terça-feira, 8 de novembro de 2016

Eleições norte-americanas é no Porto Canal

Logo à noite, entre as 22:30 e as 2:30, estarei na emissão especial do Porto Canal, em directo da Universidade Fernando Pessoa, a comentar, e em excelente companhia, a eleição da pessoa mais importante do mundo. Acompanhem!

O controlo do Senado (também) está em jogo

Apesar de receber o grosso das atenções mediáticas, não é apenas a escolha do Presidente que está hoje em jogo nos Estados Unidos. Como acontece de dois em dois anos, há eleições para o Congresso, com todos os 435 lugares da Câmara dos Representantes a irem e votos, bem como um terço dos assentos no Senado (este ano 34 dos 100). Além disso, há ainda outros eleições de nível estadual, com destaque para a escolha do Governador em 12 Estados, assim como vários referendos, como, por exemplo, para a legalização da marijuana em vários Estados.
Dado o seu impacto a nível nacional, são as eleições para o Congresso aquelas que serão seguidas com mais atenção. No que diz respeito à Câmara dos Representantes, tudo indica que o Partido Republicano manterá a sua maioria. Com uma grande vantagem na câmara baixa (247 republicanos face a 188 democratas), conseguida na vitória esmagadora de há dois anos, seria necessária uma hecatombe destronar Paul Ryan do seu cargo de Speaker. Além disso, o redesenho dos distritos eleitorais, realizado após outra grande vitória republicana em 2010, favorece claramente o GOP, pelo que, mesmo que o voto nacional para o Congresso favoreça os democratas por alguns pontos percentuais, isso não será suficiente para dar ao partido de Hillary Clinton o controlo da câmara baixa. No final de contas, os democratas deverão ganhar alguns lugares - o número de assentos que conquistarão aos republicanos pode muito bem depender da dimensão da (eventual) vitória da sua candidata presidencial - mas o Partido Republicano manterá a sua maioria.
Já no Senado, a conversa é outra e o equilíbrio é a nota dominante. Actualmente, o GOP possui 54 dos 100 assentos na câmara alta, contra 44 democratas e 2 independentes (que votam ao lado dos democratas). Todavia, neste ciclo eleitoral 24 dos 34 lugares em jogo são ocupados por republicanos, pelo que os democratas têm muito a ganhar com a eleição de hoje. 

Para chegarem pelo menos a 50 assentos (contando que Hillary vence, podendo Tim Kaine utilizar o voto de desempate atribuído ao Vice-Presidente pela Constituição), os democratas precisam, então de recuperar 4 assentos. Um deles, no Illinois parece garantido, pelo que terão de vencer, pelo menos, três de seis eleições que se encontram equilibradas. No Wisconsin, no Nevada e na Pennsylvania, os candidatos democratas são ligeiramente favoritos, enquanto que no Missouri, no Indiana e na North Carolina as sondagens favorecem os candidatos republicanos. 
Normalmente, nestas eleições "secundárias", o voto é muito afectado pelo que acontece no topo do ticket. Assim sendo, é bem possível que uma vitória robusta de Hillary Clinton ajude a uma vitória dos democratas na maioria, ou mesmo em todas, das corridas, como aconteceu em 2008 ou em 2012, quando ajudados pelos triunfos de Obama, os candidatos democratas ao Senado venceram todas as eleições competitivas. Por outro lado, se Donald Trump vencer ou conseguir um resultado muito próximo de Hillary Clinton, é possível que os republicanos juntem o controlo do Senado ao da Câmara dos Representantes. Ainda assim, parece-me mais plausível que os democratas saiam vencedores na disputa pelo controlo do Senado ou que, pelo menos, consigam os 50 votos necessários para dependerem do (provável) VP Tim Kaine para o desempate.

Guia para a noite eleitoral

Devido à diferença horária entre Portugal e os Estados Unidos, quem quiser seguir a evolução dos resultados das eleições de hoje terá de fazer uma noitada que se prolongará pela madrugada e manhã do dia 9. Contudo, serão certamente muitos os portugueses a acompanhar atentamente os acontecimentos. Assim, e de forma a ajudar estes political junkies que, como eu, ficarão acordados até muito tarde, deixo aqui o horário de fecho, segundo a hora de Lisboa, das urnas em cada Estado (a bold, os Estados competitivos e que decidirão a eleição):

23:00: A maior parte do Indiana, metade do Kentucky;

24:00: A maioria da Florida; Georgia, o resto do Indiana, a outra metade do Kentucky, New Hampshire, South Carolina, Vermont, Virgínia;


00:30: North Carolina, Ohio, West Virginia

01:00: Alabama, Connecticut, Delaware, DC, o resto da Florida, Illinois, Kansas, Maine, Maryland, Massachusetts, a maior parte do Michigan, Mississippi, Missouri, New Jersey, a maior parte do North Dakota, Oklahoma, Pennsylvania, Rhode Island, metade do South Dakota, Tennessee, a maior parte do Texas;

01:30: Arkansas

02:00: New York, Minnesota, a outra metade do South Dakota, Nebraska, no resto do North Dakota, o resto do Michigan, Colorado, Louisiana, New Mexico, o resto do Texas, Arizona, Wisconsin, Wyoming;

03:00: Iowa, a maior parte do Idaho, Utah, Nevada, Montana;

04:00: California, o resto do Idaho, Oregon, Washington; Hawaii;

05:00: A maior parte do Alaska;

06:00: as ilhas ocidentais do Alaska.

Ou seja, se a eleição ficar dependente do Alaska, só saberemos o vencedor amanhã de manhã - e isto se não tivermos recontagens decisivas, como aconteceu em 2000. Contudo, esse cenário e é improvável e deveremos conhecer o vencedor até às 3/4 da manhã de Portugal, ou até antes se as contagens dos votos na Florida forem rápidas e for Hillary Clinton a triunfar no sunshine state. 

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Mapa eleitoral - a minha previsão

Há quatro anos fui um verdadeiro Nate Silver e acertei no vencedor de 49 dos 50 Estados norte-americanos. Agora, volto a fazer uma previsão, ainda que me pareça que, desta vez, o mapa eleitoral é mais incerto e, como tal, mais difícil de prever. Com algumas dúvidas (principalmente na Florida, North Carolina e New Hampshire), aposto no seguinte mapa:
  
Teremos, assim, se estiver correcto, uma mulher na Casa Branca a partir de 20 de Janeiro de 2017 e Hillary Clinton será a 45ª presidente dos EUA. Quanto ao voto popular, prevejo uma vitória de Hillary por 4%, com 49% dos votos, contra 45% de Donald Trump. O candidato libertário Gary Johnson receberá 4%, falhando assim o seu objectivo (5%). Amanhã (ou na madrugada de Quarta-feira), veremos como me saí neste "totobola".

Os Estados a seguir

Devido ao sistema eleitoral das presidenciais norte-americanas, a corrida decide-se num punhado de Estados, os chamados swing states, ou, como eu prefiro, os battleground states. Com o grande dia a chegar, deixo aqui uma espécie de guia para os Estados que decidirão quem será o 45º presidente dos Estados Unidos.

