domingo, 28 de abril de 2013

Jantar dos correspondentes da Casa Branca 2013


Realizou-se, ontem, o sempre muito aguardado Jantar dos Correspondentes da Casa Branca, um dos mais badalados eventos sociais de Washington D.C. e que reúne a fina flor dos meios políticos e dos media norte-americanos. Como sempre, o discurso principal foi reservado para o Presidente dos Estados Unidos que, cumprindo a tradição, usou e abusou do humor para entreter a sua plateia. 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Lei de controlo de armas chumba no Senado

Decorreu ontem, na câmara alta do Congresso dos Estados Unidos, a tão esperada votação de uma nova emenda à lei do controlo de armas no país que visava alargar e reforçar o background check dos compradores de armas e fechar uma falha na legislação que permitia a venda livre de armas em feiras especializadas (os chamados gun shows). Contudo, a proposta de lei obteve apenas 54 votos favoráveis, ficando, por isso, aquém dos 60 necessários para ultrapassar o previsível filibuster de bloqueio.
Apesar de ter cariz bipartidário - a proposta de lei foi patrocinada por dois senadores, o democrata Joe Manchin e o republicano Pat Toomey - a gun controll bill nem sequer conseguiu receber o apoio de todos os senadores democratas, já que foram cinco os membros do Partido Democrata que votaram contra a proposta (entre eles, Harry Reid, o líder democrata, que apenas o fez por razões procedimentais, podendo, assim, voltar a submeter a proposta a votação). Por outro lado, apenas quatro senadores republicanos votaram favoravelmente, o que foi insuficiente para que a proposta passasse no Senado.
Cumpriu-se, assim, o desfecho esperado, já que não era crível que o Senado votasse a favor desta medida. Dado que mesmo que a proposta passasse na Câmara Alta, era já um dado praticamente adquirido que a mesma iria chumbar na Câmara dos Representantes controlada pelo GOP. Ora, esse facto desmotivava qualquer senador que pudesse estar disposto a mudar de posição de forma a permitir a passagem da proposta. Sendo certa a derrota da medida, ninguém quereria prejudicar a sua posição política, fosse por ir contra os seus eleitores, fosse por ir contra a poderosa National Rifle Association.
E foi assim que morreu, pelo menos para já, mais uma proposta que pretendia controlar, ainda que muito timidamente, a compra e a posse de armas nos Estados Unidos. Mais uma vez, fica comprovado o poderio do lobby das armas que foi capaz de impedir uma medida apoiada pela esmagadora maioria dos norte-americanos e que contava com o alto patrocínio da Casa Branca e de nomes dos dois partidos.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Lançamento do livro "Por dentro da reeleição"

Para aliviar um pouco o ambiente, muito pesado após o trágico atentado de ontem em Boston, deixo aqui o convite e a sugestão para o lançamento da mais recente obra do jornalista e blogger Germano Almeida que tem como tema a reeleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos. Para todos os interessados, aconselho vivamente mais este livro do Germano, que é, provavelmente, o português que mais de perto tem acompanhado a estadia de Obama na Casa Branca.

A reacção de Obama

O Presidente dos Estados Unidos falou ao país poucas horas depois do terrível atentado de Boston. Numa declaração curta, Barack Obama sublinhou a necessidade de união entre os norte-americanos numa situação como esta e prometeu que os responsáveis por este trágico acto serão trazidos perante a justiça e punidos. Na sua comunicação ao país, Obama afirmou ainda não saber quem foi responsável pelos atentados nem as suas motivações e absteve-se de designar o atentado de ontem como actos de terrorismo. Esse omissão da palavra terror para caracterizar o que se passou pode valer-lhe algumas críticas (veja-se o caso de Benghazi), mas, a meu ver, o Obama esteve bem ao evitar ser demasiado específico numa altura em que pouco se sabe sobre os autores do atentado. Aliás, nos momentos imediatamente a seguir a um evento do género, o principal papel do Presidente é o de aparecer em público para sossegar os seus compatriotas e mostrar que está alguém no comando. E, ontem, foi isso que Barack Obama fez.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Terror em Boston

Esta tarde (noite em Portugal), os Estados Unidos da América voltaram a ser alvo de um terrível atentado terrorista. Dois engenhos explosivos foram detonados na meta da maratona de Boston, causando pelo menos dois mortos e várias dezenas de feridos. A informação ainda é escassa e ainda pouco ou nada se sabe sobre os autores e os motivos por detrás deste atentado. Infelizmente, o dia 15 de Abril ficará para a história como o dia em que o terror voltou a atacar em solo norte-americano.

