quinta-feira, 28 de julho de 2011

Cartoon: O debate da dívida

Este cartoon, de M. Werner, do Politico, ilustra bem o que se passa actualmente em Washington, no que diz respeito ao debate sobre o aumento do limite da dívida pública norte-americana: enquanto a ala republicana mais conservadora domina a agenda política do seu partido, empurrando-o cada vez mais para a Direita, Barack Obama em particular e os democratas em geral, vão cedendo constantemente, apenas para verem novas exigências serem feitas por parte da oposição. Assim, do lado democrata assistimos a um claro exemplo de falta de liderança, enquanto que os republicanos demonstram uma clara irresponsabilidade, tentando ganhar dividendos políticos com um assunto que pode trazer consequências muito nefastas para o seu país.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Barómetro 2012 - Update

Barack Obama Depois do bump nas sondagens na sequência da morte de Bin Laden, os números do Presidente nas sondagens voltaram ao habitual, estando situados nos high fortys. Veremos como se sai desta crise sobre o tecto da dívida, pois poderá ter forte impacto nas suas hipóteses de reeleição.
Mitt Romney Continua forte no New Hampshire, conseguindo mesmo "roubar" um staffer local a Tim Pawlenty. Os rumores sobre os seus possíveis running mates ajudam a construir a narrativa do vencedor antecipado. Contudo, sabemos como essa estratégia resultou com Hillary Clinton.
Newt Gingrich Tem passado despercebido durante as últimas semanas, o que, depois das catástrofes anteriores, só pode ser positivo.
Sarah Palin Mantém-se a incógnita relativamente à sua entrada ou não na corrida. O documentário que recentemente estreou sobre a antiga Governadora do Alasca, atraiu fiel mas pequena legião de seguidores.
Tim Pawlenty Continua sem se impor entre o campo de candidatos presidenciais republicanos.Já se apercebeu da ameaça que Michelle Bachmann representa para a sua candidatura e concentra-se, agora, em atacar a sua adversária.
John Huntsman A sua entrada na corrida provocou um considerável buzz mediático. Contudo, parece que esse fenómeno se verificou mais no seio da própria comunicação social do que propriamente entre os eleitores republicanos, já que nas sondagens o ex-Embaixador na China surge repetidamente nos últimos lugares.
Rick Santorum O antigo Senador pela Pennsylvania aposta tudo no Iowa e, por isso, também está preocupado com a popularidade de Bachmann. Seja como for, as suas hipóteses são, no máximo, diminutas.
Rick Perry O Governador do Texas, que substitui Chris Christe (que se tem mostrado irredutível na sua decisão de não concorrer) neste barómetro, tem estudado uma possível candidatura à Casa Branca e passou imediatamente para os primeiros lugares nas sondagens. Pode abanar - e muito - a corrida.
Michelle Bachmann As histórias sobre as suas enxaquecas e como essa condição pode afectar a sua disponibilidade para o cargo de Presidente dos EUA contrariaram, ainda que ligeiramente, o momentum que vinha a conseguir depois da sua prestação no último debate.
Ron Paul Anunciou que em 2012 não concorrerá novamente ao Congresso. Assim sendo, esta candidatura presidencial deverá ser a última campanha política do texano e representará a passagem de testemunho para o seu filho Rand, actual Senador pelo Kentucky.
Herman Cain Tem perdido fulgor e não parece capaz de ganhar novo ânimo, de forma a aproximar-se do grupo dos principais favoritos.

Romney já pensa em VPs

Christie, McDonnell e Rubio
Apesar de ainda faltarem cerca de seis meses para o início das primárias presidenciais e cerca de um ano para que o vencedor desse processo tenha de escolher a pessoa que consigo irá formar o ticket republicano, começam já a surgir alguns rumores relativamente à shortlist de Mitt Romney para o cargo de Vice-Presidente. Ao que consta, o actual favorito a conseguir a nomeação pelo GOP já reduziu as suas preferências para apenas três nomes: o Governador da Virgínia, Bob McDonnell, o Governador de New Jersey, Chris Christie e Marco Rubio, Senador pela Florida.
São opções seguras e convencionais, de políticos que se destacaram na senda de vitórias do Partido Republicano em 2009 e 2010. A intenção de Romney ao "deixar escapar" esta notícia poderá ser a de atrair os eleitores mais conservadores, dado que estes três nomes figuram entre os políticos favoritos dos movimentos Tea Party. Dos três, talvez seja Marco Rubio o mais provável candidato vice-presidencial, dado que representa a Florida, porventura o mais importante Estado numa eleição presidencial, e porque é hispânico (cubano-americano), um eleitorado decisivo e entre o qual o GOP tem perdido votos de forma preocupante. Todavia, a escolha final de Romney, ou de quem quer que seja o nomeado republicano, no que diz respeito ao seu vice-presidente, será sempre influenciada por tudo aquilo que se passar durante as primárias e por todo um conjunto de variáveis circunstanciais. Assim, a uma tão grande distância do momento de decisão, este tipo de análise, ainda que seja interessante, não passa de mera especulação.

