sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Cartoon: à espera de Christie

Para terminar a semana, nada melhor do que um divertido cartoon sobre Chris Christie e todo o buzz mediático que se está a criar em redor da sua possível candidatura à Casa Branca. Com muitos republicanos ainda descontentes com o actual leque de concorrentes presidenciais do seu partido, até o próprio Christie, que sempre rejeitou a hipótese de entrar na corrida, parece estar agora a reconsiderar a sua posição.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O colapso de Rick Perry

Rick Perry entrou tarde na corrida presidencial, mas quando o fez foi em força e directamente para o topo das sondagens, acabando com o grande favoritismo de Mitt Romney e colocando um travão na ascensão de Michelle Bachmann, que parecia imbatível no Iowa. Contudo, depois das suas fracas prestações nos debates televisivos, o Governador do Texas começou a perder gás. Agora, conhecendo-se os resultados das sondagens mais recentes, parece que esse momento negativo é ainda pior do que se pensava.
Uma sondagem de âmbito nacional, da responsabilidade da Fox News, devolveu Romney à liderança, com 23% dos votos, ficando Perry na segunda posição, com 19%. Em terceiro lugar, surgiu, de forma surpreendente, Herman Cain (17%), que parece estar a ganhar uma segunda vida depois de ter vencido uma sraw poll na Florida. Estes números, mais que uma subida de Romney (subiu apenas um ponto percentual desde a última sondagem) mostram claramente que Perry está em declínio, tendo descido 10% nas intenções de voto.
Mas as más notícias para Rick Perry não se ficam por aqui. Outras sondagens de nível estadual representam ainda maiores problemas para o texano, que está também em perda em dois dos mais importantes Estados nas primárias, onde liderava até há pouco tempo, o Iowa e a Florida. No primeiro, uma sondagem da American Research Group, caiu mesmo para o terceiro posto, sendo ultrapassado por Romney e por Bachmann. Já no solarengo Estado da Florida, um estudo da PPP também indicou uma quebra de Perry, que foi regelado para a segunda posição e novamente por Mitt Romney.
Estes números são deveras preocupantes para Perry, cujas hipóteses de obter a nomeação parecem começar a estar comprometidas. Para inverter a tendência, a sua campanha terá de agir e depressa de forma a inverter esta tendência negativa. Uma medida sensata (e urgente) seria a de retirar o candidato do trilho da campanha durante alguns dias, de forma a que Perry pudesse ser melhor preparado para enfrentar as perguntas dos moderadores e os ataques dos seus adversários nos debates televisivos, que têm sido o seu grande calcanhar de Aquiles. Porque se mantiver o nível das suas prestações anteriores, a campanha de Perry poderá estar moribunda ainda antes de chegarem os caucus do Iowa.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Christie 2012? No, no and no!

Numa altura em que se volta a falar insistentemente de uma possível entrada de Chris Christie na corrida pela nomeação presidencial republicana, o Politico apresenta-nos uma curiosa compilação com as várias ocasiões em que o actual Governador de New Jersey negou categoricamente a possibilidade de se candidatar à Casa Branca no próximo ano. Vista esta série de "nãos", fica claro que dificilmente Christie poderá mudar de ideias e, afinal de contas, tentar a sua sorte já em 2012.

