabu relativo à corrida à Casa Branca de 2012, depois de a antiga Governadora do Alasca ter por várias vezes adiado o anúncio da sua decisão. Agora, com Palin definitivamente fora da luta pela nomeação, reduzem-se os motivos para folclores e especulações em torno da campanha republicana. Contudo, desengane-se quem pensar que Palin estará afastada do cenário, pois o seu endorsement será um dos mais disputados pelos candidatos presidenciais do GOP.