Com um novo debate a ter lugar ontem, em Tampa Bay, na Florida, patrocinado pela CNN e pelo Tea Party Express, a disputa pela nomeação republicana está já a todo o vapor. E, apesar de ainda faltar muito tempo até ao início oficial das primárias, a verdade é que a corrida começa a ficar cada vez mais definida. Neste momento, tudo indica que iremos assistir a uma luta a dois, entre Rick Perry, que entrou directamente para o topo das sondagens, e Mitt Romney, que parece ser o único capaz de travar o momentum do Governador do Texas.
Estes dois concorrentes têm dominado as atenções e, conscientes de que a nomeação deverá ir para um deles, aproveitaram os dois últimos debates para vincarem bem as diferenças que os separam, em especial nas suas ideias relativamente à Segurança Social, programa que Romney defende, mas que Perry caracteriza como um esquema fraudulento. E, de facto, estes dois candidatos são bastante diferentes um do outro, a começar logo pelo local de onde são provenientes: Romney do Nordeste e Perry do Sul. Mas também a nível ideológico - e apesar de pertencerem ao mesmo partido - se encontram algo afastados. Enquanto que Mitt é um republicano relativamente moderado, de tal forma que conseguiu ser eleito Governador do Massachusetts, um dos Estados mais liberais da União, Rick é um verdadeiro conservador, tendo substituído George W. Bush como Governador do Texas, um Estado solidamente republicano.
Ambos são concorrentes formidáveis, mas com forças e fraquezas também diametralmente distintas. Mitt Romney conta com um importante currículo em matérias de gestão e economia, o que, nos tempos que correm, é realmente vantajoso. Além disso, a sua (falhada) candidatura presidencial em 2008 trouxe-lhe uma importante experiência em campanhas desta dimensão, assim como um reconhecimento a nível nacional. Finalmente, é capaz de manter uma mensagem constante e sai-se bem nos debates, como tem demonstrado ultimamente. Por outro lado, é visto como um flip-flopper, ou seja, um político que dirá o que for preciso para ser eleito, mesmo que isso signifique adaptar ou mudar as suas ideias de modo a vencer a eleição e tem na reforma de saúde que aprovou enquanto Governador (semelhante ao diabolizado "Obamacare") um grande calcanhar de Aquiles na luta pela nomeação do seu partido.
Por sua vez, Rick Perry, é um político experimentado, com um currículo político invejável e digno de um Presidente dos Estados Unidos, fruto dos onze anos que leva à frente dos destinos do segundo maior Estado norte-americano. As suas credenciais conservadoras fazem dele um favorito dos Tea Party, o que, numas primárias republicanas desequilibradas à Direita, pode fazer toda a diferença. Conta ainda com abrangentes apoios no seio da estrutura republicana e com uma extraordinária capacidade de angariação de fundos, elementos fundamentais para uma campanha política nos Estados Unidos. Contra si tem o facto de não ter ainda um nome completamente solidificado na arena política nacional e de nunca ter passado por todo o processo de escrutínio público e mediático de um candidato presidencial. É ainda alguém com uma certa tendência para gaffes e para intervenções explosivas que podem, de um momento para o outro, prejudicar seriamente as suas hipóteses. Por fim, o seu conservadorismo pode também ser uma desvantagem, já que em doses radicais (como quando ataca a Segurança Social ou nega o aquecimento global) pode afastar os republicanos mais moderados e os independentes.
Daqui para a frente, é de esperar que a tendência para a bipolarização da corrida se acentue, à medida que os dois frontrunners vão ganhando ímpeto e que os restantes concorrentes vão perdendo gás e viabilidade. Ontem, já tivemos uma pequena amostra, com o anúncio de dois importantes endorsments, um para cada lado. Primeiro, foi Tim Pawlenty, que há poucas semanas saiu da corrida à Casa Branca, a comunicar o seu apoio a Mitt Romney. Mais tarde, foi a vez de Bobby Jindal, Governador do Louisiana e uma das maiores promessas políticas do GOP, anunciar que apoia Rick Perry para a presidência dos Estados Unidos. No futuro, será interessante perceber para que lado vão caindo os apoios das grandes figuras do Partido Republicano. Perry tem a vantagem de já ter sido Presidente da Associação dos Governadores Republicanos e de ser um jogador importante no establishment do GOP. Todavia, Romney pode beneficiar da percepção de que será um candidato mais forte na eleição geral frente a Obama do que o texano. E isso, como se pode comprovar pela história das nomeações republicanas, pode ser um importante factor.
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