Reforma da Saúde no Supremo Tribunal

Como se previa há algum tempo, desde que vários Estados recorreram da sua constitucionalidade, a reforma da saúde, aprovada em 2010 pelos democratas, está agora nas mãos do Supremo Tribunal norte-americano, que deverá anunciar uma decisão algures durante o Verão de 2012, ou seja, em plena campanha presidencial. Assim, a maior vitória legislativa de Barack Obama, mas também o maior ponto de discórdia em relação à sua presidência, promete ser um dos principais destaques da corrida pela Casa Branca.
É difícil antever a decisão do mais importante órgão judicial dos Estados Unidos, mas é praticamente certo que deverá caber ao habitual fiel da balança do Supremo Tribunal, o juiz Anthony Kennedy, o voto decisivo, já que, devido à divisão ideológica deste tribunal (e sobre isso já falei aqui), é de prever que os quatro juízes conservadores votem pela inconstitucionalidade da reforma também conhecida como Obamacare, enquanto os quatro juízes liberais defendam a sua legalidade.
Seja como for, é um dado adquirido que esta disputa nos tribunais irá marcar de forma vincada a campanha eleitoral do próximo ano. Se o Supreme Court se decidir pela constitucionalidade da reforma da saúde, então Barack Obama poderá conseguir um poderoso argumento para dar a volta à relativa impopularidade do Patient Protection and Affordable Care Act, o nome oficial da reforma. Caso contrário, serão os republicanos os beneficiados, já que terá o peso da decisão do Supremo Tribunal a dar razão às suas posições sobre o overreach do braço do Estado Federal sobre a vida do cidadão comum. Porém, nesse cenário, Obama não fica totalmente sem opções, já que pode optar por atacar a excessiva influência de um Supremo dominado por uma maioria de conservadores, táctica já utilizada por Franklin Roosevelt e mesmo por Obama, quando criticou a posição da mais alta instância judicial relativamente às contribuições financeiras para as campanhas políticas.
Está então nas mãos do Supremo Tribunal aquele que será, muito provavelmente, o destino da mais importante peça legislativa das últimas décadas nos Estados Unidos. Se for considerada inconstitucional, Obama perde a principal bandeira do seu primeiro mandato e sofre um enorme rombo no seu legado como Presidente. Por outro lado, a ser validada pelo Supremo, a reforma da saúde torna-se praticamente impossível de reverter no futuro.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A guerra dos anúncios já começou

Já é sabido que as eleições primárias são discutidas nas alas ideológicas dos partidos, à Esquerda no caso democrata e à Direita no caso republicano, enquanto que a eleição geral é discutida ao centro, na disputa pelo eleitorado independente e mais moderado. Dessa forma, é frequente que nas primárias os candidatos assumam posições mais próximas das das bases do seu partido, fazendo, depois de nomeados, uma viragem ao centro no seu discurso. 
Contudo, não raras vezes, as posições mais extremistas, declaradas durante as primárias, voltam para assombrar os candidatos durante as eleições gerais, em alguns casos com consequências danosas para as chances de eleição dos políticos em questão. Assim, os debates entre os concorrentes à nomeação por um dos partidos são uma das principais fontes de material para o partido adversário, já que é natural que esses momentos, geralmente importantes para atrair os eleitores mais militantes do partido em causa, sejam férteis em declarações polémicas ou distantes daquilo a que o eleitor comum estará habituado a ouvir.
O Democratic National Committee (DNC) não perdeu tempo e, apesar de ainda estarmos muito longe da eleição presidencial do próximo ano, já começou a atacar os candidatos republicanos à Casa Branca, utilizando, para isso, imagens dos debates entre eles. No vídeo, vemos atitudes de gosto duvidoso por parte da audiência dos debates, normalmente constituída por die hard conservatives, seja a aplaudir o número recorde de execuções da pena de morte no Texas, ou a apupar um membro das Forças Armadas homossexual, sem que, como salienta o anúncio do DNC, nenhum dos candidatos se insurja contra a reacção do público.
Parece-me que esta é uma estratégia acertada por parte dos democratas, que, face à impopularidade de Barack Obama e à situação económica do país, têm na táctica de "pintar" os republicanos como radicais a sua melhor hipóteses de manter a Casa Branca. Nesse sentido, anúncios como este, em que os candidatos republicanos não saem nada favorecidos, podem ser bastante benéficos para a obtenção desse objectivo.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Florida, como sempre decisiva