New Hampshire - O swing state perfeito, sendo um Estado que replica, nos últimos anos, quase a 100%, o voto a nível nacional. Hillary Clinton parecia levar uma vantagem confortável no granite state, mas tem vindo a perder terreno, talvez pela subida nas sondagens do candidato libertário Gary Johnson, cuja votação neste Estado conhecido pelas suas tendências libertárias pode chegar aos 10%. A democrata ainda é a (ligeira) favorita, mas, numa eleição decidida ao milímetro, o New Hampshire pode muito bem vir a atribuir os 4 votos eleitorais decisivos. Toss up.

Pennsylvania - Desde 1992 que a história se repete. Os republicanos sonham sempre com a vitória neste Estado que este ano atribui 18 votos eleitorais, mas, no final, são sempre os democratas que levam a melhor. Em 2016, o GOP volta a apostar numa vitória na Pennsylvania como forma de derrubar a blue wall. Até ao momento, porém, Trump não liderou uma única sondagem e seria uma grande surpresa se ultrapassasse Clinton na noite de amanhã. Como este Estado não tem voto antecipado, o ground game será decisivo e os democratas terão de contar com uma grande afluência às urnas nas grandes cidades (principalmente em Philadelphia) de forma a contrariar a vantagem republicana nos meios suburbanos e rurais. Com a participação afro-americana em queda relativamente há quatro anos, esse poderá ser um problema. Ainda que Hillary seja claramente favorita, este é um Estado a seguir com atenção: se Trump vencer aqui, poderá mesmo estar a caminho da Casa Branca. Leaning Democrat.

Ohio - Este Estado, sempre altamente competitivo e disputado em eleições presidenciais, parece ter virado à direita neste ciclo eleitoral. Com um grande número de eleitores brancos de classe média, em especial de blue collar workers muito afectados pela crise económica de 2008 e pela fuga de empregos de manufactura para países com mão-de-obra mais barata, o Ohio é terreno fértil para o discurso populista de Trump. Assim, depois de ter votado duas vezes em Obama, é bem possível que o buckeye state seja "pintado" a vermelho na noite de amanhã, ainda que, nos últimos dias, as sondagens mostrem uma corrida equilibrada. O GOP parece em vantagem, mas, numa eleição muito renhida, o ground game pode ser decisivo e nisso os democratas são superiores. Toss up.

Michigan - Em 2008, o Michigan esteve na origem de uma polémica no seio da candidatura de John McCain, quando Sarah Palin se pronunciou contra a desistência da campanha neste Estado. Agora, em 2016, o cenário é quase inverso, com os democratas a terem de apostar forte num Estado que parecia decidido a seu favor. Apesar de as sondagens mostrarem uma corrida a apertar (com diferenças que chegam a apenas quatro pontos percentuais), é pouco crível que o Michigan vote em Trump. Porém, com os democratas a enviaram para o grate lake state todos os seus pesos pesados (a própria candidata, Obama e Michelle Obama, Bill Clinton e Joe Biden), tudo indica que os seus números internos estão a preocupar os democratas. Leaning Democrat.

Iowa - Foi este o Estado que catapultou Barack Obama para a Casa Branca, depois da vitória do actual Presidente no caucus do Iowa. Todavia, e apesar de Obama ter vencido aqui em 2008 e 2012, tudo indica que, desta vez, os democratas sairão derrotados, já que Trump tem surgido constantemente na frente das sondagens do hawkeye state. De facto, o Iowa, com uma população quase exclusivamente branca e tradicionalmente rural, é um perfect match para o apelo de Donald Trump que deve amealhar aqui 6 votos eleitorais. Se amanhã o Iowa for equilibrado ou cair para Hillary Clinton, então é porque teremos uma vitória folgada da antiga Secretária de Estado. Leaning Republican.

North Carolina - Outrora um Estado fortemente republicano, a North Carolina é, agora, um verdadeiro swing state, tendo votado Obama em 2008 e em Romney há quatro anos. A forte imigração de jovens com elevada instrução para o Estado, conjugada com uma grande comunidade afro-americana e cada vez mais eleitores hispânicos, tem tornado o Estado cada vez mais democrata. Se Hillary vencer aqui, tem a eleição ganha, por isso este é um Estado obrigatório para Trum - Toss up.

Florida - O sunshine state é, por norma, o prémio mais apetecível nas eleições presidenciais. Com 29 votos eleitorais, a Florida, por si só, garante mais de 1/10 dos votos necessários para se chegar à Casa Branca. Tendo uma população muito heterogénea, fruto da elevada imigração para o Estado, a Florida é sempre um battleground state por excelência e é disputado ao máximo por ambas as partes. Se Hillary conseguir motivar a comunidade hispânica a votar e se conseguir imitar Obama e retirar o voto dos cubano-americanos (tendencialmente republicanos) a Trump, então será a próxima Presidente norte-americana, pois Trump não tem como substituir os votos eleitorais em disputa na Florida. Toss up.

Nevada - As sondagens mostram que o equilíbrio é a nota dominante no Estado dominado por Las Vegas. Contudo, os números do voto antecipado, contam outra história, já que a participação hispânica disparou e pode mesmo acontecer que este eleitorado venha a representar 20% do total, o que, por si só, deverá ser suficiente para Hillary conquistar estes 5 votos eleitorais. Harry Reid, o líder democrata no Senado, que se reforma este ano, montou uma poderosa máquina neste Estado, contando com a preciosa colaboração dos sindicatos dos trabalhadores dos casinos. Com um ground game muito superior, os democratas poder\ao levar vantagem. Leaning Democrat.

Arizona - Estive para não colocar o Arizona como um Estado decisivo, porque, normalmente, uma vitória de um democrata num Estado tradicionalmente republicano significaria um triunfo folgado no Colégio Eleitoral, com este Estado a ser apenas um extra. Todavia, o Arizona é um Estado especial porque a recuperação democrata neste Estado deve-se, quase exclusivamente, ao aumento da população hispânica e ao sucesso do Partido Democrata em registar os elementos desta comunidades como eleitores. Assim, é possível que, num cenário em que Donald Trump vença Estados do Este e do midwest com grandes maiorias brancas, Hillary Clinton alcance, ainda assim, o triunfo, com uma coligação de Estados com forte presença latina como o Colorado, o New Mexico, o Nevada e, claro, o Arizona. Ainda assim, Trump parte em clara vantagem. Leaning Republican. 

Quem quiser aprofundar um pouco mais esta questão, poderá consultar a minha dissertação de mestrado, precisamente sobre os Battleground States of America, disponível aqui.

domingo, 6 de novembro de 2016

Clinton segura a vantagem

A dois dias do dia em que a maioria dos norte-americanos vai depositar o seu voto (milhões já o fizeram através de voto antecipado), Hillary Clinton parece ter estancado a hemorragia e, agora, os seus valores nas sondagens a nível nacional estabilizaram numa vantagem curta mas sólida. Vejamos os números das sondagens publicadas hoje:

ABC/Washington Post - Clinton 48% - Trump 43%

Ipsos/Reuters - Clinton 44% - Trump 40%

UPI/CVOTER - Clinton 49% - Trump 48%

McClatchy/Marist - Clinton 46% - Trump 44%

Politico/Morning Consult - Clinton 45 %- Trump 42%

Nestas sondagens, o melhor que o candidato republicano consegue é ficar a um ponto percentual, com os estudos de opinião mais favoráveis à antiga Secretária de Estado a indicarem uma vantagem de Clinton que pode chegar aos 5%. Em 2012, as sondagens nacionais (na minha opinião, bem menos fiáveis do que as de nível estadual) subestimaram a votação de Obama. Se isso voltar a acontecer, então Hillary poderá ter um triunfo relativamente folgado. Contudo, e como costumam dizer os políticos, a sondagem que interessa só terá lugar na próxima Terça-feira.

