terça-feira, 8 de novembro de 2016

Eleições norte-americanas é no Porto Canal

Logo à noite, entre as 22:30 e as 2:30, estarei na emissão especial do Porto Canal, em directo da Universidade Fernando Pessoa, a comentar, e em excelente companhia, a eleição da pessoa mais importante do mundo. Acompanhem!

O controlo do Senado (também) está em jogo

Apesar de receber o grosso das atenções mediáticas, não é apenas a escolha do Presidente que está hoje em jogo nos Estados Unidos. Como acontece de dois em dois anos, há eleições para o Congresso, com todos os 435 lugares da Câmara dos Representantes a irem e votos, bem como um terço dos assentos no Senado (este ano 34 dos 100). Além disso, há ainda outros eleições de nível estadual, com destaque para a escolha do Governador em 12 Estados, assim como vários referendos, como, por exemplo, para a legalização da marijuana em vários Estados.
Dado o seu impacto a nível nacional, são as eleições para o Congresso aquelas que serão seguidas com mais atenção. No que diz respeito à Câmara dos Representantes, tudo indica que o Partido Republicano manterá a sua maioria. Com uma grande vantagem na câmara baixa (247 republicanos face a 188 democratas), conseguida na vitória esmagadora de há dois anos, seria necessária uma hecatombe destronar Paul Ryan do seu cargo de Speaker. Além disso, o redesenho dos distritos eleitorais, realizado após outra grande vitória republicana em 2010, favorece claramente o GOP, pelo que, mesmo que o voto nacional para o Congresso favoreça os democratas por alguns pontos percentuais, isso não será suficiente para dar ao partido de Hillary Clinton o controlo da câmara baixa. No final de contas, os democratas deverão ganhar alguns lugares - o número de assentos que conquistarão aos republicanos pode muito bem depender da dimensão da (eventual) vitória da sua candidata presidencial - mas o Partido Republicano manterá a sua maioria.
Já no Senado, a conversa é outra e o equilíbrio é a nota dominante. Actualmente, o GOP possui 54 dos 100 assentos na câmara alta, contra 44 democratas e 2 independentes (que votam ao lado dos democratas). Todavia, neste ciclo eleitoral 24 dos 34 lugares em jogo são ocupados por republicanos, pelo que os democratas têm muito a ganhar com a eleição de hoje. 

Para chegarem pelo menos a 50 assentos (contando que Hillary vence, podendo Tim Kaine utilizar o voto de desempate atribuído ao Vice-Presidente pela Constituição), os democratas precisam, então de recuperar 4 assentos. Um deles, no Illinois parece garantido, pelo que terão de vencer, pelo menos, três de seis eleições que se encontram equilibradas. No Wisconsin, no Nevada e na Pennsylvania, os candidatos democratas são ligeiramente favoritos, enquanto que no Missouri, no Indiana e na North Carolina as sondagens favorecem os candidatos republicanos. 
Normalmente, nestas eleições "secundárias", o voto é muito afectado pelo que acontece no topo do ticket. Assim sendo, é bem possível que uma vitória robusta de Hillary Clinton ajude a uma vitória dos democratas na maioria, ou mesmo em todas, das corridas, como aconteceu em 2008 ou em 2012, quando ajudados pelos triunfos de Obama, os candidatos democratas ao Senado venceram todas as eleições competitivas. Por outro lado, se Donald Trump vencer ou conseguir um resultado muito próximo de Hillary Clinton, é possível que os republicanos juntem o controlo do Senado ao da Câmara dos Representantes. Ainda assim, parece-me mais plausível que os democratas saiam vencedores na disputa pelo controlo do Senado ou que, pelo menos, consigam os 50 votos necessários para dependerem do (provável) VP Tim Kaine para o desempate.

Guia para a noite eleitoral

Devido à diferença horária entre Portugal e os Estados Unidos, quem quiser seguir a evolução dos resultados das eleições de hoje terá de fazer uma noitada que se prolongará pela madrugada e manhã do dia 9. Contudo, serão certamente muitos os portugueses a acompanhar atentamente os acontecimentos. Assim, e de forma a ajudar estes political junkies que, como eu, ficarão acordados até muito tarde, deixo aqui o horário de fecho, segundo a hora de Lisboa, das urnas em cada Estado (a bold, os Estados competitivos e que decidirão a eleição):

23:00: A maior parte do Indiana, metade do Kentucky;

24:00: A maioria da Florida; Georgia, o resto do Indiana, a outra metade do Kentucky, New Hampshire, South Carolina, Vermont, Virgínia;


00:30: North Carolina, Ohio, West Virginia

01:00: Alabama, Connecticut, Delaware, DC, o resto da Florida, Illinois, Kansas, Maine, Maryland, Massachusetts, a maior parte do Michigan, Mississippi, Missouri, New Jersey, a maior parte do North Dakota, Oklahoma, Pennsylvania, Rhode Island, metade do South Dakota, Tennessee, a maior parte do Texas;

01:30: Arkansas

02:00: New York, Minnesota, a outra metade do South Dakota, Nebraska, no resto do North Dakota, o resto do Michigan, Colorado, Louisiana, New Mexico, o resto do Texas, Arizona, Wisconsin, Wyoming;

03:00: Iowa, a maior parte do Idaho, Utah, Nevada, Montana;

04:00: California, o resto do Idaho, Oregon, Washington; Hawaii;

05:00: A maior parte do Alaska;

06:00: as ilhas ocidentais do Alaska.