Já é tradição que a Florida seja um dos mais importantes Estados numa eleição presidencial norte-americana. O caso mais flagrante foi quando, em 2000, Bush alcançou a presidência depois de vencer, de forma muito contestada, Al Gore no sunshine state, ainda que tenha recebido menos votos a nível nacional do que o seu opositor. Contudo, a relevância da Florida parece estar a estender-se também para as eleições primárias.
Já em 2008, foi a vitoria na primária da Florida que lançou definitivamente John McCain para a nomeação republicana. Agora, o solarengo Estado do Sul dos Estados Unidos promete também desempenhar um importante papel nas primárias republicanas. Isto porque a Florida é o quinto Estado a ir a votos no calendário republicano, depois de Iowa, New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul. Acontece que, pelo menos actualmente, é previsível que Rick Perry e Mitt Romney dividam esses Estados entre eles, com Perry a vencer no Iowa e na Carolina do Sul, ficando Romney com o New Hampshire e o Nevada. Assim, seria a Florida a desempatar a corrida antes da Super Tuesday, momento onde ocorrem várias eleições simultaneamente e onde, face à quantidade de Estados em jogo, o momentum com que se lá chega acaba por ser determinante.Para já, e segundo uma sondagem da Quinnipiac, é Rick Perry que leva vantagem, com 28% das intenções de voto, contra 22% de Romney. 
Contudo, há ainda muito tempo para que Romney consiga dar a volta a recuperar o terreno perdido para Perry, que, relembre-se, tem a vantagem de ser sulista. E a resposta do antigo Governador do Massachusetts na Florida pode começar já hoje, quando tiver lugar mais um debate entre os candidatos presidenciais do GOP, precisamente no sunshine state, na cidade de Orlando, num evento organizado pela Fox News e pela Google. Até porque se tivermos em conta as últimas prestações de Perry e Romney em debates televisivos, então o último tem motivos para estar optimista.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Obama 2012: thank God for the republican candidates

Nos últimos tempos, os índices de aprovação do trabalho do Presidente não têm parado de descer, o que não podem ser boas notícias para o actual ocupante da Sala Oval. Como se vê no gráfico de cima, a média do Real Clear Politics (RCP) coloca já a taxa de eleitores que estão descontentes com o trabalho do Presidente acima da fasquia dos 50%, número que, a manterem-se, podem significar que será um republicano a ocupar a Casa Branca a partir de 20 de Janeiro de 2013.
Quando vemos as sondagens que colocam Obama frente a um opositor republicano genérico, sem ser nomeado qualquer candidato específico, as notícias continua a ser negativas para o Presidente, já que, segundo a média do RCP, mais norte-americanos escolheriam votar no candidato republicano do que em Obama - ainda que a diferença seja apenas de meio ponto percentual (44% contra 43,5%). 
Todavia, quando é dado um nome e uma cara ao adversário de Obama nas eleições do próximo ano, as coisas mudam de figura e todos os candidatos republicanos ficam atrás atrás do actual Presidente. Mitt Romney é quem consegue os melhores resultados, surgindo (sempre de acordo com as médias do RCP) a apenas 1.9% de Barack Obama. Ron Paul é, depois de antigo Governador do Massachusetts quem mais perto fica de Obama, a apenas 3.3 pontos percentuais. Por sua vez, Rick Perry, fica a uns algo distantes 6.7%, o que talvez signifique que poderá não ser o candidato republicano mais elegível num possível confronto com Obama na eleição geral. Todos os outros concorrentes do GOP ficam muito distantes de Barack Obama, a mais de 10 pontos.
Assim, e apesar de haver quem diga que o antigo Senador do Illinois é já o underdog da corrida (por exemplo, a Intrade já coloca as suas hipóteses de reeleição abaixo dos 50%), Barack Obama ainda é um forte candidato à reeleição. Contudo, isso deve-se, em grande medida, ao facto de os norte-americanos, que estão cada vez menos satisfeitos com o seu Presidente, também não morrerem de amores pelos candidatos republicanos. Assim, e por irónico que pareça, Barack Obama tem muito que agradecer aos seus adversários, pois podem ser eles (e as suas fragilidades) a garantirem-lhe um segundo mandato na Casa Branca.

