terça-feira, 30 de julho de 2013

LBJ vs JFK vs Nixon

Terminei ontem a leitura de mais um belo livro sobre política norte-americana. Da autoria de David, Pietrusza, a obra 1960 - LBJ vs JFK vs Nixon - The Epic Campaign That Forged Three Presidencies debruça-se sobre a histórica eleição de 1960, que colocou frente a frente verdadeiros vultos da história política dos Estados Unidos. Entre eles, destacam-se John Kennedy, Lyndon Johnson e Richard Nixon que seriam os três seguintes ocupantes da Casa Branca, ainda que apenas um deles, Kennedy, fosse o vencedor da eleição desse ano.
Com uma escrita que prende o leitor e contando com algumas histórias verdadeiramente deliciosas sobre os bastidores da campanha (os capítulos dedicados ao histórico primeiro debate entre Kennedy e Nixon são de leitura obrigatória), o final do livro é atingdo com uma velocidade vertiginosa.
David Pietrusza, apesar de conservador, esforça-se por se manter imparcial, ainda que me tenha parecido que John Kennedy teve direito a um tratamento especialmente negativo (também é possível que isso se deva ao facto de, nesta obra, JFK não ser retratado como fazendo parte de um conto de fadas, algo recorrente na misitificação criada à volta do 35º Presidente americano após a sua morte).
Dito isto, resta-me aconselhar a leitura desta obra, não muito extensa (417 páginas), ainda que não exista versão portuguesa. Afinal, apesar de existirem diversos livros sobre a épica eleição de 1960, poucos têm a qualidade desta obra de Pietrusza.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Bush pai solidário

O 41º Presidente dos Estados Unidos, George H. W. Bush, rapou o cabelo em jeito de solidariedade para com o filho de um dos agentes do Secret Service responsáveis pela sua segurança que sobre de leucemia. Esta doença tem um particular significado para a família Bush, pois o segundo filho do casal George e Barbara faleceu, com quatro anos de idade, vítima de leucemia. Com este gesto, o patriarca da família Bush, com 89 anos, demonstrou que não existe idade limite para a prática de actos generosos e solidários.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Obama tenta reavivar o seu mandato


A primeira metade do segundo mandato de um presidente norte-americano é, tradicionalmente, um período bastante produtivo para o líder do executivo dos Estados Unidos. Com o ímpeto fornecido pela vitória eleitoral, o Presidente costuma ter todas as condições para, nesta fase, levar a sua agenda legislativa a bom porto. Contudo, com o actual ocupante da Sala Oval isso não está a acontecer e, desde que foi reeleito, Obama não conseguiu nenhuma vitória legislativa de relevo.
Consciente da estaganação da Casa Branca, o Presidente norte-americano realizou ontem, na Knox College, no Illinois, um discurso de fundo sobre a situação da economia do país. Com esta iniciativa, Obama tentou dar um novo impulso à sua Presidência, motivando as hostes democratas e colocando a economia, de novo, no topo das prioridades da sua administração e no epicentro da discussão política. Todavia, o seu discurso foi algo ambíguo. Recordou a melhoria da situação económica e sublinhou a necessidade da aposta na continuação da recuperação norte-americana, mas não apresentou ideias concretas para o conseguir. Além disso, destacou a importância da implementação reforma do sistema de saúde e destacou a urgência na aprovação da reforma da imigração pelo Congresso, fugindo, ainda que brevemente, ao tema principal do seu discurso.
Ao fazê-lo, Obama como que confirmou as previsões da maioria dos analistas em relação ao seu legado. Ao que tudo indica, o 44º Presidente norte-americano será recordado mais pelas suas vitórias em questões sociais (a reforma da saúde, a reforma da imigração [caso seja aprovada], os direitos dos homossexuais, etc.) do que pelo sua dedicação à recuperação económica do país. Pode ser algo injusto, especialmente se analisarmos o caminho percorrido pela economia dos Estados Unidos desde o início de 2009, quando Obama tomou posse. Porém, o legado de um Presidente é constituído, acima de tudo, em percepções e, neste caso, a perceção que chega ao público é a de um Presidente que não se empenha a 100% no que diz respeito às questões económicas.
Verdade seja dita, muita da responsabilidade da inoperância de Barack Obama neste seu segundo mandato tem de ser apontada aos republicanos do Congreso. Ontem, no seu discurso, Obama salientou isso mesmo, ainda que tenha elogiado a vontade de alguns republicanos em chegar a entendimentos com os democratas (a reforma da imigração é o caso de maior destaque). Com este discurso, de cariz relativamente partidário, Obama não terá ganho novos aliados no Congresso, mas pode ter conquistado pontos na opinião públicando, colocando pressão sobre a Câmara dos Representantes controlada pelos conservadores. Assim sendo, teremos de aguardar os próximos desenvolvimentos para perceber se, com o discurso de ontem, Obama conseguiu ou não dar um novo ímpeto ao seu mandato.

