sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Os 10 melhores momentos em debates presidenciais

A poucos dias do primeiro dos três debates presidenciais (mais um entre os candidatos à Vice-Presidência), nada melhor do que ver ou rever os dez melhores e mais importantes momentos em debates televisivos da história das eleições para a Presidência norte-americanas. Entre gaffes ou frases assertivas, há um pouco de tudo, nesta compilação da responsabilidade do Politico. 
Desde 1960, ano em que teve lugar o primeiro debate transmitido na televisão, estes eventos têm tido uma importância substancial na corrida à Casa Branca. Este ano, com Barack Obama a descolar nas sondagens, Mitt Romney aposta forte nos debates para inverter a tendência. Na próxima Quarta-feira, data do primeiro debate, veremos se surge algum momento digno de figurar nesta lista.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Obama com larga vantagem no Big Three

Como apontei ontem, Barack Obama tem, de momento, uma importante vantagem nos battleground states. E, entre todos os Estados decisivos em eleições presidenciais americanas, o destaque vai para os três que entregam mais votos eleitorais: a Florida, a Pennsylvania e o Ohio, um grupo muitas vezes apelidado de Big Three. Ora, a crer por um conjunto de sondagens da responsabilidade do New York Times, da CBS e da Quinnipiac, Obama está em grande forma no Big Three:

Florida
Obama - 53%
Romney - 44%

Pennsylvania
Obama - 54%
Romney - 42%

Ohio
Obama - 53%
Romney - 43%

A grande novidade destas sondagens é o facto de Obama surgir, em todas elas, com um resultado solidamente acima da barreira dos 50%, o que obriga a campanha republicana não só a conquistar os votos dos eleitores indecisos mas também de muitos votantes que, de momento, estão mais inclinados a votar em Obama. A tarefa de Mitt Romney é ainda mais complicada quando se percebe que, para se sagrar vencedor, necessita de vencer, pelo menos, em dois destes três Estados. Para já, Romney, ainda conta com os debates para mudar o rumo da maré a seu favor, mas começa a ter já pouco tempo para dar a volta à corrida.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Obama domina a corrida

A eleição presidencial aproxima-se rapidamente - estamos a menos de mês e meio de 6 de Novembro - e a corrida parece cada vez mais inclinada para Barack Obama. É provável que, neste momento, os sinais de alarme estejam a soar na sede da campanha de Mitt Romney, que vê, a cada dia que passa, as suas hipóteses de vitória diminuírem. De facto, basta observar para se perceber que o candidato republicano terá de fazer algo para mudar a dinâmica da corrida.
Nas sondagens de nível nacional, Obama nem tem uma vantagem por aí além, especialmente se virmos de forma isolada as tracking polls da Gallup, onde o actual Presidente tem surgido com uma reduzida vantagem, ou da Rasmussen, onde Obama consegue hoje uma vantagem de apenas um ponto (um bom resultado, tendo em conta que, nesta sondagem, da autoria da republican leaning Rasmussen, o democrata tem ficado atrás de Rommney). Noutros estudos, Obama tem conseguido melhores resultados, distanciando-se do seu oponente por uma margem superior. Além disso, a taxa de aprovação do trabalho do Presidente também tem vindo a subir e, para o RealClearPolitics já atingiu mesmo a barreira psicológica dos 50%.
Mas é nas sondagens dos swing states que Obama marca claramente a diferença para Romney. Nos últimos dias, o candidato democrata tem surgido constantemente à frente de praticamente todos os Estados que parecem em disputa neste ciclo eleitoral, com excepção da Carolina do Norte, que parece um verdadeiro exemplo de um Estado too close to call. Correndo os principais sites que realizam uma média de sondagens e apresentam o estado actual do mapa eleitoral, vemos que o Pollster atribui 332 votos eleitorais a Obama e 191 a Romney, deixando apenas a Carolina do Norte na coluna dos toss up. O Politico, que não classifica Estados como indecisos, entrega 347 votos eleitorais ao Presidente e 191 ao challenger republicano. Finalmente, o RealClearPolitics, com um modelo mais conservador (ou seja, é mais rígido a atribuir Estados a um dos candidatos), coloca 247 votos eleitorais na coluna de Obama e os "habituais" 191 na de Romney. 
Tendo em conta que são 270 os votos eleitorais necessários para um dos candidatos se sagrar vencedor, torna-se perceptível que, de momento, Barack Obama leva uma importante vantagem no Colégio Eleitoral. Para já, Romney está a perder a luta pelos battleground states em toda a linha e isso obriga-o a virar o tabuleiro de jogo totalmente de pernas para o ar se quiser tornar-se o próximo Presidente dos Estados Unidos.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Obama vs Romney take 2 (by Mark Halperin)