sábado, 17 de setembro de 2011

Barómetro 2012 - Update

Barack Obama O conteúdo do seu plano para combater o desemprego foi bem recebido pela maioria dos americanos e mesmo os republicanos terão dificuldades em combater a proposta que contempla cortes de impostos. Contudo, os seus números nas sondagens continuam em queda.
Mitt Romney As suas prestações nos últimos debates parecem terem travado a descida nos estudos de opinião, dado que a diferença para Rick Perry tem vindo a estabilizar. A competência e a segurança que demonstra fazem dele o candidato republicano melhor preparado para enfrentar Barack Obama na eleição geral.
Newt Gingrich A campanha do antigo Speaker continua a ser uma grande desilusão. Sem hipótese de chegar aos primeiros lugares, Gingrich deverá estar à espera de uma boa oportunidade para desistir da corrida.
Sarah Palin Começa a ser tarde para alguém entrar na corrida, mesmo quando esse alguém se chama Sarah Palin. Até haver novidades, desaparece desta lista.
John Huntsman Tem tentado colocar-se como o candidato da diferença nas primárias do GOP. Moderado e razoável, dificilmente ganhará ímpeto numa campanha desequilibrada à Direita. Tentar fazer piadas usando músicas dos Nirvana diante de uma audiência composta por apoiantes do Tea Party também não me parece ser uma estratégia muito inteligente.
Rick Santorum Não tem estado mal nos debates, atacando de forma efectiva os seus opositores. Aposta tudo nos caucus do Iowa, mas com Perry, Bachmann, Romney e até Paul na corrida, não passará desse Estado do Midwest.
Rick Perry Apesar das suas prestações nos debates televisivos, que não são, já se viu, a sua especialidade, tem sido capaz de controlar os danos. Continua com uma vantagem interessante sobre os seus mais directos adversários nas sondagens e parece ser, no momento, o alvo a abater.
Michelle Bachmann A grande prejudicada pela entrada na corrida de Rick Perry, numa altura em que era a sensação da campanha presidencial. Agora, está em clara perda e uma vitória no Iowa, que chegou a parecer provável, está cada vez mais distante.
Ron Paul Em 2008, ganhou notoriedade devido às suas prestações nos debates, onde parecia derrotar os outros candidatos com o poder da retórica. Desta vez, porém, parece algo perdido e dá "tiros nos pés" com frequência.
Herman Cain Depois de um arranque de campanha onde chegou a ser visto como uma possível surpresa, é agora claro que a sua candidatura não será mais que uma pequena nota de rodapé quando, no futuro, se falar das eleições de 2012.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Manipulando as eleições de 2012

