Parece muito próximo o final da maior trapalhada na política norte-americana dos últimos anos. Ontem à noite, a Câmara dos Representantes aprovou o aumento do limite da dívida dos Estados Unidos, juntamente com um plano de redução do défice que prevê o corte de mais de 2 triliões de dólares durante os próximos dez anos.
Ao contrário do que se chegou a esperar, ao longo das longas e difíceis conversações rumo a um entendimento entre democratas e republicanos, a proposta passou folgadamente, com 269 favoráveis e apenas 161 contra. Entre as fileiras partidárias, os congressistas republicanos declararam-se maioritariamente a favor do plano, numa divisão entre 174 votos "sim" e 66 votos "não. Já entre os democratas a divisão foi total, com 95 votos positivos e outros 95 negativos. Em ambos os caso, os votos contra vieram das alas menos moderadas: no GOP, os congressistas mais conservadores, menos experientes e apoiados pelos Tea Party foram, por norma, aqueles que votaram contra o aumento da dívida; por sua vez, na bancada democrata, foram os elementos mais liberais, com destaque para o black caucus, que não acompanharam a liderança do seu partido e da sua bancada no apoio a este plano.
Agora caberá ao Senado, que deverá votar durante o dia de hoje, confirmar a votação da câmara baixa, de modo a evitar que os Estados Unidos entrem, à meia noite nos EUA, em default. Todavia, o pior parece ter já passado e ninguém imagina que possa ocorrer um qualquer golpe de teatro, ainda para mais quando é sabido que o Senado é, por tradição, um órgão formado por políticos de maior ponderação e sentido de responsabilidade do que a volátil Câmara dos Representantes.
Quanto a Barack Obama, consegue evitar a utilização da opção constitucional que lhe permitiria aumentar automaticamente e unilateralmente o tecto da dívida. Contudo, se o Presidente americano se visse forçado a isso, o mais provável é que os republicanos mais radicais avançassem com um processo de impeachment, o que proporcionaria uma disputa feia e intensa nas vésperas da campanha pela sua reeleição.
No fim de contas, todo o processo parece ter resultado numa vitória republicana, que consegue, como pretendido, uma substancial diminuição do Estado. Até por isso, é quase incompreensível a atitude da ala mais radical do GOP, que se comportou de forma irresponsável e indefensável, tomando de refém todo um processo negocial, quando, no fundo, o seu partido apenas domina a Câmara dos Representantes, estando o Senado e a Casa Branca nas mãos dos democratas.
Este acordo, apesar de ser penoso para o Partido Democrata - não incluí qualquer subida de impostos - tem pelo menos o condão de "empurrar" para 2013 (depois das eleições presidenciais) qualquer discussão sobre um novo aumento do limite da dívida e contempla, contra a vontade republicana, cortes no orçamento do Pentágono. Além disso, é provável que, devido ao plano que hoje deverá passar no Senado, os democratas não deixem passar a oportunidade de, no próximo ano, deixarem cair os cortes de impostos da era Bush. Assim, apesar do acordo final ser favorável ao GOP, é caso para dizer que os democratas live to fight another day.
Ao contrário do que se chegou a esperar, ao longo das longas e difíceis conversações rumo a um entendimento entre democratas e republicanos, a proposta passou folgadamente, com 269 favoráveis e apenas 161 contra. Entre as fileiras partidárias, os congressistas republicanos declararam-se maioritariamente a favor do plano, numa divisão entre 174 votos "sim" e 66 votos "não. Já entre os democratas a divisão foi total, com 95 votos positivos e outros 95 negativos. Em ambos os caso, os votos contra vieram das alas menos moderadas: no GOP, os congressistas mais conservadores, menos experientes e apoiados pelos Tea Party foram, por norma, aqueles que votaram contra o aumento da dívida; por sua vez, na bancada democrata, foram os elementos mais liberais, com destaque para o black caucus, que não acompanharam a liderança do seu partido e da sua bancada no apoio a este plano.
Agora caberá ao Senado, que deverá votar durante o dia de hoje, confirmar a votação da câmara baixa, de modo a evitar que os Estados Unidos entrem, à meia noite nos EUA, em default. Todavia, o pior parece ter já passado e ninguém imagina que possa ocorrer um qualquer golpe de teatro, ainda para mais quando é sabido que o Senado é, por tradição, um órgão formado por políticos de maior ponderação e sentido de responsabilidade do que a volátil Câmara dos Representantes.
Quanto a Barack Obama, consegue evitar a utilização da opção constitucional que lhe permitiria aumentar automaticamente e unilateralmente o tecto da dívida. Contudo, se o Presidente americano se visse forçado a isso, o mais provável é que os republicanos mais radicais avançassem com um processo de impeachment, o que proporcionaria uma disputa feia e intensa nas vésperas da campanha pela sua reeleição.
No fim de contas, todo o processo parece ter resultado numa vitória republicana, que consegue, como pretendido, uma substancial diminuição do Estado. Até por isso, é quase incompreensível a atitude da ala mais radical do GOP, que se comportou de forma irresponsável e indefensável, tomando de refém todo um processo negocial, quando, no fundo, o seu partido apenas domina a Câmara dos Representantes, estando o Senado e a Casa Branca nas mãos dos democratas.
Este acordo, apesar de ser penoso para o Partido Democrata - não incluí qualquer subida de impostos - tem pelo menos o condão de "empurrar" para 2013 (depois das eleições presidenciais) qualquer discussão sobre um novo aumento do limite da dívida e contempla, contra a vontade republicana, cortes no orçamento do Pentágono. Além disso, é provável que, devido ao plano que hoje deverá passar no Senado, os democratas não deixem passar a oportunidade de, no próximo ano, deixarem cair os cortes de impostos da era Bush. Assim, apesar do acordo final ser favorável ao GOP, é caso para dizer que os democratas live to fight another day.
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