Mark Halperin,  analista político da Time, actualiza na próxima edição da histórica revista norte-americana o seu quadro do estado da corrida pela Casa Branca. Em relação à sua anterior tabela, é notória a escalada de Barack Obama rumo ao actual estatuto de frontrunner. A crer na visão de Halperin, Mitt Romney tem um duro caminho a percorrer se quiser tornar-se o 45º Presidente dos Estados Unidos.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A estranha estratégia de Mitt Romney

É agora praticamente consensual (mesmo no seio do Partido Republicano) que Mitt Romney está à frente de uma campanha medíocre, que tem cometido muitos e significativos erros de palmatória na corrida pela Casa Branca. Erros esses que estão a comprometer seriamente as aspirações presidenciais de Romney. As falhas tácticas têm-se repetido a grande ritmo, como a incapacidade da campanha se manter na mensagem centrada na economia (os democratas têm conseguido mudar o assunto em destaque por várias vezes), ou as declarações menos conseguidas do próprio candidato. Contudo, parece-me que o principal problema da campanha republicana é de ordem estratégica.
Mitt Romney foi um Governador republicano num dos Estados mais democratas da União, o Massachusetts. Por isso, sempre pensei que, durante a campanha pela eleição geral, Romney utilizasse esse ponto do seu currículo como argumento fundamental para apresentar o seu caso aos norte-americanos. Numa altura em que os Estados Unidos estão mais polarizados politicamente do que nunca, isso podia ser um ponto forte da sua candidatura, especialmente se fosse sublinhado pela referência ao falhanço total de Barack Obama em reduzir a crispação política em Washignton, que foi, afinal, uma das suas grandes promessas eleitorais, em 2008.
Todavia, as referências ao seu passado como líder do governo estadual do Massachusetts estão praticamente ausentes do discurso de Mitt Romney, que prefere passar uma esponja por cima desse período da sua vida e virar de forma pronunciada à Direita. Provavelmente, Romney teme alienar parte da base republicana, ao lembrar que, em tempos, se assumiu como um republicano moderado, capaz de chegar a acordo com a larga maioria democrata na legislatura estadual do Massachusetts e que implementou mesmo um sistema de saúde no Estado muito semelhante ao agora vilipendiado Obamacare
De facto, é possível que as alas mais à Direita no GOP não ficassem muito agradados com a possibilidade de elegerem um Presidente republicano que governasse ao centro. Porém, se Romney definisse claramente a escolha dos eleitores norte-americanos como uma decisão entre um republicano moderado, que conseguiu ser eleito no liberal Massachusetts, e um democrata liberal, que, no Senado, teve um historial de votos claramente à Esquerda, alargaria, quase de certeza, o número de eleitores que seria capaz de alcançar. Além disso, ao romper definitivamente com o seu passado no Massachusetts, Romney fortaleceu a sua imagem de flip-flopper e de alguém que diz o que for preciso para ser eleito.
É verdade que Romney permaneceu bem ancorado à Direita, depois de umas primárias republicanas em que foi obrigado a manter um discurso mais conservador do que provavelmente gostaria. Muito mérito tem também de ser atribuído à campanha de Obama, que, desde 2011, ciente de que ia ser Romney o nomeado do GOP, conseguiu caracterizar o eventual nomeado republicano como um candidato muito conservador, incrivelmente rico e completamente desfasado da realidade do cidadão norte-americano comum. 
Contudo, parece-me evidente que a campanha de Romney tomou várias decisões erradas e escolheu uma estratégia que, para já, não está a dar frutos e que pode custar a Casa Branca ao Partido Republicano.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Romney dá um passo em falso