Como se sabe, as eleições presidenciais nos Estados Unidos têm um sistema algo complicado para os menos acostumados com estas andanças, mas, ainda assim, bastante interessante. Em vez do modo tradicional de ganhar eleições, onde o vencedor é o candidato com mais votos expressos nas urnas, os norte-americanos adoptaram um modelo de colégio eleitoral. A cada Estado é atribuído um número de votos eleitorais (correspondente ao número de senadores e representantes desse Estado no Congresso) e o candidato vencedor no Estado recebe esse total de votos eleitorais. O vencedor final é aquele que, no final das contas, tiver atingido a maioria do total dos votos eleitorais a nível nacional - o número mágico é 270. Assim, a disputa pela presidência dos Estados Unido, em vez de uma grande corrida a nível nacional, consiste em várias pequenas batalhas pelos chamados swing states.
Todavia, na Pennsylvania, parece estar em curso uma tentativa de mudar as regras do jogo, adaptando aquilo que já se faz nos Estados do Maine e do Nebraska (mas aqui sem influência no desfecho das eleições). Os republicanos, que controlam os órgãos legislativos e executivos locais, tencionam mudar as regras de atribuição dos votos eleitorais do Estado, mudando do sistema de winner takes all para um em que o vencedor em cada distrito congressional receba um voto eleitoral, passando a ser apenas dois os votos eleitorais atribuídos directamente ao candidato mais votado a nível estadual.  Neste caso, mesmo que Barack Obama seja o candidato com mais votos no Estado, é bem provável que só conseguisse cerca de 8 dos 20 votos eleitorais da Pennsylvania, visto que o desenho dos distritos, da autoria da maioria republicana, é-lhe altamente prejudicial.
Ora, se os republicanos conseguirem avançar com este projecto, isso pode ter graves implicações numa eleição renhida, como se prevê que seja a do próximo ano. Para o evitar, os democratas pouco mais podem fazer do que influenciar a opinião pública e denunciar esta estratégia republicana como aquilo que é: batota. A Constituição entrega aos Estados a responsabilidade de escolherem a forma de atribuição dos seus votos eleitorais, mas esta atitude dos republicanos não é mais do que uma forma de manipular as regras do jogo para proveito próprio. Nas próximas semanas estarei atento ao desenrolar desta história, mas, a meu ver, espero que a táctica em questão não siga em frente. A bem da justiça e da emoção das eleições presidenciais de 2012.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Cartoon: As verdades de Rick Perry

Vitórias republicanas a Norte e a Oeste

Continuam as más notícias para os democratas. Ontem foi dia de eleições especiais para o Congresso dos Estados Unidos em dois distritos, um em Nova Iorque, outro no Nevada. E ambos caíram para o lado dos republicanos.
No Nevada, já se esperava que os republicanos fossem capazes de manter o assento na Câmara dos Representantes que ocupavam, mas a margem da vitória (58% contra 36%) não deixa de ser contundente, em especial tratando-se de um swing state para as eleições presidenciais do próximo ano. Assim, este resultado deve preocupar os democratas e, em especial, Barack Obama.
Por sua vez, o desfecho da eleição em Nova Iorque, num distrito que agrega as zonas de Queens e de Brooklyn, terreno onde os democratas têm uma vantagem de três para um em eleitores registados, envia um sinal alarmante para o Partido Democrata, que parece estar em perda mesmo entre as suas bases. Esta derrota é, pelo menos em parte, explicada pelo escândalo que envolveu o anterior detentor do cargo, o democrata Anthony Weiner, que se demitiu depois de um escândalo sexual, mas também pela impopularidade de Obama entre a comunidade judaica nos Estados Unidos e que compunha grande parte do eleitorado neste distrito. 
Apesar de se tratarem de apenas duas eleições especiais para a Câmara dos Representantes, com pouca ou nenhuma expressão política em termos efectivos, a verdade é que estes dois resultados comprovam a fragilidade dos democratas e do Presidente, mesmo numa altura em que os republicanos do Congresso são ainda mais impopulares. Assim, e para desfortúnio do Partido Democrata, parece que o actual clima político dos Estados Unidos se assemelha mais ao dos anos das vitórias republicanas, de 2009 e 2010, do que a 2006 e 2008, quando os democratas varreram o mapa.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Mitt vs Rick

