Começou bem a Convenção Nacional para o Partido Democrata, já que o primeiro dia de trabalhos foi um verdadeiro sucesso, com todos os intervenientes a cumprirem o seu papel e a prepararem o terreno para os dias de hoje e amanhã, quando falarão, entre muitos outros nomes, Bill Clinton e Barack Obama. No dia de ontem, houve espaço para diferentes temas (a política externa, um tópico em que os democratas tradicionalmente são menos forte que os republicanos, mas que, este ano, é um dos seus pontos fortes, foi um deles), mas onde dominou especialmente temas relacionados com as mulheres, ou não coubesse a Michelle Obama o grande destaque da primeira noite da Convenção Democrata.
Contudo, antes da Primeira-Dama, várias figuras de proa do Partido Democrata discursaram, como Ted Strickland, antigo Governador do Ohio e Martin O'Malley, actual Governador do Maryland. Servindo essencialmente para atacarem o nomeado republicano, Mitt Romney, prepararam ainda o terreno para o keynote speech, protagonizado pelo Mayor de San Antonio, no Texas, Julian Castro. Com um discurso empolgante e marcado pela sua fantástica história de vida, Castro fez lembrar o épico momento da Convenção Democrata de 2004 que lançou Barack Obama para a fama, ainda que não tenha chegado ao brilhantismo desse famoso discurso do então candidato ao Senado pelo Illinois. Além de funcionar como chamariz para o eleitorado hispânico (Castro é filho de imigrantes mexicanos), o discurso do Mayor de San Antonio, que lhe deu estatuto nacional, pode ainda servir como trampolim para uma futura candidatura ao cargo de Governador do Texas, um Estado onde os democratas tencionam quebrar a hegemonia republicana, devido ao aumento da população latina, que tem tendência a ser pró-democrata.
Para o final da noite, ficou reservado o grande momento, com o discurso de Michelle Obama que conseguiu, segundo Wolf Blitzer da CNN, um "grand slam". Com um discurso muito bem escrito, a Primeira-Dama, que conta com uma excelente imagem junto do povo americano, conseguiu passar a ideia de que o seu marido não foi contaminado pelo "espírito de Washington" e ainda é, quatro anos depois, o mesmo homem que inspirou os Estados Unidos e o mundo e foi eleito com base nas ideias de mudança e esperança. O público democrata presente no pavilhão reagiu efusivamente, ao mesmo tempo que as críticas da comunicação social foram consensualmente positivas.
Para hoje, no segundo dia da Convenção, os democratas tencionam manter o ímpeto conseguido na véspera e continuar a marcar pontos políticos que podem ser decisivos na corrida para a Casa Branca. E, para o conseguirem, nada melhor do que um dos melhores jogadores políticos, senão o melhor, que contam nas suas fileiras: Bill Clinton, o 42º Presidente dos EUA, discursará hoje e apresentará o seu caso, perante o público americano, a favor de um segundo mandato para Obama.
Até ver, os democratas estão a bater aos pontos os seus adversários republicanos, no que às convenções diz respeito. Mas, mais logo, veremos, se Clinton é capaz de, como se espera, manter ou até elevar a fasquia que Michelle Obama já colocou muito alta na noite de ontem.
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