quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Rick Perry entra em força

Rick Perry é candidato à Presidência dos Estados Unidos há pouco mais de uma semana. Contudo, a sua entrada tem mexido (e muito!) com a corrida. Agora, uma sondagem relativa à intenção de voto dos republicanos do Iowa - relembre-se, o primeiro Estado a dizer de sua justiça nas primárias presidenciais - comprova o impacto que o Governador do Texas provocou na campanha. Mas consultemos os resultados apresentados:

Rick Perry - 22%
Mitt Romney - 19%
Michelle Bachman - 18%
Ron Paul- 16%
Herman Cain - 7%
Newt Gingrich - 5%
Rick Santorum - 5%
John Huntsman - 3%

Assim sendo, estes números devem ser especialmente preocupantes para Michelle Bachman, que tem no Iowa a sua grande oportunidade de brilhar e de ganhar ímpeto para as primárias que se seguem ao Hawkeye State. Caso perca para Perry, terá grandes dificuldades em segurar o voto da ala mais conservadora do Partido Republicano, que verá no Texano um candidato mais viável. Também Romney parece estar a perder votos para Rick Perry, mas o antigo Governador do Massachusetts tem uma maior margem de manobra, decorrente da sua grande vantagem no New Hampshire e no Nevada.
Destaque ainda para o excelente resultado de Ron Paul, que, em 2008, não foi além de 10% dos votos e um correspondente quinto lugar. Quanto às restantes candidaturas, tudo indica que não passarão de meras notas de rodapé neste ciclo eleitoral, se bem que John Huntsman não irá competir no Iowa (com um eleitorado demasiadamente conservador para a sua ideologia moderada), preferindo apostar tudo no New Hampshire.

P.S. - Uma outra versão desta sondagem inclui Sarah Palin entre as hipóteses de voto. Contudo, dado que a candidata à vice-presidência em 2008 não está oficialmente na corrida à Casa Branca, optei por apresentar a versão "sem-Palin".

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Commander-in-Chief

Durante a histórica campanha presidencial de 2008, um dos principais talking points de Hillary Clinton, durante as primárias democratas, e de John McCain, antes da eleição geral, foi acusar Barack Obama de ser inexperiente e até ingénuo nas questões de segurança nacional e relações externas. O anúncio red phone de Hillary marcou a campanha democrata e até Joe Biden, na altura já candidato vice-presidencial, assumiu que o mundo testaria Obama durante os primeiros seis meses da sua presidência. Assim, estas matérias eram consideradas uma liability para a campanha de barack Obama.
Contudo, actualmente, tudo mudou. Depois do modo como Obama actuou relativamente à presença norte-americana no Iraque e no Afeganistão, retirando do primeiro país para reforçar o investimento no segundo, depois de ter eliminado Osama Bin Laden e de, agora, ter participado no esforço da NATO que, com sucesso, conseguiu derrubar o ditador líbio Muammar al-Kadaffi, o Presidente dos Estados Unidos tem já um importante currículo em matérias de defesa e relações externas e dificilmente poderá por aí ser criticado pelos seus opositores republicanos na campanha para as eleições presidenciais de 2012. Alías, isso ficou bem evidente nas tímidas e defensivas reacções dos candidatos presidenciais republicanos após a queda de Kadaffi, cientes de que neste ciclo eleitoral não poderão utilizar a política externa como arma de arremesso ao candidato democrata.
Ainda assim, e para infortúnio de Barack Obama, não deverão ser estas questões a decidir o desfecho da eleição de 2012. As vitórias militares e de política externa, apesar de importantes, serão rapidamente esquecidas pelos norte-americanos enquanto a economia do país não sair da estagnação e o desemprego se mantiver em níveis tão elevados. As eleições de 1992 foram um exemplo disso mesmo, quando George Bush, saído de uma vitória retumbante sobre Saddam Hussein na primeira Guerra do Golfo, foi derrotado por um pouco conhecido Bill Clinton que tinha como lema de campanha o lendário It's the economy, stupid! Mas também durante a presidência de Obama ficou já demonstrada a volatilidade das vitórias externas, visto que a subida do Presidente nas sondagens, após a morte de Bin Laden, foi de curta duração.
Seja como for, não se pode desprezar o comportamento de Barack Obama enquanto líder das forças armadas norte-americanas e apesar de esses triunfos não lhe valerem de muito quando for altura de lutar pela sua reeleição, o 44º Presidente dos EUA provou, pelo menos, que um civil sem experiência militar é perfeitamente capaz de cumprir o papel de Commander in Chief.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Barómetro 2012 - Update