Cartoon: os eleitores de 2016

sábado, 5 de novembro de 2016

Os últimos anúncios televisivos

Na recta final da campanha, as candidaturas de Hillary Clinton e Donald Trump divulgaram os seus últimos vídeos de publicidade eleitoral que passarão na internet e nas televisões dos battleground states. Enquanto o candidato do GOP apostou num anúncio negativo, atacando os poderes instalados de Washington e de Wall Street, a nomeada democrata preferiu terminar num tom positivo, apelando aos better angels dos norte-americanos. Dia 8 saberemos quem levou a melhor.

O estado da corrida


Depois do desastroso primeiro debate para Donald Trump e o escândalo gerado pela revelação das suas declarações em open mic sobre a sua relação com o sexo feminino, escrevi aqui que a candidatura do republicano estava perdida e que apenas uma grande surpresa impediria a vitória de Hillary Clinton. Agora, menos de um mês depois e apenas a três dias do dia decisivo, as sondagens voltaram a apertar e Trump parece estar novamente na corrida.
Ainda assim, e na minha opinião, Clinton continua a ser a grande favorita e vejo como muito difícil o triunfo de Donald Trump no voto popular, mas, mais importante ainda, no Colégio Eleitoral. Isto porque Hillary consolidou uma importante firewall de Estados que lhe permitem chegar, como se pode ver no mapa acima, a um número muito próximo dos 270 votos eleitorais necessários para ser eleita como a 45ª Presidente norte-americana. Ao aguentar os Estados tradicionalmente democratas (no Nordeste, na costa Oeste e no Midwest) e ao juntar-lhes os novos bastiões democratas na Virginia, New Mexico e Colorado, que, nos últimos anos viram as alterações demográficas fazerem passar estes Estados definitivamente para a coluna azul, Hillary Clinton fica apenas a dois votos do número mágico.
Ou seja, bastará à nomeada do Partido Democrata vencer qualquer um dos Estados toss-up - New Hampshire, North Carolina, Florida, Ohio, Iowa ou Nevada. E se no Ohio e no Iowa, Trump parece bem posicionado para garantir um triunfo (dois Estados com muitos blue collar workers, um grupo que apoia maioritariamente o candidato republicano), já no Nevada, na North Carolina e no New Hampshire é Hillary quem parte como favorita, estando a Florida num verdadeiro empate técnico. 
É verdade que os republicanos continuam a afirmar que têm hipóteses na Virginia (onde Clinton surgiu na frente de 28 das últimas 30 sondagens), no Colorado (um Estado com muitos jovens, eleitores com altos níveis de instrução e muitos hispânicos), na Pennsylvania (o blue state que é sempre "namorado" pelo GOP) e no Michigan (onde existem muitos blue collar workers, mas onde impera a indústria automóvel, salva pelos democratas), mas qualquer um destes Estados parece-me fora do alcance de Trump - ainda que os democratas pareçam algo preocupados com o Michigan (Clinton agendou mesmo uma visita de última hora a Detroit).
Por sua vez, os democratas também contam com alguns long shots, nomeadamente o Arizona, a Georgia e, em menor medida (e muito mais incerto, por falta de sondagens), o Alaska. Contudo, estas serão apostas de segunda linha para Hillary Clinton, que terá mais a ganhar em apostar as suas fichas nos Estados toss up, onde se decidirá a corrida, caso se confirmem os cenários de uma disputa muito equilibrada.
Curiosamente, não é totalmente descabido que nenhum dos candidatos chegue aos 270 votos eleitorais, num cenário de empate a 269 entre Hillary e Trump (com o republicano a vencer todos os toss up states, mas Hillary a vencer o voto do 2º distrito eleitoral do Maine), ou com o candidato independente Evan McMullin a amealhar a vitória no Utah e a impedir que os principais candidatos alcancem o número mágico de 270 votos. Nesse caso, a decisão passaria para a Câmara dos Representantes, que votaria por Estado e não por Congressista. Quer isto dizer que cada Estado teria um voto, votando de acordo com a maioria da sua delegação. Ou seja, tendo em conta o actual figurino da House, a vitória seria, quase de certeza, atribuída a Donald Trump, caso se confirmasse este cenário possível, mas improvável.

domingo, 9 de outubro de 2016

A derrota de Donald Trump

Estamos a praticamente um mês da noite eleitoral de 8 de Novembro que decidirá quem sucederá a Barack Obama na Casa Branca, mas, por esta altura, é já praticamente certo que Donald Trump não virá a ocupar a Sala Oval a partir de 20 de Janeiro do próximo ano., depois de um mês de Outubro que tem sido absolutamente devastador para a sua candidatura.
O início do fim de Trump terá começado no primeiro debate televisivo face a Hillary, onde finalmente ficou totalmente clara a sua completa falta de preparação para assumir o cargo de Presidente dos Estados Unidos. Face a uma adversária segura, com a lição bem estudada e com a atitude correcta perante um adversário intelectualmente inferior (não repetiu, por exemplo, o erro que Al Gore cometeu em 2000 ao demonstrar o seu menosprezo por George W. Bush), o candidato republicano limitou-se ao populismo e à demagogia, sendo incapaz de desenvolver minimamente uma qualquer ideia política. Além disso, e ao contrário do que sucedeu em muitos dos debates das primárias republicanas, Trump não conseguiu desferir ataques certeiros de forma a destabilizar a sua adversária. Pareceu sempre na defensiva e sem argumentos para a antiga Secretária de Estado, além de ter, novamente, ofendido uma mulher e de se ter gabado de não pagar impostos.
A vitória de Hillary no primeiro debate foi de tal forma clara que, nos dias seguintes, Clinton disparou nas sondagens, deixando Trump, que, até esse ponto, tinha vindo a recuperar terreno, a cerca de 5% de distância. Contudo, a reacção de The Donald à sua derrota no debate serviu como que para atirar mais lenha para a fogueira. Desde de falar em problemas no microfone causados intencionalmente, passando por críticas ao moderador (que fez um excelente trabalho), até novos insultos a mulheres, tudo serviu ao candidato presidencial do GOP para desculpabilizar pelo seu fiasco.
Depois, veio a lume uma investigação do New York Times, que indiciou que Donald Trump poderá não ter pago impostos federais durante 18 anos, por ter apresentado, em 1995, um prejuízo de quase mil milhões de dólares. Esta narrativa parecia vir confirmar o rumor lançado por Hillary Clinton no debate, quando esta afirmou que Trump não divulgava as suas declarações de impostos com medo de duas coisas: ou de mostrar que afinal não é tão rico como gosta de afirmar ou de provar que esteve largos anos sem pagar impostos. 
Contudo, o pior ainda estava para vir e, na Sexta-feira, veio a público uma gravação de Donald Trump, em 2005, a fazer comentários nada abonatórios sobre, pasme-se, mulheres. Nesta conversa, agora tornada pública, o magnata do imobiliário confessava assediar mulheres casadas e dizia que tudo era permitido a uma figura pública como ele. Nas últimas horas, as consequências de mais este caso têm sido dramáticas para a candidatura de Trump. Vários republicanos de nomeada (como John McCain ou Kelly Ayotte) vieram retirar o seu apoio ao nomeado do partido e muitos insiders pedem mesmo a sua desistência, algo que não sucederá - devido à personalidade do próprio candidato (antes quebrar que torcer) e por motivos logísticos (neste momento, já muitos norte-americanos, incluindo o próprio Obama, já votaram antecipadamente).
Agora, a não ser que algo de catastrófico suceda à candidatura de Hillary Clinton, é certo que será a concorrente democrata a vencer a eleição presidencial de 8 de Novembro. Apesar de não ser uma candidata perfeita, longe disso, Hillary tem gerido uma campanha serena, profissional e altamente competente. Com larga vantagem financeira e organizativa, a antiga Primeira-Dama seria sempre favorita no cenário de uma corrida equilibrada. Assim, com uma vantagem considerável nas sondagens e o seu adversário em queda livre nos estudos de opinião e acossado pelo seu próprio partido, é de esperar um landslide que "coroe" Hillary Clinton como a 45ª Presidente dos Estados Unidos. Para Trump, que glorifica os vencedores e abomina os vencidos, a noite da sua derrota deverá ser especialmente agonizante.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Super Tuesday: a noite democrata

