Apesar de a mais recente legislação que restringiria (muito pouco) a compra de armas de fogo nos Estados Unidos não ter passado no Senado, parece que este tema controverso não despareceu da agenda política norte-americana. Aliás, é bem provável que a proposta de lei ou outra muito semelhante volte a ser votada no Congresso, já que o chumbo anterior caiu que nem uma bomba entre os proponentes dessa medida.
Após o falhanço no Senado, os defensores do gun control têm realizado um autêntico blitz mediático, aproveitando-se da popularidade da proposta de lei chumbada entre a maioria dos eleitores norte-americanos. Assim, personalidades como Gabby Giffords (a congressista democrata baleada em Tucson) ou o Mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg têm feito uma intensiva campanha de lobbying de forma a garantir que a mais ambiciosa legislação para o controlo da compra de armas das últimas décadas se torne realidade.
Parte da estratégia deste lobby anti-armas de fogo é a crítica aos republicanos que votaram contra e que representam Estados moderados. Por exemplo, a senadora Kelly Ayotte, do New Hampshire, está a ser alvo de duras críticas, ao mesmo tempo que é pressionada para modar o seu sentido de voto numa eventual nova votação. Em sentido contrário, um dos proponentes da legislação, o senador republicano Pat Toomey tem visto os seus índices de popularidade subirem na Pennsvylvania, o Estado que representa e que, em 2012, foi ganho por Obama com 52% dos votos.
Para compensar o esforço dos partidários do controlo de armas, o poderosíssimo lobby das armas, em especial a National Rifle Association, está também a colocar a sua própria campanha no terreno. Contudo, a estratégia da NRA passa mais por pressionar os senadores conservadores ao ameaçar descer o seu rating (a NRA possui um ranking onde classifica todos os congressistas de acordo com o seu historial de voto mais ou menos favorável à livre posse de armas de fogo) e a caracterizá-los como anti-armas do que a alterar a opinião da maioria dos cidadãos americanos que apoiam a proposta de lei. Por isso, há até quem fale de um atentado à democracia, quando se percebe que um poderoso lobby tem mais influência do que a opinião pública.
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