Barack Obama Depois de os índices de aprovação do seu trabalho terem atingido mínimos históricos, Obama tentou responder com uma visita ao Midwest americano. Contudo, as suas férias em Martha's Vineyard valeram-lhe uma chuva de críticas por parte da oposição.
Mitt Romney Saiu-se bem no último debate televisivo e, pelo menos para já, sobreviveu ao buzz mediático que rodeou a entrada de Rick Perry na corrida. Os seus números no New Hampshire continuam ultra-sólidos.
Newt Gingrich A sangria no seu staff afinal ainda não terminou. Mal no debate e péssimo na Straw Poll, Newt é já um dead man walking, no que diz respeito às suas hipóteses na campanha eleitoral.
Sarah Palin O estatuto que adquiriu permite-lhe continuar nesta lista, mesmo sem se decidir publicamente quanto aos seus planos para 2012. Tem-se comportado de forma a manter a porta aberta relativamente a uma eventual candidatura e até Karl Rove acha que ela irá entrar na corrida. Contudo, pode apenas não passar de uma táctica para manter o seu nome nas bocas do mundo.
Tim Pawlenty Depois de um decepcionante terceiro lugar na Ames Straw Poll viu-se forçado a desistir da sua candidatura. Assim sendo, desaparece do barómetro.
John Huntsman Continua a mostrar-se como a voz mais moderada entre os candidatos republicanos. Deu o seu aval ao acordo sobre a dívida norte-americana e afirmou acreditar nos cientistas relativamente ao aquecimento global. Esse discurso poderia ser muito útil na eleição geral, mas, numas primárias republicanas desequilibradas para a Direita, Huntsman parece como um peixe fora de água.
Rick Santorum Ficou em 4º lugar na Sraw Poll, o que não sendo mau não  permite aumentar as esperanças de um bom resultado em 2012. De resto, continua ao ataque e a manter-se fiel às credenciais conservadoras.
Rick Perry O Governador do Texas entrou oficialmente na corrida e logo se colocou entre os principais favoritos à vitória. Será uma força a ter em conta durante as primárias republicanas, mas comentários como aquele em que desacreditou o aquecimento global podem ter consequências negativas numa eventual eleição geral.
Michelle Bachmann A vitória na Straw Poll confirmou-a como a grande favorita a ganhar no Iowa. Continua a afirmar-se como a heroína dos movimentos Tea Party, o que lhe poderá valer uma posição de força no seio do GOP, mas que não será suficiente para alcançar a nomeação.
Ron Paul Ficou muito perto de vencer em Ames, o que demonstra mais uma vez a extraordinária capacidade de organização e mobilização dos seus apoiantes. A continuar assim, o patriarca da família Paul pode dar mais que falar em 2012 do que em 2008,
Herman Cain Alguém tem dado por ele?

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Cartoon: O novo slogan de Obama


Obama faz-se à estrada

Numa semana em que os seus índices de popularidade desceram, pela primeira vez, abaixo da marca dos 40%, Barack Obama partiu numa bus tour pelo Midwest americano, onde pretende contactar directamente com alguns dos cidadãos mais afectados pela crise económica que assola os Estados Unidos e o mundo e ouvir as suas histórias e problemas. Esta região, além de ser uma das mais tocadas pela depressão na economia e pelo elevado desemprego, é também fundamental nas eleições presidenciais. Assim, o GOP não perdeu a oportunidade de atacar o Presidente, criticando aquilo a que apelidam de "acção de campanha paga com o dinheiro dos contribuintes". E, em abono da verdade, numa altura em que as primárias republicanas ocupam os destaques noticiosos, é bem possível que Obama esteja também a pensar na sua reeleição enquanto se faz à estrada num imponente autocarro pelas profundezas dos Estados Unidos.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Um Sábado em cheio

