terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A Florida decide

Já abriram as urnas na Florida, Estado onde se desenrola hoje mais uma primária presidencial. Apesar de ter perdido metade dos delegados a que teria direito por ter adiantado a data da primária para Janeiro, a Florida continua a ser um importante prémio para os candidatos presidenciais, em especial por se tratar de uma primária no sistema de winner takes all, pelo que o seu vencedor arrecadará todos os 50 delegados do sunshine state.
Logo à noite (as urnas encerram à uma da madrugada de Lisboa), é praticamente certo que será Mitt Romney a festejar o triunfo, visto que todas as sondagens atribuem uma vantagem decisiva ao antigo Governador do Massachusetts sobre Newt Gingrich. Depois da Carolina do Sul, o ex-Speaker subiu em flecha nas intenções de voto no sunshine state, mas uma campanha agressiva e uma boa prestação nos debates por parte de Romney transformou novamente a corrida a seu favor.
A Florida pode, por isso, representar um momento crucial para a decisão destas primárias. Com uma vitória robusta, Romney pode arrancar decisivamente para a nomeação, ficando os seus opositores com menos possibilidades de ainda conseguirem chegar ao topo. Contudo, tanto Gingrich como Ron Paul já anunciaram a sua intenção de ficarem na corrida até à convenção republicana, no Verão.
Mas, pelo menos para já, a palavra está do lado dos eleitores da Florida.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Herman Cain apoia o Speaker

Em resposta à onda de apoios que Mitt Romney tem recebido por parte do establishment republicano, e que se multiplicaram nos últimos dias, Newt Gingrich contou ontem com o apoio formal de Herman Cain, o candidato presidencial que, depois de ter andado no topo das sondagens, caiu em desgraça devido a um escândalo sexual. 
É pouco provável que este anúncio venha alterar substancialmente a dinâmica da corrida na Florida, que vai a votos já daqui a dois dias, mas representa, pelo menos, uma notícia positiva que Gingrich pode utilizar para dar um pouco a volta à narrativa noticiosa dos últimos dias, que lhe tem sido prejudicial. 
Entre os antigos candidatos presidenciais, Cain junta-se assim a Rick Perry no leque de apoiantes de Gingrich, enquanto Tim Pawlenty e Jon Huntsman deram o seu endorsement. Resta, por isso, Michelle Bachmann, que, até ao momento, ainda não assumiu a sua preferência na disputa pela nomeação republicana.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Romney volta a estar por cima

A seguir à sua grande vitória na Carolina do Sul, Newt Gingrich parecia num momento avassalador, tendo passado para a frente nas sondagens nacionais, mas também na Florida (Estado que recebe a próxima primária, na Terça-feira), onde recuperou mais de 20 pontos percentuais em relação a Mitt Romney. Todavia, nos últimos dias, a tendência da corrida alterou-se novamente e Romney voltou a surgir com uma vantagem relativamente confortável sobre Gingrich.
Os debates televisivos podem explicar grande parte destas mudanças. Depois de parecer dominador nos confrontos entre os candidatos, e até de fazer das suas prestações nos debates um dos pontos fortes da sua candidatura à Casa Branca (Newt chegou mesmo a dizer que apenas ele podia fazer frente a Obama neste capítulo), Gingrich esteve muitos furos abaixo do que aquilo que nos habituou a fazer nos últimos dois debates. No de ontem em particular, o antigo Speaker foi totalmente cilindrado por Mitt Romney, que, fazendo o papel tradicionalmente protagonizado por Gingrich, partiu para o ataque e, ao longo das duas horas de duração do debate, não deixou o seu principal adversário respirar. Assim, e como os debates têm sido muito importantes nesta campanha eleitoral, é de prever que Romney dê um novo salto nas sondagens dos próximos dias.
Por sua vez, a postura de Gingrich durante o debate de ontem foi a mesma que falhou quando, no final do ano passado, se colocou destacado na frente da corrida. Deixou de ser o Gingrich habitual, agressivo e pronto a desferir ataques contra os seus adversário, passando a tentar ser magnânimo, consensual e "presidenciável". Ora, já se viu que não é ao fugir da sua essência que o antigo Speaker não consegue bons resultados. A "marca" Gingrich funciona enquanto candidato insurgente, polémico e intuitivo. Pelo que se tem visto esta semana, Gingrich não aprendeu com os erros anteriores. Só que, desta vez, isso pode ser-lhe fatal.
Para piorar a situação de Newt Gingrich, soou o alarme no establishment do GOP, depois da Carolina do Sul. Ciente de que com Gingrich como nomeado a Casa Branca estaria praticamente perdida para mais quatro anos de Obama (além dos danos efeitos secundários que isso poderia causar nas restantes eleições estaduais e para o Congresso), o Partido Republicano saiu em força para atacar o Speaker, ajudando, dessa forma, a causa de Romney, que volta agora a estar em boa posição para ser o nomeado presidencial republicano. Mas, com todas as reviravoltas que a corrida já sofreu, o melhor é mesmo esperar para ver.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