Foi uma noite morna a da Super Tuesday de ontem no que diz respeito às primárias do Partido Democrata. No cômputo geral, e como se esperava, Hillary Clinton conseguiu uma sólida vitória, amealhando sete dos onze Estados em jogo, entre eles o maior prémio em jogo, o Texas, e o Massachussetts, que Bernie Sanders contaria conquistar para a sua coluna. A estes dois, Hillary juntou o Arkansas (onde foi Primeira-Dama, quando Bill Clinton foi Governador), o Alabama, a Georgia, o Tennessee e a Virginia. Por seu lado, Bernie Sanders ganhou nos caucuses do Colorado e Minnesota, no seu Estado do Vermont e no Oklahoma - aqui, de forma algo surpreendente e evitando o pleno de Hillary no Sul. 
Já se sabia que iria ser uma noite complicada para Sanders, que fez bem em baixar as expectativas da sua candidatura no que dizia respeito à Super Tuesday, mas é difícil de ver um caminho viável que leve o Senador do Vermont até à nomeação presidencial democrata. Até agora, Hillary venceu 10 das 15 eleições realizadas, tem uma vantagem esmagadora em termos de superdelegados e apoio da estrutura partidária, conta com os votos das minorias e dos blue collar workers e pode fechar a contenda ainda este mês.
Bernie Sanders, que tem vencido caucuses, formato que favorece a sua campanha, por contar com apoiantes organizados e entusiastas, conta ainda com muito dinheiro no banco (os últimos números de dinheiro angariado superam mesmo os da sua adversária) e deverá permanecer na corrida durante mais algum tempo. A vitória no Oklahoma amenizou o desaire sofrido a Nordeste, no Massachussetts, e permite-lhe dizer que não foi derrubado pela Super Tuesday. Ainda assim, e como já começou a dizer no discurso de ontem, a sua campanha é mais do que a eleição de um presidente, mas sim o forjar de um movimento liberal (ou socialista), porventura fazendo à Esquerda o que o Tea Party fez pelo movimento conservador.
Bernie Sanders, por ter tido um desempenho surpreendente e conseguido cativar milhares de eleitores, em especial jovens e com elevados níveis de escolaridade, será sempre uma figura a ter em conta no Partido Democrata e Hillary Clinton, ciente disso, não forçará a desistência do seu antigo colega no Senado e deverá passar mensagens de paz e união para a campanha de Sanders. Porque, agora, é já claro para a Hillaryland que a ex-Secretária de Estado será a nomeada democrata e terão de começar a pensar no grande desafio que os espera, em Outubro, quando tiverem de enfrentar o candidato escolhido pelos republicanos. 
Em resumo, a Super Tuesday não foi o ponto final parágrafo na corrida democrata, mas terá sido, ainda assim, um dos últimos capítulos decisivos antes do desfecho há muito aguardado: a vitória da super favorita Hillary Clinton.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Hillary vira a página

Hillary Clinton alcançou ontem a sua primeira grande vitória nas primárias presidenciais do Partido Democrata. Na Carolina do Sul, 73,5% dos eleitores votaram na antiga Primeira-Dama, deixando Bernie Sanders a quase 50 pontos percentuais de diferença, naquilo que foi uma vitória a que nos norte-americanos gostam de chamar de landslide.
E foi, de facto, um triunfo esmagador para Clinton, que já havia vencido no Iowa e no Nevada, mas sempre por margens pouco consonantes com o favoritismo que a candidatura da ex-Secretária de Estado sempre reuniu. Mas ontem, num Estado com uma grande presença de eleitores afro-americanos, Hillary conseguiu uma verdadeira demonstração de força, provando que o eleitorado negro, que a havia abandonado há oito anos por causa do carácter histórico da candidatura de Barack Obama, continua a confiar na marca Clinton. 
Por outro lado, Bernie Sanders, não conseguiu fazer chegar a sua mensagem aos eleitores afro-americanos, tendencialmente menos propensos a serem seduzidos por discursos idealistas como o do Senador do Vermont do que, por exemplo, os jovens universitários do Iowa. Para eles, Sanders é um perfeito desconhecido, enquanto que Hillary Clinton tem já uma história junto dos negros norte-americanos, desde os tempos em que defendeu o Movimento dos Direitos Civis e, principalmente, devido aos anos da presidência do seu marido. Bill Clinton chegou mesmo a ser apelidado de "o primeiro presidente negro da história" e a popularidade dos Clinton tem-se mantido, desde essa altura, em alta junto dos afro-americanos.
Com esta vitória esmagadora na Carolina do Sul, Hillary Clinton pode virar a página no que tinha sido o livro das primárias até agora, em que tinha ficado aquém das expectativas. Na Super Tuesday, dos 11 Estados que vão a votos, 7 são do Sul, com grande presença de eleitores afro-americanos. Assim sendo, e tendo a Carolina do Sul como amostra, tudo aponta para uma grande noite de Hillary que poderá tornar-se, já nessa noite de 1 de Março, como a presumível nomeada democrata, começando a apontar baterias para a eleição geral do Outono.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Donald vs Hillary?

