quinta-feira, 31 de março de 2011

2012: uma fraca colheita para o GOP

Hoje é o último dia de Março e a campanha eleitoral para as primárias presidenciais do Partido Republicano ainda não arrancou verdadeiramente. Este atraso no ínicio das hostilidades é invulgar, mas o que tem dado que falar é a escassa qualidade do leque de candidatos a conseguir a nomeação republicana.

Neste ponto do campeonato, a grande maioria dos nomes que poderiam colocar mais problemas à reeleição de Barack Obama já puseram de parte a possibilidade de concorrer no próximo ano. Entre as novas estrelas do GOP, só o inelegível Rand Paul tem sugerido que poderá entrar na corrida, enquanto que figuras como Marco Rubio ou Chris Christie, estes sim, potenciais "perigos" para Obama, já afirmaram que não serão candidatos. Também Jeb Bush, irmão mais novo do 43º Presidente e antigo Governador da Florida, já negou a possibilidade de tentar chegar à Casa Branca no próximo ano. À imagem de Rubio e Christie, ainda há pouco tempo no palco principal da política americana, Jeb deverá estar à espera de 2016, onde é presumível que o seu último nome não esteja tão presente, pelas piores razões, nas memórias dos norte-americanos.
A nomeação de alguém como Newt Gingrich, Sarah Palin, Michelle Bachman, Rick Santorum, ou mesmo Donald Trump (que insiste em fazer da nacionalidade de Obama a sua principal bandeira eleitoral) seria um tiro no pé de dimensões históricas para o Partido Republicano. Tradicionalmente, o GOP é bastante pragmático nas suas escolhas, mas, como se viu em 2010, a força dos movimentos Tea Party e da ala mais conservadora do partido pode fazer a balança ideológica pender demasiadamente para a Direita nas próximas primárias.

Por outro lado, também os candidatos mais moderados e com melhores hipóteses de apelarem ao centro têm os seus handicaps. Mitt Romney, o principal favorito a conseguir a nomeação, enfrentará grandes dificuldades durante as primárias e ainda não se sabe como irá ultrapassar o facto de, enquanto governador do Massachussetts, ter aprovado uma reforma de saúde muito idêntica ao "infame" Obamacare que será, sem dúvida, um dos temas principais durante as primárias republicanas. Já Tim Pawlenty, ex-Governador do Minnesotta, sofre de um problema de falta de notoriedade, que tarda em conseguir ultrapassar.

Por tudo isto se percebe que, numa altura em que a economia americana não recupera ao nível do que seria desejável para um sitting President, o facto de Barack Obama ser apontado como o claro favorito para vencer as eleições presidenciais de 2012 tem muito a ver com a falta de adversários à sua altura do outro lado da barricada.

terça-feira, 29 de março de 2011

No interior da Casa Branca

O National Journal presenteou-nos com mais uma preciosidade. Agora, através deste fabuloso mapa interactivo, oferece-nos uma visita guiada ao interior da Casa Branca de Barack Obama, vendo quem é quem e onde está. A não perder!

sábado, 26 de março de 2011

Geraldine Ferraro (1935-2011)

Faleceu, aos 75 anos de idade, a primeira mulher a fazer parte de um ticket presidencial, sendo a candidata a vice-presidente de Walter Mondale, em 1984. O entusiasmo gerado em torno da sua candidatura não impediu, porém, que, nesse ano, os candidatos democratas fossem copiosamente democratas por Ronald Reagan. Hoje, Geraldine Ferraro perdeu uma nova batalha, desta vez contra o cancro. Contudo, nos Estados Unidos,o seu nome fica para sempre na história da política e dos direitos das mulheres.

