quinta-feira, 30 de maio de 2013

Fim da linha para Michelle Bachmann

Michelle Bachman, uma das mais conhecidas e polémicas congressistas do Partido Republicano, anunciou esta semana que não se recandidatará a um novo mandato. Alegando que os oito anos que já leva na Câmara dos Representantes são já suficientes para deixar a sua marca, Bachmann abdicou de uma nova luta pela eleição que se avizinhava difícil. 
Se já a sua reeleição em 2012 foi conseguida mesmo à justa, previa-se que em 2014 Michelle Bachmann teria ainda mais dificuldades para bater o candidato democrata, especialmente depois das polémicas relacionadas com o uso indevido de fundos da sua campanha presidencial falhada. 
Por isso, a saída da congressista republicana acaba por ser uma má notícia para o Partido Democrata, que tinha no assento de Bachmann na House uma das melhores possibilidades para "roubar" um lugar na câmara baixa do Congresso ao Partido Republicano. Em sentido contrário, a retirada da representante do Minnesota acaba por ser um alívio para os republicanos, que ficam com uma corrida mais facilitada de forma a manter o distrito congressional de Michelle Bachman na coluna republicana.
Aguarda-se agora com expectativa o desenrolar do futuro de uma das mais mediáticas figuras do GOP e do panorama conservador americano. Actualmente, com uma imagem muito negativa para a maioria dos cidadãos americanos, é pouco provável que Bachmann ainda venha a ter uma carreira política de sucesso no que diz respeito a cargos públicos. Contudo, e à imagem de Sarah Palin, ainda pode ser uma voz muito influente no seio do movimento conservador norte-americano.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A maldição do segundo mandato

É já praticamente uma tradição nos Estados Unidos que os Presidentes sejam assolados, durante o seu segundo mandato, por uma série de escândalos ou problemas que prejudicam a sua imagem e a sua capacidade de governar. Por isso, há quem diga que existe uma maldição que assombra todos os Chefes de Estado norte-americanos que são eleitos para novos quatro anos à frente dos destinos da nação.
E, de facto, os segundos mandatos estão repletos de escândalos presidenciais. Nas últimas décadas assistimos ao Watergate de Nixon, ao Irão-Contra de Reagan, o Monicagate de Clinton ou o Katrina de Bush. Agora, parece que também Barack Obama não escapará a esta maldição e uma série de escândalos para a sua presidência vão surgindo quase que simultaneamente.
Neste momento, o principal problema para Obama prende-se com a revelação que o IRS (Internal Revenue Service), o serviço que gere o pagamento de impostos nos Estados Unidos, atrasou a atribuição de isenção de impostos a grupos conservadores (na sua maioria ligados ao Tea Party). Ora, este comportamento por parte de uma entidade que deve ser neutra e imparcial gerou, justificadamente, muitos protestos por parte da Direita norte-americana. Em resposta ao escândalo, Obama demitiu o responsável do IRS, tentando, dessa forma, acalmar as criticas que eram dirigidas à sua administração.
Contudo, os problemas para a Casa Branca não ficam por aqui. Além do escândalo IRS ainda não estar totalmente sanado e continuar a dominar as atenções mediáticas, outros assuntos vieram prejudicar a imagem do Presidente. Nomeadamente, a descoberta de uma lista de jornalistas da Associated Press cujos telefones terão estado sob escuta do Departamento de Justiça de forma a impedir alegadas fugas de informação sobre temas de segurança nacional levantou, também, críticas à Administração Obama, acusada de contornar a liberdade de impresa. Além disso, a forma como a Casa Branca e o Departamento de Estado lidaram com o ataque à embaixada norte-americana em Benghazi continua a ser alvo de polémica, com os republicanos a insistirem neste tema de forma a tentarem prejudicar politicamente Hillary Clinton, Secretária de Estado aquando do atentado e grande candidata a conquistar a presidência em 2016.
Com todos estes problemas, fica muito complicada a vida de Barack Obama, que tencionava fazer avançar no início deste seu segundo mandato uma imponente agenda legislativa, com destaque para a reforma da imigração. Ciente de que está limitado no tempo e na influência (a parte final de uma presidência é apelidada de lame duck presidency), Obama tem agora de fazer um pressing final para ultrapassar esta fase menos positiva e ser capaz de alcançar metas importantes até 2017. Para isso, também precisa que a maldição do segundo mandato não o volte a assombrar.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Tornado devastador no Oklahoma

Os arredores da cidade de Oklahoma City foram ontem violentamente atingidos por um devastador tornado, cujos ventos ultrapassaram os 300 kms/h. Até ao momento, já foram confirmados 91 mortos e centenas de feridos. Entre as vítimas, encontram-se várias dezenas de crianças, visto que o rasto destruidor do tornado passou por uma escola, reduzindo-a a destroços.
As imagens que chegam dos Estados Unidos são impressionantes e mostram a fúria do fenómeno natural que passou ontem pelo Estado de Oklahoma, uma região habitualmente assolada por tornados. Em resposta aos apelos estaduais e locais, o Presidente Barack Obama já declarou o estado de catástrofe, proporcionando o poder do governo federal no apoio às vítimas desta tragédia.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Nas mãos de Rubio

