sexta-feira, 22 de junho de 2012

Encerrados para férias

Durante as próximas duas semanas, aproximadamente, o Máquina Política estará inactivo, por motivos de férias (bem merecidas) da gerência. Até ao meu regresso, já durante o mês de Julho, aconselho uma visita aos outros locais portugueses onde se pode ler sobre o mundo político dos Estados Unidos da América - a lista pode ser consultada na barra lateral. Até breve!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Obama vs Romney (by Mark Halperin)

Mark Halperin, o conceituado jornalista da TIME e co-autor do best seller sobre a campanha eleitoral de 2008, Game Change, compara, nesta tabela (clicar na imagem para aumentar), os dois candidatos presidenciais norte-americanos, com base em 10 critérios que podem decidir a corrida. Olhando para esta comparação, Mitt Romney parece levar alguma vantagem, já que, segundo Halperin, é quem vai na frente no que diz respeito à economia, à mensagem e ao dinheiro, três aspectos chaves para qualquer eleição dos Estados Unidos. Contudo, e como eu tenho afirmado, Obama lidera no critério do Colégio Eleitoral e, afinal de contas, é aí que se ganha ou perde a corrida.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Um novo olhar sobre o mapa eleitoral


Como prometido, deixo aqui a minha visão actualizada sobre aquela que é a situação, no momento, do mapa eleitoral para as presidenciais norte-americanas de Novembro. Desde a minha última análise, em Abril, os números de votos eleitorais para cada lado quase não mudaram (na altura, dava vantagem a Barack Obama, com 258 votos eleitorais, face aos 190 de Mitt Romney. Contudo, houve algumas alterações importantes no que diz respeito aos battleground states da eleição que se aproxima.

O maior destaque vai, sem dúvida, para a passagem do Ohio para o estatuto de toss-up, já que acredito que este Estado poderá ser o local que decidirá o resultado da eleição, caso a corrida seja bastante renhida. Assim sendo, o swing state por excelência tem sempre de estar na coluna dos indecisos, mesmo que as sondagens continuem a mostrar um ligeiro favoritismo de Obama no the Buckeye State. Mas, além do Ohio, também o Wisconsin deixou a coluna democrata, passando também para toss-up, na sequência de várias sondagens que mostram um empate técnico e mesmo uma liderança para o nomeado republicano. Todavia, parece-me difícil que Obama não vença neste Estado e é possível que os últimos estudos de intenção de voto reflictam o momentum republicano proporcionado pela vitória de Scott Walker.

Mas nem todas as alterações no mapa eleitoral são negativas para os democratas, já que mudei o estado do Nevada para lean democrat e do New Hampshire e da Pensilvânia para likely democrat, depois de analisar as mais recentes sondagens relativas a estes Estados. Mas se a vitória de Obama nos dois últimos Estados não é propriamente uma novidade - o Partido Democrata é tradicionalmente bastante forte no nordeste dos Estados Unidos - já o movimento no Nevada traduz a actual grande importância do eleitorado latino no Oeste norte-americano, assim como a grande capacidade de mobilização dos democratas no Nevada, Estado onde o Senador Harry Reid, assim como os sindicatos de trabalhadores dos casinos, têm uma grande influência.

Com base neste mapa, e apesar de nenhum dos candidatos atingir o número mágico de 270 votos eleitorais necessários para ser o vencedor, parece correcto afirmar que Obama é ainda favorito para conseguir um segundo mandato, não obstante as últimas semanas não lhe terem corrido muito bem. Contudo, estamos ainda a mais de quatro meses da noite eleitoral e, até lá, o figurino do mapa eleitoral pode (e vai de certeza) dar algumas voltas. Para já, a corrida está ainda too close to call.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Obama contra-ataca

Como tenho vindo a dar conta neste blogue, Barack Obama tem vivido momentos difíceis nesta primeira fase da campanha para as eleições presidenciais de Novembro. Depois de ter começado a corrida bem lançado, tendo ganho vantagem sobre Mitt Romney fruto do desgaste que o republicano sofreu durante as primárias, o Presidente tem vindo a perder terreno e as sondagens mostram agora que a disputa pela Casa Branca está, de momento, muito renhida.