domingo, 21 de julho de 2013

Reforma da imigração nas mãos da Câmara dos Representantes

Continua a batalha legislativa pela passagem de uma histórica e ampla reforma das regras da imigração para os Estados Unidos da América. Com o apoio da Casa Branca, dos democratas e de uma parte minoritária mas influente do Partido Republicano, falta apenas a passagem da proposta de lei pela câmara baixa do Congresso norte-americano. Contudo, o último passo pode muito bem não chegar a ser dado e é possível que a reforma da imigração venha mesmo a morrer na praia.
No final do mês passado, as conversações do famoso Gang of Eight (um grupo bipartidário responsável por negociar e acordar o formato final da lei) foram bem sucedidas e, após algumas alterações realizadas para agradar aos republicanos (nomeadamente o fortalecimento da segurança das fronteiras), a proposta de lei foi finalmente apresentada no Senado que a aprovou com um resultado de 68 votos favoráveis contra 32 votos contra. Ao lado dos democratas e dos independentes, votaram 14 senadores do GOP. Apesar de os proponentes da proposta não terem atingido os 70 votos pretendidos, o resultado não deixa de ser positivo e encorajador para os defensores da reforma da imigração. 
Com a aprovação no Senado, ficava a faltar apenas o "sim" da Câmara dos Representantes - a promulgação da lei por parte de Barack Obama é um dado adquirido. Todavia, e ao contrário do que acontece na câmara alta, são os republicanos (na sua maioria, marcadamente conservadores) que estão na maioria e, aparentemente, pouco dispostos a votar favoravelmente a Border Security, Economic Opportunity and Immigration Modernization Act, o pomposo nome oficial da proposta de lei. 
Mesmo assim, ainda há esperança para a reforma da imigração e figuras proeminentes dos dois partidos estão a trabalhar no sentido de a verem passar na Câmara dos Representantes. No seio do Partido Republicano, cujos representantes decidirão o desfecho final, Marco Rubio, John McCain e até mesmo George W. Bush têm desdobrado esforços com o objectivo de conseguirem os votos suficientes para a passagem da proposta. Entre estes, Rubio é aquele que tem mais a perder, já que apostou muito do seu capital e futuro político na aprovação desta reforma. Se falhar, as suas ambições (inclusive presidenciais) ficarão seriamente comprometidas.
Mas também o Partido Republicano joga muito do seu futuro nesta questão. Como se viu nas últimas eleições presidenciais, o voto hispânico continua a fugir para o lado democrata a um ritmo assustador para os líderes do GOP. Se esta reforma da imigração for rejeitada pelos republicanos, então o bloco eleitoral com maior crescimento demográfico nos Estados Unidos poderá ficar definitivamente nas mãos do Partido Democrata. 
São, por isso, consideráveis e importantes as razões políticas que justificam a aprovação da reforma da imigração. Contudo, as razões morais são ainda mais poderosas, especialmente se tivermos em conta os ideais fundadores da nação norte-americana. Afinal, a Terra das Oportunidades e o Sonho Americano têm de estar acessíveis e a todos e a qualquer um.

terça-feira, 16 de julho de 2013

O racismo nos Estados Unidos volta à ordem do dia

Após a eleição do primeiro presidente afro-americano da história dos Estados Unidos, poderia pensar-se que a questão da divisão racial nos Estados Unidos estaria finalmente a ser ultrapassada. Contudo, nos últimos dias, a absolvição de George Zimmerman, um branco (ou hispânico) acusado de assinassinar o negro Travyon Martin despoletou uma onda de protestos motivados pela questão da raça e trouxe de novo este velho e polémico tema para a actualidade norte-americana.
Tudo começou na noite de 26 de Fevereiro do ano passado, em Sanford, na Florida, quando o jovem de Travyon, de 17 anos, regressava a casa. Ao passar junto a um condomínio privado, cruzou-se com Zimmerman, vigilante voluntário na zona. George Zimmerman, de 28 anos, branco, mas com mãe cubana, considerou o comportamento de Martin suspeito e telefonou à policia a comunicar isso mesmo. Depois de desligar o telefone, ter-se-á envolvido fisicamente com Travyon, acabando por balear e matar o jovem afro-americano.
Depois do incidente, a polícia não contrariou a alegação de auto-defesa de Zimmerman e deixou-o sair em liberdade, o que provocou uma série de críticas e de protestos, pelo meio de acusações de racismo a Zimmerman e mesmo à polícia da Florida. Na altura, o próprio Presidente dos Estados Unidos adensou a polémica, ao afirmar que, caso tivesse um filho (Obama tem duas filhas), ele seria como Travyon. No seguimento da controvérsia, o Ministério Público desencadeou uma investigação que culminou, em Abril de 2012, com a acusação de homício de segundo grau a George Zimmerman.
Mais de um ano depois, terminou o julgamento do alegado homicida, que acabou por ser ilibado de todos os crimes por um júri composto por seis mulheres brancas.  Este resultado teve como consequência uma série de manifestações um pouco por todo o país, com milhares de afro-americanos a insugirem-se contra aquilo que entendiam ser o raciscmo do sistema judicial norte-americano e exeigindo justiça para a morte de Martin.
Apesar de as manifestações serem, na sua maioria, totalmente pacíficas, a verdade é que elas fizam recordar os tempos mais conturbados do movimento dos direitos civis, nos anos 60 do século passado. Agora, como há 60 anos atrás, a comunidade afro-americana volta a sair às ruas para chamar a atenção para o racismo da sociedade em que vivem. Sem líderes como Martin Luther King, Malcom X ou Jesse Jackson, mas com um poderoso símbolo na morte de Travyon, os negros dos Estados Unidos estão novamente a agitar de forma estrondosa a questão da raça na maior potência mundial.
Fica assim claro que a eleição de Barack Obama, apesar de toda a sua importância e simbolismo para os afro-americanos, não colocou um ponto final nesta matéria. Afinal, ainda existe racismo nos Estados Unidos.