sexta-feira, 25 de março de 2011

O mundo gosta de Obama

Apesar de, desde a sua eleição como Presidente dos Estados Unidos, ter perdido alguma popularidade entre os norte-americanos, Barack Obama continua em alta no resto do mundo. Segundo uma sondagem da Gallup, o primeiro afro-americano a chegar à Casa Branca é o líder mundial visto de forma mais favorável pelos cidadãos de mais de cem países, conseguindo uma larga vantagem para os seus mais directos perseguidores, Angela Merkel e Nicola Sarkozy. Mais flagrante ainda é a discrepância relativamente ao seu antecessor, George W. Bush, que, no seu último ano à frente dos destinos da América, 2008, ficava apenas à frente do chefe de Estado chinês. 
Para estes resultados, muito deve ter contribuído a postura adoptada por Obama, desde que chegou à Sala Oval, no que diz respeito às relações externas. Em ruptura com os anos Bush, a nova administração tem procurado incrementar uma política de abertura e diálogo, em detrimento de medidas de cariz unilateral. Fica, assim, por demais evidente que Obama tem conseguido cumprir uma das suas promessas eleitorais: a melhoria da imagem do seu país no mundo. Infelizmente para si, são apenas os cidadãos americanos que votam nas eleições dos Estados Unidos.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Rand Paul testa as águas

Em 2009 e 2010, o Partido Republicano obteve importantes vitórias eleitorais, entre eleições para a Câmara dos Representantes, o Senado e governos estaduais. Nesse período, emergiram novas estrelas do partido, que representam uma vaga de políticos republicanos com sangue novo e capacidade de catapultarem o GOP para os sucessos de que andaram afastados entre 2006 e 2008. Entre essas rising stars, destacaram-se nomes como os de Chris Christie, Bob McDonnel, Marco Rubio ou Rob Portman. Contudo, todos eles têm afastado a possibilidade de entrarem na corrida presidencial já em 2012, provavelmente à espera de uma melhor oportunidade do que num ano onde teriam de enfrentar um presidente em exercício.
Assim, e quando já não se esperava que nenhum destes "jovens lobos" republicanos participasse nas primárias republicanas de 2012, eis que Rand Paul, recentemente eleito Senador pelo Kentucky, sugere estar a ponderar uma candidatura à Casa Branca, tendo visitado a Carolina do Sul, um dos early states, para discutir essa possibilidade. Adiantou, porém, uma única certeza: não concorrerá contra o seu pai, Ron Paul, congressista do Texas, e candidato presidencial em 2008.
Apesar de o mais recente Senador pelo Kentucky ter diminutas hipóteses de conseguir a nomeação pelo seu partido, poderia mobilizar a ala libertária do Partido Republicano e, à imagem do que aconteceu com o seu pai em 2008, criar um movimento de entusiasmo à sua volta. Além disso, é agora muito mais conhecido a nível nacional do que era o seu pai no último ciclo eleitoral e o calendário das primárias favorece-o, podendo conseguir bons resultados no Iowa, com o seu eleitorado conservador, e no New Hampshire, onde existem muitos eleitores com tendências libertárias. 
A entrada de Paul na corrida seria, sem dúvida, um motivo de interesse acrescido numa contenda que teima em iniciar-se e ameaça tornar-se pouco cativante. De qualquer forma, uma coisa é certa: Rand Paul não será o próximo Presidente dos Estados Unidos.

terça-feira, 22 de março de 2011

Pawlenty anuncia candidatura

Tim Pawlenty anunciou ontem, através da sua página no Facebook, que irá ser candidato à Casa Branca em 2012. Não se trata de nenhuma surpresa, pois T-Paw, como gosta de ser conhecido, era já uma certeza para a corrida eleitoral. Contudo, como se trata do primeiro candidato de primeira linha a entrar formalmente em campanha, o antigo governador do Minnesota pode incentivar outras figuras, como Mitt Romney ou Newt Gingrich a entrarem oficialmente na contenda.
O facto de Pawlenty ter anunciado a sua candidatura através de um vídeo na mais famosa rede social do mundo é uma prova da importância crescente das novas tecnologias e formas de comunicação na política. Em 2008, Barack Obama foi o campeão nesse campo, batendo os seus adversários por larga margem. Contudo, em 2012, o mais provável é que os republicanos, com a lição bem aprendida, tudo façam para anular a desvantagem face ao Presidente no que diz respeito à presença na Internet e nas redes sociais. E este anúncio de Pawlenty é um bom primeiro passo nesse sentido.
Em relação às hipóteses eleitorais de Tim Pawlenty, ainda é cedo para se realizar um prognóstico definitivo. O facto de ter sido o primeiro político "sério" a anunciar a candidatura advém do seu maior problema: é pouco conhecido fora do Minnesota. Assim sendo, precisa de mais tempo sob os holofotes para que os americanos se familiarizem consigo do que nomes feitos como Romney, ou Gingrich. Contudo, numa altura em que parece provável que nem Sarah Palin nem Mike Huckabee entrem na luta pela nomeação do GOP, o campo está mais aberto do que nunca e Pawlenty, com as suas credenciais conservadoras, de contenção fiscal e com experiência executiva, pode ser uma força a ter em conta.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Barómetro Eleições Presidenciais 2012