State of the Union 2012

Barack Obama realizou ontem aquele que poderá ter sido o seu último discurso do estado da nação perante o Congresso dos Estados Unidos. No ano em que disputará a sua reeleição, o State of the Union de ontem representou o pontapé de saída da sua campanha eleitoral. Não admira, por isso, que o conteúdo da sua comunicação tenha tido contornos marcadamente políticos, delineando aquela que será o tom da sua mensagem durante a corrida pela Casa Branca.
No início, Obama apresentou logo duas das suas maiores vitórias do seu mandato: a morte de Bin Laden e a retirada do Iraque, glorificando os militares dos Estados Unidos, o que lhe valeu, como não podia deixar de ser, largos aplausos de todos os presentes. Todavia, o consenso foi sol de pouca dura, já que os principais temas abordados, como a economia e a política energética, pelo Presidente norte-americano dividem totalmente os dois grandes partidos.
Deixando definitivamente de lado a tónica do bipartidarismo que foi uma das suas grandes bandeiras na campanha de 2008, Obama foi assertivo ao colocar-se como o defensor do povo americano, alegando que os milionários e bilionários têm de pagar mais impostos. Trata-se da conhecida táctica populista de defender os desprotegidos "99%" dos favorecidos "1%", mas, em ano de eleições, esta é uma estratégia que pode muito bem ser bem sucedida (veja-se, por exemplo, o exemplo de Newt Gingrich).
Este ataque é também dirigido a Mitt Romney, ele próprio um milionário, e que não tem sido capaz de afastar a imagem que lhe está associada: a de um fat cat que está desconectado das preocupações do cidadão comum. Desta forma, Barack Obama tenciona não só melhorar a sua imagem junto dos americanos, mas também contribuir ainda mais para os problemas de Romney e, assim, preparar o terreno para enfrentar o mais provável nomeado republicano.
Este foi, então, um State of the Union claramente dominado (e até assombrado) pelas eleições presidenciais de Novembro. Basta ver que até os cidadãos tradicionalmente convidados para se sentarem junto da Primeira Dama eram oriundos dos chamados swing states. Assim se percebe que tudo neste discurso foi pensado ao mais pequeno pormenor, de forma a aumentar as hipóteses de Obama não vir a ser um presidente de um só mandato.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Giffords abandona o Congresso

Gabrielle Giffords, a congressista democrata pelo Arizona que, há pouco mais de um ano foi atacada e baleada na cabeça durante uma iniciativa política em Tucson, anunciou, via Youtube (onde ficam evidentes as limitações na fala de que ainda padece), que irá deixar o seu lugar na Câmara dos Representantes, de forma poder concentrar-se a tempo inteiro na recuperação das lesões sofridas nesse trágico atentado à sua vida. Assim sendo, deve também ficar afastada a possibilidade de Giffords concorrer, este ano, a um lugar no Senado, algo que os líderes democratas ambicionavam de modo a poderem sonhar com a conquista de um assento actualmente na posse dos republicanos. Obviamente, a saúde tem de vir sempre em primeiro lugar, mas Gabby, como é conhecida, ainda é jovem e nunca se sabe o que o futuro lhe reserva.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Gingrich relança a corrida

Resultados finais da primária presidencial da Carolina do Sul:

Newt Gingrich - 40,4%
Mitt Romney - 27,8%
Rick Santorum - 17,0%
Ron Paul - 13,0%

Contados todos os votos, fica a certeza que Newt Gingrich obteve uma tremenda vitória, tendo alcançado a marca dos 40% e deixado Romney a quase 14 pontos percentuais de distância. 
Por esta altura, a campanha do antigo Governador do Massachusetts deve estar a fazer contas à vida e a preparar-se para uma campanha mais longa e complicada do que se previa há poucos dias atrás. De facto, ainda no início da semana, Romney tinha vencido o Iowa e o New Hampshire, liderava destacado na Carolina do Sul e Jon Huntsman desistia a seu favor. Contudo, um debate televisivo, alguma cobertura negativa, a desistência de Perry que passou a apoiar Gingrich e a declaração de Santorum como vencedor no Iowa foram elementos que mudaram por completo a narrativa da campanha.
Agora vem a Florida, que tem a sua primária no próximo dia 31 de Janeiro, e que deverá ser decisiva. Romney tinha vindo a mostrar muita força nas sondagens, mas, depois dos resultados de ontem, será curioso como evoluirão os números no Sunshine State. Gingrich tem momentum, mas falta-lhe o dinheiro que Romney tem em fartura. A não ser, claro está, que surjam contribuições avultadas de conservadores com muito dinheiro e que contribuam para o Super PAC do antigo Speaker. Pelo menos, Gingrich não terá de se preocupar com o eventual endorsement de Jeb Bush a Romney, como chegou a ser falado durante a noite eleitoral de ontem. O antigo Governador da Florida (e irmão de George W. Bush) já anunciou que não irá apoiar ninguém antes da primária do seu Estado.
Neste momento, a corrida parece estar reduzida a dois nomes, mas Rick Santorum não teve uma noite terrível e aguentou o último lugar do pódio. É verdade que 17% na Carolina do Sul, um Estado socialmente conservador e onde Santorum devia ser mais apelativo, não é um grande resultado, mas não me parece que o antigo Senador pela Pensilvânia esteja a pensar desistir. Numa campanha como esta, onde tudo é possível, Santorum deverá querer esperar para ver se a campanha de Gingrich implode novamente (o que não é propriamente um cenário inimaginável) ou se surge uma qualquer outra oportunidade para voltar à luta pela nomeação. Ron Paul, por sua vez, deverá ficar na corrida até ao fim, espalhando a sua mensagem e ideias libertárias.
Agora é tempo de os candidatos abandonarem a Carolina do Sul e rumarem a Sul, para a Florida, onde deverá ter lugar a mais importante primária até ao momento. Romney ainda é o favorito a vencer, mas terá de saber reagir à dura derrota de ontem. Da mesma maneira, Gingrich terá de ser capaz de lidar com a vitória, ao invés do que aconteceu quando, antes do Iowa, liderava isolado as sondagens e tomou uma série de decisões erradas que quase lhe custaram a sua candidatura presidencial. De qualquer forma, uma coisa parece certa: temos corrida!

Gingrich vence na Carolina do Sul

Segundo a Associated Press e algumas cadeias televisivas norte-americanas, Newt Gingrich terá vencido a primária da Carolina do Sul, relegando Mitt Romney para o segundo posto, com Ron Paul e Rick Santorum a disputarem o terceiro lugar. Ainda não se sabe a dimensão do triunfo, mas o facto de a vitória de Gingrich ter sido declarada bastante cedo deve indicar que ganhou com larga margem. Se, por exemplo, a diferença se situar nos double digits, então o antigo Speaker terá conseguido uma grande vitória e a corrida estará relançada. Depois da Carolina do Sul, segue-se a Florida, que deverá desempenhar um importante papel nas primárias presidenciais do GOP. Mas isso é algo com que Newt Gingrich apenas se preocupará a partir de amanhã. Hoje, para ele, é dia de celebração.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Carolina do Sul vai a votos

Chegou a tão aguardada primária da Carolina do Sul, a terceira etapa do processo de escolha do opositor de Barack Obama na eleição geral, em Novembro. Depois do Iowa (onde, afinal, foi Rick Santorum o vencedor, e não Mitt Romney) e do New Hampshire, este é o primeiro Estado do Sul a dizer de sua justiça nas primárias presidenciais. As urnas encerram às 19 horas locais (meia-noite em Portugal), e isso, aliado ao facto de hoje ser Sábado, fará com que seja mais fácil seguirmos os acontecimentos neste dia de decisões nos Estados Unidos.
Nos últimos dias, assistiu-se a uma fantástica recuperação de Newt Gingrich, que é agora o principal favorito a vencer na Carolina do Sul - Nate Silver atribui-lhe 80% de possibilidade de vitória. Depois de ter ficado em quarto lugar no Iowa em quinto no New Hampshire, a campanha do antigo Speaker foi dada (uma vez mais) como perdida. Contudo, surpreendendo tudo e todos, Newt volta à ribalta e uma vitória consistente hoje pode voltar a semear dúvidas acerca da inevitabilidade da vitória de Romney. Além disso, se Rick Santorum ficar em quarto e último lugar, atrás de Ron Paul - o que é bem possível de acontecer - é provável que abandone a corrida, deixando o caminho aberto para os seus apoiantes se deslocarem para o campo de Gingrich.
Todavia, Romney ainda terá uma palavra a dizer e não é certo que saia derrotado logo à noite. Se vencer, o antigo Governador do Massachusetts torna-se o nomeado de facto e a corrida praticamente termina. E mesmo ficando em segundo lugar, desde que muito perto de Gingrich, o jogo das expectativas pode jogar a seu favor, visto que, dadas as últimas sondagens, todos esperam um triunfo algo folgado (mais de 5% de vantagem) de Newt. 
É preciso ainda lembrar que, até há poucas semanas atrás, não se pensava que Romney pudesse competir na Carolina do Sul contra os candidatos mais conservadores. Contudo, depois do apoio da Governador do Estado, Nikky Haley, e dos triunfos anteriores (apesar de, como se sabe agora, não ter ganho no Iowa), Romney passou para a frente nas sondagens e decidiu apostar forte no The Palmetto State. É provável que essa decisão não tenha sido, afinal de contas, a mais acertada, mas, mais logo, saberemos a resposta a essa questão.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

