sexta-feira, 30 de abril de 2010

Os portugueses nos EUA

Como se sabe, Portugal é, historicamente, um país de emigração. E, como é natural, os Estados Unidos sempre foram um dos principais destinos dos emigrantes portugueses.
A presença portuguesa em solo norte-americano remonta ao século XVI, quando o navegador João Cabrilho explorou a costa da Califórnia. No século seguinte, um grupo significativo de judeus portugueses instalou-se em Nova Iorque, formando a primeira grande comunidade judaica na América. Mais tarde, no século XVIII, deu-se o início da emigração verdadeiramente expressiva de portugueses para o território americano, que se dedicaram, principalmente, à agricultura e à pesca. Este fluxo era, maioritariamente, oriundo dos arquipélagos dos Açores e da Madeira. Já no século XX, houve dois grandes momentos de emigração portuguesa para os EUA: nos anos que antecederam o isolacionismo decorrente da Grande Depressão, em 1929, e após a erupção do vulcão das Capelinhas, em 1957, quando os EUA mudaram as suas leis em relação à migração oriunda de Portugal, de modo a receber as populações afectadas por essa catástrofe natural.
Calcula-se que entre 1820 e 1978, cerca de 440 mil portugueses tenham migrado para os Estados Unidos. Porém, este fluxo está agora mais estabilizado. Em 2000, segundo os últimos censos americanos, existiam cerca de 1,3 milhões de portugueses espalhados pelos 50 estados americanos, mas com destaque para a Califórnia (330 mil), Massachusetts (280 mil), Rhode Island (91 mil) e New Jersey (72 mil).
A nível político, já se podem encontrar alguns descendentes portugueses com cargos políticos locais e com perspectivas de virem a realizar uma carreira interessante. Além disso, existe o "Portuguese-American Leadership Council of the United States" que é o único lobby político luso-americano a actuar nos EUA de dimensão nacional. No interior do Congresso americano existem o "Portuguese Caucus" e o "Friend of Portugal", dois grupos que associam, na Câmara dos Representantes e no Senado, respectivamente, os políticos que contam com um grande número de luso-americanos entre os seus constituintes.
Esta importante comunidade portuguesa tem, contudo, pouca influência política, visto que a maioria dos cidadãos nacionais ainda não adquiriu a nacionalidade americana e, assim, está impossibilitada de votar e de ter uma participação activa na vida cívica americana. É uma situação que é preciso alterar e que merece já a atenção do governo português e de outras instituições, como a Fundação Luso-Americana e o Instituto Camões.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O Indy Crist

Segundo os media americanos confirma-se aquilo que já era aguardado: o actual governador da Florida e candidato pelo Partido Republicano ao Senado, Charlie Crist, anunciará hoje a sua desistência das primárias republicanas e a sua candidatura como independente.
Crist, que em todas as sondagens surgia muito atrás do seu opositor, o conservador Marco Rubio, tenta, desta forma, ainda conseguir chegar ao Senado americano, utilizando uma táctica que, antes de si, permitiu, por exemplo, a Joe Lieberman manter-se na câmara alta do Congresso. Porém, esta sua "traição" ao partido que o lançou para os grandes palcos, pode prejudicar a sua imagem junto do eleitorado, que não costumam gostar destas manobras políticas.
Com este cenário, a eleição passa a estar definitivamente em aberto. Rubio ainda é o favorito, mas numa corrida a três tudo pode acontecer. Assim, o grande beneficiado desta situação pode ser Kendrick Meek, o candidato democrata que, numa decisão a dois não teria qualquer hipótese de vitória, mas que desta forma pode-se intrometer na luta. Meek, um congressista pelo Estado da Florida, mas ainda pouco conhecido a nível estadual, foi o candidato encontrado pelos democratas que nunca prestaram muita atenção a esta disputa por um lugar no Senado, pois partiram do princípio que Crist seria imbatível. Mas, afinal, estavam muito enganados.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O "engarrafamento" legislativo americano

Excelente cartoon do Politico.com que oferece uma divertida solução para a lista de espera de grandes políticas a serem abordadas pelo Congresso americano.