Ainda que muito lentamente, continuam as negociações entre democratas e republicanos com vista à reforma da imigração no país. Com o apoio da Casa Branca de Barack Obama, é o o chamado Gang of Eight, constituido por oito senadores dos dois partidos, que lidera o processo que deverá levar à apresentação de uma proposta que possa ser aprovada pelo Congresso norte-americano.
Aparentemente, tudo aponta para que a reforma da imigração tenha já os votos suficientes para passar no Senado, mesmo tendo em conta que necessitaria de uma maioria de pelo menos 60 senadores para ultrapassar um eventual bloqueio através de filibuster. Contudo, o Gang of Eight pretende alcançar uma super-maioria, conseguindo o apoio de 70 ou mais dos 100 senadores e uma maioria entre os representantes dos dois partidos. Dessa forma, demonstrando força e consenso, seria bem mais provável que a Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos e cujos membros são bem mais voláteis e polarizados politicamente, aprovasse também esta reforma.
Com os votos democratas garantidos, assim como os de pelo menos quase uma dezena de senadores republicanos mais moderados, falta agora atrair os votos de republicanos relativamente conservadores. Para isso, a chave parece ser Marco Rubio, o senador da Florida e porventura a maior figura do Partido Republicano na actualidade. Filho de pais cubanos que imigraram para os Estados Unidos, Rubio foi um dos proponentes desta reforma que permitirá legalizar milhões de cidadãos ilegais no país e tornou-se o líder do GOP nesta questão. Com o seu apoio inequívoco, muitos dos congressistas republicanos terão maior propensão em aprovar a reforma da imigração. Caso contrário, terão na "desistência" de Rubio um excelente motivo para votarem contra.
Nos últimos tempos, Marco Rubio tem preferido manter um low profile, deixando o destaque para o Gang of Eight que integra. Todavia, é certo que terá sempre um papel determimante para o futuro da reforma da imigração. Ao apostar muito do seu capital político neste tema, Rubio tem também muito a ganhar e a perder. Se a reforma passar tranquilamente e de forma consensual no Congresso, então Rubio terá afirmado a sua liderança e será um concorrente de peso para as eleições presidenciais de 2016. Se, pelo contrário, a reforma falhar, então Rubio terá perdido a batalha que travou o seio do seu próprio partido, ao mesmo tempo que verá o voto hispânico fugir ainda mais dos republicanos, com todas as consequências eleitorais que daí advêm, como tão bem se tem visto nas últimas eleições.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Desemprego em queda

Foram anunciadas hoje boas notícias para os norte-americanos e para a Administração Obama. Segundo o Wall Street Journal, a economia dos Estados Unidos superou as expectativas e criou, em Abril, 165 mil novos empregos, com a taxa de desemprego a baixar para 7,5%, o valor mais baixo desde Dezembro de 2008. Continua, assim, a tendência de recuperação económica dos EUA (em contraponto com a Europa) e que, a manter-se, pode ser uma importante arma para os democratas na campanha eleitoral que se aproxima.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

A luta pelas armas

Apesar de a mais recente legislação que restringiria (muito pouco) a compra de armas de fogo nos Estados Unidos não ter passado no Senado, parece que este tema controverso não despareceu da agenda política norte-americana. Aliás, é bem provável que a proposta de lei ou outra muito semelhante volte a ser votada no Congresso, já que o chumbo anterior caiu que nem uma bomba entre os proponentes dessa medida.
Após o falhanço no Senado, os defensores do gun control têm realizado um autêntico blitz mediático, aproveitando-se da popularidade da proposta de lei chumbada entre a maioria dos eleitores norte-americanos. Assim, personalidades como Gabby Giffords (a congressista democrata baleada em Tucson) ou o Mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg têm feito uma intensiva campanha de lobbying de forma a garantir que a mais ambiciosa legislação para o controlo da compra de armas das últimas décadas se torne realidade. 
Parte da estratégia deste lobby anti-armas de fogo é a crítica aos republicanos que votaram contra e que representam Estados moderados. Por exemplo, a senadora Kelly Ayotte, do New Hampshire, está a ser alvo de duras críticas, ao mesmo tempo que é pressionada para modar o seu sentido de voto numa eventual nova votação. Em sentido contrário, um dos proponentes da legislação, o senador republicano Pat Toomey tem visto os seus índices de popularidade subirem na Pennsvylvania, o Estado que representa e que, em 2012, foi ganho por Obama com 52% dos votos.
Para compensar o esforço dos partidários do controlo de armas, o poderosíssimo lobby das armas, em especial a National Rifle Association, está também a colocar a sua própria campanha no terreno. Contudo, a estratégia da NRA passa mais por pressionar os senadores conservadores ao ameaçar descer o seu rating (a NRA possui um ranking onde classifica todos os congressistas de acordo com o seu historial de voto mais ou menos favorável à livre posse de armas de fogo) e a caracterizá-los como anti-armas do que a alterar a opinião da maioria dos cidadãos americanos que apoiam a proposta de lei. Por isso, há até quem fale de um atentado à democracia, quando se percebe que um poderoso lobby tem mais influência do que a opinião pública.