2 anos de Máquina Política

É verdade, no passado dia 18 de Janeiro, o Máquina Política comemorou dois anos de existência, contando já com 420 posts e mais de 15 mil visitas. Apesar de já ter vindo um pouco atrasado, não podia deixar de assinalar esta marca tão significativa e de dar os parabéns a esta Máquina Política!
Durante os últimos dois anos, o balanço só pode ser positivo, mesmo que seja cada vez mais difícil conciliar trabalho e estudos com as leituras e escritas necessárias para manter o blogue actualizado. Contudo, quem corre por gosto não cansa e este espaço já se tornou parte do meu quotidiano. No futuro, tentarei continuar a melhorar o blogue, tentando, em especial, que a cobertura das eleições presidenciais de 2012 seja a melhor possível, de forma a agradar aos já alguns leitores assíduos que fui tendo a honra de cativar. A eles, em especial, o meu obrigado!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Diz que é uma espécie de endorsement

Sarah Palin andava estranhamente ausente da campanha republicana presentemente em curso. Contudo, numa entrevista à Fox News, a candidata vice-presidencial em 2008 quebrou o silêncio e declarou o seu apoio a Newt Gingrich. Contudo, este não foi um anúncio de endorsement tradicional a um candidato (como foi o do seu marido, Todd Palin, também a Gingrich), já que Palin se limitou a dizer que, com o objectivo de prolongar por mais algum tempo a corrida, votaria em Newt caso fosse uma eleitora da Carolina do Sul. Ainda assim, este é um importante apoio para Gingrich, que precisa de toda a ajuda que puder encontrar para derrotar o super-favorito Mitt Romney.

Gingrich sobe; Perry desiste

Está a ser uma boa semana para Newt Gingrich, cuja candidatura parecia, há alguns dias, praticamente terminada. Contudo, uma boa prestação último debate e a cobertura negativa de que Romney tem sido alvo devido ao seus impostos (confessou que a maioria dos seus rendimentos são, na sua maioria, taxados a 15% por se tratarem de dividendos financeiros) valeram-lhe uma recuperação nas sondagens que já o colocam, inclusivamente, no topo da corrida na Carolina do Sul, onde decorre a próxima primária, já este Sábado.
Mas a melhor notícia para Newt é proveniente do campo de um dos seus adversários. Segundo o New York Times, Rick Perry prepara-se para desistir da sua campanha presidencial e apoiar Gingrich. Ora, a confirmar-se, este anúncio pode ser uma importante mais-valia para o antigo Speaker, já que Perry, um sulista, pode ajudá-lo a conquistar importantes votos na Carolina do Sul, onde Gingrich necessita de vencer para poder encarar a primária seguinte, na Florida, ainda com algumas esperanças de vir a ser o nomeado republicano.
Estará então a terminar a campanha de Rick Perry, que entrou em força na corrida, passando directamente para a liderança, mas que, devido às suas terríveis prestações nos debates televisivos, rapidamente caiu em desgraça e foi remetido para o fundo da tabela. Ainda assim, Perry foi porventura o único candidato que Romney verdadeiramente chegou a temer e a considerar uma ameaça para a sua candidatura. O Governador do Texas tinha currículo, dinheiro, apoios e estrutura, mas sucumbiu de forma retumbante devido aosseus  próprios erros. Pelo menos, Rick Perry pode dizer que a sua candidatura fica para a história, já que será alvo de análise em qualquer aula ou manual de marketing político, como o exemplo daquilo que não se deve fazer numa campanha eleitoral.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Huntsman perto de desistir