Mitt Romney foi apanhado em vídeo, durante um discurso num evento de angariação de fundos, a referir-se de maneira menos agradável a 47% dos eleitores norte-americanos que, segundo o candidato presidencial republicano, votarão em Barack Obama de qualquer maneira. Para Romney, o seu trabalho não é preocupar-se com essas pessoas, que são dependentes do governo, que se consideram vítimas e que acreditam que o Estado tem o dever de lhes proporcionar cuidados de saúde, habitação ou comida.
Declarações fortes e que podem ter um pesado impacto na corrida pela Casa Branca. Romney não contaria que as suas palavras se tornassem públicas, mas deveria ter noção que, na época do Youtube e dos telemóveis com câmara, nenhum evento é totalmente privado. Agora, terá de se defender das vozes críticas que o acusam de ter riscado da sua lista de preocupações quase metade da população dos Estados Unidos e, mais grave do que isso, estas declarações agudizam a percepção de que o antigo Governador do Massachusetts está desligado do cidadão comum e que, uma vez no poder, atacará os programas sociais do país.
Este caso faz lembrar uma situação parecida, que ocorreu há quatro anos, quando Obama, também numa angariação de fundos, afirmou que alguns americanos, com a degradação da situação económica do país, se tornavam "azedos" se viravam para as armas e para a religião. Contudo, essas declarações, na minha opinião não tão graves quanto estas de Romney, foram proferidas ainda durante as primárias democratas e não tiveram grande repercussão na campanha da eleição geral. No caso de Romney, porém, esta gaffe não podia ter vindo em pior ocasião, pois o nomeado republicano atravessa um período menos positivo e vê Obama afastar-se nas sondagens. Por isso, a última coisa de que a campanha de Romney precisava agora era de um tão grande passo em falso que prejudica ainda mais as suas hipóteses de chegar à Casa Branca.

domingo, 16 de setembro de 2012

A corrida muda de figura

As últimas semanas trouxeram, sem dúvida, muita actividade e uma nova dinâmica à corrida presidencial norte-americana. As convenções nacionais, o discurso de Bill Clinton e a crise no Médio Oriente transformaram a campanha eleitoral e alteraram o cenário da disputa pela Casa Branca, numa altura em que estamos a menos de dois meses da grande noite eleitoral.
Em primeiro lugar, as convenções dos dois partidos tiveram um forte impacto na campanha, com clara vantagem para os democratas. De facto, Barack Obama viu os seus números nas sondagens subirem significativamente depois da Convenção Nacional Democrata, e isto apesar de o seu discurso não ter sido empolgante nem brilhante. Contudo, até deverá ter sido essa a intenção de Obama, a querer assumir-se como Presidente, apostando numa postura sóbria e realista, em contraste com a imagem idealista e sonhadora da sua campanha de há quatro anos. 
Assim, da convenção democrata, sobressaiu especialmente o discurso de Bill Clinton, que foi o primeiro democrata a conseguir defender de forma efectiva o primeiro mandato de Obama na Casa Branca. No fundo, os democratas foram capazes de responder à pergunta que teimava em assombrar a campanha de Obama: estão os norte-americanos melhor agora do que há quatro anos? A julgar pela subida do Presidente nas sondagens, parece que Clinton conseguiu convencer a maioria dos cidadãos norte-americanos que a resposta a esta pergunta é sim.
Mais recentemente, surgiu a inesperada crise no Médio Oriente, com um ridículo filme amador divulgado no Youtube a incendiar os ânimos do mundo muçulmano, que se vingou, em muitos países, nas embaixadas dos Estados Unidos, levando mesmo à morte de cinco americanos, entre os quais o Embaixador na Líbia. No despoletar da crise, Mitt Romney foi rápido a criticar a resposta do Departamento de Estado, em especial uma nota da Embaixada norte-americana no Cairo divulgada antes dos ataques e que simpatizava com os protestos da comunidade islâmica e criticava o filme em questão. Todavia, o tiro de Romney saiu-lhe pela culatra, com os media a condenarem a campanha do nomeado republicano por tentar retirar dividendos políticos numa altura que deveria ser de união nacional. 
A posição da campanha republicana foi, a meu ver, precipitada. Terão visto nesta crise uma oportunidade para desafiarem a primazia de Obama num tema, a política externa, que, até há pouco tempo, "pertencia" aos republicanos. Acontece, porém, que o ataque político não teve o timing devido, já que é norma nos Estados Unidos que, aquando de um ataque externo, todos os agentes políticos se coloquem por detrás do Commander-in-Chief. Se as críticas de Mitt Romney tivessem vindo num momento posterior, talvez tivessem algum efeito. Assim, o que o candidato do GOP conseguiu foi minar ainda mais a sua imagem no campo da política externa, em contraste com a postural presidencial adoptada por Obama.
Todavia, não deixa de ser compreensível a precipitação da campanha republicana, que, após o bounce de Obama nas sondagens, após as convenções, necessitava urgentemente de algo que pudesse inverter o rumo dos acontecimentos. A jogada, ao que parece, não correu bem, o que veio sublinhar ainda mais a mudança do status quo da campanha pela presidência. Agora, e apesar da vitória estar ainda ao alcance de qualquer um dos candidatos, temos um claro frontrunner: Barack Obama.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Morte na Líbia