Realiza-se hoje, na Carolina do Sul, as primárias do Partido Democrata nesse Estado, ficando concluída a ronda pelos early states, Iowa, New Hampshire, Nevada e South Carolina, que costumam ser determinantes na nomeação dos candidatos presidenciais dos dois grandes partidos norte-americanos. Em 2016, manteve-se essa tradição e deveremos chegar à Super Tuesday, do próximo dia 1 de Março, com dois grandes favoritos: Hillary Clinton, pelo Partido Democrata, e Donald Trump, pelo GOP.
Depois da grande vitória de Bernie Sanders no New Hampshire, a campanha do Senador pelo Vermont perdeu algum gás e Hillary garantiu uma vitória (ainda que por curta margem) no Nevada e prepara-se para obter um triunfo folgado na primária de hoje na Carolina do Sul. Assim, tudo indica que a ex-Secretária de Estado vai chegar à Super Tuesday com três vitórias contra apenas uma de Bernie Sanders. 
A 1 de Março, com muitos Estados sulistas, uma zona onde os Clinton sempre foram fortes, a irem a votos, Hillary poderá garantir uma vantagem em delegados suficiente para se tornar, logo aí, a presumível nomeada democrata. Será também importante perceber como vota, na Super Tuesday, o Massachussetts, Estado vizinho do Vermont e bastante liberal. Se Hillary conseguir derrotar Sanders no seu próprio terreno, então a corrida estará mesmo terminada. 
E se a disputa no lado democrata parece começar a desequilibrar-se a favor daquela que era apontada desde o início como a grande favorita, já na ala republicana estamos perto de assistir a uma enorme surpresa. Donald Trump, o magnata do imobiliário nova-iorquino, garantiu vitórias na Carolina do Sul e no Nevada, o que, juntamente com o triunfo no New Hampshire, constitui um hat trick que o torna o frontrunner na disputa pela nomeação presidencial republicana.
Confesso que nunca levei muito a sério a candidatura de Trump, e só a partir do New Hampshire comecei a perceber que The Donald pode mesmo ir até ao fim e ser o adversário de Hillary Clinton em Novembro. Agora, porém, parece claro que a nomeação de Trump é perfeitamente possível e, se calhar, até provável. Aproveitando-se do enorme descontentamento dos eleitores republicanos com o establishment do seu partido e de um enorme leque de candidatos que dispersou o voto dos eleitores tradicionais, Donald Trump explorou todos os seus trunfos e qualidades, fazendo uma campanha baseada na sua notoriedade, usando e abusando de frases bombásticas e até disparatadas, garantindo tempo de antena e concentrando em si todas as atenções, retirando espaço aos políticos de carreira e levado a narrativa da campanha para longe dos temas políticos, que não domina.
No último debate, Trump foi alvo de todos os ataques, com Ted Cruz e Marco Rubio, os adversários que restam (Ben Carson continua na corrida, mas é um non factor), a unirem esforços contra o líder da corrida. Terá sido a primeira vez que Donald Trump se sentiu verdadeiramente acossado nos debates televisivos. Sofreu alguns duros golpes (em especial de Rubio), mas, ainda assim, não foi ao tapete. 
Ontem, no dia seguinte ao debate, Trump conseguiu imediatamente recuperar dos eventuais danos que havia sofrido no debate, com o anúncio do apoio de Chris Christie à sua candidatura. O actual Governador de New Jersey e ex-candidato presidencial (desistiu após o New Hampshire) tornou-se no primeiro grande nome do establishment republicano a apoiar o bilionário de New York. No mesmo dia, também Paul LePage, Governador do Maine, declarou o seu endorsement a Trump, o que demonstra que algumas figuras do GOP começam a perceber que Donald Trump será o vencedor das primárias e querem ser os primeiros a escolher o "cavalo" vencedor, com todo o significado que isso poderá ter, mais tarde, quando o nomeado tiver de escolher o seu vice-presidente ou, caso seja eleito, o seu cabinet.
Numa corrida tradicional, com as vitórias já amealhadas por Trump e com a vantagem que tem nas sondagens, Donald seria já o presumível nomeado republicano. Contudo, já vimos que esta é tudo menos uma corrida tradicional. Marco Rubio recuperou depois do péssimo debate no New Hampshire e conseguiu o segundo lugar na Carolina do Sul e no Nevada. O establishment republicano tem-lhe dado o seu apoio e Mitt Romney, porventura a maior figura actual do GOP, já anunciou o seu endorsement ao Senador da Florida. Ainda assim, Rubio não conseguiu subir o suficiente nas sondagens para destronar Donald Trump e, ainda por cima, os Estados que vão a votos na Super Tuesday não lhe são muito favoráveis. Por isso, precisará de minimizar os danos a 1 de Março e vencer as primárias da Florida e do Ohio, a 15 de Março se quiser manter vivas as suas hipóteses.
Ted Cruz ainda se mantém na corrida, mas, na Carolina do Sul, nem sequer conseguiu ser a primeira escolha do eleitorado evangélico, o seu grande alvo. E se, nesse Estado do Sul, com eleitores profundamente conservadores, o Senador do Texas não foi além do terceiro lugar, não vejo que rumo possa Cruz tomar em direcção à nomeação. Talvez a sua melhor opção seja manter-se o mais tempo possível na corrida, de forma a ganhar notoriedade e a estabelecer uma marca junto dos eleitores conservadores, com vista a uma segunda candidatura presidencial.
Mas não vale a pena adiantarmo-nos muito nas previsões, porque, como já vimos, tudo pode acontecer e as coisas, em política, mudam muito depressa. Veremos como corre, hoje, a primária democrata na Carolina do Sul e, na Terça-feira, a Super Tuesday. Depois disso, já podemos tirar melhores conclusões sobre quem irá disputar a Casa Branca na eleição geral do Outono. Contudo, se tivesse, neste momento, de apostar o meu dinheiro, teria de dizer que teremos um embate entre Hillary Clinton e Donald Trump. Quem diria...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A vitória dos outsiders