Com um novo debate a ter lugar ontem, em Tampa Bay, na Florida, patrocinado pela CNN e pelo Tea Party Express, a disputa pela nomeação republicana está já a todo o vapor. E, apesar de ainda faltar muito tempo até ao início oficial das primárias, a verdade é que a corrida começa a ficar cada vez mais definida. Neste momento, tudo indica que iremos assistir a uma luta a dois, entre Rick Perry, que entrou directamente para o topo das sondagens, e Mitt Romney, que parece ser o único capaz de travar o momentum do Governador do Texas. 
Estes dois concorrentes têm dominado as atenções e, conscientes de que a nomeação deverá ir para um deles, aproveitaram os dois últimos debates para vincarem bem as diferenças que os separam, em especial nas suas ideias relativamente à Segurança Social, programa que Romney defende, mas que Perry caracteriza como um esquema fraudulento. E, de facto, estes dois candidatos são bastante diferentes um do outro, a começar logo pelo local de onde são provenientes: Romney do Nordeste e Perry do Sul. Mas também a nível ideológico - e apesar de pertencerem ao mesmo partido - se encontram algo afastados. Enquanto que Mitt é um republicano relativamente moderado, de tal forma que conseguiu ser eleito Governador do Massachusetts, um dos Estados mais liberais da União, Rick é um verdadeiro conservador, tendo substituído George W. Bush como Governador do Texas, um Estado solidamente republicano. 
Ambos são concorrentes formidáveis, mas com forças e fraquezas também diametralmente distintas. Mitt Romney conta com um importante currículo em matérias de gestão e economia, o que, nos tempos que correm, é realmente vantajoso. Além disso, a sua (falhada) candidatura presidencial em 2008 trouxe-lhe uma importante experiência em campanhas desta dimensão, assim como um reconhecimento a nível nacional. Finalmente, é capaz de manter uma mensagem constante e sai-se bem nos debates, como tem demonstrado ultimamente. Por outro lado, é visto como um flip-flopper, ou seja, um político que dirá o que for preciso para ser eleito, mesmo que isso signifique adaptar ou mudar as suas ideias de modo a vencer a eleição e tem na reforma de saúde que aprovou enquanto Governador (semelhante ao diabolizado "Obamacare") um grande calcanhar de Aquiles na luta pela nomeação do seu partido.
Por sua vez, Rick Perry, é um político experimentado, com um currículo político invejável e digno de um Presidente dos Estados Unidos, fruto dos onze anos que leva à frente dos destinos do segundo maior Estado norte-americano. As suas credenciais conservadoras fazem dele um favorito dos Tea Party, o que, numas primárias republicanas desequilibradas à Direita, pode fazer toda a diferença. Conta ainda com abrangentes apoios no seio da estrutura republicana e com uma extraordinária capacidade de angariação de fundos, elementos fundamentais para uma campanha política nos Estados Unidos. Contra si tem o facto de não ter ainda um nome completamente solidificado na arena política nacional e de nunca ter passado por todo o processo de escrutínio público e mediático de um candidato presidencial. É ainda alguém com uma certa tendência para gaffes e para intervenções explosivas que podem, de um momento para o outro, prejudicar seriamente as suas hipóteses. Por fim, o seu conservadorismo pode também ser uma desvantagem, já que em doses radicais (como quando ataca a Segurança Social ou nega o aquecimento global) pode afastar os republicanos mais moderados e os independentes.
Daqui para a frente, é de esperar que a tendência para a bipolarização da corrida se acentue, à medida que os dois frontrunners vão ganhando ímpeto e que os restantes concorrentes vão perdendo gás e viabilidade. Ontem, já tivemos uma pequena amostra, com o anúncio de dois importantes endorsments, um para cada lado. Primeiro, foi Tim Pawlenty, que há poucas semanas saiu da corrida à Casa Branca, a comunicar o seu apoio a Mitt Romney. Mais tarde, foi a vez de Bobby Jindal, Governador do Louisiana e uma das maiores promessas políticas do GOP, anunciar que apoia Rick Perry para a presidência dos Estados Unidos. No futuro, será interessante perceber para que lado vão caindo os apoios das grandes figuras do Partido Republicano. Perry tem a vantagem de já ter sido Presidente da Associação dos Governadores Republicanos e de ser um jogador importante no establishment do GOP. Todavia, Romney pode beneficiar da  percepção de que será um candidato mais forte na eleição geral frente a Obama do que o texano. E isso, como se pode comprovar pela história das nomeações republicanas, pode ser um importante factor.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Mais um debate