100 dias de Máquina Política

Este espaço comemora hoje os seus primeiros cem dias de existência. O que começou como uma simples vontade de pôr por escrito as minhas opiniões sobre o que se vai passando de mais importante na política da maior democracia do mundo, tornou-se um projecto que ganha, a cada dia que passa, contornos mais sólidos e constantes.
Durante esta centena de dias, foi possível ir mantendo o blogue com um ritmo de actualização bastante interessante, tendo em conta o tipo e a dimensão dos textos. A prova disso é o facto deste ser o 69º post do Máquina Política, o que, exceptuando os fins-de-semana, dá a média de um por dia. Além disso, o blogue teve, ao longo deste período, quase um milhar de visitas. Este número pode parecer pequeno, mas, tendo em conta a especificidade do tema que trata, ultrapassou as minhas melhores expectativas.
É minha intenção continuar, dentro das possibilidades, a melhorar e a desenvolver este local de discussão e análise da política norte-americana. Para isso, foi já criada a página do Máquina Política no Facebook e está em curso a realização de uma nova imagem para o blogue. Mas claro que este projecto só faz sentido se continuar a contar com a visita assídua e a participação activa de todos os leitores. Por isso, apareçam!

terça-feira, 27 de abril de 2010

A primeira batalha pela reforma de Wall Street

Ontem, no Senado americano, os democratas promoveram uma votação que, a passar, daria início ao debate sobre a anunciada reforma de Wall Street, defendida por Barack Obama e pelo seu partido. O resultado dessa votação foi de 57-41, com todos os republicanos presentes a votarem contra, tendo-se-lhes juntado o democrata Ben Nelson e o líder da maioria no Senado, Harry Reid - este por mero estratagema processual, de modo a poder realizar uma nova votação quando entender.
Esta votação surgiu num ponto ainda muito precoce do processo. Porém, o objectivo democrata não seria, provavelmente, o de conseguirem fazer passar, desde já, esta legislação que pretende regular o sector financeiro americano, visto saberem que ainda não tinham os votos necessários. Assim, a verdadeira intenção dos liberais seria o de conseguirem mais uma oportunidade para caracterizarem os republicanos como obstrucionistas e a soldo dos grandes interesses. No outro lado da barricada, os senadores do GOP queixam-se das tácticas utilizadas pelos democratas e, em particular, por Harry Reid. A moderada Olympia Snowe criticou esta votação, numa altura em que o democrata Chris Dodd e o republicano Richard Shelby tentam chegar a um acordo bipartidário.
Este primeiro "contar de espingardas" parece indicar um novo conflito legislativo entre os dois partidos americanos. A meu ver, ainda é possível chegar-se a um entendimento, mas o cenário não parece nada favorável. Por um lado, Obama tem sido cada vez mais pressionado pela Esquerda para seguir a sua agenda política com o mínimo de cedências possíveis para o GOP. Por outro lado, os republicanos não estarão muito interessados em conceder vitórias políticas aos seus adversários, quando se aproximam rapidamente as eleições de Novembro.
Mas, desta vez, e ao contrário do que aconteceu com a reforma da saúde, os democratas têm uma vantagem: o apoio popular. Uma sondagem recente indicou que dois terços da população americana favorece esta reforma. Veremos, então, se este sentimento se mantém e se os democratas conseguem fazer passar mais uma reforma de fundo, ainda na primeira metade do primeiro mandato de Obama.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A criminalização do sonho americano

O Estado do Arizona continua a dominar a actualidade americana. Agora, as atenções viram-se para a aprovação de uma lei estadual muito dura, relativamente à imigração. Esta legislação, num Estado fronteiriço e onde se calcula existirem cerca de 460 mil "aliens", criminaliza a imigração ilegal, punindo-a mesmo com pena de prisão.
A imigração é uma questão que, como tantas outras, divide profundamente a América. Barack Obama e a Janet Napolitano, actual Secretária da Segurança Interna e anterior Governadora do Arizona, já declararam a sua oposição a esta medida, que consideram mal dirigida e irresponsável. Por outro lado, os defensores da legislação consideram-na importante, de forma a pôr fim à grande vaga de imigração proveniente do México e a outros fenómenos associados, como o narcotráfico.
Contudo, o ponto que tem gerado mais polémica prende-se com a permissão concedida às forças policiais de pedirem a identificação de qualquer pessoa que suspeitem tratar-se de um imigrante ilegal, medida que já foi caracterizada por alguns democratas e defensores dos Direitos Civis como algo saído do III Reich. De facto, este aspecto parece poder transformar-se numa medida racista, já que o critério utilizado para esta "suspeição" será, apenas e só, o da raça, ou, neste caso, a cor da pele.
Também já foram sentidas repercussões na campanha para o lugar de senador por este Estado do sudoeste americano. McCain, o actual incumbente que luta pela reeleição, continua a manter-se bem à Direita e já afirmou que esta é uma medida necessária. No campo oposto, surgiu já um novo candidato para conseguir a nomeação pelos democratas. Randy Parraz, um advogado dos Direitos Civis, já anunciou a sua candidatura e fará da imigração o seu tema principal.
É verdade que a questão da imigração ilegal é um flagelo que assola os Estados Unidos, principalmente os estados fronteiriços do Sul. Porém, os americanos não se deviam esquecer que estão num país edificado por imigrantes que partiram à procura de liberdade e da terra das oportunidades. No fundo, estas centenas de milhares de "aliens" que atravessam a fronteira entre o México e os EUA mais não desejam do que aceder, também eles, ao sonho americano.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Os "birthers"