Inauguro hoje uma nova funcionalidade do Máquina Política e que continuará até Novembro 2012, quando tiverem lugar as eleições presidenciais norte-americanas. O Barómetro 2012, que tentarei manter sempre actualizado, seguirá as tendências e a mudanças no momentum de cada um dos candidatos à Casa Branca, de forma a que possamos ter uma melhor percepção do estado da corrida. Em estreia absoluta, aqui fica a primeira "tomada de pulso" ao campo de candidatos ao cargo de homem (ou mulher) mais importante do mundo. Na barra lateral, encontra-se a tabela do barómetro, em que sentido e a cor das setas indicam a actual tendência da campanha de cada um dos candidatos (ou aspirantes a candidatos).
Barack Obama Com o desemprego a diminuir, o Presidente pode ter a reeleição facilitada
Mitt Romney Continua como o frontrunner e o principal favorito a conquistar a nomeação pelo GOP.
Mike Huckabee Os seus recentes comentários sobre a naturalidade de Obama podem prejudica-lo junto do eleitorado independente. Continua sem dar sinais de que irá concorrer.
Newt Gingrich A confusão em torno do anúncio oficial da sua candidatura não augura nada de bom para a campanha presidencial que se avizinha.
Sarah Palin Cada vez são menos aqueles que acreditam que irá tentar chegar à Casa Branca.
Tim Pawlenty Pode ser um dos principais beneficiados das prováveis não candidaturas de Palin e Huckabee.
Mitch Daniels Continua a dizer que não vai concorrer e é bem possível que esteja a dizer a verdade.
John Huntsman Os elogios que lhe são endereçados por Obama são tudo menos benéficos.
Rich Santorum Esteve recentemente no New Hampshire, mas a sua verdadeira força deverá estar no Iowa.
Chris Christie Diz que não é candidato, mas poderia constituir a maior ameaça a Barack Obama.
Haley Barbour O seu comportamento indicia que irá mesmo tentar a sua sorte.
Michelle Bachmann Não tem descurado as visitas aos Early States e o Tea Party adora-a.
Donald Trump Continua a querer assumir-se como um candidato sério. Contudo, duvidar da nacionalidade de Obama não será a melhor estratégia.
Ron Paul O voto da ala libertária está garantido, mas isso não chega para se vencer o que quer que seja.

Herman Cain → A sua candidatura já é oficial, mas é duvidoso que chegue a entrar nas contas da luta pela nomeação republicana.

Obama exige cessar-fogo na Líbia

Em declarações realizadas hoje, Barack Obama foi bastante claro na sua mensagem a Muammar Kaddafi, exigindo que o (ainda) líder líbio ordene às suas forças armadas que cessem os combates com os rebeldes. Contudo, o Presidente norte-americano pôs de parte a possibilidade de enviar forças terrestres para a Líbia e sublinhou que a liderança de eventuais iniciativas internacionais, na sequência da resolução da ONU que permitiu o uso da força contra Kaddafi par proteger os civis líbios, caberá à França, ao Reino Unido e aos países árabes.
Este é um tema sensível para Obama, que não quer ser visto como fraco e/ou irrelevante em questões internacionais, mas sempre se manifestou contrário à Doutrina Bush, que pressupunha a defesa dos ideais democráticos e de liberdade pelos Estados Unidos em qualquer parte do globo. Além disso, a questão líbia tem dividido a sua própria administração. Enquanto uns, como Joe Biden, defendem a intervenção activa na Líbia, já outros, como o Secretário da Defesa Robert Gates, não querem ver as forças americanas envolvidas em mais um conflito distante. 
Assim sendo, para resolver este problema, Obama terá de fazer um complicado jogo de equilíbrio. Pelo teor da declaração de hoje, parece estar a ir no bom caminho: foi duro com Kaddafi, que, entretanto, já anunciou um cessar fogo, mas deu a entender a América não se irá envolver demasiado, passando a bola a outros actores. Veremos se esta táctica resultará...