O pior slogan de sempre


O congressista republicano Steve Stockman era, até Sexta-feira passada, um membro praticamente desconhecido da Câmara dos Representantes. Contudo, isso mudou quando, através da sua conta do Twitter, Stockam divulgou um novo slogan para a sua campanha de reeleição do próximo ano. "If babies had guns they wouldn't be aborted" é de um mau gosto tal que até parece retirado de uma peça satírica de um programa do género do The Daily Show.
Todavia, nem mesmo este disparate deve impedir Steve Stockman de ser reeleito, até porque as credenciais anti-aborto e pro-gun  que o congressista pretendia evidenciar com esta frase devem valer-lhe pontos num dos distritos mais conservadores dos Estados Unidos (o 14º do Texas). Ainda assim, os democratas podem utilizar exemplos como este para caracterizar o Partido Republicano como radical e extremista e, dessa forma, melhorar as suas (tímidas) hipóteses de recuperar a Câmara dos Representantes.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Cartoon: uma mulher à frente dos Serviços Secretos

Pela primeira vez na história, o Secret Service será liderado por uma mulher. Julia Pierson foi nomeada por Barack Obama para liderar a agência governamental que protege o Presidente do Estados Unidos e as mais altas figuras da nação. A escolha de Pierson tem um especial impacto pela altura em que surge, um ano depois do escândalo sexual que abalou os Serviços Secretos norte-americanos, durante uma visita presidencial à Colômbia. Numa agência com uma acentuada carga cultural masculina, pode ser que a escolha de uma mulher sirva para pôr ordem na casa.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Team of Rivals

Acabei ontem de ler esta obra-prima da historiadora e vencedora do Pullitzer Doris Kearns Goodwin. Team of Rivals é uma excepcional descrição da vida de Abraham Lincoln, o histórico Presidente dos Estados Unidos que levou a União à vitória na Guerra Civil Americana e libertou os escravos.
Contudo, esta obra é mais do que uma biografia de Lincoln, seguindo não apenas os seus passos, mas também os de  William Seward, Salmon Chase e Edward Bates, os seus maiores rivais pela nomeação presidencial republicana e, uma vez na Casa Branca, os mais proeminentes membros da Administração Lincoln. De facto, Lincoln teve a grandeza de espírito para se rodear dos seus maiores adversários, ciente que apenas com os conselhos dos mais capazes e competentes políticos do seu tempo poderia fazer frente ao mais conturbado momento da história norte-americana. Além de Seward, que se tornaria Secretário de Estado e o homem de maior confiança de Lincoln, Bates e Chase, também Edwin Stanton (que tinha tratado o jovem advogado Abraham Lincoln de forma menos digna anos antes) seria chamado a servir como Secretário da Guerra, tornando-se um dos maiores admiradores do 16º Presidente dos Estados Unidos.
E foi com esta equipa de rivais que Abraham Lincoln, utilizando uma perspicácia política sem igual até aos dias de hoje aliada a uma verticalidade moral inatacável, foi capaz de derrotar a rebelião sulista e proclamar a libertação de milhões de escravos no país. Ao mesmo tempo que levou a cabo esta tarefa hercúlea, Lincoln foi admirado e mesmo amado pela esmagadora maioria dos seus compatriotas. Quando morreu, assassinado pouco depois de assegurada a vitória na guerra, Abraham Lincoln foi chorado tanto pelos seus partidários do Norte, que lamentaram a perda do seu líder, como pelos seus adversários do Sul, cientes de que o magnânime Presidente era a sua melhor hipótese para uma Reconstrução bem sucedida.
Ao lermos este fantástico "Team of Rivals" somos como que transportados para meados do século XIX e para a companhia de grandes figuras cujas acções mudaram os Estados Unidos e o mundo. Não percam, por isso, a oportunidade de ler este livro e de aprenderem um pouco as lições que Lincoln ainda nos pode ensinar. Afinal, como disse Stanton, no leito da morte do seu Presidente, Abraham Lincon "belongs to the ages".