Segundo a Constituição americana, o presidente do país tem de ter, pelo menos, 35 anos de idade e ser um natural born citizen dos Estados Unidos. Assim, quando, em 2008, a candidatura de Obama começou a surpreender a "inevitável nomeada" democrata, Hillary Clinton, apareceram alguns rumores que punham em causa a elegibilidade do então Senador pelo Illinois para a presidência.
Rumores que, rapidamente, se transformaram em teorias da conspiração que afirmavam que Obama não tinha nascido em Honolulu, no Havaii, mas sim no Quénia (país de origem do pai de Obama) ou na Indonésia (onde viveu durante uns anos), dependendo das teorias, e que, desta forma, não podia, legitimamente, ocupar a chefia do Estado. Os aderentes a estas especulações - os birthers - contestaram o certificado apresentado por Obama e exigiram novas provas. Assim surgiu aquilo que ficou conhecido como o "birther movement".
Contudo, estas ideias não conseguiram ganhar adeptos junto do mainstream media e as principais figuras do Partido Republicano rapidamente se distanciaram destas posições. Além disso, nenhum tribunal deu seguimento às queixas legais apresentadas pelos birthers que tentavam impugnar a eleição de Obama. Assim, este movimento foi perdendo "tracção" e ficou confinado a uma pequena minoria, geralmente associada à ala mais à direita do GOP.
Agora, esta questão está novamente na baila, após a Câmara dos Representantes do Estado do Arizona ter aprovado uma proposta de lei que obriga os candidatos presidenciais a apresentarem a sua certidão de nascimento para poderem constar dos boletins de voto neste Estado. Curioso é o facto do Arizona ser o Estado de John McCain, o oponente de Obama nas eleições de 2008 e que também esteve envolvido numa polémica semelhante: McCain, como Obama, não nasceu na mainland dos Estados Unidos, mas sim numa base naval americana no Canal do Panamá, que, à época, era considerado território americano.

"Histórias da Casa Branca"

Chegou à minha atenção a notícia da publicação da obra "Histórias da Casa Branca", da autoria de Germano Almeida, jornalista, colega blogger e entusiasta da política norte-americana. O livro, que conta com prefácio do General Loureiro dos Santos e com posfácio de Vítor Serpa, reune as crónicas que o autor publica, semanalmente, no site do jornal "A Bola", assim como outros textos que remontam à campanha presidencial de 2008.
A obra terá um duplo lançamento. A primeira apresentação terá lugar na FNAC do MarShopping, em Matosinhos, no dia 5 de Maio, pelas 21:30 e contará com a presença do jornalista Carlos Daniel. Depois, no dia 10 de Maio, decorrerá o lançamento da obra em Lisboa, em local e hora ainda a definir.
É, sem dúvida, um momento importante para todos os interessados pela política que se faz no gigante do outro lado do Atlântico. Por isso, não queria deixar de transmitir os meus parabéns ao Germano Almeida. A 5 de Maio, lá lhe pedirei que assine a minha cópia destas "Histórias da Casa Branca".

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Obama ataca os "fat cats"

Depois da vitória na reforma do sistema de saúde americano, Barack Obama vira agulhas para uma nova batalha: a reforma financeira. Desta vez, os visados não são as companhias de seguros, mas sim Wall Street e os seus "fat cats" - os homens de negócios do sector financeiro que enriquecem mesmo em tempos de crise.
Depois da crise económica de 2008, em que os métodos de regulação do sistema financeiro provaram ser totalmente ineficazes, Obama e os democratas querem implementar uma reforma que proteja as pessoas e as suas poupanças. Este assunto pode parecer um terreno fértil para o populismo e para o discurso anti-business, mas, neste tema, como em tantos outros, a população norte-americana é fértil em contradições. Ao mesmo tempo que se insurge contra o aumento da regulamentação da economia pelo governo federal, clama por medidas que, por exemplo, impeçam as grandes empresas de concederem generosas contribuições aos seus administradores.
Nesta reforma, à imagem do que aconteceu na da saúde, o presidente dos Estados Unidos movimenta-se para conseguir o apoio republicano. Porém, essa tarefa não se afigura nada fácil. Um dos problemas pode residir no facto de o responsável por este dossier ser o Senador Chris Dodd. Dodd, que é o presidente do comité do Senado para as questões relacionadas com a banca, é um verdadeiro lame duck, pois já anunciou a sua retirada em 2010 e esteve, recentemente, envolvido na polémica dos bónus concedidos pela gigante AIG aos seus administradores, depois desta ter recebido o bailout federal.
Além da questão Dodd, outro problema pode ser a rápida aproximação das eleições intercalares de Novembro, que tendem a ter um efeito de bloqueio em qualquer legislação mais relevante, dado que os senadores e representantes que vão a votos preferem não ter de tomar uma posição em questões mais fracturantes. Veremos, então, quem se sai melhor desta disputa. Se a Casa Branca e o Congresso, ambos dominados pelos democratas, ou se os ditos "fat cats" de Wall Street.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

