O Iowa e o New Hampshire são, por tradição, os Estados decisivos nas primárias presidenciais norte-americanas. Contudo, mais recentemente, foram surgindo muitas críticas ao facto de estes dois Estados, com um peso predominante na escolha dos candidatos presidenciais, serem pouco representativos da nação americana como um todo. Assim, para contrastar com estes dois Estados, um de New England e outro do Midwest, onde as minorias étnicas estão subrepresentadas, ambos os partidos acharam por bem adiantar dois outros Estados para o início do calendário das primárias: o Nevada, do Southwest e com uma enorme comunidade latina, e a Carolina do Sul, que conta com um grande número de afro-americanos.
Mais a Sul, a South Carolina conseguiu impor-se como um Estado reconhecidamente importante nas primárias presidenciais. De um lado, os republicanos têm aqui a primeira oportunidade de lutarem pela conquista de eleitores sulistas, um grupo tradicionalmente fulcral para as aspirações eleitorais de um candidato do GOP. Por sua vez, os concorrentes democratas têm de conquistar a simpatia e o voto de um conjunto de eleitores decisivos para a sua coligação eleitoral: os afro americanos, que representam cerca de metade dos eleitores democratas neste Estado. Assim, é apenas natural que a Carolina do Sul seja um dos principais alvos dos candidatos na época de primárias, ficando apenas atrás dos "dois grandes".
Em 2008, o vencedor da primária republicana foi John McCain, que venceu por curta margem o sulista Mike Huckabee, num dos momentos mais importantes para a sua nomeação. Na altura, McCain beneficiou da divisão de votos entre dois homens do Sul, Huckabee e Fred Thompson, e ainda do voto considerável em Romney. Em 2012, a Carolina do Sul deve ser o alvo dos candidatos mais conservadores, em especial de figuras provenientes do Sul dos Estados Unidos. A concorrer, Mike Huckabee deverá partir como frontrunner, mas Newt Gingrich, da vizinha Geórgia, ou estrelas do Tea Party, como Sarah Palin, Michelle Bachman ou Rick Santorum também poderão ter uma palavra a dizer.
A Oeste, o Nevada, que escolheu o caucus como modelo de eleição, não tem tido muito sucesso a conquistar notoriedade no processo das primárias. Contudo, o Estado aposta forte em 2012, decidido a tornar-se uma referência nas escolhas presidenciais dos americanos. Se do lado democrata, os kingmakers são os sindicatos dos trabalhadores dos casinos de Las Vegas, já no caso republicano é o eleitorado mórmon a ditar as leis. Em 2012, à semelhança do que aconteceu em 2008, Mitt Romney, que é mórmon, deverá vencer folgadamente, a não ser que John Huntsman, do mesmo credo, consiga estabelecer-se como um candidato viável.
Findas as primárias nos quatro Estados que têm o privilégio de votar em primeiro lugar, é provável que haja já um favorito a conseguir a nomeação presidencial do Partido Republicano. Contudo, e como a fantástica disputa pela nomeação de 2008 tão bem demonstrou, a luta pode ser demorada, complexa e atribulada. Assim, tanto podemos assistir a um vencedor anunciado em Março, como vermos a decisão arrastar-se até ao Verão. A única certeza é que nós estaremos cá para acompanhar a corrida a par e passo.
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