quarta-feira, 16 de março de 2011

Hillary no Egipto

Ora aqui está uma imagem carregada de simbolismo. A Secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, de visita à já mítica Praça Tahrir, epicentro da revolução popular no Egipto, que culminou com o abandono de Mubarak da presidência do país dos faraós.

terça-feira, 15 de março de 2011

Primárias 2012: Nevada e Carolina do Sul

O Iowa e o New Hampshire são, por tradição, os Estados decisivos nas primárias presidenciais norte-americanas. Contudo, mais recentemente, foram surgindo muitas críticas ao facto de estes dois Estados, com um peso predominante na escolha dos candidatos presidenciais, serem pouco representativos da nação americana como um todo. Assim, para contrastar com estes dois Estados, um de New England e outro do Midwest, onde as minorias étnicas estão subrepresentadas, ambos os partidos acharam por bem adiantar dois outros Estados para o início do calendário das primárias: o Nevada, do Southwest e com uma enorme comunidade latina, e a Carolina do Sul, que conta com um grande número de afro-americanos.
Mais a Sul, a South Carolina conseguiu impor-se como um Estado reconhecidamente importante nas primárias presidenciais. De um lado, os republicanos têm aqui a primeira oportunidade de lutarem pela conquista de eleitores sulistas, um grupo tradicionalmente fulcral para as aspirações eleitorais de um candidato do GOP. Por sua vez, os concorrentes democratas têm de conquistar a simpatia e o voto de um conjunto de eleitores decisivos para a sua coligação eleitoral: os afro americanos, que representam cerca de metade dos eleitores democratas neste Estado. Assim, é apenas natural que a Carolina do Sul seja um dos principais alvos dos candidatos na época de primárias, ficando apenas atrás dos "dois grandes".
Em 2008, o vencedor da primária republicana foi John McCain, que venceu por curta margem o sulista Mike Huckabee, num dos momentos mais importantes para a sua nomeação. Na altura, McCain beneficiou da divisão de votos entre dois homens do Sul, Huckabee e Fred Thompson, e ainda do voto considerável em Romney. Em 2012, a Carolina do Sul deve ser o alvo dos candidatos mais conservadores, em especial de figuras provenientes do Sul dos Estados Unidos. A concorrer, Mike Huckabee deverá partir como frontrunner, mas Newt Gingrich, da vizinha Geórgia, ou estrelas do Tea Party, como Sarah Palin, Michelle Bachman ou Rick Santorum também poderão ter uma palavra a dizer.
A Oeste, o Nevada, que escolheu o caucus como modelo de eleição, não tem tido muito sucesso a conquistar notoriedade no processo das primárias. Contudo, o Estado aposta forte em 2012, decidido a tornar-se uma referência nas escolhas presidenciais dos americanos. Se do lado democrata, os kingmakers são os sindicatos dos trabalhadores dos casinos de Las Vegas, já no caso republicano é o eleitorado mórmon a ditar as leis. Em 2012, à semelhança do que aconteceu em 2008, Mitt Romney, que é mórmon, deverá vencer folgadamente, a não ser que John Huntsman, do mesmo credo, consiga estabelecer-se como um candidato viável. 
Findas as primárias nos quatro Estados que têm o privilégio de votar em primeiro lugar, é provável que haja já um favorito a conseguir a nomeação presidencial do Partido Republicano. Contudo, e como a fantástica disputa pela nomeação de 2008 tão bem demonstrou, a luta pode ser demorada, complexa e atribulada. Assim, tanto podemos assistir a um vencedor anunciado em Março, como vermos a decisão arrastar-se até ao Verão. A única certeza é que nós estaremos cá para acompanhar a corrida a par e passo.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Primárias 2012: New Hampshire