terça-feira, 26 de julho de 2011

O impasse mantém-se

A questão da dívida externa norte-americana continua a marcar a agenda mediática nos Estados Unidos e não só, já que a possibilidade de o gigante americano entrar em incumprimento, o que pode acontecer já no próximo dia 2 de Agosto, tem repercussões na economia global. No centro da discussão está a questão do limite da dívida pública norte-americana, que necessita de ser aumentado para que os Estados Unidos possam continuar a financiar-se no exterior. Esse é um procedimento relativamente comum, tendo sido várias vezes realizado, inclusivamente por presidentes republicanos. Apesar de ambos os partidos estarem de acordo relativamente ao facto de um eventual aumento do tecto da dívida ter de ser acompanhado com um importante conjunto de medidas que visam reduzir o défice do país, os democratas defendem que entre essas medidas conste um aumento de impostos para os mais ricos, enquanto que os republicanos rejeitam tal hipótese. 
Ontem à noite, Barack Obama falou aos norte-americanos, tentando conquistar a opinião pública, de forma a ganhar maior poder negocial nas arrastadas e inconclusivas negociações que se arrastam há já varias semanas. Todavia, ao que parece, a sua comunicação, em tom decidido (ou agressivo, dizem alguns), afastou-o do centro das decisões, visto que o Congresso decidiu lançar mãos à obra e tomar conta da questão, apresentando as suas próprias propostas, algo que o Presidente ainda não fez. Contudo, isso não significa o fim da disputa, já que a maioria democrata no Senado apresentou um plano, enquanto que a maioria republicana na Câmara dos Representantes tenciona votar a favor da sua própria proposta.
Normalmente, o aumento do limite da dívida não seria um tema que levantasse uma polémica com estas dimensões. Contudo, assistimos a um período na história da política norte-americana em que a polarização ideológica e partidária é extremamente acentuada, em especial no seio do GOP, onde grupos como os movimentos Tea Party conseguiram um importante poder e influência. Assim, não admira que o Speaker John Boehner, o líder de facto do partido, e que durante algum tempo se mostrou receptivo a um acordo com Obama, tema não conseguir os votos necessários na sua bancada para garantir o aumento do tecto da dívida, ao mesmo tempo que recusa utilizar a palavra compromisso.
É ainda evidente que as eleições presidenciais de 2012 marcam, também, as negociações. Por um lado, Barack Obama pretende ter aqui uma vitória retumbante, mostrando-se aos cidadãos americanos como o Estadista responsável que zela pelos interesses do país - algo como aquilo que se passou quando Bill Clinton venceu o "braço de ferro" com Newt Gingrich relativamente ao shutdown federal a meio do seu primeiro mandato. Por seu lado, os republicanos preferem um plano que obrigue a novas negociações em 2012, altura em que Obama seria obrigado a defender novamente um aumento de impostos, mas, desta vez, em plena campanha eleitoral. 
Por tudo isto, fica claro que a situação não é nada propícia a um acordo. Contudo, e apesar de ambos os lados esperarem que o outro seja o primeiro a ceder, num autêntico jogo de chicken, no fim o bom senso deverá imperar e acredito que se chegue a um entendimento. Seja como for, muito brevemente saberemos como termina esta longa história, até porque o dia 2 de Agosto aproxima-se rapidamente.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A última viagem do Atlantis

Uma imagem (retirada do New York Times) histórica: o vaivém Atlantis aterra no mítico Kennedy Space Center, em Cape Canaveral, na Florida, pouco depois das 6 da manhã locais (11h em Portugal), colocando um ponto final no programa da frota de vaivéns espaciais da NASA, após cerca de 30 anos de serviço. Como disse o comandante da missão, Christopher Ferguson, "mission complete, Houston".