O Sábado que passou foi um dia recheado de importantes novidades relativas à disputa pela nomeação presidencial do Partido Republicano. Começou logo pela manhã, com a Ames Straw Poll, que resultaria numa consistente vitória para Michelle Bachmann, estendeu-se pela tarde, com o anúncio da candidatura de Rick Perry, e terminou já na madrugada e manhã do dia seguinte, com a desistência de Tim Pawlenty da corrida à Casa Branca.
No Iowa, ou, para ser mais preciso, em Ames, Michelle Bachmann provou que é a principal favorita a triunfar, no início do próximo ano, o caucus do Iowa, depois de vencer a Straw Poll, que, apesar de não passar de um evento informal, costuma ser um bom indicador do futuro vencedor do primeiro momento das primárias presidenciais. Com  4823 dos 16892 votos, a congressista do Minnesota bateu a concorrência, apesar de Ron Paul ter ficado a uma curta distância, angariando 4671 votos. Em terceiro lugar ficou Pawlenty que hipotecou, assim, a hipótese de conseguir um novo ímpeto para a sua campanha, que, devido aos fracos números que vinha a obter nas sondagens, estava necessitada de uma vitória, ou, pelo menos, de um forte segundo lugar neste evento no Iowa. Fora do Top 3 ficaram, por esta ordem, Rick Santorum, Herman Cain, Rick Perry (como write-in), Mitt Romney, Newt Gingrich e John Huntsman.
Ao mesmo tempo que decorria a Straw Poll no Iowa, Rick Perry anunciava a sua candidatura à presidência, tal como era esperado há já alguns dias. O seu timing foi perfeito, visto que ofuscou parcialmente o triunfo de Bachmann, com quem, ao que tudo indica, disputará a vitória no caucus do Iowa. O Governador do Texas entra automaticamente para o topo dos favoritos para conseguir a nomeação republicana. Estando à frente do segundo maior Estado da União e contando com bons contactos e apoios tanto no establishment republicano como entre os eleitores mais conservadores, Perry deverá ser o grande adversário de Mitt Romney na luta pela nomeação do GOP.
Tim Pawlenty é que é já uma carta fora do baralho. Depois do decepcionante terceiro lugar na Ames Straw Poll, não restava ao antigo Governador do Minnesota mais nenhum caminho que o pudesse levar à nomeação. Sem dinheiro e sem momentum, Pawlenty, depois de uma conference call com os seus principais assessores e de uma conversa com a sua esposa, anunciou que desistia da sua candidatura presidencial. Terminou assim a campanha de um candidato que chegou a ser apontado como um dos principais favoritos à vitória, mas que se mostrou incapaz de se tornar uma referência nacional e um concorrente credível pela nomeação presidencial republicana. 
No fim de contas, este fim-de-semana veio, sem dúvida, clarificar o estado da corrida presidencial republicana. Agora, parece evidente que o nomeado do GOP será, salvo qualquer surpresa, Mitt Romney ou Rick Perry, restando a Michelle Bachmann o papel de favorita da direita religiosa, à imagem de Mike Huckabee em 2008. Contudo, se vencer no Iowa e conseguir atrair muitos eleitores conservadores, Bachmann pode tornar-se uma ameaça para Rick Perry, que também almeja convencer o eleitorado de Direita. Temos, portanto, muitos pontos de interesse para seguir nos já menos de seis meses que faltam até ao caucus do Iowa. A corrida está lançada!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ames Straw Poll