O New Hampshire é conhecido por premiar candidatos improváveis, ou, como lhe chamam os norte-americanos, os mavericks. Em 1992, Bill Clinton tornou-se o comeback kid ao conseguir um bom resultado no Estado; em 2000 foi John McCain que derrotou o super poderoso George W. Bush e em 2008 Hillary Clinton deu a volta às sondagens e derrotou Barack Obama. Este ano, os eleitores do granite state voltaram a demonstrar a sua faceta independente e irreverente ao escolherem para vencedores das suas primárias dois candidatos que correm por fora do establishment de cada um dos dois grandes partidos políticos dos Estados Unidos: Bernie Sanders, pelos democratas, e Donald Trump, pelo GOP. Os resultados oficiais ainda não estão totalmente apurados, mas nunca houve dúvidas quanto aos vencedores - foram declarados por todas as estações logo no fecho das urnas no New Hampshire. 
Bernie Sanders derrotou copiosamente Hillary Clinton, com uma vantagem de cerca de 20 pontos percentuais, confirmando as sondagens mais optimistas. Com este resultado, o senador do Vermont ganha momentum para enfrentar as próximas primárias, na Carolina do Sul e no Nevada. Para ser competitivo nesses Estados, Sanders tem de apelar ao voto das minorias (os afro-americanos no primeiro Estado e os hispânicos no segundo), coisa que não tem conseguido fazer de forma eficaz. Contudo, a sua enfática vitória no New Hampshire dá-lhe uma nova legitimidade política e eleitoral e isso pode fazer com que os eleitores democratas que contavam votar em Hillary (alguns deles por falta de alternativas viáveis) olhem com mais atenção para a candidatura de Bernie e se sintam atraídos pela sua mensagem anti-establishment, anti-Wall Street e marcadamente liberal - ou socialista.
Por sua vez, Hillary Clinton, sofreu um duro golpe no New Hampshire, um Estado que lhe trazia tão boas recordações. Terá mantido os seus eleitores de 2008, quando conseguiu 39% dos votos, mas parece ter sido incapaz de atrair novos votantes, perdendo de forma esmagadora o voto dos jovens e dos independentes, com este último grupo a deslocar-se às urnas em grande número e, na maioria dos casos, para votar em Sanders. Agora, Hillary terá de contrariar a narrativa negativa que se criará à volta da sua campanha e reafirmar a sua posição de destacada frontrunner. Para o fazer, nada melhor do que uma dupla vitória na Carolina do Sul e no Nevada, mas, para isso, terá de encarar mais seriamente a ameaça de Bernie Sanders pela sua Esquerda. Ontem, no seu discurso de concessão de derrota, a ex-Secretária de Estado esforçou-se por fazer passar uma mensagem liberal, tentando "chegar" ao eleitorado de Sanders. Veremos se isso será suficiente.
Do outro lado, no Partido Republicano, Donald Trump alcançou um sólido triunfo, com mais de um terço dos votos e compensou a sua derrota no Iowa. Decorridas as duas primeiras eleições, Trump ficou sempre nos dois primeiros lugares e reforçou o seu estatuto de frontrunner.
Mas as boas notícias para The Donald não se ficam pela sua vitória. Isto porque os resultados dos restantes candidatos foram praticamente perfeitos para as hipóteses da candidatura presidencial do bilionário nova-iorquino. Com os votos muito dispersos pelos candidatos do establishment, todos eles muito próximos uns dos outros, tudo indica que seguirão (quase) todos na corrida, o que continuará a dispersar os votos dos republicanos mais tradicionais e mais moderados. É um facto que o apoio de Trump atingiu o seu tecto máximo, mas se um terço dos votos for suficiente para ir ganhando eleições, então Donald Trump não precisará de mais votos para ser o nomeado republicano (algo que continuo a considerar improvável, ainda que cada vez mais possível).
New Hampshire também correu bem para John Kasich que terá alcançado o segundo posto, depois de um sprint final que lhe terá valido muitos apoios. Ainda assim, Kasich apostou tudo neste Estado e não conseguiu mais do que 16% dos votos. Com um discurso demasiado moderado para Estados como os que irão a votos nas próximas semanas e sem estruturas nesses locais, não vejo como o Governador do Ohio ainda possa ser uma força nestas primárias e deverá ter o mesmo percurso de Jon Huntsman, em 2012. 
Como havia antecipado, Ted Cruz conseguiu um resultado relativamente positivo, tendo em conta as suas expectativas no New Hampshire e pode mesmo, depois de estarem contados todos os votos, ocupar o último lugar do pódio. Depois do Iowa, o governador do Texas tornou-se o último verdadeiro representante do movimento conservador e isso é-lhe benéfico a nível eleitoral, garantindo-lhe uma base de apoio estável e que o levará a disputar a eleição até ao final, ou muito perto disso. 
Na interessante disputa pessoal entre Jeb Bush e Marco Rubio, temos, neste momento, um resultado muito próximo, com ligeira vantagem para o irmão de W. Um dos principais destaques da noite de ontem tem de ser, obrigatoriamente, a implosão de Marco Rubio que, depois do Iowa, parecia estar bem lançado para se tornar o principal opositor de Trump e Cruz e, porventura, o favorito a conseguir a nomeação presidencial republicana. O debate do passado Sábado, porém, tudo mudou e Rubio poderá não ter passado de um péssimo quinto posto no New Hampshire. Veremos, nos próximos tempos, se o senador da Florida é capaz de se reagrupar e voltar em força. O seu mau resultado teve, ainda assim, o condão de dar uma nova oportunidade a Jeb Bush, que, não alcançando um resultado que possa ser encarado como positivo, lhe permite continuar na corrida pelo menos até à Carolina do Sul.
Mas o New Hampshire deverá ter marcado o ponto final nas campanhas de Chris Christie, Carly Fiorina e Ben Carson. Christie, que chegou a ser um dos favoritos, nunca descolou nas sondagens e tinha muita bagagem para umas primárias republicanas (o bridgegate ou o abraço a Obama). A prestação no último debate em que arrasou Rubio deu-lhe ânimo, mas não foi suficiente. Ontem à noite, anunciou que vai reanalisar a sua campanha, o que significará, certamente, o final da candidatura à Casa Branca. Fiorina e Carson, abaixo dos 5%, sem apoios, dinheiro ou motivos para continuarem, deverão seguir o mesmo caminho.
Realizada mais uma primária, a corrida continuará e parece estar para durar, com a certeza que nada é certo e tudo pode acontecer. Afinal, se há uns meses alguém dissesse que Bernie Sanders e Donald Trump seriam os vendedores da primária do New Hampshire, seria rapidamente apelidado de louco.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Olá, New Hampshire

As eleições primárias estão de volta, hoje, com a realização da primária do New Hampshire, a primeira neste formato, já que, na semana passada, no Iowa, realizou-se uma eleição em formato de caucus. Agora, num Estado mais homogéneo politicamente - os eleitorados democratas e republicanos não são tão polarizados - teremos uma primária que poderá ser importante na definição da corrida.
Do lado democrata, tudo indica que teremos uma vitória de Bernie Sanders, com todas a sondagens a darem uma vantagem folgada ao senador do vizinho Estado de Vermont. Hillary Clinton já praticamente desistiu de disputar a primária que lhe deu uma surpreendente vitória sobre Barack Obama, há oito anos, e que a lançou para uma longa e renhida disputa com o actual presidente norte-americano. 
Segundo as últimas notícias, Hillary não está contente com o modo como a sua campanha está a decorrer e já se fala em mexidas no seu staff, em especial no sector da comunicação digital, que está a ser claramente ultrapassada pela mensagem de Sanders. Ora, esse sucesso da campanha de Sanders nos meios digitais tem muito a ver com a penetração de Bernie no eleitorado jovem, que apoia maciçamente o único senador declaradamente socialista nos Estados Unidos. Se esse sucesso nos jovens é causa ou efeito das campanhas digitais, é mais difícil de saber. Contudo, David Axelrod, o guru da estratégia de comunicação de Obama terá alguma razão no que diz sobre a campanha de Clinton.
Será que, como em 2008, as sondagens voltarão a estar erradas ou Hillary sofrerá mesmo uma dura derrota no The Granite State? A crer na atitude de Clinton e nas sondagens - a média do Pollster dá uma vantagem de cerca de 14% a Bernie Sanders - será mesmo o senador do Vermont a declarar vitória. Ainda assim, Hillary Clinton conta com uma larga vantagem a nível nacional e nos próximos Estados a ir votos, fruto da sua enorme superioridade estrutural e organizacional. Continuará, por isso, a ser a grande favorita a obter a nomeação presidencial pelo Partido Democrata.
Na facção republicana, as coisas não são tão simples e, em vez de termos uma corrida bipolarizada, temos uma disputa que conta ainda com oito concorrentes. Depois da vitória de Ted Cruz no Iowa, o cenário muda de figura no Iowa, onde o eleitorado republicano é bem mais moderado e com menos incidência de votantes evangélicos. Assim, o senador do Texas não repetirá a vitória do caucus do Iowa e deveremos assistir ao primeiro triunfo do grande animador deste ciclo eleitoral: Donald Trump.
The Donald tem liderado com larga vantagem em todas as sondagens no New Hampshire e, apesar de os seus números a nível nacional terem perdido algum fulgor depois do Iowa, no Granite State mantiveram-se praticamente inalterados. É possível, porém, que a sua vitória não seja tão expressiva como indicam os números das sondagens, porque, como se viu no Iowa, o seu apoio eleitoral é extremamente volátil. Em contrapartida, os eleitores que ainda não decidiram o seu sentido de voto, têm poucas probabilidades de optar pelo mogul do imobiliário. Se Trump obtiver uma vitória curta, poderemos assistir ao início do fim da sua campanha.
Com o primeiro lugar praticamente assegurado, interessa perceber quem ficará com o segundo posto. Esse lugar deverá ser disputado por Marco Rubio e John Kasich, com Ted Cruz e Jeb Bush a espreitarem uma surpresa. Até há poucos dias atrás, esperava-se que Rubio solidificasse o seu bom resultado no Iowa, mas a sua desastrosa participação no último debate antes desta primária travou o seu momentum e estagnou os seus ganhos face a Trump. Em sentido contrário, Chris Christe pode aproveitar a sua forte prestação no debate para catapultar a sua campanha que parecia em queda livre rumo à desistência após o New Hampshire e pode ser uma das surpresas da noite.
John Kasich tem feito um forcing final no New Hampshire, fruto da moderação do seu discurso e das centenas de membros do seu staff que importou do Ohio, onde é Governador. Também Jeb Bush recuperou alguma coisa nos últimos dias e um resultado acima dos 10% pode manter viva a sua campanha, que conta ainda com forte apoio financeiro por parte dos Super PACs por detrás da sua candidatura. 
Com o voto moderado e do establishment dividido entre Rubio, Christie, Kasich e Bush, Ted Cruz corre sozinho pelo voto ultraconservador, o que lhe valerá sempre um resultado nos quatro primeiros e o manterá bem lançado na corrida. Ben Carson não repetirá o quarto lugar do Iowa e ficará nos low single digits, à imagem de Carly Fiorina que continuará a ser um non factor nestas eleições.
Resumindo, a corrida democrata pouco se definirá depois do New Hampshire, com Bernie Sanders a fazer pela vida de primária em primária, enquanto que Hillary Clinton continuará a sua maratona rumo à nomeação, salvo uma enorme surpresa. No GOP, poderemos assistir a mais duas ou três desistências, mas com o travão na ascensão de Marco Rubio, outros candidatos como Jeb Bush, John Kasich ou Chris Christe poderão ter votos suficientes para se manterem mais um pouco na corrida. Estamos, todavia, no campo das especulações e as decisões que realmente importam serão tomadas mais logo pelos eleitores do New Hampshire. E nós cá estaremos para assistir.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Rubio travado no debate