Depois dos caucuses do Iowa, será a vez do New Hampshire dizer de sua justiça relativamente aos candidatos presidenciais para as eleições de 2012. As primárias do granite state deverão ter lugar em meados de Fevereiro do próximo ano e aqui, ao contrário do Iowa, a votação decorrerá segundo o tradicional modelo de voto secreto em urna. 
As primárias de New Hampshire costumam ser um momento decisivo no processo das nomeações presidenciais - mais até do que os caucuses do Iowa. Em 2008, foi neste Estado que John McCain deu o passo decisivo rumo à nomeação republicana, enquanto que do lado democrata a vitória de Hillary Clinton impediu Obama de selar a nomeação após a sua surpreendente vitória no Iowa. 
Em 2012, porém, prevê-se que o New Hampshire não se revista de uma importância tão decisiva como no último ciclo eleitoral, visto que existe um político que é globalmente apontado como o grande favorito à vitória. Apesar de ter perdido as primárias de 2008 para McCain, Mitt Romney parece, pelo menos para já, lançado para a vitória no granite state já que, além da proximidade entre o seu Massachusetts e o New Hampshire, Romney está presente no terreno desde 2007, tendo, inclusivamente, estabelecido residência neste Estado de New England. 
Se o antigo Governador do Massachusetts deve estar optimista para as primárias do New Hampshire, isso já não acontece com os candidatos da ala mais conservadora do GOP e por uma variedade de razões. Em primeiro lugar, pela própria constituição do eleitorado republicano no granite state, conhecido pela sua tendência moderada e independente. Depois,  porque no New Hampshire a facção libertária tem uma substancial relevância, o que permitirá a um candidato como Ron Paul obter um bom resultado (em 2008, Paul conseguiu 8% dos votos), mas prejudicará concorrentes com ideias mais conservadoras (principalmente em questões sociais). Finalmente, devido ao facto de as primárias neste Estado serem abertas, o que permite que eleitores registados como independentes e mesmo como democratas votem nas primárias do GOP, o que será sempre um factor para os candidatos mais moderados em detrimento dos representantes da ala mais radical do Partido Republicano.
Assim, a previsão que é possível fazer neste momento, quando estamos a um ano do início da época de primárias, é que o desfecho previsível (uma vitória de Romney) das primárias do New Hampshire ditará um de dois cenários: caso Mitt vença no Iowa, um triunfo no NH selará praticamente a sua nomeação presidencial; se não ganhar no Iowa (o mais provável), então disputará uma corrida a dois com o candidato conservador mais bem colocado depois dos dois primeiros momentos eleitorais, começando pelos dois early states que se seguem ao New Hampshire: o Nevada e a Carolina do Sul.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Obama 2012

Em anos de eleições presidenciais onde o detentor do cargo procura um segundo mandato, é normal que se fale mais da luta pela nomeação do partido contrário, uma contenda totalmente em aberto, ficando as primárias do partido do Presidente, que não passam, tradicionalmente, de uma mera formalidade, para segundo plano.
Em 2012, não é crivel que Barack Obama seja ameaçado pela sua Esquerda, devendo ser o candidato único do Partido Democrata à Casa Branca. Contudo, a máquina política de Obama não parece querer passar ao lado da época de primárias e, segundo um excelente artigo de Dan Balz do Washington Post, estará a preparar-se para montar estruturas nos early states do calendário das primárias (Iowa, New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul), de forma a não permitir que a enorme presença e disputa dos candidatos republicanos por esses Estados nas primárias, onde o Presidente estará, sem dúvida nenhuma, na mira de todos os concorrentes do GOP, prejudique irremediavelmente as suas hipóteses nesses locais aquando da eleição geral.
A campanha de reeleição de Barack Obama poderá começar a qualquer momento. O seu staff, liderado por Jim Messina e David Axelrod, está já preparado para, a partir de Chicago, onde estará localizada a sede de campanha, ajudar o seu chefe a ser eleito para um segundo mandato à frente dos destinos dos Estados Unidos. Surgem também rumores das primeiras movimentações da equipa financeira de Obama, que espera bater um novo recorde de angariação de fundos. Em 2008, o candidato democrata superou todas as expectativas, amealhando cerca de 750 milhões de dólares em contribuições para a sua campanha. Em 2012, o objectivo será atingir a incrível marca de um bilião de dólares. Para isso, o actual presidente conta com a ajuda dos pequenos doadores, fundamentais na sua primeira eleição, mas também com as contribuições dos "tubarões", que poderão ser facilitadas pelo peso selo presidencial.
A presidência será, de facto, uma grande vantagem para Barack Obama no trilho da campanha, já que além da notoriedade e deferência que o cargo lhe confere, contará com várias comodidades com que o seu adversário não poderá contar, como voar confortavelmente no Air Force One. Por outro lado, não poderá fazer da campanha um emprego em full time, já que terá de dividir o seu tempo com as obrigações da governação do país. Ainda assim, o saldo é sempre positivo para o Presidente.