Com a campanha para as eleições primárias republicanas em plena carburação, sucedem-se os debates televisivos entre os candidatos à nomeação presidencial pelo GOP. Na passada Quarta-feira, teve lugar o mais recente destes encontros, num evento organizado pela MSNBC e pelo Politico. Como estive de férias, não acompanhei este debate, que tinha como grande ponto de interesse o facto de se tratar da estreia de Rick Perry nos frente-a-frente com os seus adversários. Pelo que li, o Governador do Texas não esteve mal e conseguiu evitar eventuais gaffes que prejudicassem seriamente as suas hipóteses junto do eleitorado. Ainda assim, Mitt Romney terá sido o vencedor, conseguindo demarcar bem a diferença entre si e Perry no que diz respeito à defesa da Segurança Social, um programa muito criticado pelas alas mais conservadoras do Partido Republicano, mas acarinhado pela grande maioria da população norte-americana. Apesar de discordâncias como esta entre os candidatos republicanos, a verdade é que existem dois denominadores comuns no discurso de todos eles, como nos demonstra este curioso vídeo retirado do Political Wire: cortes nos impostos e Ronald Reagan.

domingo, 11 de setembro de 2011

Obama no Ground Zero

Barack Obama, que nas anteriores comemorações do 11 de Setembro durante o seu mandato nunca se tinha deslocado ao Ground Zero, em Nova Iorque, participou nas comemorações dos ataques ao World Trade Center, há dez anos atrás. Não sendo uma ocasião política, Obama absteve-se de discursar, mas leu uma passagem de um salmo em honra das vítimas dos maiores atentados terroristas da história.

11 de Setembro - 10 anos

Mesmo de férias (voltarei já amanhã), o Máquina Política não pode deixar passar em claro a efeméride que hoje se comemora. Foi há exactamente dez anos que os maiores atentados terroristas da história da Humanidade tiveram lugar, com os ataques aos centros financeiros, militares e políticos (o avião que se despenhou na Pensilvânia teria como alvo a Casa Branca ou o Capitólio) dos Estados Unidos da América por parte da Al-Qaeda de Bin Laden. Quase três mil pessoas morreram na sequência dos atentados, além das largas centenas de pessoal de socorro e de apoio que trabalhou e ajudou nos dias e semanas seguintes no Ground Zero e que tiveram problemas de saúde decorrentes da inalação dos fumos tóxicos que emanavam dos escombros do que outrora tinha sido o World Trade Center. Essas foram as principais vítimas do 11 de Setembro, mas, nesse dia, ninguém ficou indiferente à tragédia que mudou o mundo. Hoje, em Nova Iorque, George W. Bush e Barack Obama estarão juntos para recordar o décimo aniversário do dia mais infame da história norte-americana depois de Pearl Harbor. Que a memória da catástrofe se mantenha viva, para que nunca se repita.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Um novo frontrunner?