terça-feira, 19 de julho de 2011

Rick Perry aponta a 2012

Não é novidade para ninguém que o actual campo de candidatos republicanos à Presidência dos Estados Unidos é quase unanimemente considerado como fraco. Em especial, duas "facções" do GOP encontram-se pouco representadas pelos concorrentes já conhecidos: o establishment do partido e os sulistas. Todavia, tem vindo a ganhar consistência a hipótese de uma candidatura que seria capaz de seduzir estes dois grupos, já que Rick Perry, actual Governador do Texas, parece cada vez mais perto de entrar oficialmente na corrida.
Nos últimos dias, têm subido de tom os rumores que indicam que Perry estará próximo de se candidatar à Casa Branca, particularmente depois de o próprio ter dito a um jornal do Iowa que se sentia chamado a concorrer. Aliás, é precisamente nesse Estado (onde, recorde-se, tem lugar o primeiro momento das primárias presidenciais) que Rick Perry tem concentrado as suas abordagens preliminares com vista a uma eventual candidatura, tendo contactado vários membros proeminentes do Partido Republicano local.
Se chegar mesmo a entrar na corrida, Perry poderá ter uma palavra a dizer. É natural que contasse com fortes apoios dentro da estrutura republicana, onde o favorito Mitt Romney é visto com alguma desconfiança, enquanto que Tim Pawlenty continua a não parecer uma alternativa viável. A sua capacidade de angariar dinheiro seria apreciável, contando com a sua grande base de doadores no Texas, um Estado onde proliferam os magnatas do petróleo e que já deu aos Estados Unidos os presidentes Lyndon Johnson, George Bush e George W. Bush. Mais: o facto de ser proveniente do Sul dos Estados Unidos dar-lhe-ia uma excelente hipótese de vencer na Carolina do Sul e de conseguir um bom resultado na Super Tuesday, onde vão a votos vários Estados sulistas. Isto porque o Sul é o principal bastião do Partido Republicano e, como tal, os seus eleitores representam um grupo fundamental numas primárias do GOP. Porém, depois do colapso da campanha de Newt Gingrich, o Sul ficou sem qualquer seu representante na luta pela nomeação republicana (Ron Paul e Herman Cain são oriundos do Sul, mas não serão os nomeados), o que faria de Rick Perry o favorite son dos ex-Estados confederados.
Visto isto, fica claro que a entrada de Perry na corrida traria ainda mais emoção à disputa pela nomeação republicana e que o actual Governador do Texas seria um nome a ter em atenção pelos seus adversários. Contudo, tenho muitas dúvidas que Rick Perry fosse competitivo numa eleição geral face a Barack Obama. Um republicano do Texas seria um alvo fácil para a campanha de Obama o caracterizar como um novo Bush. Além disso, o facto de Perry ser substancialmente conservador poderia complicar a sua tarefa de apelar ao eleitorado independente, o tal que decide todas as eleições.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Sarah Palin, "The Undefeated"

Estreou hoje nos Estados Unidos um documentário sobre a vida e a carreira política de Sarah Palin, intitulado "The Undefeated" e realizado por Stephen Bannon. Apesar de a antiga Governadora do Alasca não ter participado directamente na película, a verdade é que este documentário é propaganda pura e dura em favor da causa de Palin que, nos últimos tempos, tem-se esforçado por melhorar a sua negativa imagem pública. Contudo, a fazer crer pelas críticas que têm sido feitas ao "The Undefeated" e mesmo às suas fracas audiências, é possível que Palin não saia muito bem na fotografia, ou, neste caso, no filme.

terça-feira, 12 de julho de 2011

A sensação Michelle Bachmann

Com a pré-campanha eleitoral relativa à luta pela nomeação presidencial republicana já em pleno andamento, o grande destaque, pelo menos nos últimos tempos, tem de ser atribuído a uma concorrente improvável:  Michelle Bachmann. De facto, a congressista do Minnesota tem dominado as atenções, em particular desde a sua boa prestação no debate televisivo do New Hampshire. Depois disso, tem conseguido manter aceso o seu momentum, com as sondagens a colocarem-na já no topo das intenções de voto para o caucus do Iowa, o primeiro momento das primárias presidenciais republicanas.
Em oposição à subida de Bachmann, candidatos como Tim Pawlenty ou Newt Gingrich, que lutam pelo mesmo eleitorado, estão em sérios problemas. Gingrich já praticamente ditou o seu (novo) suicídio político, mas de T-Paw esperava-se que fosse um dos principais candidatos à nomeação do GOP. Contudo, a fraca prestação no debate e a ascensão da sua conterrânea do Minnesota têm prejudicado a sua angariação de fundos, ao mesmo tempo que teima em não descolar dos single digits nos estudos de opinião.
Por outro lado, Mitt Romney, o grande favorito à vitória final, tem motivos para estar satisfeito com a perspectiva de uma luta a dois com Bachmann, já que isso significaria que a estrutura, os principais nomes e maiores doadores do Partido republicano não teriam outra solução, face a uma escolha entre Romney e Bachmann, a não ser colocarem-se por detrás do antigo Governador do Massachusetts. Todavia, também John Huntsman poderia sair beneficiado deste cenário, visto que, com Pawlenty ofuscado por Michelle Bachmann, passaria a ser o principal adversário de Romney no New Hampshire, podendo disputar mais folgadamente o voto do eleitores republicanos moderados.
Entre as bases republicanas e os movimentos Tea Party, Michelle Bachmann é já um fenómeno de popularidade e tem consegui ofuscar a outra super estrela da Direita americana, Sarah Palin. Aliás, Bachmann parece mesmo, de uma certa forma, um upgrade da antiga candidata à vice-presidência, que, por sua vez, está cada vez mais longe de uma candidatura à Casa Branca.
A aposta de Bachmann numa campanha como insurgente, distanciando-se do establishment republicano (se é que isso ainda existe) deu azo a comparações com as campanhas do democrata Howard Dean, em 2000 e do republicano Mike Huckabee, em 2008. Contudo, como aconteceu anteriormente com Dean e Huckabee, Michelle Bachmann está ideologicamente muito distante do centro político norte-americano e, por isso, poderá entusiasmar as bases do seu partido, mas não será a nomeada republicana.