Ou seja, se a eleição ficar dependente do Alaska, só saberemos o vencedor amanhã de manhã - e isto se não tivermos recontagens decisivas, como aconteceu em 2000. Contudo, esse cenário e é improvável e deveremos conhecer o vencedor até às 3/4 da manhã de Portugal, ou até antes se as contagens dos votos na Florida forem rápidas e for Hillary Clinton a triunfar no sunshine state. 

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Mapa eleitoral - a minha previsão

Há quatro anos fui um verdadeiro Nate Silver e acertei no vencedor de 49 dos 50 Estados norte-americanos. Agora, volto a fazer uma previsão, ainda que me pareça que, desta vez, o mapa eleitoral é mais incerto e, como tal, mais difícil de prever. Com algumas dúvidas (principalmente na Florida, North Carolina e New Hampshire), aposto no seguinte mapa:
  
Teremos, assim, se estiver correcto, uma mulher na Casa Branca a partir de 20 de Janeiro de 2017 e Hillary Clinton será a 45ª presidente dos EUA. Quanto ao voto popular, prevejo uma vitória de Hillary por 4%, com 49% dos votos, contra 45% de Donald Trump. O candidato libertário Gary Johnson receberá 4%, falhando assim o seu objectivo (5%). Amanhã (ou na madrugada de Quarta-feira), veremos como me saí neste "totobola".

Os Estados a seguir

Devido ao sistema eleitoral das presidenciais norte-americanas, a corrida decide-se num punhado de Estados, os chamados swing states, ou, como eu prefiro, os battleground states. Com o grande dia a chegar, deixo aqui uma espécie de guia para os Estados que decidirão quem será o 45º presidente dos Estados Unidos.

New Hampshire - O swing state perfeito, sendo um Estado que replica, nos últimos anos, quase a 100%, o voto a nível nacional. Hillary Clinton parecia levar uma vantagem confortável no granite state, mas tem vindo a perder terreno, talvez pela subida nas sondagens do candidato libertário Gary Johnson, cuja votação neste Estado conhecido pelas suas tendências libertárias pode chegar aos 10%. A democrata ainda é a (ligeira) favorita, mas, numa eleição decidida ao milímetro, o New Hampshire pode muito bem vir a atribuir os 4 votos eleitorais decisivos. Toss up.

Pennsylvania - Desde 1992 que a história se repete. Os republicanos sonham sempre com a vitória neste Estado que este ano atribui 18 votos eleitorais, mas, no final, são sempre os democratas que levam a melhor. Em 2016, o GOP volta a apostar numa vitória na Pennsylvania como forma de derrubar a blue wall. Até ao momento, porém, Trump não liderou uma única sondagem e seria uma grande surpresa se ultrapassasse Clinton na noite de amanhã. Como este Estado não tem voto antecipado, o ground game será decisivo e os democratas terão de contar com uma grande afluência às urnas nas grandes cidades (principalmente em Philadelphia) de forma a contrariar a vantagem republicana nos meios suburbanos e rurais. Com a participação afro-americana em queda relativamente há quatro anos, esse poderá ser um problema. Ainda que Hillary seja claramente favorita, este é um Estado a seguir com atenção: se Trump vencer aqui, poderá mesmo estar a caminho da Casa Branca. Leaning Democrat.

Ohio - Este Estado, sempre altamente competitivo e disputado em eleições presidenciais, parece ter virado à direita neste ciclo eleitoral. Com um grande número de eleitores brancos de classe média, em especial de blue collar workers muito afectados pela crise económica de 2008 e pela fuga de empregos de manufactura para países com mão-de-obra mais barata, o Ohio é terreno fértil para o discurso populista de Trump. Assim, depois de ter votado duas vezes em Obama, é bem possível que o buckeye state seja "pintado" a vermelho na noite de amanhã, ainda que, nos últimos dias, as sondagens mostrem uma corrida equilibrada. O GOP parece em vantagem, mas, numa eleição muito renhida, o ground game pode ser decisivo e nisso os democratas são superiores. Toss up.