Durante largos meses, Mitt Romney foi o incontestável favorito a conseguir, no próximo ano, a nomeação presidencial pelo Partido Republicano. Todavia, a entrada de Rick Perry na corrida veio mudar drasticamente o status quo anterior e, com as sondagens a apontarem o Governador do Texas como o melhor colocado a vencer as primárias do seu partido, já muitos o consideram o novo frontrunner.
Por outro lado, há quem recorde - e com razão - que, a quase seis meses de distância do caucus do Iowa (que deve ter lugar em Fevereiro do próximo ano), ainda muito se irá passar. Porém, não é por acaso que o Verão e Outono que antecedem as primárias presidenciais são apelidadas de "pré-primárias". Isto porque é nesta época que os candidatos angariam fundos que lhes permitem financiar as suas dispendiosas campanhas presidenciais e que amealham importantes apoios da estrutura partidárias, figuras emblemáticas, etc. Assim, é muito importante demonstrar a sua competitividade e viabilidade eleitoral, de modo a não afugentar os potenciais financiadores e apoiantes que serão primordiais para a longa campanha que se avizinha.
Há também quem defenda que o actual sucesso de Rick Perry nas sondagens é apenas um bump natural, decorrente do anúncio da sua candidatura. Contudo, a subida dos números do texano tem sido consistente e parece algo mais que isso. Até porque Perry não se limita a conseguir bons resultados em sondagens nacionais frente aos seus opositores republicanos, mas consegue também surgir à frente em Estados que estariam, à partida, seguros para Romney (como no Nevada) e mesmo em match-ups com Barack Obama.
Não quero com isto dizer que Rick Perry é o inevitável vencedor. Mitt Romney é ainda um formidável concorrente e conta com importantes vantagens do seu lado. Em primeiro lugar, o antigo Governador do Massachusetts beneficia do facto de a ala mais conservadora do GOP estar sobre-representada no leque de candidatos presidenciais (Perry, Bachmann, Santorum, eventualmente Sarah Palin, etc.). Assim, Perry terá de se bater pelo voto dos eleitores mais conservadores com uma data de concorrentes de segunda linha que, apesar de não terem hipóteses de chegar à nomeação, podem retirá-la ao Governador do Texas. Em sentido contrário, Romney está praticamente sem oposição na disputa pelo eleitorado mais moderado, visto que John Huntsman teima em não subir de um insignificante 1% nas sondagens.Depois, é preciso não esquecer que Romney já passou por uma campanha presidencial e, por isso, já experimentou o apertado escrutínio público e mediático. Rick Perry, pelo contrário, está agora a estrear-se nestas andanças e nunca se sabe o que poderá surgir quando a comunicação social e os seus opositores começaram a "vetar" todo o seu passado.
Ainda assim, é por demais evidente que Romney tem todas as razões para estar tremendamente preocupado com Rick Perry e que a sua campanha terá de reagir energicamente e de testar novas estratégias (o volte-face na decisão de não competir no Iowa já é, certamente, uma reacção à emergência de Perry) caso queira defrontar Barack Obama na eleição geral, em Novembro de 2012.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Regresso agitado

Depois do período de férias do Congresso norte-americano, durante o qual o destaque noticioso foi quase exclusivamente dedicado à campanha pela nomeação republicana e pelo furacão Irene, antecipa-se, agora, o regresso à "batalha" política em Washington D.C., entre democratas e republicanos, não esquecendo, claro está, o Presidente.
Para assinalar a reentré política, Barack Obama optou por agendar um discurso no Capitólio, perante as duas câmaras do Congresso, onde apresentará o seu novo plano para combater o desemprego e reduzir o défice. Mas a própria marcação da data desse discurso já gerou polémica, devido ao facto de a  Casa Branca ter marcado, inicialmente, a comunicação do Presidente para a mesma hora em que os candidatos presidenciais republicanos estariam a participar num debate televisivo. Provavelmente, a estratégia de Obama seria ofuscar os seus opositores, salientando as diferenças entre si e meros candidatos ao seu lugar. Contudo, depois da forte oposição do GOP, com o speaker John Boehner em destaque, e porventura temendo que a politics ofuscasse a policy (à falta de uma tradução competente em português), Obama desistiu dessa ideia e agendou o seu discurso para o dia seguinte, dia 8 de Setembro. Assim sendo, não se percebe a estratégia da Casa Branca, que rapidamente desistiu do seu intento inicial, e que apenas lhe valeu publicidade negativa.
Erros tácticos como este em nada ajudam Obama, que, depois de um Verão em que viu os seus números nas sondagens descerem a pique, atingindo os valores mais baixos desde que está na Casa Branca, necessita urgentemente de voltar a dominar a narrativa política e de evitar discussões fúteis que o distraiam das temáticas mais importantes da governação. Para o fazer, é fulcral transmitir a ideia de que a recuperação económica dos Estados Unidos é a sua principal prioridade e, depois, esperar que as suas políticas tenham resultados práticos. Até porque o que ainda o tem aguentado nos estudos de opinião é a noção de que não é o principal  culpado pela grave situação da economia norte-americana, mas sim o seu antecessor, George W. Bush. Se essa percepção mudar, então Obama estará mesmo em péssimos lençóis.