Como tenho vindo a dar conta neste blogue, Barack Obama tem vivido momentos difíceis nesta primeira fase da campanha para as eleições presidenciais de Novembro. Depois de ter começado a corrida bem lançado, tendo ganho vantagem sobre Mitt Romney fruto do desgaste que o republicano sofreu durante as primárias, o Presidente tem vindo a perder terreno e as sondagens mostram agora que a disputa pela Casa Branca está, de momento, muito renhida.
Contudo, esta tendência negativa de Obama deve ter feito soar os alarmes na sede da campanha democrata, em Washington, porque, finalmente, o Presidente parece estar a acertar agulhas e a responder ao seu momento menos positivo. E, como não podia deixar de ser, a reacção presidencial teria de passar, em primeira instância, por uma mensagem de cariz económica, mostrando aos norte-americanos que Obama é o homem certo para estar ao leme numa altura em que os Estados Unidos procuram uma recuperação económica mais acentuada.
Ontem, no Ohio (não é coincidência que se trate de um dos Estados mais decisivos em eleições presidenciais), o Presidente realizou um discurso exclusivamente dedicado à economia, onde delineou aquela que será a sua mensagem económica para a campanha presidencial. Em pouco menos de uma hora, Obama deixou bem marcadas as diferenças entre si e Mitt Romney (disse o nome do seu opositor oito vezes, tantas como no último ano e meio), afirmando que é o único candidato disposto a ajudar a classe média, enquanto que Romney representará o regresso às políticas republicanas (leia-se, de George W. Bush) que levaram à actual crise económica e financeira. Esta táctica de colar o nomeado do GOP ao ainda impopular 43º Presidente norte-americano resultou em 2008 para Obama. Contudo, quatro anos depois, teremos de esperar para ver se o mesmo acontece desta vez.
Mas nem só da economia se faz o contra-ataque da campanha de Obama. Também a imigração é uma questão que os democratas estão a tentar trazer para cima da mesa no que diz respeito aos temas centrais da campanha. Hoje mesmo, a Casa Branca assumiu a intenção de aligeirar as regras para os jovens e crianças que entraram ilegalmente nos Estados Unidos com os seus pais e que não tenham infringido a lei. Baseado no Dream Act, a proposta de lei apoiada por Obama e pelos democratas, mas rejeitada pelo republicanos do Congresso, esta ideia coloca um problema para Romney que se dividirá entre a posição tough on immigration do seu partido e a possibilidade de alienar ainda mais o grupo eleitoral em maior crescimento demográfico do país - os hispânicos.
Após esta investida de Obama, os próximos dias serão importantes para avaliarmos se a estratégia seguida pelos democratas teve impacto junto do eleitorado. Quanto a mim, parece-me que Obama está a corrigir erros anteriores e que este é um rumo mais acertado. Contudo, Novembro está ainda muito longe e, entretanto, as férias de Verão, altura em que os americanos pouco ou nada ligam às notícias, estão quase à porta. Só depois disso, mais precisamente após o Labor Day, é que a campanha presidencial começa verdadeiramente. Para já, estamos apenas no aquecimento.
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