Ao que tudo indica, Jon Huntsman prepara-se para desistir da sua candidatura à Presidência dos Estados Unidos e anunciar formalmente o seu apoio a Mitt Romney ainda durante o dia de hoje. Este decisão do antigo Governador do Utah vem fortalecer ainda mais a posição de Romney nas vésperas da primária da Carolina do Sul, que se tornou, após as vitórias do nortenho no Iowa e no New Hampshire, na última esperança dos seus adversários. É previsível que os apoiantes de Huntsman, ainda que em reduzido número, passem agora para o lado de Mitt Romney, cada vez mais o presumível nomeado pelo Partido Republicano.
Jon Huntsman sai de cena de forma algo discreta, depois de uma campanha que não produziu os efeitos desejados e cujo momento alto foi o terceiro lugar no New Hampshire, que não foi suficiente para tornar viável a candidatura do antigo embaixador de Obama na China. Tendo optado por se colocar como o candidato moderado na corrida, Huntsman afastou-se demasiado da corrente ideológica do GOP, o que lhe foi prejudicial, ainda para mais quando, hoje em dia, o Partido Republicano está algo desequilibrado para a sua Direita. Ainda assim, Jon Huntsman mostrou algumas qualidades e esta corrida deu-lhe visibilidade junto do grande público, o que lhe pode permitir, se assim o quiser, ser um actor relevante em 2016 (ou 2020, em caso de vitória de um republicano nas próximas eleições).

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Vitória folgada de Romney

Resultados das primárias de New Hampshire (95% dos votos apurados):

Mitt Romney - 39,%
Ron Paul - 22.8%
Jon Huntsman - 16.8%
Newt Gingrich - 9.4%
Rick Santorum - 9.3%
Rick Perry - 0.7%



Não houve surpresas, ontem à noite, no New Hampshire. Mitt Romney venceu por larga margem e ficou perto dos 40%, conseguindo um resultado sólido e que lhe permitiu fazer a dobradinha, amealhando triunfos no Iowa e no New Hampshire, algo que nunca tinha sucedido na histórias das primárias presidenciais modernas. Ron Paul obteve um claro segundo posto, confirmando a boa campanha que tem feito até ao momento e mostrando ser uma força a ter em conta no seio do GOP. Jon Huntsman fechou o pódio, conseguindo um resultado interessante, mas que não deverá ser suficiente para as suas aspirações de disputar a nomeação. Quase empatados ficaram Gingrich e Santorum, não sendo possível deste modo clarificar quem será o "candidato conservador" que fará frente a Romney nos Estados do Sul. Perry, que desistiu de disputar esta primária, teve um resultado ridículo.
Depois do New Hampshire, seguem-se as primárias da Carolina do Sul e na Florida, onde Romney é o favorito a vencer ambas. Para os seus opositores, vão-se esgotando as possibilidades de colocarem em perigo o triunfo final do antigo Governador do Massachusetts, que tem sido, claramente, o melhor candidato de todos que disputam as primárias republicanas. Neste momento, a questão que se coloca não é se Romney vai conseguir a nomeação presidencial pelo Partido Republicano, mas sim quando a vai selar definitivamente.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

The New Hampshire Primary

Depois dos caucuses do Iowa da semana passada, hoje é a vez New Hampshire pronunciar-se sobre a escolha do candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos. Até às vinte horas locais (uma da madrugada em Portugal continental), os eleitores deste pequeno Estado de New England participam na primeira eleição primária de 2012.
Ao contrário do que aconteceu no Iowa, o vencedor desta primária é já um dado praticamente adquirido. Mitt Romney, que foi Governador no vizinho Estado do Massachusetts e comprou casa no New Hampshire, tem surgido nas sondagens com uma enorme vantagem sobre a concorrência e só um impensável golpe de teatro o impedirá de vencer esta noite. Contudo, o jogo das expectativas pode virar-se contra si, pois um resultado abaixo dos 35%, ou uma margem de diferença nos single digits poderá ser lido como uma derrota para Romney.
Assim, com a vitória à partida entregue a Romney, a principal disputa será pelo segundo lugar, despique esse que deverá ser protagonizado por Ron Paul e Jon Huntsman. Até há pouco tempo, Paul parecia bem lançado para o segundo lugar no pódio. Todavia, uma certa quebra nos seus números, assim como uma tardia recuperação de Huntsman deixam agora antever uma equilibrada luta entre os dois. E se o texano não entra nas contas da nomeação, já Jon Huntsman apostou tudo no New Hampshire e apenas um bom resultado pode mantê-lo na corrida.
Por sua vez, Rick Santorum e Newt Gingrich travarão uma batalha muito própria, com cada um deles a tentar ficar à frente do outro, de modo a assumir-se como o principal candidato "anti-Romney", aglomerando o votos dos eleitores republicanos mais conservadores. Apesar do brilharete no Iowa, Santorum não tem conseguido subir de forma vigorosa nas sondagens e um mau resultado no New Hamphire pode torná-lo no mais recente flavour of the week da corrida presidencial republicana. Por seu lado, Gingrich necessita de um desfecho que lhe permita continuar a sua campanha até à Carolina do Sul e à Florida, onde tem mais possibilidades de se tornar uma real ameaça a Romney.
Quem deverá ter uma votação inexpressiva (as sondagens dão-lhe 1% das intenções de voto) é Rick Perry, que optou por não competir no New Hampshire, passando directamente para a Carolina do Sul, onde acredita que o seu sotaque sulista o pode ajudar a conseguir um resultado que relance a sua campanha.
Vistos os principais pontos de interesse nas primárias desta noite, resta agora ir seguindo os resultados, para, depois disso, ser possível uma nova tomada de pulso à corrida presidencial republicana. Neste momento, a decisão está nas mãos dos cidadãos do New Hampshire, sempre orgulhosos da sua tradição de "first in the nation", no que às primárias presidenciais diz respeito.

