A Convenção Nacional Republicana terminou, a semana passada, com o habitual discurso de aceitação da nomeação por parte do candidato presidencial do partido. Para Mitt Romney, este era a sua grande oportunidade para transmitir uma boa imagem de si mesmo ao povo americano e para ganhar momentum na corrida presidencial, de forma a entrar na fase decisiva da campanha eleitoral com melhores probabilidades de derrotar Barack Obama.
Mas, a meu ver, o discurso de Mitt Romney foi uma oportunidade falhada. É certo que conseguiu mostrar o seu lado humano, desmontando algumas ideias com que os democratas vão tentando denegrir a sua imagem, como por exemplo, ao defender o seu passado na Bain Capital e ao sossegar o eleitorado feminino, junto do qual tem tido algumas dificuldades. Contudo, e apesar da defesa da sua imagem pessoal e dos ataques a Obama, Romney não foi capaz de apresentar o seu caso aos eleitores americanos. Ao não explicar como cumprirá as suas grandes promessas eleitorais (como irá, por exemplo, ser capaz de reduzir ao défice depois de baixar os impostos e aumentar a despesa com a Defesa, por exemplo?), o candidato republicano falha na questão essencial nesta eleição: porque é que os americanos estarão melhor com Romney na Casa Branca.
Além do conteúdo, há também a forma do discurso de Romney. Já se sabia que o antigo Governador do Massachusetts não é um grande orador, mas a verdade é que o seu discurso não foi galvanizador, não foi entusiasmante e não pareceu ter representado um momento de viragem na corrida. De facto, pela maior parte das opiniões nos media, e mesmo entre a Direita norte-americana, o discurso de Romney não foi o game changer de que os republicanos necessitavam, até porque os americanos não pareceram muito interessados naquilo que Romney tinha a dizer (as audiências do discurso foram as mais baixas dos últimos anos).
Assim sendo, a corrida pela Casa Branca, continua, ainda que ligeiramente, favorável a Obama. Aliás, segundo as sondagens, os republicanos não conseguiram um bounce significativo nas intenções de voto dos norte-americanos. Pelo contrário, o modelo de Nate Silver atribui, nesta altura, quase 75% probabilidades de vitória a Obama, isto ainda antes da Convenção Democrata, que começa hoje, em Charlotte.
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