Michigan - Em 2008, o Michigan esteve na origem de uma polémica no seio da candidatura de John McCain, quando Sarah Palin se pronunciou contra a desistência da campanha neste Estado. Agora, em 2016, o cenário é quase inverso, com os democratas a terem de apostar forte num Estado que parecia decidido a seu favor. Apesar de as sondagens mostrarem uma corrida a apertar (com diferenças que chegam a apenas quatro pontos percentuais), é pouco crível que o Michigan vote em Trump. Porém, com os democratas a enviaram para o grate lake state todos os seus pesos pesados (a própria candidata, Obama e Michelle Obama, Bill Clinton e Joe Biden), tudo indica que os seus números internos estão a preocupar os democratas. Leaning Democrat.

Iowa - Foi este o Estado que catapultou Barack Obama para a Casa Branca, depois da vitória do actual Presidente no caucus do Iowa. Todavia, e apesar de Obama ter vencido aqui em 2008 e 2012, tudo indica que, desta vez, os democratas sairão derrotados, já que Trump tem surgido constantemente na frente das sondagens do hawkeye state. De facto, o Iowa, com uma população quase exclusivamente branca e tradicionalmente rural, é um perfect match para o apelo de Donald Trump que deve amealhar aqui 6 votos eleitorais. Se amanhã o Iowa for equilibrado ou cair para Hillary Clinton, então é porque teremos uma vitória folgada da antiga Secretária de Estado. Leaning Republican.

North Carolina - Outrora um Estado fortemente republicano, a North Carolina é, agora, um verdadeiro swing state, tendo votado Obama em 2008 e em Romney há quatro anos. A forte imigração de jovens com elevada instrução para o Estado, conjugada com uma grande comunidade afro-americana e cada vez mais eleitores hispânicos, tem tornado o Estado cada vez mais democrata. Se Hillary vencer aqui, tem a eleição ganha, por isso este é um Estado obrigatório para Trum - Toss up.

Florida - O sunshine state é, por norma, o prémio mais apetecível nas eleições presidenciais. Com 29 votos eleitorais, a Florida, por si só, garante mais de 1/10 dos votos necessários para se chegar à Casa Branca. Tendo uma população muito heterogénea, fruto da elevada imigração para o Estado, a Florida é sempre um battleground state por excelência e é disputado ao máximo por ambas as partes. Se Hillary conseguir motivar a comunidade hispânica a votar e se conseguir imitar Obama e retirar o voto dos cubano-americanos (tendencialmente republicanos) a Trump, então será a próxima Presidente norte-americana, pois Trump não tem como substituir os votos eleitorais em disputa na Florida. Toss up.

Nevada - As sondagens mostram que o equilíbrio é a nota dominante no Estado dominado por Las Vegas. Contudo, os números do voto antecipado, contam outra história, já que a participação hispânica disparou e pode mesmo acontecer que este eleitorado venha a representar 20% do total, o que, por si só, deverá ser suficiente para Hillary conquistar estes 5 votos eleitorais. Harry Reid, o líder democrata no Senado, que se reforma este ano, montou uma poderosa máquina neste Estado, contando com a preciosa colaboração dos sindicatos dos trabalhadores dos casinos. Com um ground game muito superior, os democratas poder\ao levar vantagem. Leaning Democrat.

Arizona - Estive para não colocar o Arizona como um Estado decisivo, porque, normalmente, uma vitória de um democrata num Estado tradicionalmente republicano significaria um triunfo folgado no Colégio Eleitoral, com este Estado a ser apenas um extra. Todavia, o Arizona é um Estado especial porque a recuperação democrata neste Estado deve-se, quase exclusivamente, ao aumento da população hispânica e ao sucesso do Partido Democrata em registar os elementos desta comunidades como eleitores. Assim, é possível que, num cenário em que Donald Trump vença Estados do Este e do midwest com grandes maiorias brancas, Hillary Clinton alcance, ainda assim, o triunfo, com uma coligação de Estados com forte presença latina como o Colorado, o New Mexico, o Nevada e, claro, o Arizona. Ainda assim, Trump parte em clara vantagem. Leaning Republican. 

Quem quiser aprofundar um pouco mais esta questão, poderá consultar a minha dissertação de mestrado, precisamente sobre os Battleground States of America, disponível aqui.

domingo, 6 de novembro de 2016

Clinton segura a vantagem

A dois dias do dia em que a maioria dos norte-americanos vai depositar o seu voto (milhões já o fizeram através de voto antecipado), Hillary Clinton parece ter estancado a hemorragia e, agora, os seus valores nas sondagens a nível nacional estabilizaram numa vantagem curta mas sólida. Vejamos os números das sondagens publicadas hoje:

ABC/Washington Post - Clinton 48% - Trump 43%

Ipsos/Reuters - Clinton 44% - Trump 40%

UPI/CVOTER - Clinton 49% - Trump 48%

McClatchy/Marist - Clinton 46% - Trump 44%

Politico/Morning Consult - Clinton 45 %- Trump 42%

Nestas sondagens, o melhor que o candidato republicano consegue é ficar a um ponto percentual, com os estudos de opinião mais favoráveis à antiga Secretária de Estado a indicarem uma vantagem de Clinton que pode chegar aos 5%. Em 2012, as sondagens nacionais (na minha opinião, bem menos fiáveis do que as de nível estadual) subestimaram a votação de Obama. Se isso voltar a acontecer, então Hillary poderá ter um triunfo relativamente folgado. Contudo, e como costumam dizer os políticos, a sondagem que interessa só terá lugar na próxima Terça-feira.