O embaixador dos Estados Unidos na Líbia, Christopher Stevens, foi assassinado, juntamente com outras três pessoas, na sequência de um ataque ao consulado norte-americano na cidade de Benghazi, por uma multidão em fúria que protestava contra um filme lançado nos Estados Unidos que ofendeu os seguidores mais extremistas da religião islâmica. Stevens terá morrido quando a viatura onde se fazia transportar foi atingida por um rocket. A sua morte representa a primeira baixa em serviço de um embaixador norte-americano desde 1979, quando foi morto o embaixador dos Estados Unidos no Afeganistão.
Este infeliz acontecimento na Líbia está já a mexer com a campanha presidencial. Mitt Romney, que já havia criticado a resposta do Departamento de Estado a um ataque perpetrado pelo mesmo motivo, mas à embaixada norte-americana no Cairo, poderá ter aqui uma aberta para atacar o Presidente Obama no domínio da política externa, um tópico que, até agora, parecia ser extremamente favorável aos democratas. Contudo, este evento é ainda muito recente e o melhor é esperarmos para ver quais serão as reacções nos Estados Unidos a um tão lamentável e grave acontecimento.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Nine Eleven

Marca-se hoje o 11º aniversário dos atentados terroristas que, a 11 de Setembro de 2001, mudaram a América e o mundo. Nos Estados Unidos, a data será assinalada um pouco por todo o país e, como não podia deixar de ser, os dois candidatos presidenciais não deixarão passar em claro este momento simbólico.
Barack Obama, que espera capitalizar o facto de este ser o primeiro aniversário do 11 de Setembro após a morte de Bin Laden, marcará a data com um momento de silêncio na Casa Branca, deslocando-se, depois disso, até ao Pentágono, um dos locais que foi alvo dos ataques terroristas da Al-Qaeda. Por sua vez, Mitt Romney, discursará, no Nevada, perante a National Guard. O nomeado republicano aproveitará, certamente, a ocasião para tentar limpar um pouco a má imagem que deixou na Convenção Nacional Republicana, por não ter incluído, no seu discurso, qualquer referência às forças armadas dos Estados Unidos, um facto que os democratas estão a utilizar sem quartel em anúncios da campanha.
Contudo, pelo menos durante o dia de hoje, assistiremos a uma certa de tréguas na campanha presidencial republicana. Por respeito à solenidade da ocasião, os dois lados suspenderão as acções mais agressivas da campanha, um pouco ao jeito do que acontecia na Primeira Guerra Mundial, quando se comemorava o Natal. E tem toda a lógica que assim seja, porque, há onze anos atrás, se houve coisa que os terroristas conseguiram efectivamente fazer foi unir todos os cidadãos norte-americanos como até então nunca se tinha visto.

domingo, 9 de setembro de 2012

Obama ganha avanço

Ao que tudo indica, o saldo das convenções nacionais dos dois partidos foi extremamente favorável a Barack Obama, que, nas tracking polls já divulgadas após o final da Convenção Democrata, surge com vantagem sobre Mitt Romney, tendo também melhorado o seu resultado comparativamente às mesmas sondagens, mas que haviam sido realizadas antes das convenções. Mas vejamos os números das sondagens já conhecidas:

Gallup:
Obama - 49%
Romney - 45%

Rasmussen:
Obama - 46%
Romney - 44%

Reuters/Ipsos:
Obama - 47%
Romney - 44%

É expectável que a diferença venha a alargar-se durante os próximos dias, já que a maior parte das entrevistas destas sondagens foi ainda realizada antes da convenção democrata, ou, mais precisamente, antes do discurso de Bill Clinton, que terá sido o momento decisivo na mente dos eleitores. Por isso, Nate Silver prevê que, nesta altura, a diferença entre os dois candidatos se situe entre os sete e os nove pontos percentuais. A confirmar-se a previsão do especialista em sondagens do New York Times, então o panorama da eleição alterou-se significativamente após as convenções e Barack Obama é, para já, o claro frontrunner desta corrida pela Casa Branca.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O cair do pano

