Ontem, no Senado americano, os democratas promoveram uma votação que, a passar, daria início ao debate sobre a anunciada reforma de Wall Street, defendida por Barack Obama e pelo seu partido. O resultado dessa votação foi de 57-41, com todos os republicanos presentes a votarem contra, tendo-se-lhes juntado o democrata Ben Nelson e o líder da maioria no Senado, Harry Reid - este por mero estratagema processual, de modo a poder realizar uma nova votação quando entender.
Esta votação surgiu num ponto ainda muito precoce do processo. Porém, o objectivo democrata não seria, provavelmente, o de conseguirem fazer passar, desde já, esta legislação que pretende regular o sector financeiro americano, visto saberem que ainda não tinham os votos necessários. Assim, a verdadeira intenção dos liberais seria o de conseguirem mais uma oportunidade para caracterizarem os republicanos como obstrucionistas e a soldo dos grandes interesses. No outro lado da barricada, os senadores do GOP queixam-se das tácticas utilizadas pelos democratas e, em particular, por Harry Reid. A moderada Olympia Snowe criticou esta votação, numa altura em que o democrata Chris Dodd e o republicano Richard Shelby tentam chegar a um acordo bipartidário.
Este primeiro "contar de espingardas" parece indicar um novo conflito legislativo entre os dois partidos americanos. A meu ver, ainda é possível chegar-se a um entendimento, mas o cenário não parece nada favorável. Por um lado, Obama tem sido cada vez mais pressionado pela Esquerda para seguir a sua agenda política com o mínimo de cedências possíveis para o GOP. Por outro lado, os republicanos não estarão muito interessados em conceder vitórias políticas aos seus adversários, quando se aproximam rapidamente as eleições de Novembro.
Mas, desta vez, e ao contrário do que aconteceu com a reforma da saúde, os democratas têm uma vantagem: o apoio popular. Uma sondagem recente indicou que dois terços da população americana favorece esta reforma. Veremos, então, se este sentimento se mantém e se os democratas conseguem fazer passar mais uma reforma de fundo, ainda na primeira metade do primeiro mandato de Obama.
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