Realizou-se ontem o último debate televisivo entre os candidatos presidenciais republicanos antes da primária do New Hampshire, que, para muitos deles, é totalmente decisiva e pode significar a última oportunidade de se imporem na corrida. E isso ficou bem patente ao longo da noite, com os concorrentes a mostrarem-se mais empenhados do que nunca a deixarem uma forte impressão aos eleitores. Terá sido, porventura, o melhor dos debates republicanos até ao momento.
Foi um debate com muitos momentos marcantes - o Politico reúne aqui os 11 mais explosivos - mas, sem dúvida que o que está a marcar a actualidade é a implosão de Marco Rubio, que sucumbiu ao ataque certeiro e sem piedade de Chris Christie. Num momento que ficará para a história dos debates presidenciais, o Governador de New Jersey acusou Rubio de ser totalmente inexperiente para ser presidente e referiu que o Senador da Florida pouco dizia de substancial, limitando-se a recorrer a um soundbyte previamente decorado. Marco Rubio não conseguiu rebater o ataque e piorou ainda a situação ao usar a mesma frase que havia levado à acusação por parte de Christie três vezes ao longo do debate. Mais tarde, tentou contra atacar Christie, mas o tiro saiu pela culatra, como se pode ver no vídeo que encabeça o post.
Marco Rubio, normalmente forte nos debates, saiu claramente a perder da noite de ontem e pode vir a prejudicar o momentum que conseguiu após o seu forte 3º lugar no Iowa. Terá tido a sua pior prestação de sempre em debates e pareceu acusar a pressão de estar debaixo de fogo por parte dos candidatos do establishment, que viram em Rubio o seu principal adversário pelo voto dos republicanos mais tradicionais e moderados. Chris Christie destacou-se, mas também Jeb Bush lançou alguns golpes ao seu (ex) amigo e outros ainda a Donald Trump. The Donald esteve relativamente tranquilo no debate, saindo-se bem e mostrando uma faceta menos agressiva do que o habitual (ainda que tenha mandado calar Jeb Bush), talvez fruto da sua derrota no Iowa. Por sua vez, Ted Cruz, um peixe fora de água no New Hampshire, tentou passar entre os pingos da chuva, esperando por Estados com eleitorados mais conservadores e onde a sua mensagem possa ser melhor recebida.
A dois dias da primária do granite state, falta saber qual a influência que este debate terá nos resultados finais. É possível que Donald Trump tenha feito o suficiente para aguentar a sua vantagem (que se mantém segura, mas a diminuir, segundo as últimas sondagens) e que Marco Rubio sofra alguma coisa após a sua péssima prestação - que não foi, ainda assim, um momento ups. No sentido contrário, Chris Christe poderá receber um tão desejado balão de oxigénio, ao mesmo tempo que Jeb Bush, com uma recente tímida subida nas sondagens, também poderá ver algum apoio a correr na sua direcção. John Kasich, esse, continua a não aproveitar as oportunidades para marcar pontos e dar uma nova vida à sua recandidatura. Veremos, na Terça-feira, quem sairá do New Hampshire a sorrir e quem sairá... da corrida.

Para o fim, fica um dos momentos mais curiosos e hilariantes do debate de ontem. Um vídeo a não perder:

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

As desistências

Depois de uma longa época de pré-campanha que durou praticamente todo o ano de 2015 (num período que costuma ser conhecido como a "primária invisível", o Iowa marcou o início oficial das eleições presidenciais norte-americanas. E, com os primeiros resultados a serem conhecidos, começaram, sem surpresa, as desistências da corrida por parte daqueles que não conseguiram passar a sua mensagem.
Logo na noite do caucus do Iowa, Martin O'Malley anunciou a suspensão da sua campanha, o que significa sempre a desistência. Numa corrida a dois entre Hillary Clinton e Bernie Sanders, o ex-Governador da Virginia nunca se conseguiu afirmar e viu Sanders a assumir o papel que estaria a pensar que seria o seu: o de representante da ala mais liberal do Partido Democrata. Com esse espaço ideológico ocupado pelo senador do Vermont e com Hillary a dominar as preferências do establishment democrata, a campanha de O'Malley, que chegou a ser apontado como um forte candidato, nunca teve qualquer hipótese.
Ainda na noite de 1 de Fevereiro, também Mike Huckabee saiu da corrida, depois de um péssimo resultado num caucus que havia vencido de forma surpreendente em 2008. Contudo, desta vez, o antigo Governador do Arkansas não contava com o factor novidade e não conseguiu voltar a contar com o voto evangélico, que votou preferencialmente em Ted Cruz. 
Curiosamente, Huckabee teve exactamente o mesmo resultado (1,8% dos votos) que Rick Santorum, o último vencedor no caucus do Iowa, em 2012. Santorum, que só teve o destaque que teve há quatro anos porque o leque de candidatos era dos mais fracos de sempre, não repetiu a graça e confirmou a irrelevância da sua candidatura. Ontem, também anunciou a sua desistência.
Se todas estas desistências eram esperadas devido aos maus resultados que o Iowa trouxe a estes ex-candidatos, já a desistência anunciada ontem por Rand Paul é um pouco mais surpreendente. O actual senador do Kentucky, eleito na onda republicana de 2010, partiu como uma das principais figuras para esta campanha eleitoral. Contudo, os seus números nas sondagens nunca descolaram e nem sequer foi capaz de atrair o voto do eleitorado libertário que apoiou entusiasticamente o seu pai Ron Paul em 2012. Contudo, Rand podia ainda tentar um pequeno surge no New Hampshire, precisamente o Estado com um bloco libertário mais importante e onde o seu pai conseguiu um segundo lugar há quatro anos. Assim, esperava-se que Paul fizesse uma última tentativa antes de sair da corrida. Não foi essa, porém, a decisão de Rand Paul que, com problemas em angariar dinheiro, relegado para os debates secundários e preocupado com a sua reeleição para o Senado em Novembro, preferiu desistir já e minimizar os riscos.
No New Hampshire, daqui a cinco dias, far-se-á uma nova selecção de candidatos, em especial do lado republicano, já que no campo democrata a corrida está limitada a dois concorrentes. Com o leque de candidatos da ala do establishment republicano ainda largo (além do agora favorito Rubio, ainda seguem Jeb Bush, Chris Christie e John Kasich), é bem provável que depois da primária do granite state ocorram mais desistências até porque a Super Tuesday de 1 de Março aproxima-se e os candidatos precisarão de muito dinheiro para disputarem 14 Estados simultaneamente. Veremos, por isso, quem serão os próximos dropouts da classe de 2016.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O Iowa falou

