O actual chairman do Republican National Committee (RNC) - a estrutura partidária do Partido Republicano - é, desde Janeiro de 2009, Michael Steele, que é o primeiro afro-americano a ocupar essa posição.
Contudo, o curto historial deste antigo governador-adjunto do Estado de Maryland à frente dos destinos do RNC tem sido tudo menos pacífico. Na verdade, a sua trajectória tem sido marcada por várias polémicas e "gaffes", o que lhe tem valido um crescente coro de protestos proveniente do interior do próprio GOP, com muitas dessas vozes a clamarem pela sua demissão.
Steele foi a resposta republicana à vitória de Barack Obama na eleição presidencial de 2008, tendo assumido funções ao mesmo tempo que o presidente. A eleição de um negro para liderar o RNC, numa altura em que os republicanos enfrentavam o primeiro presidente afro-americano não terá sido inocente. O tema racial marcou, inclusivamente, a sua campanha, quando o seu opositor enviou CDs aos seus apoiantes com a música "Barack the magic negro", de conotação racista, episódio que valeu a Steele a eleição.
Mas as polémicas não ficaram por aí. Primeiro, já em 2009, Steele concordou com a afirmação de que Obama era, de facto, um "magic negro". Mais recentemente, surgiu a revelação de uma apresentação de power point que serviria para os fundraisers do partido, sugerindo a criação de um clima que incutisse medo aos eleitores e com caricaturas ofensivas para Obama. Agora, veio a lume uma notícia dando conta do RNC ter gasto 2 mil dólares num clube de "bondage". E, para piorar ainda mais a situação, o site Politico reportou que um número telefónico que constava numa carta do partido remetia para uma linha erótica. Por fim, as suas declarações que alertavam Nancy Pelosi para se preparar para, em Novembro, se apresentar diante de um "firing line" (fazendo o trocadilho com o verbo to fire de demitir, mas soando a fuzilamento) não caíram muito bem junto da opinião pública.
São já controvérsias e tropeções a mais para alguém que nunca ocupou um cargo político de primeira linha (em 2006, concorreu, sem sucesso, para o Senado) e cujas posições em alguns temas, como, por exemplo, em defesa do direito ao aborto, chocam com a plataforma ideológica republicana. Veremos, então, qual será o futuro de Steele, que estará muito dependente dos resultados das intercalares de Novembro. Isto, se lá chegar.
Caro João Luís, escrevo aqui o que já escrevi no Casa Branca do Germano Almeida: Michael Steele (tal como John Boehner) não disse - e por isso não insinuou, ou «soou» - que Nancy Pelosi deveria estar diante de um «pelotão de fuzilamento». Não sou contra, muito pelo contrário, que se assuma um posicionamento político prévio, mas isso não deve servir para deturpar factos ou repetir boatos sem fundamento. Cumprimentos!
ResponderEliminarCaro Octávio dos Santos, antes de mais obrigado pela sua participação.
ResponderEliminarEm relação à declaração de Michael Steele, encontrei-a aqui:
http://thehill.com/blogs/blog-briefing-room/news/88783-steele-put-pelosi-on-the-firing-line
Não vi a dita entrevista à FOX News, mas a fonte parece-me credível. Mas se, porventura, estiver equivocado, retirarei, obviamente, a referência a essa declaração deste texto.
Um abraço.
Aliás, já alterei "firing squad" para "firing line", que é o correcto.
ResponderEliminarNeste assunto já nem me espanta a hipocrisia dos democratas. Ficam histéricos a tentarem descobrir significados ocultos nas declarações dos líderes do GOP, mas «esquecem-se» das ameaças e dos apelos (indubitáveis, inequívocos), feitos por apoiantes seus num passado recente, a que se matasse George W. Bush.
ResponderEliminarCaro Octavio dos Santos,
ResponderEliminarConcordo inteiramente consigo!
Mas esta tactica de assassinato de caracter e de exchuvalhamento e comum na esquerda, ja que no debate de ideias e argumentos perdem sempre.
Veja-se o que tambem se esta a fazer a Michael Steel e a tantos outros republicanos e democratas que ousam opor-se aos planos radicais desta administracao, dominada por tiques autoritaris e que prima e orgulha-se pelo emprego de tacticas duras de oposicao dos inimigos, a boa maneira de chicago.
Para perceber um pouco como este gang funciona ha que ler um dos seus mestres Saul Alinsky, um comunity organizer (onde e que ja ouvi isto?), que muito influenciou o actual Presidente dos EUA:
http://article.nationalreview.com/370073/what-did-obama-do-as-a-community-organizer/byron-york
Joa Fernandes
Para acabar com as dúvidas, aqui fica o vídeo com as declarações de Steele à Fox News:
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=nZ_X8lhYMyI
Sinceramente, a expressão "firing line" não me parece nada inocente, mas é apenas a minha opinião...
João, não posso deixar de discordar da tua perspectiva. Em primeiro lugar, a condução do RNC por Michael Steele tem sido criticado no interior do próprio GOP e não apenas pelos democratas.
Além disso, não me parece que Steele esteja a ser alvo de uma campanha de difamação porque, de facto, são já polémicas a mais e que já levaram, inclusivamente, à demissão do chief of staff do RNC.
Agora, o que também me parece é que a escolha de Michael Steele para chairman do RNC não foi a mais feliz para o partido republicano. Primeiro, porque Steele não tinha suficiente passado político para gerir uma estrutura como esta. Depois, porque o facto de ter a fama de apenas ter sido eleito por ser afro-americano para assim responder à eleição de Obama tirou-lhe, à partida, capital político e margem de manobra.