Cartoon: os eleitores de 2016

sábado, 5 de novembro de 2016

Os últimos anúncios televisivos

Na recta final da campanha, as candidaturas de Hillary Clinton e Donald Trump divulgaram os seus últimos vídeos de publicidade eleitoral que passarão na internet e nas televisões dos battleground states. Enquanto o candidato do GOP apostou num anúncio negativo, atacando os poderes instalados de Washington e de Wall Street, a nomeada democrata preferiu terminar num tom positivo, apelando aos better angels dos norte-americanos. Dia 8 saberemos quem levou a melhor.

O estado da corrida


Depois do desastroso primeiro debate para Donald Trump e o escândalo gerado pela revelação das suas declarações em open mic sobre a sua relação com o sexo feminino, escrevi aqui que a candidatura do republicano estava perdida e que apenas uma grande surpresa impediria a vitória de Hillary Clinton. Agora, menos de um mês depois e apenas a três dias do dia decisivo, as sondagens voltaram a apertar e Trump parece estar novamente na corrida.
Ainda assim, e na minha opinião, Clinton continua a ser a grande favorita e vejo como muito difícil o triunfo de Donald Trump no voto popular, mas, mais importante ainda, no Colégio Eleitoral. Isto porque Hillary consolidou uma importante firewall de Estados que lhe permitem chegar, como se pode ver no mapa acima, a um número muito próximo dos 270 votos eleitorais necessários para ser eleita como a 45ª Presidente norte-americana. Ao aguentar os Estados tradicionalmente democratas (no Nordeste, na costa Oeste e no Midwest) e ao juntar-lhes os novos bastiões democratas na Virginia, New Mexico e Colorado, que, nos últimos anos viram as alterações demográficas fazerem passar estes Estados definitivamente para a coluna azul, Hillary Clinton fica apenas a dois votos do número mágico.
Ou seja, bastará à nomeada do Partido Democrata vencer qualquer um dos Estados toss-up - New Hampshire, North Carolina, Florida, Ohio, Iowa ou Nevada. E se no Ohio e no Iowa, Trump parece bem posicionado para garantir um triunfo (dois Estados com muitos blue collar workers, um grupo que apoia maioritariamente o candidato republicano), já no Nevada, na North Carolina e no New Hampshire é Hillary quem parte como favorita, estando a Florida num verdadeiro empate técnico. 
É verdade que os republicanos continuam a afirmar que têm hipóteses na Virginia (onde Clinton surgiu na frente de 28 das últimas 30 sondagens), no Colorado (um Estado com muitos jovens, eleitores com altos níveis de instrução e muitos hispânicos), na Pennsylvania (o blue state que é sempre "namorado" pelo GOP) e no Michigan (onde existem muitos blue collar workers, mas onde impera a indústria automóvel, salva pelos democratas), mas qualquer um destes Estados parece-me fora do alcance de Trump - ainda que os democratas pareçam algo preocupados com o Michigan (Clinton agendou mesmo uma visita de última hora a Detroit).
Por sua vez, os democratas também contam com alguns long shots, nomeadamente o Arizona, a Georgia e, em menor medida (e muito mais incerto, por falta de sondagens), o Alaska. Contudo, estas serão apostas de segunda linha para Hillary Clinton, que terá mais a ganhar em apostar as suas fichas nos Estados toss up, onde se decidirá a corrida, caso se confirmem os cenários de uma disputa muito equilibrada.
Curiosamente, não é totalmente descabido que nenhum dos candidatos chegue aos 270 votos eleitorais, num cenário de empate a 269 entre Hillary e Trump (com o republicano a vencer todos os toss up states, mas Hillary a vencer o voto do 2º distrito eleitoral do Maine), ou com o candidato independente Evan McMullin a amealhar a vitória no Utah e a impedir que os principais candidatos alcancem o número mágico de 270 votos. Nesse caso, a decisão passaria para a Câmara dos Representantes, que votaria por Estado e não por Congressista. Quer isto dizer que cada Estado teria um voto, votando de acordo com a maioria da sua delegação. Ou seja, tendo em conta o actual figurino da House, a vitória seria, quase de certeza, atribuída a Donald Trump, caso se confirmasse este cenário possível, mas improvável.