quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Too close to call

As midterms são já na próxima Terça-feira, mas continua tudo em aberto no que diz respeito à maioria da câmara alta do Congresso norte-americano. Com o controlo da Câmara dos Representantes bem seguro em mãos republicanas e com as eleições para os governos estaduais a serem mais importantes a nível local do que nacional, resta a "batalha" pelo Senado como principal ponto de interesse para a noite eleitoral do dia 4 de Novembro.
Na ponta final da campanha, o Partido Republicano continua favorito para alcançar a maioria, mas o grande número de sondagens com resultados diferentes em vários Estados torna mais difícil fazer uma previsão de confiança sobre o que acontecerá na noite eleitoral. Em eleições intercalares, por norma bem menos participadas do que em anos coincidentes com eleições presidenciais, as sondagens são, também, tradicionalmente menos precisas. Por exemplo, em 2010, todos os estudos de opinião apontavam para a derrota do líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid. Contudo, como hoje sabemos, o senador do Nevada saiu vitorioso e, inclusive, por uma margem relativamente folgada.
Além disso, as sondagens em alguns dos Estados cujas corridas serão decisivas para o desfecho final têm um historial de pouca fiabilidade. Entre eles, o caso mais paradigmático é o do Alaska, com um eleitorado disperso, pouco implantado e de difícil acesso por telefone (o método de contacto da grande maioria das sondagens). Os números das sondagens no Kansas e no South Dakota têm também de ser olhados com alguma reserva, já que estes dois Estados, ambos profundamente republicanos, não costumam gerar corridas competitivas. Por isso, os analistas e as empresas de sondagens não estão particularmente familiarizados com as realidade política e eleitoral desses Estados, que normalmente não contam para o "totobola" das noites de eleições.
Há ainda o caso da Georgia, onde as leis do Estado obrigam a uma segunda volta, caso o vencedor não alcance uma maioria absoluta dos votos. Ora, com a presença de um candidato libertário na corrida, é bem possível, se não provável, que o cenário de um runoff se concretize. Nesse caso, a segunda volta apenas se realizaria em Janeiro de 2015 (o que pode adiar a decisão do controlo do Senado para essa data), o que dificulta a "tomada de pulso" ao eleitorado, estando essa eventual eleição a mais de dois meses de distância. No Louisiana, também existe a figura do runoff, mas, nesse caso, é pouco provável que o candidato republicano deixe escapar a vitória à primeira volta.
Se a isto juntarmos resultados muito equilibrados que as sondagens vão mostrando no Kansas, na Georgia, no Iowa, no Alaska, na North Carolina, no Colorado e até no Kentucky (e ainda podem haver surpresas noutros Estados), facilmente se percebe que é muito difícil fazer uma previsão sobre o resultado da noite eleitoral da próxima semana no que ao controlo do Senado diz respeito. É certo que os republicanos parecem levar, hoje, uma vantagem importante sobre os democratas, mas, na minha opinião, a corrida está ainda too close to call.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Obama, o indesejado

Com as eleições intercalares à porta, os democratas de topo desdobram-se no apoio aos candidatos do seu partido. Contudo, Barack Obama tem marcado uma discreta presença no terreno, já que, devido à sua impopularidade, os concorrentes democratas preferem manter a distância em relação ao Presidente dos Estados Unidos. Aliás, houve mesmo uma candidata do Partido Democrata ao Senado - Alison Grimes, no Kentucky - que recusou dizer se havia votado em Obama para a Presidência dos Estados Unidos. Não admira, por isso, que quando os democratas precisam de uma "estrela" para animar a sua campanha, passem ao lado de Barack Obama e chamem alguém como Bill Clinton ou até a Primeira-Dama, Michelle Obama...