2012: A incerteza do GOP

Nos mais recentes ciclos eleitorais, estabeleceu-se a percepção que as campanhas presidenciais começavam cada vez mais cedo. Porém, o panorama para as eleições de 2012 parece querer contrariar esta ideia. Apesar de ainda estarmos na primeira metade de 2010, seria expectável haver um leque de candidatos já razoavelmente definido, o que, de facto, ainda não acontece.
Claro que este problema não se coloca para o Partido Democrata, que encontrou o seu candidato para 2012 no dia 4 de Novembro de 2008, quando Barack Obama venceu a corrida para a Casa Branca. Será necessário que ocorra um verdadeiro tsunami político para impedir o actual presidente de procurar a reeleição.
Já no lado do GOP, a conversa é outra e prevê-se uma disputa renhida e de vencedor imprevisível. Contudo, como já disse, o campo de candidatos a candidatos ainda é estranhamente curto. Claro que há Mitt Romney, mas esse está em campanha desde 2006 e, apesar de ser, para já, o mais próximo que os republicanos têm de um frontrunner, tem alguns handicaps que podem limitar as suas hipóteses em 2012. Entre essas desvantagens, destaca-se o facto de, enquanto governador do Massachussets, ter erigido uma reforma do serviço de saúde nesse Estado de New England muito semelhante ao Obamacare que os republicanos prometem anular se chegarem ao poder.
Há ainda outras figuras duas figuras de 2008 - Sarah Palin e Mike Huckabee. Palin ainda não clarificou se será ou não candidata em 2012. Se escolher tentar a sua sorte, será uma concorrente muito forte nas primárias republicanas, mas, por outro lado, seria facilmente batida por Obama na eleição geral. Se os democratas pudessem escolher o candidato republicano, Palin seria, certamente, a sua primeira escolha. Já Huckabee é uma incógnita ainda maior, mas só terá alguma hipótese no caso de entrar numa corrida sem Palin, porque ambos partilham o mesmo tipo de eleitorado, mas com vantagem para a ex-governadora do Alasca.
Depois, há os ditos "dark horses", com Newt Gingrich e Tim Pawlenty à cabeça. O primeiro tem contra si o facto de ter uma imagem muito negativa em grande parte do eleitorado - a sua condução da Câmara dos Representantes durante os anos Clinton foi muito polémica -, enquanto o segundo sofre de um grande défice de reconhecimento nacional que, apesar das suas mais recentes iniciativas, não tem conseguido anular. Em segundo plano, existem outras figuras que podem tentar saltar para o grande palco e almejar a nomeação republicana. Nomes como Bobby Jindal, Mitch Daniels ou Haley Barbour enquadram-se no perfil de candidato que melhores resultados poderá obter (especialmente os dois primeiros): são governadores que podem fazer campanha numa mensagem anti-Washington, sem que a Casa Branca possa utilizar contra si o seu historial de voto no Congresso. Porém, sofrem do mesmo mal de Pawlenty: são pouco reconhecidos a nível nacional e, nos 19 meses que faltam até aos caucus do Iowa, será necessário um grande esforço para contrariar esse problema
Esta falta de clarificação de possíveis adversários de Obama para as eleições de 2012 reflecte-se na actual crise de liderança do Partido Republicano. Assim, se se prevê que 2010 seja um ano extremamente favorável para o GOP, que pode mesmo recuperar o controlo do Congresso, já para 2012 as perspectivas são extremamente favoráveis para Obama e os democratas.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Barack Obama e John Kennedy