Terminou ontem o período de convenções nacionais, após ter decorrido o último dia da Convenção Democrata, marcada, claro está, pelo discurso de aceitação formal da nomeação presidencial por parte de Barack Obama. Antes do Presidente, porém, várias figuras discursaram, incluíndo alguns pesos-pesados da política norte-americana.
Charlie Christ, o antigo Governador da Florida que era republicano, concorreu em 2010 ao Senado como independente (depois de se ver ultrapassado nas primárias republicanas por Marco Rubio) e, agora, parece muito próximo dos democratas, surgiu no pódio a desempenhar o papel de republicano dissidente que apoia Barack Obama, depois deste ter salvo, segundo Christie, a economia do Estado da Florida. É duvidoso que este endorsement tenha grande influência na corrida pelo sunshine state, que, com os seus 29 votos eleitorais, é fundamental na disputa pela Casa Branca. Contudo, é possível que, em 2014, Charlie Christ volte a concorrer par ao cargo de Governador da Florida, desta vez como democrata.
Quem também parece interessado num novo cargo é John Kerry, que aponta à Secretaria de Estado num eventual segundo mandato de Obama. Já em 2008, o Senador pelo Massachusetts havia sido referenciado para o mais alto cargo da diplomacia norte-americana, tendo sido, contudo, ultrapassado por Hillary Clinton, que já anunciou não desejar cumprir um segundo mandato. O antigo candidato presidencial falou ontem na Convenção, servindo essencialmente para atacar Mitt Romney e o GOP em questões de política externa. Nessa função, saiu-se muito bem e, este ano, ao contrário do que é habitual, serão os democratas a levar vantagem na área da política externa. 
Antes de Obama, e fora do horário nobre, o que não é habitual para candidatos à Vice-Presidência, falou Joe Biden, que, como é seu apanágio, se dirigiu principalmente à classe média e apresentou um discurso mesclado entre a defesa do primeiro mandato de Barack Obama e o ataque ao candidato presidencial republicano. Com a sua conhecida capacidade para se dirigir num tom pessoal e directo ao eleitorado, Biden conseguiu um bom e emotivo desempenho e preparou o ambiente para o discurso seguinte: o de Barack Obama.
Depois dos excelentes discursos que marcaram a Convenção Democrata, em especial os de Michelle Obama e de Bill Clinton, as expectativas eram elevadas para quando fosse a vez de Obama subir ao pódio. Contudo, o Presidente dos Estados Unidos optou por, ao contrário do que fez há quatro anos, não realizar um discurso apaixonado, preferindo uma comunicação mais sóbria, reflectindo, talvez, o peso da responsabilidade do selo presidencial. Apesar de não ter sido um discurso memorável (o vídeo do discurso pode ser visualizado aqui), Obama evitou grandes riscos e cumpriu a sua parte, tentando demonstrar aos americanos que necessita de mais quatro anos na Casa Branca para resolver todos os problemas que herdou da administração republicana anterior.
No final de contas, e apesar de alguns percalços, a Convenção Democrata, foi, globalmente, superior à Convenção Republicana, em grande parte devido aos êxitos de Michelle e Clinton. Contudo, não deverá ser por isso que Obama vencerá a eleição e apenas nos próximos dias saberemos se o ticket democrata consegue ou não uma subida nas sondagens, depois destes dias positivos em Charlotte. Terminadas as convenções, a corrida está definitivamente lançada e entra, agora, na sua fase decisiva. 