Contudo, esta tendência negativa de Obama deve ter feito soar os alarmes na sede da campanha democrata, em Washington, porque, finalmente, o Presidente parece estar a acertar agulhas e a responder ao seu momento menos positivo. E, como não podia deixar de ser, a reacção presidencial teria de passar, em primeira instância, por uma mensagem de cariz económica, mostrando aos norte-americanos que Obama é o homem certo para estar ao leme numa altura em que os Estados Unidos procuram uma recuperação económica mais acentuada.

Ontem, no Ohio (não é coincidência que se trate de um dos Estados mais decisivos em eleições presidenciais), o Presidente realizou um discurso exclusivamente dedicado à economia, onde delineou aquela que será a sua mensagem económica para a campanha presidencial. Em pouco menos de uma hora, Obama deixou bem marcadas as diferenças entre si e Mitt Romney (disse o nome do seu opositor oito vezes, tantas como no último ano e meio), afirmando que é o único candidato disposto a ajudar a classe média, enquanto que Romney representará o regresso às políticas republicanas (leia-se, de George W. Bush) que levaram à actual crise económica e financeira. Esta táctica de colar o nomeado do GOP ao ainda impopular 43º Presidente norte-americano resultou em 2008 para Obama. Contudo, quatro anos depois, teremos de esperar para ver se o mesmo acontece desta vez.

Mas nem só da economia se faz o contra-ataque da campanha de Obama. Também a imigração é uma questão que os democratas estão a tentar trazer para cima da mesa no que diz respeito aos temas centrais da campanha. Hoje mesmo, a Casa Branca assumiu a intenção de aligeirar as regras para os jovens e crianças que entraram ilegalmente nos Estados Unidos com os seus pais e que não tenham infringido a lei. Baseado no Dream Act, a proposta de lei apoiada por Obama e pelos democratas, mas rejeitada pelo republicanos do Congresso, esta ideia coloca um problema para Romney que se dividirá entre a posição tough on immigration do seu partido e a possibilidade de alienar ainda mais o grupo eleitoral em maior crescimento demográfico do país - os hispânicos. 

Após esta investida de Obama, os próximos dias serão importantes para avaliarmos se a estratégia seguida pelos democratas teve impacto junto do eleitorado. Quanto a mim, parece-me que Obama está a corrigir erros anteriores e que este é um rumo mais acertado. Contudo, Novembro está ainda muito longe e, entretanto, as férias de Verão, altura em que os americanos pouco ou nada ligam às notícias, estão quase à porta. Só depois disso, mais precisamente após o Labor Day, é que a campanha presidencial começa verdadeiramente. Para já, estamos apenas no aquecimento.

terça-feira, 12 de junho de 2012

O mapa eleitoral de James Carville

James Carville, o histórico conselheiro de Bill Clinton e um dos principais mentores das vitórias políticas do 42º Presidente dos Estados Unidos, apresenta neste vídeo a sua opinião no que diz respeito ao mapa eleitoral para as eleições presidenciais de 2012. Na sua análise dos swing states (é curiosa e certeira a sua definição de swing state), Carville atribui uma ligeira vantagem a Barack Obama sobre Mitt Romney, fruto, sobretudo, dos triunfos virtuais nos Estados da Virgínia e do Ohio. Contudo, com o momentum aparentemente do lado do nomeado republicano, as cores do mapa eleitoral de Carville podem mudar rapidamente. Ainda esta semana, também eu darei a minha achega sobre o estado da corrida nos 50 Estados norte-americanos.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Romney is closing in on Obama