Barack Obama esteve ontem no Centro Espacial Kennedy, no Cabo Canaveral, na Florida. Na sede da NASA, o presidente americano fez um discurso cujo objectivo seria o de acalmar as preocupações e críticas causadas pela sua decisão de abandonar os planos de voltar a colocar homens na Lua. Apesar de não ter voltado atrás, justificou a sua escolha pelo facto do Homem já ter pisado a Lua e necessitar de novos desafios. Nessa óptica, Obama anunciou querer que os Estados Unidos enviem uma missão tripulada a Marte até meados dos anos 30. Esta sua decisão fez-me imediatamente lembrar de John Kennedy e a sua promessa, no início do seu mandato, em Maio de 1961, de colocar um homem na Lua até ao fim dessa década. JFK não viveria para ver, mas em 1969, Neil Armstrong cumpriria o seu sonho.
Desde a subida meteórica de Obama na política norte-americana, a partir de 2004, muito se tem comparado o actual presidente ao mais famoso dos Kennedys. E, de facto, este é mais um paralelo que se pode encontrar entre os dois. Mas há muitos mais.
Logo na campanha se encontraram semelhanças, com uma mensagem muito parecida, baseada na esperança e na mudança. Os dois cativaram não só os EUA, mas também o mundo. Neste tópico há ainda ainda outro paralelo, com Obama a dirigir-se em Berlim a uma multidão de europeus, à semelhança do que JFK fizera no seu famoso discurso "Ich bin ein Berliner". Aliás, ambos utilizaram um dos seus pontos fortes - a oralidade - para cativar os eleitores e passar a sua mensagem. Porém, neste campo, Kennedy ainda leva clara vantagem, mas grande parte desse mérito deve ser partilhado com aquele que é, na minha opinião, o melhor speechwritter de sempre: Ted Sorensen. Por fim, as campanhas destes dois políticos democratas (outra semelhança) trouxeram um factor de novidade, através do uso das novas tecnologias. Se ficou famosa a ideia de que Kennedy se tinha tornado o primeiro presidente eleito pela televisão, também se pode considerar que Obama foi o primeiro presidente eleito pela Internet.
Depois, ao chegarem à Casa Branca, ambos fizeram história, não só por serem muito novos - Kennedy com 43 anos e Obama com 47 -, mas também por representarem o primeiro católico (JFK) e o primeiro afro-americano (Obama) a ocuparem a Sala Oval. Além disso, os dois são mais do que apenas políticos, já que os seus perfis públicos assemelham-se mais a estrelas de música ou de Hollywood. Por fim, foram os próprios membros do clã Kennedy, como Edward e Caroline, irmão e filha de JFK, respectivamente, a afirmarem que viam em Obama muitas das características que fizeram de John um dos presidentes mais queridos de sempre pelos americanos.
Contudo, estas muitas semelhanças não passam de meras curiosidades, porque é injusto fazer este tipo de comparações, até porque Kennedy e Obama viveram em épocas muito diferentes, com desafios e problemas distintos.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sugestões literárias: O Futuro da América

Acabei hoje mais uma leitura que, na senda do que já tenho vindo a fazer, partilho, agora, com os leitores do Máquina Política. A obra chama-se o Futuro da América (The American Future, no original) e é da autoria de Simon Schama, um historiador britânico, mas que viveu metade da sua vida nos Estados Unidos.

Neste livro, escrito antes da vitória de Obama, Schama parte da campanha presidencial de 2008 para fazer uma retrospectiva da construção e do passado da América. De uma forma inteligente, o autor separa a obra em quatro partes. Em cada uma dessas partes, o leitor encontra um tema diferente: a guerra, a religião, a imigração e o ambiente. Enquanto fala dos pais fundadores, da guerra civil americana, da colonização do oeste e de muitos outros assuntos do passado, o autor explica muito do presente da América e pisca o olho ao futuro.

Com o dom de construir uma narrativa que prende o leitor, Simon Schama proporciona uma obra muitíssimo agradável e que merece, sem dúvida, uma leitura atenta. Aconselho este livro não só aos interessados pela política e cultura americana, mas também a todos os apaixonados por história. Sigam o meu conselho, vão ver que vale a pena.

Michelle, uma Primeira Dama popular

Não só do presidente vive a Casa Branca. Uma figura sempre importante e cuja vida e actividade os americanos seguem com muita atenção é a Primeira Dama. Ao longo dos anos, as funções da mulher do presidente basearam-se nas questões de protocolo de outros assuntos mais triviais e mais conotados com o papel tradicional da mulher de dona de casa, como a alimentação ou a decoração.
Mas, à medida que essa visão das mulheres se foi alterando, o mesmo aconteceu com as funções da Primeira Dama. Agora, é comum terem um campo de acção bem mais alargado, com uma voz e uma participação activa na política da Casa Branca.
A actual Primeira Dama, Michelle Obama, não é uma Hillary Clinton, que muitos afirmavam ser, durante os oito anos de Bill Clinton na Sala Oval,uma verdadeira vice-presidente. Michelle não tem o portfolio e as atribuições políticas da actual Secretária de Estado, mas isso também a ajuda a não polarizar a opinião pública, o que aconteceu com Hillary. Michelle preferiu escolher um tema principal para as suas actividades - a obesidade infantil - que não afronta ninguém (talvez apenas os donos de cadeias de "fast-food") e tem conseguido criar uma excelente imagem junto do público. Os media adoram-na e o povo americano já se rendeu ao seu charme. Basta ver os seus índices de popularidade, que andam à volta dos 70%.
Contudo, nem sempre foi assim. Durante a campanha presidencial de 2008, Michelle chegou a ser vista como uma "lyability" para Obama. A sua afirmação que ver o seu marido concorrer à presidência fazia com que, pela primeira vez, tivesse orgulho no seu país, caiu especialmente mal. Mas, dessa altura até à actualidade, Michelle Obama deu a volta por cima e a situação é, agora, totalmente diferente. Com a popularidade que usufrui junto do eleitorado, Michelle será, certamente, muito requisitada pelos democratas em campanha para as eleições de Novembro. Porventura, mais ainda que o seu marido...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A doutrina Obama