Gaby Giffords emociona os democratas

A Convenção Nacional Democrata terminou bem, com vários e importantes discursos, como os de Charlie Christ, John Kerry, Joe Biden e, obviamente, Barack Obama. Contudo, o momento mais emocional da noite coube a Gabrielle Giffords, a congressista do Arizona (desde então retirada) que foi baleada na cabeça no decurso de uma acção política. Ontem, Gaby, como é tratada pelos amigos, subiu ao palco para liderar a Plegde of Alliance e a Time Warner Cable Arena quase veio abaixo.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Bill Clinton em grande forma

As convenções servem, essencialmente, para que os partidos e as respectivas campanhas presidenciais possam fazer passar aos eleitores americanos a imagem que querem transmitir dos seus candidatos à Casa Branca. E, se no caso de candidatos que concorrem pela primeira vez o principal objectivo é dá-los a conhecer ao grande público, já os Presidentes em exercício, com quem os eleitores estão totalmente familiarizados, têm de demonstrar que o melhor para o país é a sua reeleição. No fundo, trata-se de responder à questão tornada famosa por Ronald Reagan, em 1980, quando concorria contra Jimmy Carter: "are we better of than we were four years ago?"
Até ontem, essa pergunta não havia sido verdadeiramente abordada na Convenção Democrata. As figuras mais ou menos secundárias preocuparam-se principalmente em atacar Mitt Romney, enquanto Michelle Obama serviu para mostrar o lado humano e pessoal de Obama, lembrando aos americanos as razões que os levam a gostar do Presidente a nível pessoal, mesmo que não apreciem as suas políticas. Contudo, Bill Clinton, num discurso muito aguardado, serviu para apresentar o caso a favor do primeiro mandato de Barack Obama. E, como é seu apanágio, o 42º Presidente não desiludiu.
Fugindo muitas vezes ao texto, Clinton falou convictamente, dirigindo-se de forma directa e clara aos eleitores, em especial aos da classe média, explicando as razões que, no seu entender, devem levar os eleitores a permitir a Barack Obama continuar na Sala Oval por mais quatro anos. Um dos melhores momentos do seu discurso foi quando referiu que o argumento republicano era "nós deixamos a Obama o país numa confusão, mas ele ainda não acabou de arrumar a casa, por isso despeçam-no e devolvam-nos o poder". 
Ainda que Bill Clinton não tenha, porventura, atingido o brilhantismo alcançado, na véspera, por Michelle Obama, é indiscutível que o ex-Presidente marcou pontos importantes para a campanha de Obama. No final, Obama subiu ao palco para agradecer e cumprimentar Clinton, mostrando aos democratas e ao país que as querelas antigas (geradas aquando das primárias de 2008) estão definitivamente para trás das costas.   
Hoje, no último dia da Convenção Nacional Democrata, sobem ao palco os dois nomes do ticket presidencial do partido, Barack Obama e Joe Biden. Contudo, como não podia deixar de ser, cabe a Obama o grande destaque. Com os seus conhecidos dotes oratórios, o Presidente aceitará a nomeação presidencial democrata e dirigir-se-à aos americanos. Se Obama tiver tanto sucesso como a sua esposa e como Bill Clinton, então a Convenção Democrata terá sido uma enorme ajuda para as suas hipóteses de reeleição.