A América e a Casa Branca criam emprego

As primárias presidenciais do Partido Republicano têm dominado as atenções nas últimas semanas. Contudo, nem só de eleições é feito o quotidiano político dos Estados Unidos da América. Até porque, dada a situação económica mundial, a economia é uma preocupação bem mais premente para os norte-americanos do que propriamente a discussão eleitoral em curso. 
Na semana passada, surgiram boas notícias relativamente à criação de emprego nos Estados Unidos, com a taxa de desemprego a baixar para 8.5%, o valor mais baixo desde 2009 e já distante dos 9,4% dos números de Janeiro de 2011. Estes dados parecem indicar que a economia norte-americana está a recuperar, ainda que lentamente, o que pode ser uma preciosa ajuda para a campanha de reeleição de Obama, em 2012. A taxa de desemprego está já perto da fasquia dos 8%, apontada por muitos analistas como valor máximo que o desemprego poderá atingir de forma a permitir a reeleição de um Presidente. Contudo, existem ainda mais 1,4 milhões de americanos sem emprego do que na tomada de posse de Obama, o que poderá assombrar a sua campanha eleitoral.
Mas se a administração Obama é acusada de não criar emprego em níveis suficientes, a verdade é que pelo menos num caso isso não corresponde à verdade. De facto, o cargo de chief of staff de Obama está novamente livre, depois de Bill Daley ter, na semana passada, apresentado a demissão ao Presidente norte-americano. A sua saída não é uma surpresa, já que apesar das expectativas criadas em torna da sua escolha, Daley pareceu não se ter conseguido adaptar ao cargo e, recentemente, viu o seu portfolio de tarefas e responsabilidades reduzido. Apesar de se tratar uma posição de desgaste rápido, não deixa de ser relevante que Obama vá já para o seu quarto chefe de gabinete (a tradução para português não transmite a verdadeira importância do cargo nos EUA), depois de Rahm Emanuel, Pete Rouse (ainda que de forma interina) e Daley. Será interessante descobrir quem Obama escolherá para liderar a sua Casa Branca durante 2012, com a certeza que o eleito terá responsabilidades acrescidas durante o presente ano, já que com Barack Obama em campanha eleitoral, o seu chief of staff tornar-se-á, em alguma medida, o Presidente interino dos Estados Unidos.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Obama vs Romney

Com Mitt Romney cada vez mais perto de conseguir a nomeação presidencial republicana, começa a ser interessante ver os números das sondagens que vão surgindo e que dizem respeito a um eventual match up entre o antigo Governador do Massachusetts e o actual Presidente norte-americano. Como podemos ver através deste gráfico do Pollster, o equilíbrio é a nota dominante e tudo indica que a eleição geral será muito disputada e equilibrada. 
Todavia, é preciso ter em conta que a maioria das sondagens que dão a liderança a Romney são da responsabilidade da empresa Rasmussen Reports, que apresenta uma certa tendência pró-republicana nos seus números. Por outro lado, a maior parte dos estudos de opinião que mostram Obama na frente são feitas com amostragens de eleitores registados, ao contrário do que faz a Ramussen, que apenas entrevista eleitores que afirmar ir votar nas eleições. E isso faz uma diferença significativa, já que os eleitores das minorias e das camadas mais desfavorecidas, normalmente mais propícias a votarem no Partido Democrata, têm uma maior tendência para a abstenção.
Seja como for, a verdade é que estamos ainda muito longe da eleição geral e não sabemos se o que falta cumprir das primárias republicanas desgastarão a imagem de Romney, ou se o tornarão mais "presidencial" aos olhos dos norte-americanos. Ainda assim, gráficos como o de cima serão uma presença cada vez assíduas em artigos sobre as eleições presidenciais de 2012. Isto porque só uma grande surpresa impedirá que sejam Obama e Romney a disputar a Casa Branca, em Novembro.