Está dado o primeiro passo rumo à escolha do 45º Presidente dos Estados Unidos. Ontem (esta madrugada em Portugal), os eleitores do Iowa compareceram em números recordes (170 mil pessoas apenas no lado republicano) ao caucus e deram a primeira vitória deste ciclo eleitoral a Ted Cruz. Na corrida democrata, temos, até ver, um empate, ainda que, numa altura em que ainda não se conhecem os resultados definitivos, tenha uma minúscula vantagem sobre Bernie Sanders. Sem mais demoras, aqui ficam os resultados:

Partido Democrata
Hillary Clinton - 49,9%
Bernie Sanders - 49,5%
Martin O'Malley - 0,6%

Partido Republicano
Ted Cruz - 27,7%
Donald Trump - 24,3%
Marco Rubio - 23,1%
Ben Carson - 9,3%
Rand Paul - 4,5%
Jeb Bush - 2,8%
Carly Fiorina - 1,9%
John Kasich - 1,9%
Mike Huckabee - 1,8%
Chris Christie - 1,8%
Rick Santorum 1,0%
Jim Gilmore - 0%

No lado democrata, como se esperava, tivemos uma corrida muitíssimo equilibrada e que ainda não está totalmente decidida, mas em que Hillary parece levar vantagem. Estranhamente, Clinton declarou vitória (ou quase), sem que esse desfecho fosse conhecido na altura ( e ainda não o é). Ou os números internos da sua campanha lhe davam uma vantagem que não se veio a verificar, ou se trata de um táctica pouco ortodoxa por parte da ex-Secretária de Estado, já que uma eventual reviravolta nos resultados tornaria o cenário ainda pior para Hillary, que cairia no ridículo de perder uma eleição em que tinha declarado vitória. 
Seja quem for o vencedor final, isso apenas contará em termos de spinning por parte das campanhas, porque o resultado será sempre, na prática, um empate, ainda que HIllary deva conseguir mais delegados do que o Senador do Vermont. Com este resultado, a presumível nomeada democrata sustém o primeiro golpe de Bernie Sanders e ganha algum oxigénio para suportar a derrota esperada no New Hampshire, a acreditar nas sondagens que dão a Sanders uma larga vantagem no Granite State, cuja primária se realiza de hoje a oito dias. Quanto a Martin O'Malley, teve uma votação inexpressiva e já suspendeu a sua campanha.
Na disputa republicana, o destaque tem de ir para a vitória de Ted Cruz que aguentou a forcing final de Donald Trump, que o havia ultrapassado o senador do Texas nas sondagens, e conseguiu uma importante vitória num Estado em que apostou todas as suas fichas. Até há cerca de um mês, Cruz era o grande favorito a vencer no Iowa, mas uma forte investida de Trump e a subida de Marco Rubio prejudicaram os seus números. Com este triunfo, Cruz ganha momentum para melhor encarar o New Hampshire.
Donald Trump, que até obteve um bom resultado, não deixa de sair como derrotado, até porque no dia de ontem afirmou, no seu tom característico, que iria obter uma grande vitória. Por não ter sabido jogar o jogo das expectativas, Trump sai mal na fotografia e perdeu algum ímpeto e a aura de winner que sempre apontou a si próprio. 
No último lugar do pódio ficou Marco Rubio, que superou as expectativas e confirmou a tendência de subida que lhe apontavam recentemente. Com um excelente terceiro posto, muito perto de Trump, o senador da Florida assume-se como um sério candidato à nomeação presidencial e ofusca todos os outros candidatos mais tradicionais.
Em quarto lugar, Ben Carson até conseguiu um melhor resultado do que esperava, mas, com a sua campanha em clara perda, não deverá ser um verdadeiro contender nesta corrida. Ainda assim, ficou bem à frente de candidatos mais conhecidos e de quem se espera muito mais. Rand Paul teve um fraco resultado, ficando à frente de Jeb Bush (que teve uns ridículos 2,8% dos votos), de John Kasich e de Chris Christe, que passaram ao lado do Iowa e esperam fazer melhor no New Hampshire.
Os restantes candidatos confirmaram que não farão história nestas eleições e estarão de saída da corrida. Mike Huckabee e Rick Santorum, os últimos vencedores do caucus do Iowa não conseguiram melhor que 1,8% dos votos e o ex-Governador do Arkansas já suspendeu mesmo a sua campanha. Carly Fiorina e Jim Gilmore são, também, irrelevantes.
Todos os candidatos - aqueles que se mantiverem na corrida - terão agora uma semana para apresentar o seu caso perante os eleitores do New Hampshire. A primária decorrerá na próxima Terça-feira e fará uma nova selecção, clarificando, ou assim se espera, a corrida. Quanto ao Iowa, (e porque este será um Estado importante na eleição geral), vemo-nos no Outono!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

So it begins

Resultado de imagem para iowa caucus 2016

Começa hoje, com a realização dos caucuses do Iowa, o processo eleitoral que durará cerca de um ano, com a escolha do sucessor de Barack Obama como Presidente dos Estados Unidos, na eleição geral de 8 de Novembro, e a sua eventual tomada de posse, a 20 de Janeiro do próximo ano.
Na fase que hoje tem início, os eleitores escolherão o candidato de cada um dos dois grandes partidos, num procedimento que poderá durar até ao Verão, quando tiverem lugar as convenções partidárias. E se a disputa democrata deverá ficar resolvida bem antes disso, já do lado republicano é muito possível que a história seja diferente e que tenhamos uma longa campanha até que se determine o nomeado do GOP. 
Seja como for, tudo indica que esta será uma das mais interessantes épocas de primárias de que há memória, com o fenómeno Trump, o maior e mais interessante leque de candidatos republicanos de sempre, a sensação Sanders e a possibilidade de termos em Hillar Clinton a primeira mulher nomeada por um grande partido. São, por isso, umas eleições que muito prometem e que seguiremos com muita atenção e interesse. A começar já hoje, no Iowa.