Decorre amanhã um dos mais peculiares e interessantes eventos que antecedem o caucus do Iowa, que, no início do próximo ano, dará o pontapé de saída nas primárias presidenciais: a Ames Straw Poll. Na pequena cidade de Ames terá lugar uma grande festa do Partido Republicano do Estado, com o principal objectivo de angariar fundos para o GOP local. Incluído no evento, está a Straw Poll, uma espécie de sondagem informal, onde os participantes indicam qual o seu candidato preferido para as primárias presidenciais de 2012.
Apesar da importância relativa deste acontecimento, a verdade é que muitos candidatos apostam forte no dia de amanhã, pagando a entrada, o transporte e a alimentação dos seus apoiantes, de modo a conseguir um resultado positivo que demonstre a viabilidade das suas candidaturas aos eleitores, aos meios de comunicação social e fundamentalmente aos possíveis contribuidores financeiros.
Desta vez, a Ames Straw Poll afigura-se como fundamental para Tim Pawlenty, que aposta tudo no Iowa, e que tem tido muitas dificuldades em afirmar-se como um possível vencedor da nomeação republicana. Porém, também Michelle Bachmann pretende mostrar que é a melhor colocada para vencer o caucus do Iowa, onde os eleitores mais conservadores têm uma importante palavra a dizer. Depois, também o  inevitável Ron Paul poderá ter uma palavra a dizer, já que, devido à sua fiel e organizada legião de seguidores, costuma obter bons resultados neste género de eventos. Tanto Mitt Romney (curiosamente, o último vencedor, em 2007) como John Huntsman (que não vai competir no Iowa) optaram por não participar, amanhã, na Ames Straw Poll. Assim sendo, a disputa pela vitória deverá limitar-se a Bachmann, Pawlenty e Paul.


Agora já é a sério

O debate de ontem à noite no Iowa ficou marcado, sem dúvida, pelo abrir das hostilidades entre os dois políticos oriundos do Minnesota, Tim Pawlenty e Michelle Bachmann. Logo na primeira hora do debate transmitido pela Fox News, os ânimos aqueceram, com ambos a trocarem acusações entre si, tendo sido Pawlenty a desferir os primeiros ataques à sua opositora, que representa a principal ameaça às suas hipóteses de um bom resultado no caucus do Iowa, no arranque das primárias republicanas.
O antigo Governador do Minnesota pareceu ter trazido a lição bem estudada de casa, não repetindo os mesmos erros do debate anterior, onde se absteve de atacar Romney e a concorrência. Desta vez, não se coibiu de chamar à reforma do serviço de saúde norte-americano "Obamneycare", numa alusão às semelhanças entre a histórica legislação aprovada pelo Presidente e a reforma da saúde do Massachusetts, que Romney, enquanto Governador, apoiou e promulgou.
Todos os candidatos, com a excepção (e ainda assim tímida) de John Huntsman, se preocuparam em adequar o seu discurso de modo a agradar aos republicanos mais conservadores e que são os mais propensos a votarem nas primárias do partido. Mais particularmente, no que diz respeito ao debate sobre o aumento da dívida pública norte-americana, pareceu-me que a mensagem geral utilizada foi demasiadamente radical e irresponsável e até Romney criticou o acordo conseguido à última hora pelo Congresso. Nas primárias, este discurso pode trazer votos, mas, na eleição geral, poderá ser bastante prejudicial quando um deles disputar a Casa Branca com Obama.
No cômputo geral, e apesar de Bachmann se ter aguentado e de Pawlenty ter limpo a fraca imagem que deixou no New Hampshire, penso que depois do debate de ontem se acentuou a ideia de que o campo de candidatos republicanos à presidência é relativamente fraco. Houve muitas contradições (Rick Santorum até chegou a vociferar contra a falta de direitos dos gays no Irão!), irritações (Gingrich parece zangado com o mundo e não gostou de algumas perguntas que lhe foram feitas) e confusões (Huntsman a defender as uniões civis entre casais do mesmo sexo e, logo a seguir, a afirmar que os seus adversários que se opõem a isso não estão errados). Assim, Rick Perry, que não participou no debate, mas deve entrar a qualquer momento na corrida, e Barack Obama, que ainda não entra nestas contas, podem ter sido os grandes vencedores deste debate.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Romney lidera

Com o rápido aproximar das primárias presidenciais republicanas, faz cada vez mais sentido começar a prestar uma maior atenção às sondagens que vão surgindo relativas à corrida pela Casa Branca. No dia de ontem, foi divulgado um estudo de opinião da responsabilidade da Fox News, que revelou os seguintes resultados no que diz respeito à intenção de votos dos eleitores republicanos a nível nacional:

Mitt Romney - 21%
Rick Perry - 13%
Sarah Palin - 8%
Michelle Bachmann - 7%
Rudy Giuliani - 7%
Ron Paul - 6%
Newt Gingrich - 6%
Herman Cain - 5%
Tim Pawlenty - 2%
John Huntsman - 2%

Estes números permitem tirar algumas conclusões. Em primeiro lugar, Romney continua a ser o principal favorito à vitória, numa disputa que pode muito bem ser a dois com Rick Perry ou, então, com Michelle Bachmann, em especial se Sarah Palin não concorrer, o que presumivelmente resultaria numa transferência de votos da antiga candidata vice-presidencial para a actual congressista pelo Minnesota. Nesta sondagem, Giuliani surge como candidato, o que a não se verificar, deve beneficiar Romney ou Huntsman (caso este se consiga afirmar como um candidato viável), porventura os dois concorrentes mais moderados.. No fundo do grupo, os números de Gingrich, Pawlenty e Huntsman demonstram que estes políticos, outrora considerados nomes de peso na luta pela nomeação, necessitam de um grande empurrão às suas campanhas caso queiram continuar a alimentar esperanças de, no Outono de 2012, enfrentarem Barack Obama.

Game on

Depois da Carolina do Sul e do New Hampshire, hoje é a vez do Iowa albergar o seu debate com os candidatos presidenciais pelo Partido Republicano. O evento, organizado pelo Washington Examiner e pela Fox, representa o arranque definitivo e a todo o gás da campanha pela vitória no caucus do Iowa, que, em Janeiro ou Fevereiro do próximo ano, assinalará o início das primárias presidenciais.
Será deveras interessante ver como os diferentes candidatos enfrentarão este terceiro debate. A estreia de John Huntsman, que entrou mais tarde na corrida e não participou nos debates anteriores, é uma das principais expectativas. O antigo Governador do Utah, que já anunciou não ir competir no Iowa, cujo eleitorado, tendencialmente conservador, não lhe é favorável, terá aqui uma oportunidade (quem sabe, a última) para reanimar a sua campanha, actualmente quase que moribunda. Para isso, é provável que ataque Mitt Romney, o seu maior adversário na luta pela vitória no New Hampshire e pela conquista dos eleitores mais moderados.
Por sua vez, Mitt Romney, com o seu estatuto de favorito, terá de se defender da ofensiva não só de Huntsman, mas também dos outros candidatos, bem conscientes da ameaça que o antigo Governador do Massachusetts representa às suas candidaturas. Não admira, por isso, que nas últimas horas tenham surgido várias histórias que indiciam alguns comportamentos menos lícitos entre os apoios financeiros à campanha de Romney.
À imagem de Huntsman, concorrentes como Tim Pawlenty, Rick Santorum e Newt Gingrich, cujas campanhas não têm tido o sucesso esperado, necessitam de conseguir um qualquer balão de oxigénio que lhes permita continuar a sonhar com a nomeação. Entre eles, Pawlenty é o que mais terá a provar, depois da sua prestação negativa no debate anterior. Em sentido contrário está Michelle Bachmann, que superou as expectativas no encontro do New Hampshire e se tornou uma força a ser reconhecida na campanha presidencial.Mas, também por isso, mais se esperará dela na noite de hoje. Já Ron Paul e Herman Cain não deverão trazer nada de muito relevante à discussão além dos seus tradicionais discursos dirigidos à limitada mas fiel franja de seguidores que possuem. Outra figura que poderá marcar o debate, ainda que ausente, será Rick Perry, que ainda não anunciou formalmente a sua candidatura, mas que promete ser um dos principais competidores pela nomeação republicana.
O debate de logo à noite será ainda marcado pela aproximação da Ames Straw Poll do próximo Sábado, um evento do GOP no Iowa que acontece sempre que a nomeação republicana está em jogo e que, no fundo, representa uma espécie de sondagem informal à intenção de voto dos republicanos locais. Mas sobre isso falarei mais profundamente amanhã.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Não está fácil, Obama