Na sequência dos atentados terroristas do 11 de Setembro, George W. Bush moldou uma resposta americana forte e clara. No auge do sentimento de revolta e sede de vingança, após as mortes de 3 mil pessoas, vítimas do infame ataque no coração da América, Bush estabeleceu aquilo que ficaria conhecido como a "Doutrina Bush".
Esta doutrina defendia a legitimidade de uma guerra preventiva que evitasse futuros ataques ao território americano, como se veria no Iraque, além de outras medidas polémicas como o "Patriot Act", a utilização de torturas como o "water boarding", no interrogatório de terroristas, ou a criação da prisão de Guantanamo.
Bush fez da "war on terror" a sua principal prioridade, mas Obama parece mais preocupado com a questão da proliferação nuclear, temendo que um grupo terrorista consiga, com o recurso a esse tipo de armas, criar a sua própria Hiroshima. Foi nesse sentido que assinou o novo tratado START com a Rússia, com vista à redução dos arsenais nucleares dos dois países e que agora organiza a cimeira nuclear, onde participam 47 países.
No fundo, Bush e Obama têm duas visões opostas do mundo, das ameaças à segurança americana e do modo de melhor combater essas ameaças. Enquanto o anterior presidente apostou na guerra directa e global ao terrorismo, como uma batalha justa e necessária para manter a segurança e o modo de vida americano e evitar futuros ataques terroristas, o actual defende que a melhor forma de lidar com o terrorismo é encará-lo como um acto criminoso e um caso de polícia, evitando o escalar de violência que resulta de um conflito armado directo e mantendo as liberdades civis e os valores democráticos. Dentro desta óptica, enquadram-se o fim da denominação de "war on terror", quando se refere às guerras no Iraque e no Afeganistão, e também a intenção de julgar os suspeitos do 11 de Setembro em tribunais civis.
Esta abordagem de Obama, mais dialogante e flexível do que a de "connosco ou contra nós" de Bush e menos agressiva do que a do "Eixo do Mal" do 43º presidente pode, contudo, ser encarada como um sinal de fraqueza da actual administração. No fim, serão a história e os resultados a classificarem estas duas doutrinas: a de Obama e a de Bush.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Mudanças no mapa eleitoral

Como se sabe, a eleição presidencial americana é, em teoria, um sufrágio indirecto porque os eleitores votam para um colégio eleitoral que decide o vencedor. Cada Estado tem um determinado número de "grandes eleitores", que corresponde à soma do número de senadores e representantes no Congresso. Todos os Estados possuem o mesmo número de senadores, dois, mas os representantes são proporcionais à sua população, seguindo os valores indicados pelos censos que se realizam de 10 em 10 anos. Assim, as mudanças demográficas alteram a quantidade de representantes de que cada Estado e também o seu número de votos eleitorais.
Actualmente, novos censos estão a ser realizados, o que levou mesmo à criação de vários milhares de postos de trabalho temporários, e os resultados que deverão sair em 2011, terão efeitos já para as presidenciais de 2012. Entretanto, já existem alguns dados que permitem fazer algumas projecções, como a que é apresentada pelo 270towin.com. Na imagem de cima, podem ver-se as flutuações no número de votos eleitorais de cada Estado, estando pintados a azul os Estados onde Obama venceu em 2008 e a vermelho aqueles em que foi McCain o vencedor.
Esta previsão parece favorecer o Partido Republicano, pois Estados que são autênticos bastiões democratas, como New York ou o Illinois perdem votos eleitorais, enquanto alguns "red states", como o Texas (e logo com mais 3 votos eleitorais!) vêm o seu peso ser aumentado. Além disso, a confirmar-se esta previsão, será apenas a segunda vez na história que a Califórnia não aumentará o seu número de grandes eleitores.
Porém, é preciso ter também em conta que estas alterações no mapa eleitoral resultam, em primeiro lugar, de mudanças demográficas, sejam elas de fluxos populacionais internos ou da imigração. E estes movimentos têm também influência nos presumíveis resultados eleitorais nos Estados receptores. Por exemplo, a grande imigração latina, uma comunidade que tende a favorecer os democratas, para os estados fronteiriços tem transformado Estados como o New Mexico, o Colorado, o Nevada e o Arizona, anteriormente dominados pelos republicanos, em autênticos swing-states. Inclusivamente, muitos analistas têm indicado o Texas, actualmente terreno mais que seguro para o GOP, como um Estado onde o Partido Democrata pode, no futuro, conseguir realizar incursões com sucesso.
De qualquer forma, as mudanças no mapa eleitoral não são tão relevantes quanto isso. Com este mapa eleitoral, o resultado no colégio eleitoral da eleição de 2008, entre Obama e McCain, seria ligeiramente menos favorável ao actual presidente, que mudaria a sua votação de 365 votos eleitorais contra 173 para 359-179. A diferença é pouca e apenas seria decisiva no caso de uma eleição extremamente renhida.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Nova vaga no Supremo Tribunal