Após uma complicada época de primárias, onde Mitt Romney conseguiu selar a nomeação, mas não sem uma grande dose de atritos com os seus adversários e sendo obrigado a encostar-se muito à Direita de forma a conquistar a simpatia e os votos do eleitorado republicano, o ex-Governador do Massachusetts era visto como um claro underdog no frente-a-frente com Barack Obama na eleição geral.
Todavia, Romney tem vindo a recuperar terreno e está, nesta altura, virtualmente empatado com o actual Presidente nas tracking polls da Rasmussen e da Gallup, que seguem o movimento diário dos eleitores norte-americanos. E, nos últimos dias, têm-se acumulado as notícias negativas para Obama, em especial no domínio da economia, que, como se sabe, será o factor decisivo das próximas eleições. Acontece que, últimos indicadores da economia dos Estados Unidos, em especial os números do desemprego, sugerem que a recuperação económica norte-americana está em quebra, com destaque para o aumento da taxa de desemprego, algo que não sucedia há vários meses. Ora, se esta tendência negativa estiver para ficar, então Romney não terá grandes dificuldades em assegurar o lugar na Casa Branca.
A economia pode ser a principal preocupação para a Obama, mas não é a única, já que também no trilho da campanha as coisas não andam a correr de feição para o Presidente. Alguns dos seus principais aliados têm cometido gaffes e proferido declarações que devem ter irritado Obama e os seus principais conselheiros. E se a tendência de Biden para falar demais (recentemente, foi apanhado a fazer comentários sobre a estratégia da campanha, afirmando que lhe tinham sido confiados seis Estados)  já é conhecida, mais estranhas foram algumas declarações de Bill Clinton que defendeu o passado empresarial de Romney e afirmou concordar com a extensão dos cortes fiscais da era Bush, contrariando a posição da Casa Branca.
Também a eleição no Wisconsin de ontem deve ter feito soar os alarmes na sede de campanha de Obama em Chicago. Isto porque, além da óbvia desilusão que acompanha uma derrota para um sempre importante cargo de Governador, as exit polls relativas a esta corrida demonstraram um retrato do eleitorado muito mais parecido com o ciclo eleitoral de 2010, favorável aos republicanos, do que com a onda democrata de 2008.
Ainda assim, Barack Obama tem ainda bastante tempo para cerrar fileiras e corrigir estes contratempos e voltar a ganhar vantagem na corrida presidencial. Até porque se encontra, a meu ver, em posição privilegiada no colégio eleitoral, tendo um caminho  mais favorável para os 270 votos eleitorais necessários para assegurar a Presidência do que Mitt Romney. Mas sobre isso falarei mais detalhadamente num post futuro, quando voltar a fazer o ponto da situação do mapa eleitoral.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Scott Walker aguenta-se

Sendo Terça-feira, ontem foi dia de eleições nos Estados Unidos, realizando-se primárias presidenciais em vários Estados norte-americanos. Contudo, com os nomeados de cada um dos partidos já mais que decididos, o grande ponto de interesse da noite de ontem foi a eleição recall para o Governador do Winsconsin, onde o actual dono do cargo, o republicano Scott Walker, enfrentou e venceu o challenger democrata, o Mayor de Milwaukee Tom Barret.
Esta eleição no Wisconsin teve uma grande dimensão nacional, logo pela particularidade de se tratar de um recall. Para quem não sabe, o recall é uma medida que permite, através de uma petição assinada por um número mínimo de cidadãos, a marcação de uma nova eleição durante o mandato de um político eleito. Representa, por assim dizer, uma espécie de moção de censura. Depois, Scott Walker tornou-se famoso aos olhos do grande público por ter enfrentado, numa escala sem precedentes, os sindicatos e os funcionários públicos do Estado do Winsconsin, numa batalha que assumiu proporções épicas e lhe valeu o estatuto de herói entre a Direita dos Estados Unidos e o ódio visceral dos norte-americanos mais à Esquerda.
Contudo, ontem, Scott Walker venceu, com 53% dos votos, o seu oponente democrata e completará, assim, o seu mandato. O triunfo de Walker deve-se sobretudo a uma incrível vantagem financeira sobre o seu adversário, mas também ao maior entusiasmo dos republicanos em relação a esta eleição, comparativamente com os eleitores democratas. Ora, tendo em conta que este recall partiu da iniciativa conjunta dos sindicatos e do Partido Democrata, não deixa de ser estranho que estas poderosas e influentes estruturas não tenham tido a capacidade de entusiasmar e mobilizar de forma mais eficaz o forte contingente democrata do Winsconsin.
Assim sendo, são os republicanos em geral, e Scott Walker em particular, que saem vencedores da noite eleitoral de ontem. Em sentido contrário, os democratas e os sindicatos não ficaram bem na fotografia e a derrota que lhes foi ontem infligida reflecte-se, indirectamente, em Barack Obama. Além disso, a vitória republicana de ontem junta-se ao triunfo do republicano Ron Johnson sobre o histórico senador democrata Russ Feingold, na eleição para o Senado de 2010, e isso pode fazer sinais de alarme na campanha presidencial de Obama em relação a um Estado em que o candidato republicano à Casa Branca não vence há 28 anos.