domingo, 21 de julho de 2013

Reforma da imigração nas mãos da Câmara dos Representantes

Continua a batalha legislativa pela passagem de uma histórica e ampla reforma das regras da imigração para os Estados Unidos da América. Com o apoio da Casa Branca, dos democratas e de uma parte minoritária mas influente do Partido Republicano, falta apenas a passagem da proposta de lei pela câmara baixa do Congresso norte-americano. Contudo, o último passo pode muito bem não chegar a ser dado e é possível que a reforma da imigração venha mesmo a morrer na praia.
No final do mês passado, as conversações do famoso Gang of Eight (um grupo bipartidário responsável por negociar e acordar o formato final da lei) foram bem sucedidas e, após algumas alterações realizadas para agradar aos republicanos (nomeadamente o fortalecimento da segurança das fronteiras), a proposta de lei foi finalmente apresentada no Senado que a aprovou com um resultado de 68 votos favoráveis contra 32 votos contra. Ao lado dos democratas e dos independentes, votaram 14 senadores do GOP. Apesar de os proponentes da proposta não terem atingido os 70 votos pretendidos, o resultado não deixa de ser positivo e encorajador para os defensores da reforma da imigração. 
Com a aprovação no Senado, ficava a faltar apenas o "sim" da Câmara dos Representantes - a promulgação da lei por parte de Barack Obama é um dado adquirido. Todavia, e ao contrário do que acontece na câmara alta, são os republicanos (na sua maioria, marcadamente conservadores) que estão na maioria e, aparentemente, pouco dispostos a votar favoravelmente a Border Security, Economic Opportunity and Immigration Modernization Act, o pomposo nome oficial da proposta de lei. 
Mesmo assim, ainda há esperança para a reforma da imigração e figuras proeminentes dos dois partidos estão a trabalhar no sentido de a verem passar na Câmara dos Representantes. No seio do Partido Republicano, cujos representantes decidirão o desfecho final, Marco Rubio, John McCain e até mesmo George W. Bush têm desdobrado esforços com o objectivo de conseguirem os votos suficientes para a passagem da proposta. Entre estes, Rubio é aquele que tem mais a perder, já que apostou muito do seu capital e futuro político na aprovação desta reforma. Se falhar, as suas ambições (inclusive presidenciais) ficarão seriamente comprometidas.
Mas também o Partido Republicano joga muito do seu futuro nesta questão. Como se viu nas últimas eleições presidenciais, o voto hispânico continua a fugir para o lado democrata a um ritmo assustador para os líderes do GOP. Se esta reforma da imigração for rejeitada pelos republicanos, então o bloco eleitoral com maior crescimento demográfico nos Estados Unidos poderá ficar definitivamente nas mãos do Partido Democrata. 
São, por isso, consideráveis e importantes as razões políticas que justificam a aprovação da reforma da imigração. Contudo, as razões morais são ainda mais poderosas, especialmente se tivermos em conta os ideais fundadores da nação norte-americana. Afinal, a Terra das Oportunidades e o Sonho Americano têm de estar acessíveis e a todos e a qualquer um.

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