O juiz do Supremo Tribunal, John Paul Stevens, anunciou hoje que se irá retirar este Verão do seu cargo de juiz do Supremo Tribunal americano. Stevens, que completa 90 anos este mês, é o mais velho e mais antigo membro do Supremo Tribunal. É também, apesar de ter sido indicado por um presidente republicano (Gerald Ford, em 1975), o juiz mais liberal do principal corpo judicial americano, o que faz com que a sua substituição seja antecipada como uma nova disputa entre liberais e conservadores.
Esta previsível batalha por uma confirmação no Senado pode alterar completamente a agenda política de Obama que está, actualmente, a apostar num grande número de iniciativas e acções e que está a atravessar um bom momento, com realizações como a reforma da saúde, ou o acordo nuclear com a Rússia e boas notícias, como a subida do número de empregos criados no último mês.
Confrontado com a necessidade da substituição do juiz Stevens, Obama tem duas hipóteses, cada uma delas com vantagens e desvantagens. Ou opta nomear um juiz moderado, que permita uma rápida confirmação bipartidária pelo Senado, mas que certamente desiludiria a ala mais liberal do Partido Democrata, ou escolhe apoiar uma personalidade mais progressista, o que mobilizaria as bases liberais, mas que significaria, provavelmente, mais uma ugly fight na câmara alta do Congresso.
A minha previsão é que Obama siga pela segunda via que apresentei. Primeiro, porque ao substituir um juiz liberal por um moderado desequilibraria ainda mais o Supremo Tribunal para o lado conservador e, depois, porque, em ano eleitoral, Obama não se pode dar ao luxo de alienar as bases democráticas, de cujo voto e mobilização o Partido Democrata depende para conter ao máximo a hemorragia democrata que se prevê para Novembro.
A solicitadora geral, Elena Kagan, é um dos nomes mais falados para suceder a John Paul Stevens. Seria uma escolha inteligente de Barack Obama. É uma mulher de New England, nova (49 anos), com um currículo rico (esteve à frente da Escola de Direito de Harvard) e uma liberal. Assim, animaria os grassroot supporters democratas, ao mesmo tempo que colocaria alguns senadores do GOP numa situação difícil caso desejassem bloquear a sua aprovação - como as duas senadoras republicanas do Maine ou Scott Brown, do Massachussets.
Depois da nomeação, com sucesso, de Sonia Sotomayor para o Supremo Tribunal, Barack Obama tem, agora, uma nova oportunidade para colocar alguém da sua preferência neste altíssimo cargo da justiça americana, facto que, e dado que as nomeações para estes cargos são vitalícias, representaria um feito assinalável para um presidente que ainda vai a meio do seu primeiro mandato.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Virginia comemora a Confederação

O Governador da Virgínia, Bob McDonnell, lançou uma nova polémica no já de si agitado mundo político norte-americano ao anunciar que Abril será o Confederate History Month.
Esta comemoração, que acontece em alguns Estados do Sul, com o objectivo de recordar e honrar a história da Confederação não sucedia no Estado da Virgínia desde 2000, já que os dois últimos governadores, ambos democratas, tinham abandonado essa prática. McDonnel, que fez campanha e venceu identificando-se como um político moderado, recebe agora várias críticas da Esquerda e de associações afro-americanas e de defesas dos direitos civis. Mas, ao mesmo tempo, esta posição pode fortalecer a sua posição junto do eleitorado mais conservador.
Recorde-se que a Confederação consistiu numa aliança de onze Estados do Sul que, à revelia do governo federal de Washington, declarou a sua secessão dos Estados Unidos da América, o que provocou a Guerra Civil Americana (1861-65). Uma das principais razões para essa ruptura foi a questão da escravatura, que opunha os esclavagistas do Sul aos abolicionistas do Norte, liderados por Abraham Lincoln.
A meu ver, esta proclamação do governador do Estado que deu à América e ao mundo figuras como George Washington e Thomas Jefferson não é a mais correcta. Não digo isto porque considere que o passado deva ser escondido ou disfarçado, até porque a história de uma nação não é feita apenas de acontecimentos positivos e dignos de orgulho. E mais: a morte e os sacrifícios de milhares de sulistas durante a Guerra Civil deve ser honrada. Porém, parece-me errado fazer uma comemoração selectiva da história da Confederação como sugere o facto da proclamação de McDonnel, ao contrário da do seu último antecessor que celebrou o Confederate History Month, não fazer nenhuma referência à escravatura, que, como disse Lloyd Garrison, foi o "pecado nacional" americano.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Michael Steele em apuros