Quando, a 20 de Janeiro de 2009, Barack Obama tomou posse como o 44º Presidente dos Estados Unidos, o futuro parecia risonho para os norte-americanos. Tinham acabado de eleger um Chefe de Estado que lhes prometia mudança e, acima de tudo, esperança num futuro melhor. Contudo, dois anos e meio depois, o país viu, pela primeira vez, o seu rating cortado por uma agência de cotação financeira, o desemprego continua em valores assustadoramente elevados e fala-se na possibilidade de uma nova recessão. Assim, e tendo em conta que dificilmente a situação económica e financeira dos Estados Unidos melhorará consideravelmente até às eleições presidenciais de 2012, já não se pode dizer que Obama tem a reeleição garantida. 
Claro que Obama ainda poderá receber uma dádiva do GOP, caso o nomeado por este partido seja alguém tão conservador que aliene de forma comprometedora o eleitorado moderado e independente, casos de Michelle Bachmann ou Sarah Palin. Todavia esse cenário é pouco provável e, pelo menos para já, o favorito a obter a nomeação republicana é Mitt Romney. Ora, o antigo Governador do Massachusetts é um político com boas credenciais económicas, o que, num ciclo eleitoral em que a economia será, sem sombra de dúvidas, a principal preocupação nas mentes dos norte-americanos no momento de votar, faz dele uma potencial ameaça para Barack Obama. Não admira, portanto, que surjam já relatos da estratégia a utilizar pela campanha democrata para derrotar Romney. Outro adversário que poderá preocupar as hostes presidenciais é Rick Perry, actual Governador do Texas e que deverá anunciar a sua candidatura no próximo Sábado.
Contudo, não se pode menosprezar Barack Obama, que já provou ser uma grande mais valia no trilho da campanha. Além disso, é preciso não esquecer que, apesar de a taxa aprovação do seu trabalho por parte dos americanos não ser fantástica, os seus índices de favorabilidade continuam em terreno confortavelmente positivo, o que parece indicar que os cidadãos dos EUA gostam do seu Presidente a nível pessoal. E isso pode ser uma importante vantagem, que a sua campanha não deixará certamente de utilizar, realçando o contraste entre e o likable Obama e o flip-flopper Romney ou o cinzento Perry.
Seja como for, dificilmente a campanha de Obama em 2012 terá muitas semelhanças com a de 2008. Desta vez, o antigo Senador do Illinois não terá a carta Bush para jogar, pelo menos de forma tão eficaz, e terá de tentar ser reeleito pelos seus próprios méritos. Acontece, porém, que algumas das grandes concretizações da sua Presidência - com a reforma da saúde à cabeça - não são muito populares entre os americanos, o que dificultará a tarefa de Obama quando quiser "vender" o seu legado ao eleitorado. Assim sendo, não será surpresa nenhuma que a estratégia democrata seja a de enveredar pela campanha negativa, atacando sem reservas o seu opositor, à imagem do que George W. Bush (outro Presidente em luta pela reeleição com números medianos nas sondagens) fez em 2004 contra John Kerry. Dessa vez, a estratégia delineada por Karl Rove resultou em sucesso. Será que Obama é capaz de imitar Bush (com toda a ironia que isso acarreta) e, dessa forma, alcançar um segundo mandato?

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Happy Birthday, Mr. President

Barack Obama festeja hoje o seu quinquagésimo aniversário, uma marca especial, ainda mais quando passada na Casa Branca. Contudo, o Presidente dos Estados Unidos não tem nenhuma comemoração prevista na sua agenda para o dia de  hoje, onde apenas consta a normal reunião com o seu senior staff ao início da manhã. Assim sendo, as celebrações deverão ser privadas e reservadas ao núcleo duro da sua família e amigos. Seja como for, o Máquina Política não podia deixar passar uma data tão importante para o Commander-in-Chief norte-americano e, assim sendo, nada melhor do que desejar os parabéns a Obama ao som da mais célebre interpretação da canção de Happy Birthday de todos os tempos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ponto final

Como se esperava, o Senado aprovou ontem o aumento do tecto da dívida pública norte-americana e o plano de redução do défice que havia passado, na véspera, pela Câmara dos Representantes. 74-26 foi o resultado da votação e, ao contrário do que sucedeu na câmara baixa, apenas seis democratas (mais o independente liberal Bernie Sanders) votaram contra a proposta, tendo 19 senadores republicanos feito o mesmo, o que demonstra bem a resistência dos elementos mais conservadores do GOP a este plano. Pouco depois, o Presidente Barack Obama promulgou o projecto-lei, colocando um ponto final na mais recente batalha político-partidária nos Estados Unidos da América.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O regresso de Gabrielle Giffords