Cartoon: o vencedor do Iowa

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Depois do Iowa

Mitt Romney - O vencedor (ainda que por apenas 8 votos) no Iowa é, agora ainda mais, o grande favorito a conseguir a nomeação presidencial republicana. O próximo passo no processo de primárias é no New Hampshire, onde Romney tem surgido nas sondagens com vantagens gigantescas e onde a sua vitória é um dado adquirido há já largas semanas. Tem, por isso, uma aura de invencibilidade e o establishment do GOP continua a cerrar fileiras à sua volta. Até John McCain, com quem Romney não manteve uma relação muito positiva durante a campanha de 2008, estará a preparar-se para declarar o seu apoio ao antigo Governador do Massachusetts. 
Mas nem tudo é positivo para Romney. O seu resultado no Iowa, menos de 25%, é fraco para um vencedor e demonstra que a grande maioria dos eleitores republicanos não gosta de si ou ainda não se deixou convencer pelo político moderado do Nordeste americano. Assim sendo, com a previsível queda de alguns candidatados conservadores à medida que a corrida vai decorrendo, é possível que a congregação dos eleitores mais à Direita no GOP em torno de um ou dois concorrentes, possa dificultar um pouco a posição de Romney. Contudo, tudo se encaminha para que seja ele a defrontar Obama, em Novembro.

Rick Santorum - O antigo Senador pela Pensilvânia passou quase despercebido durante a grande maioria da campanha eleitoral até agora. Porém, depois da sucessiva ascensão e queda de todos os outros candidatos que se apresentaram como o "anti-Romney", Santorum tornou-se o último porta-estandarte do eleitorado mais conservador, ficando muito perto de vencer no Iowa. Ainda assim, o segundo lugar é um excelente resultado e garante-lhe momentum para encarar o New Hampshire com melhores perspectivas. Contudo, Santorum não tem uma grande estrutura por trás de si e teria bastantes dificuldades em disputar com Romney umas primárias longas e dispendiosas.

Ron Paul - Depois de várias sondagens o terem apontado como potencial vencedor no Iowa, o campeão da ala libertária do GOP quedou-se pela terceira posição. Mesmo assim, o resultado de Paul é digno de nota, ainda para mais quando nos lembramos, que, em 2008, apenas conseguiu 10% dos votos, tendo, em quatro anos, duplicado a sua votação. No New Hampshire ainda poderá ter uma palavra a dizer, mas Ron Paul não entra nas contas da disputa pela nomeação. Contudo, está a fazer uma excelente campanha, divulgando as suas (extravagantes) ideias políticas e, quem sabe, abrindo caminho para o seu filho, Rand Paul, que pode ser um candidato daqui a quatro ou oito anos.

Newt Gingrich - Conseguiu segurar o 4º lugar no Iowa, o que lhe garante alguma margem de manobra para ir, pelo menos até à Carolina do Sul. E será nesse Estado que Gingrich terá a sua derradeira oportunidade, tendo de vencer para poder continuar a sonhar com a nomeação republicana. Para isso, o antigo Speaker terá de disputar com Santorum o eleitorado mais conservador, mas, neste momento, é o ex-senador que leva vantagem.

Rick Perry - Um dos grandes derrotados do Iowa, onde chegou a liderar as sondagens, antes de sucumbir devido às suas más prestações nos debates televisivos. Após o seu quinto lugar nos caucuses de ontem, Perry afirmou que ia regressar ao Texas e reflectir sobre a sua permanência na corrida. Contudo, hoje, via Twitter, o Governador texano veio mostrar que continua na corrida, afirmando que iria avançar para a Carolina do Sul, onde espera que o seu sotaque sulista o ajude a recuperar. Todavia, para Perry, a corrida já acabou, mesmo que ele ainda não o tenha percebido.

Michele Bachman - Depois do seu sexto e último lugar (já que Huntsman não conta) nos caucuses do Iowa, não restava a Bachmann outra opção que não a desistência da corrida à Casa Branca. No Verão, ainda chegou a liderar as sondagens no hawkeye state, onde apostou todas as suas fichas, mas provou não ter estaleca para estas andanças.

Jon Huntsman - Visto como o mais moderado dos candidatos republicanos, Huntsman preferiu não competir no conservador Estado do Iowa. Por isso, a sua prova de fogo é já para a semana, no New Hampshire, onde o antigo Governador do Utah deposita todas as esperanças da sua campanha.