O actual chairman do Republican National Committee (RNC) - a estrutura partidária do Partido Republicano - é, desde Janeiro de 2009, Michael Steele, que é o primeiro afro-americano a ocupar essa posição.
Contudo, o curto historial deste antigo governador-adjunto do Estado de Maryland à frente dos destinos do RNC tem sido tudo menos pacífico. Na verdade, a sua trajectória tem sido marcada por várias polémicas e "gaffes", o que lhe tem valido um crescente coro de protestos proveniente do interior do próprio GOP, com muitas dessas vozes a clamarem pela sua demissão.
Steele foi a resposta republicana à vitória de Barack Obama na eleição presidencial de 2008, tendo assumido funções ao mesmo tempo que o presidente. A eleição de um negro para liderar o RNC, numa altura em que os republicanos enfrentavam o primeiro presidente afro-americano não terá sido inocente. O tema racial marcou, inclusivamente, a sua campanha, quando o seu opositor enviou CDs aos seus apoiantes com a música "Barack the magic negro", de conotação racista, episódio que valeu a Steele a eleição.
Mas as polémicas não ficaram por aí. Primeiro, já em 2009, Steele concordou com a afirmação de que Obama era, de facto, um "magic negro". Mais recentemente, surgiu a revelação de uma apresentação de power point que serviria para os fundraisers do partido, sugerindo a criação de um clima que incutisse medo aos eleitores e com caricaturas ofensivas para Obama. Agora, veio a lume uma notícia dando conta do RNC ter gasto 2 mil dólares num clube de "bondage". E, para piorar ainda mais a situação, o site Politico reportou que um número telefónico que constava numa carta do partido remetia para uma linha erótica. Por fim, as suas declarações que alertavam Nancy Pelosi para se preparar para, em Novembro, se apresentar diante de um "firing line" (fazendo o trocadilho com o verbo to fire de demitir, mas soando a fuzilamento) não caíram muito bem junto da opinião pública.
São já controvérsias e tropeções a mais para alguém que nunca ocupou um cargo político de primeira linha (em 2006, concorreu, sem sucesso, para o Senado) e cujas posições em alguns temas, como, por exemplo, em defesa do direito ao aborto, chocam com a plataforma ideológica republicana. Veremos, então, qual será o futuro de Steele, que estará muito dependente dos resultados das intercalares de Novembro. Isto, se lá chegar.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O "surge" de Obama?

Boas notícias para a administração Obama. Na primeira Sexta-feira de cada mês, são anunciados os valores do desemprego nos Estados Unidos e hoje, pela primeira vez desde que Obama chegou à Casa Branca, foram revelados números positivos relevantes: durante mês de Março, a economia americana criou 162 mil novos empregos.
Algumas expectativas apontavam para um número mais substancial, acima da barreira dos 200 mil, e alguns analistas apontam o regresso ao trabalho das pessoas que estiveram paradas em Fevereiro por causa dos nevões desse mês e a contratação de cerca de 50 mil trabalhadores temporários para a realização dos censos como as principais razões para estes valores, mas esta notícia não deixa de vir dar ainda mais ímpeto à agenda política de Obama, que parece ter ganho um novo ânimo.

De facto, desde a aprovação da reforma da saúde, a Casa Branca tem apostado numa campanha agressiva com várias iniciativas relevantes consecutivas, de forma a destacar o presidente americano ciclo noticioso após ciclo noticioso. Senão vejamos: Obama assinou o acordo de não proliferação nuclear com a Rússia; fez uma visita surpresa às tropas americanas no Afeganistão; anunciou uma nova política, permitindo a perfuração petrolífera nas costas americanas (uma medida popular e louvada pelos republicanos e que pode beneficiar a nova legislação ambiental que está a ser preparada pelo democrata John Kerry, pelo independente Joe Liberman e pelo republicano Lindsey Graham) e agora prepara o lançamento de novas acções, como ao nível da educação e da reforma financeira.

Mas, no final, será sempre o estado da economia que determinará o sucesso e o destino de Barack Obama e da sua administração. Se a situação económica melhorar e o nível de emprego aumentar, o presidente americano verá o apoio às suas políticas subir, ao mesmo tempo que as perspectivas democratas para as eleições de Novembro se tornarão menos pessimistas. Mas este é apenas um cenário hipotético, pois trata-se de um grande "se" que tolda o futuro da presidência de Obama.