Tropeções democratas

A Convenção Nacional Democrata está a ser um grande sucesso e, ontem, o discurso de Bill Clinton foi mais um grande momento para o partido e para Barack Obama. Contudo, e como não há bela sem senão, também tem havido alguns pontos negativos para os democratas neste seu evento em Charlotte. E, ontem, até houve dois.
Primeiro, foi o anúncio da decisão de passar o dia final da Convenção, marcado pelo discurso de Barack Obama, do Bank of America, com capacidade para 65 mil pessoas, para o interior da Time Warner Cable Arena, onde tem decorrido a Convenção Democrata. A razão apresentada pelos responsáveis democratas foi a possibilidade de ocorrência de trovoadas com relâmpagos, o que pode por em causa a segurança do evento. Contudo, os republicanos já sugeriram que a verdadeira causa da mudança dos planos democratas se deve ao facto de estes temerem que ficassem muitos lugares por preencher no estádio, o que daria uma má imagem à campanha de Obama. 
Dado que os democratas tinham já distribuído todos os bilhetes, havendo mesmo uma lista de espera, não deverá ter sido essa a razão, mas a verdade é que a alteração do local do evento é uma dor de cabeça para os democratas, que vêem o grande momento da sua Convenção diminuir drasticamente de dimensão, ao mesmo tempo que têm de lidar com milhares de democratas insatisfeitos por não puderem assistir ao discurso de Obama, apesar de terem bilhete para isso, já que a Time Warner Cable Arena apenas alberga cerca de 15 mil pessoas.
Outro momento menos positivo para os democratas, que chegou mesmo a ser caricato, foi a votação da reintrodução da palavra "Deus" e da definição de Jerusalém como capital do Estado de Israel (os EUA não reconhecem oficialmente a cidade santa como a capital israelita) na plataforma do partido. Apesar de, aparentemente, se terem ouvido votos "não" do que votos "sim" no floor da Convenção quando foram propostas essas alterações, a líder do Democratic National Committee declarou-as aprovadas, tendo-se ouvido, de seguida, alguns apupos. 
A reintrodução de Deus na plataforma democrata é uma pequena desilusão para o grande número de ateus do partido, mas uma medida natural em ano de eleições, num país onde a religião tem um importante peso político (a eleição de um Presidente ateu seria praticamente impossível nos EUA). Já a questão de Jerusalém é mais complexa ou não tocasse num ponto sensível da política externa norte-americana. Tanto George W. Bush como Barack Obama prometeram, em campanha eleitoral, reconhecer Jerusalém como a capital israelita, mas, até ao momento, nada aconteceu. Por isso, estamos na presença de uma forma dos democratas "piscarem o olho" ao eleitorado judaico, tradicionalmente aliado dos democratas, nas vésperas de uma corrida eleitoral que se prevê renhida e onde todos os votos serão importantes.
Estes foram pequenos percalços no segundo dia da Convenção, que, fora isso, está a ser uma grande mais-valia para Obama e os democratas. Mais tarde, falarei sobre o muito aguardado discurso de Bill Clinton, que, ontem, dominou as atenções, assim como o desfecho da Convenção, agendado para hoje, com a aceitação formal da nomeação democrata, por Joe Biden e Barack Obama.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Michelle Obama superstar

Começou bem a Convenção Nacional para o Partido Democrata, já que o primeiro dia de trabalhos foi um verdadeiro sucesso, com todos os intervenientes a cumprirem o seu papel e a prepararem o terreno para os dias de hoje e amanhã, quando falarão, entre muitos outros nomes, Bill Clinton e Barack Obama. No dia de ontem, houve espaço para diferentes temas (a política externa, um tópico em que os democratas tradicionalmente são menos forte que os republicanos, mas que, este ano, é um dos seus pontos fortes, foi um deles), mas onde dominou especialmente temas relacionados com as mulheres, ou não coubesse a Michelle Obama o grande destaque da primeira noite da Convenção Democrata. 
Contudo, antes da Primeira-Dama, várias figuras de proa do Partido Democrata discursaram, como Ted Strickland, antigo Governador do Ohio e Martin O'Malley, actual Governador do Maryland. Servindo essencialmente para atacarem o nomeado republicano, Mitt Romney, prepararam ainda o terreno para o keynote speech, protagonizado pelo Mayor de San Antonio, no Texas, Julian Castro. Com um discurso empolgante e marcado pela sua fantástica história de vida, Castro fez lembrar o épico momento da Convenção Democrata de 2004 que lançou Barack Obama para a fama, ainda que não tenha chegado ao brilhantismo desse famoso discurso do então candidato ao Senado pelo Illinois. Além de funcionar como chamariz para o eleitorado hispânico (Castro é filho de imigrantes mexicanos), o discurso do Mayor de San Antonio, que lhe deu estatuto nacional, pode ainda servir como trampolim para uma futura candidatura ao cargo de Governador do Texas, um Estado onde os democratas tencionam quebrar a hegemonia republicana, devido ao aumento da população latina, que tem tendência a ser pró-democrata.
Para o final da noite, ficou reservado o grande momento, com o discurso de Michelle Obama que conseguiu, segundo Wolf Blitzer da CNN, um "grand slam". Com um discurso muito bem escrito, a Primeira-Dama, que conta com uma excelente imagem junto do povo americano, conseguiu passar a ideia de que o seu marido não foi contaminado pelo "espírito de Washington" e ainda é, quatro anos depois, o mesmo homem que inspirou os Estados Unidos e o mundo e foi eleito com base nas ideias de mudança e esperança. O público democrata presente no pavilhão reagiu efusivamente, ao mesmo tempo que as críticas da comunicação social foram consensualmente positivas.
Para hoje, no segundo dia da Convenção, os democratas tencionam manter o ímpeto conseguido na véspera e continuar a marcar pontos políticos que podem ser decisivos na corrida para a Casa Branca. E, para o conseguirem, nada melhor do que um dos melhores jogadores políticos, senão o melhor, que contam nas suas fileiras: Bill Clinton, o 42º Presidente dos EUA, discursará hoje e apresentará o seu caso, perante o público americano, a favor de um segundo mandato para Obama. 
Até ver, os democratas estão a bater aos pontos os seus adversários republicanos, no que às convenções diz respeito. Mas, mais logo, veremos, se Clinton é capaz de, como se espera, manter ou até elevar a fasquia que Michelle Obama já colocou muito alta na noite de ontem. 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A vez dos democratas