Romney vence Santorum por 8(!) votos

Ontem disse que a vitória no Iowa ia ser decidida ao photo-finish. Estava, porém, longe de imaginar que a vitória do caucus se decidiria por meros oito votos, a mais curta distância de sempre a separar o primeiro e o segundo classificado nesta importante primeira ronda das primárias presidenciais. Mitt Romney saiu por cima e bateu Rick Santorum por apenas uma décima de ponto percentual, mas o resultado é, na prática, um empate entre ambos. Aqui ficam os resultados completos:

Mitt Romney - 24.6%
Rick Santorum - 24.5%
Ron Paul - 21.4%
Newt Gingrich - 13.3%
Rick Perry - 10.3%
Michelle Bachmann - 5%
Jon Huntsman - 1%

Depois do Iowa, é provável que o leque de candidatos diminua, pois é duvidoso que Perry e Bachmann tenham condições para continuar na corrida. Newt Gingrich, apesar do fraco resultado, tentará ainda a sua sorte na Carolina do Sul. Jon Huntsman, por sua vez, não sai muito beliscado destes caucuses, dado que ignorou (e até desdenhou) a contenda do Iowa. 
A partir daqui, é de prever que a disputa seja cada vez mais resumida a uma corrida entre dois políticos: Romney e o anti-Romney (provavelmente Santorum e não Gingrich). Ainda assim, não consigo imaginar outro cenário que não a vitória final de Mitt Romney, que pode ser bastante rápida e ficar decidida já este mês. 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

As previsões de Nate Silver

São estas as projecções de Nate Silver, do excelente FiveThirtyEight, para a contenda, de logo à noite, no Iowa. De acordo com o seu modelo de tratamento de dados estatísticos, o analista, agora nos quadros do New York Times, Mitt Romney é o favorito, mas Ron Paul e Rick Santorum estão logo atrás do antigo Governador do Massachussetts e tudo pode acontecer.

Let's get ready to rumble

É esta a famosa expressão utilizada para dar início aos combates de boxe nos Estados Unidos. Todavia, também poderia ser usada para lançar a época de primárias presidenciais, que começa hoje com a realização dos caucuses do Iowa.
O sistema de caucus difere do método tradicional de voto secreto em urna, já que se trata de um género de assembleia, onde os eleitores se reúnem para discutir e debater todas as opções, havendo comités de apoiantes de cada candidato quem tentam convencer os eleitores indecisos a optarem pelo seu concorrente. No final, existe um qualquer tipo de votação, normalmente de braço no ar.
Ora, as particularidades do sistema de caucus podem tornar as sondagens menos precisas, havendo sempre a possibilidade de haver uma surpresa na noite eleitoral. Além disso, no Iowa os caucuses são abertos, querendo isto dizer que os eleitores registados como independentes ou mesmo como democratas também podem votar na eleição republicana. Pode, por isso, suceder que alguns democratas queiram sabotar a corrida dos seus adversários, votando, por exemplo, em Ron Paul, que quase todos consideram não ter hipóteses numa eventual eleição geral face a Barack Obama. 
E, já que falamos no Presidente americano, convém lembrar que também ele irá a votos, hoje, no Iowa, já que, em paralelo com os republicanos, também os democratas do hawkeye state organizam os seus caucuses. Contudo, neste caso, Obama concorre sozinho e a votação não terá qualquer significado prático. Até porque Obama e os seus apoiantes estarão mais interessados em saber o que se passará no campo adversário. 
Hoje à noite, ou madrugada em Portugal, começa, então, o maior espectáculo (é mesmo esta a palavra) político-eleitoral do mundo. Aqui, no Máquina Política, farei a cobertura possível do que de mais importante se passar nos caucuses do Iowa. Passem por cá!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Emoção até ao fim

É já amanhã o pontapé de saída oficial nas eleições primárias republicanas que ditarão quem será o adversário de Barack Obama na eleição geral de Novembro. Contudo, o desfecho está mais imprevisível do que nunca e a noite eleitoral promete ser longa, renhida e emocionante. Segunda uma sondagem da PPP, conhecida ontem, a corrida será decidida ao photo-finish, conforme podemos conferir pelos resultados deste estudo:

Ron Paul - 20%
Mitt Romney - 19%
Rick Santorum - 18%
Newt Gingrich - 14%
Rick Perry - 10%
Michelle Bachmann - 8%
Jon Huntsman - 4%

Com os três primeiros classificados separados por apenas dois pontos percentuais - dentro da margem de erro - é quase impossível apontar o vencedor. Contudo, o momentum parece estar do lado de Santorum que, nos últimos dias, tem subido a pique na sondagem, principalmente às custas de Gingrich que, depois de muito tempo no topo, desceu para a quarta posição. Além disso, os resultados de um caucus são sempre mais difíceis de prever pelas sondagens, que normalmente subvalorizam os números dos candidatos mais conservadores. Assim, Santorum, se conseguir assumir-se nesta recta final como o candidato anti-Romney (como Bachmann, Perry, Cain, Gingrich e Paul antes dele) pode mesmo assegurar a vitória.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Happy new year!

O Máquina Política deseja a todos os seus leitores um fantástico 2012! Este será um ano politicamente muito intenso nos Estados Unidos, pelo que este blogue estará mais activo do que nunca. Continuem por cá.