sexta-feira, 4 de março de 2011

O desemprego desce; a gasolina sobe

Foram conhecidos hoje os valores do desemprego nos Estados Unidos relativos a Fevereiro e as notícias são bastante positivas. No mês passado, a economia norte-americana acrescentou quase 200 mil novos empregos, alcançando assim a mais baixa taxa de desemprego desde Abril de 2009, quedando-se agora abaixo da barreira dos 9%, em 8,9%. 
No último ano, como o gráfico indica, a tendência tem sido de criação de emprego. Caso se mantenha esta tendência, Barack Obama poderá ter a reeleição facilitada e muitos analistas apontam para os 8% como um valor que, a ser atingido, poderá valer ao actual Presidente um novo mandato na Casa Branca. Contudo, também os republicanos, agora no controlo da Câmara dos Representantes, deverão querer ser incluídos na distribuição dos louros. 
Além disso, e se estes números poderão ser um alívio para Obama, a verdade é que um novo problema se levanta, já que a subida nos preços do petróleo, induzida pela crise no Norte de África, pode provocar, como já acontece no nosso país, uma  substancial onda de insatisfação entre a população norte-americana. E isso, como lembra Nate Silver, pode trazer graves dissabores para Barack Obama.

Obama: "Kaddafi must leave"


Com a degradação da crise na Líbia e numa altura em que já se fala numa possível intervenção militar do Ocidente para pôr cobro às atrocidades cometidas pelas forças leais a Kaddafi, o presidente norte-americano aproveitou uma conferência de imprensa em conjunto com o seu homólogo do México para se referir à situação no Norte de África e para criticar ferozmente o ditador líbio. Desta vez, e ao contrário do que aconteceu aquando do despoletar dos movimentos revolucionários na Tunísia e no Egipto, em que a administração norte-americana parecia algo confusa e sem saber ao certo como lidar com a situação, os Estados Unidos parecem decididos a insurgirem-se contra os antigos regimes ditatoriais do Norte de África que estão a cair um peças de um dominó. 

terça-feira, 1 de março de 2011

Shutdown

Enquanto continuam as difíceis negociações em torno do orçamento federal, um processo especialmente sensível este ano devido ao facto de cada um dos dois partidos controlar uma das câmaras do Congresso (os democratas são a maioria no Senado, enquanto que o GOP tem o controlo da Câmara dos Representantes), começa a ganhar consistência o cenário de uma paragem governamental, mais conhecido nos Estados Unidos como shutdown.
Numa situação de shutdown, que sucede quando o órgão legislativo é incapaz de produzir o orçamento federal (ou quando o Presidente veta o orçamento proposto pelo Congresso), o governo federal é suspenso, ficando apenas em actividade os sectores considerados essenciais para o funcionamento do país (forças armadas, polícia, bombeiros, etc.). Como democratas e republicanos parecem muito distantes de chegar a um qualquer tipo de acordo relativamente ao orçamento, em especial no que diz respeito a políticas fiscais e cortes na despesa, é bem possível que o governo venha mesmo a encerrar nas próximas semanas, senão nos próximos dias. 
A última vez que uma situação como estas ocorreu foi em 1995, quando as divergências entre o Presidente Bill Clinton e Newt Gingrich (então speaker of the house) levaram ao fecho de portas do federal government. Na altura, o desenrolar dos acontecimentos resultou numa vitória política de Bill Clinton, já que a maioria dos americanos atribuíram à intransigência de Gingrich em negociar com a Casa Branca a maior parte das responsabilidades pelo shutdown. 
Este ano, Barack Obama parece querer seguir o guião de Clinton, preferindo manter-se na retaguarda, deixando os papéis principais nas negociações com os republicanos para os líderes democratas do Congresso. Assim, se (ou quando) as coisas derem para o torto, poderá surgir como a voz da razão e apresentar soluções de compromisso entre as posições dos dois lados. Estaria, dessa forma, a dar um importante passo para a sua reeleição em 2012.