Depois dos republicanos, cabe, agora, ao Partido Democrata realizar a sua Convenção Nacional. Em Charlotte, na Carolina do Norte, Barack Obama e Joe Biden aceitarão formalmente a nomeação como candidatos à Presidência e Vice-Presidência dos Estados Unidos, respectivamente. Mas, mais que isso, os democratas tentarão demonstrar aos americanos que conseguiram contrariar o rumo negativo que o país vinha a percorrer desde a administração republicana anterior e que, com Romney na Casa Branca, os americanos ficarão muito pior servidos e as suas vidas irão piorar. 
Para alcançar esse objectivo, o Partido Democrata conta com algumas figuras de peso (ainda que haja alguns membros do partido que estejam a evitar este evento que pretende transmitir uma imagem de união partidária). No dia de hoje, intervirão, entre outros, Julián Castro, o Mayor de Santo António, e que é mais um "piscar de olhos" ao eleitorado hispânico, e o popular Governador do Estado de Maryland, Martin O'Malley. Contudo, o grande destaque vai inteirinho para o discurso de Michelle Obama, a Primeira-Dama dos Estados Unidos e, muito provavelmente, a figura mais popular de todas as que vão participar na Convenção Democrata. Ao que parece, os democratas querem começar em grande. Mas já se sabe que a política é como o futebol, e o mais importante não é como começa, mas como acaba. 

A oportunidade perdida de Romney

A Convenção Nacional Republicana terminou, a semana passada, com o habitual discurso de aceitação da nomeação por parte do candidato presidencial do partido. Para Mitt Romney, este era a sua grande oportunidade para transmitir uma boa imagem de si mesmo ao povo americano e para ganhar momentum na corrida presidencial, de forma a entrar na fase decisiva da campanha eleitoral com melhores probabilidades de derrotar Barack Obama.
Mas, a meu ver, o discurso de Mitt Romney foi uma oportunidade falhada. É certo que conseguiu mostrar o seu lado humano, desmontando algumas ideias com que os democratas vão tentando denegrir a sua imagem, como por exemplo, ao defender o seu passado na Bain Capital e ao sossegar o eleitorado feminino, junto do qual tem tido algumas dificuldades. Contudo, e apesar da defesa da sua imagem pessoal e dos ataques a Obama, Romney não foi capaz de apresentar o seu caso aos eleitores americanos. Ao não explicar como cumprirá as suas grandes promessas eleitorais (como irá, por exemplo, ser capaz de reduzir ao défice depois de baixar os impostos e aumentar a despesa com a Defesa, por exemplo?), o candidato republicano falha na questão essencial nesta eleição: porque é que os americanos estarão melhor com Romney na Casa Branca.
Além do conteúdo, há também a forma do discurso de Romney. Já se sabia que o antigo Governador do Massachusetts não é um grande orador, mas a verdade é que o seu discurso não foi galvanizador, não foi entusiasmante e não pareceu ter representado um momento de viragem na corrida. De facto, pela maior parte das opiniões nos media, e mesmo entre a Direita norte-americana, o discurso de Romney não foi o game changer de que os republicanos necessitavam, até porque os americanos não pareceram muito interessados naquilo que Romney tinha a dizer (as audiências do discurso foram as mais baixas dos últimos anos).
Assim sendo, a corrida pela Casa Branca, continua, ainda que ligeiramente, favorável a Obama. Aliás, segundo as sondagens, os republicanos não conseguiram um bounce significativo nas intenções de voto dos norte-americanos. Pelo contrário, o modelo de Nate Silver atribui, nesta altura, quase 75% probabilidades de vitória a Obama, isto ainda antes da Convenção Democrata, que começa hoje, em Charlotte.