Enquanto continuam as difíceis negociações em torno do orçamento federal, um processo especialmente sensível este ano devido ao facto de cada um dos dois partidos controlar uma das câmaras do Congresso (os democratas são a maioria no Senado, enquanto que o GOP tem o controlo da Câmara dos Representantes), começa a ganhar consistência o cenário de uma paragem governamental, mais conhecido nos Estados Unidos como shutdown.
Numa situação de shutdown, que sucede quando o órgão legislativo é incapaz de produzir o orçamento federal (ou quando o Presidente veta o orçamento proposto pelo Congresso), o governo federal é suspenso, ficando apenas em actividade os sectores considerados essenciais para o funcionamento do país (forças armadas, polícia, bombeiros, etc.). Como democratas e republicanos parecem muito distantes de chegar a um qualquer tipo de acordo relativamente ao orçamento, em especial no que diz respeito a políticas fiscais e cortes na despesa, é bem possível que o governo venha mesmo a encerrar nas próximas semanas, senão nos próximos dias.
A última vez que uma situação como estas ocorreu foi em 1995, quando as divergências entre o Presidente Bill Clinton e Newt Gingrich (então speaker of the house) levaram ao fecho de portas do federal government. Na altura, o desenrolar dos acontecimentos resultou numa vitória política de Bill Clinton, já que a maioria dos americanos atribuíram à intransigência de Gingrich em negociar com a Casa Branca a maior parte das responsabilidades pelo shutdown.
Este ano, Barack Obama parece querer seguir o guião de Clinton, preferindo manter-se na retaguarda, deixando os papéis principais nas negociações com os republicanos para os líderes democratas do Congresso. Assim, se (ou quando) as coisas derem para o torto, poderá surgir como a voz da razão e apresentar soluções de compromisso entre as posições dos dois lados. Estaria, dessa forma, a dar um importante passo para a sua reeleição em 2012.
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