Apesar da extrema importância do voto de ontem à noite na Câmara dos Representantes, o maior destaque da noite foi, sem dúvida, o regresso da congressista democrata pelo Arizona, Gabrielle Giffords, à Câmara dos Representantes. Cerca de oito meses depois de ter sido baleada na cabeça no tristemente célebre massacre de Tucson, Giffords foi recebida em verdadeira apoteose pelos seus colegas na câmara baixa do Congresso e pelo Vice-presidente Joe Biden, tendo, depois, votado em sentido favorável ao aumento da dívida dos Estados Unidos. Entre o clima de discórdia e a intolerância que rodeou este debate, o regresso de Gabrielle trouxe alguma união e compaixão entre os políticos de Washington. Welcome back, Gaby!

Aumento da dívida passa na House

Parece muito próximo o final da maior trapalhada na política norte-americana dos últimos anos. Ontem à noite, a Câmara dos Representantes aprovou o aumento do limite da dívida dos Estados Unidos, juntamente com um plano de redução do défice que prevê o corte de mais de 2 triliões de dólares durante os próximos dez anos.
Ao contrário do que se chegou a esperar, ao longo das longas e difíceis conversações rumo a um entendimento entre democratas e republicanos, a proposta passou folgadamente, com 269 favoráveis e apenas 161 contra. Entre as fileiras partidárias, os congressistas republicanos declararam-se maioritariamente a favor do plano, numa divisão entre 174 votos "sim" e 66 votos "não. Já entre os democratas a divisão foi total, com 95 votos positivos e outros 95 negativos. Em ambos os caso, os votos contra vieram das alas menos moderadas: no GOP, os congressistas mais conservadores, menos experientes e apoiados pelos Tea Party foram, por norma, aqueles que votaram contra o aumento da dívida; por sua vez, na bancada democrata, foram os elementos mais liberais, com destaque para o black caucus, que não acompanharam a liderança do seu partido e da sua bancada no apoio a este plano.
Agora caberá ao Senado, que deverá votar durante o dia de hoje, confirmar a votação da câmara baixa, de modo a evitar que os Estados Unidos entrem, à meia noite nos EUA, em default. Todavia, o pior parece ter já passado e ninguém imagina que possa ocorrer um qualquer golpe de teatro, ainda para mais quando é sabido que o Senado é, por tradição, um órgão formado por políticos de maior ponderação e sentido de responsabilidade do que a volátil Câmara dos Representantes.
Quanto a Barack Obama, consegue evitar a utilização da opção constitucional que lhe permitiria aumentar automaticamente e unilateralmente o tecto da dívida. Contudo, se o Presidente americano se visse forçado a isso, o mais provável é que os republicanos mais radicais avançassem com um processo de impeachment, o que proporcionaria uma disputa feia e intensa nas vésperas da campanha pela sua reeleição.
No fim de contas, todo o processo parece ter resultado numa vitória republicana, que consegue, como pretendido, uma substancial diminuição do Estado. Até por isso, é quase incompreensível a atitude da ala mais radical do GOP, que se comportou de forma irresponsável e indefensável, tomando de refém todo um processo negocial, quando, no fundo, o seu partido apenas domina a Câmara dos Representantes, estando o Senado e a Casa Branca nas mãos dos democratas.
Este acordo, apesar de ser penoso para o Partido Democrata - não incluí qualquer subida de impostos - tem pelo menos o condão de "empurrar" para 2013 (depois das eleições presidenciais) qualquer discussão sobre um novo aumento do limite da dívida e contempla, contra a vontade republicana, cortes no orçamento do Pentágono.  Além disso, é provável que, devido ao plano que hoje deverá passar no Senado, os democratas não deixem passar a oportunidade de, no próximo ano, deixarem cair os cortes de impostos da era Bush. Assim, apesar do acordo final ser favorável ao GOP, é caso para dizer que os democratas live to fight another day.