quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Olympia Snowe deixa o Senado

Olympia Snowe, Senadora republicano pelo Estado do Maine desde 1995, anunciou ontem, surpreendendo tudo e todos, que não concorrerá à reeleição , deixando, dessa forma, o Senado no final do actual mandato, em Janeiro do próximo ano. Para justificar a sua decisão, Snowe alegou o extremado clima partidário que se vive, nos dias de hoje, em Washington D.C.
Assim sendo, o seu assento no Senado fica agora em aberto para ser disputado nas próximas eleições, o que não era expectável, já que a reeleição de Snowe era dada como praticamente certa. São óptimas notícias para os democratas, que podem agora lutar por mais um lugar no Senado actualmente ocupado por um político do GOP. Num ano muito difícil para os democratas no que às eleições para a câmara alta do Congresso diz respeito, a saída de Olympia Snowe é uma preciosa ajuda para que possam cumprir os seus intentos de aguentar a maioria no Senado.
Por outro lado, este é mais um sinal preocupante para o centro político norte-americano. Snowe é uma das últimas representantes de uma espécie em vias de extinção: os republicanos moderados. Com a sua saída, são cada vez menos os republicanos capazes de ultrapassar as divergências partidárias e tentarem acordos e compromissos com o outro lado. Contudo, também entre os democratas se assiste ao mesmo fenómeno, já que os moderados - que tendencialmente representam Estados mais conservadores - têm tido dificuldades para segurar os seus lugares no Congresso e, por isso, são cada vez menos numerosos entre as fileiras do partido. 
Sem Snowe, os republicanos perdem um lugar assegurado no Senado, mas os americanos perdem uma voz moderada e responsável, que fazia recordar os tempos em que a câmara alta do Congresso era um lugar quase supra-partidário, recheado de grandes estadistas e políticos. A saída da Senadora do Maine é mais um sintoma da doença que cada vez mais assola os Estados Unidos: a crescente polarização entre os dois espectros políticos dos Estados Unidos. Para já, a cura parece longe de ser encontrada.

Romney respira melhor

Resultados das primárias de ontem:

Arizona

Mitt Romney - 47,3%
Rick Santorum - 26,6%
Newt Gingrich - 16,2%
Ron Paul - 8,4%

Michigan

Mitt Romney - 41,1%
Rick Santorum - 37,9%
Ron Paul - 11,6%
Newt Gingrich - 6,5%

Mitt Romney foi o grande vencedor da noite de ontem, tendo vencido as duas primárias em disputa. No Arizona, obteve o triunfo esperado, mas por uma larga margem (mais de 20 pontos percentuais), amealhando todos os delegados eleitos por este Estado do Sudoeste norte-americanos. Num Estado que, numa determinada altura, chegou a parecer competitivo, Romney foi dominador e destroçou a concorrência. Já a sua vitória Michigan, o seu home-state, foi bem mais suada e renhida. As cadeias televisivas demoraram a anunciar um vencedor, mas, no final, foi o antigo Governador do Massachusetts a obter o prémio mais apetecido da noite de ontem. 
Com estes resultados, Romney evita o que poderia ser um golpe fatal para a sua candidatura presidencial e volta a respirar melhor. Cortou o momentum a Santorum e parte em melhor posição para a Super-Tuesday
Rick Santorum, por sua vez, perdeu talvez a sua grande oportunidade para poder tornar-se o nomeado republicano. A última semana de campanha no Michigan correu-lhe mal e não esteve à altura no derradeiro debate televisivo. Agora, tem de apostar forte no Estado do Ohio para voltar a incomodar Romney. 
Newt Gingrich, que continua à espera de um milagre, teve resultados modestos, ficando mesmo em último lugar no Arizona. Ainda disputará a Super-Tuesday e tem os cofres recheados com mais uma grande contribuição do seu Super-PAC, mas é difícil de escrutinar um cenário em que Gingrich ainda volte a tornar-se relevante nesta campanha.
Para último lugar fica Ron Paul, que chegou a ser uma força no actual ciclo eleitoral, mas que foi perdendo fulgor até se tornar praticamente irrelevante. Actualmente, é visto como uma espécie de wing man de Romney, aliando-se a este para fazer frente a Santorum e Gingrich. Ora, essa fama não pode ser positiva para um candidato de franja e que lidera um movimento que se diz independente e inovador. 
De partida do Michigan e do Arizona, as atenções passam a estar centradas na Super-Tuesday do próximo dia 6 de Março, ainda que antes, no Sábado, decorram os caucuses do Estado de Washington. Na Terça-feira,10 Estados irão a votos, num dia que poderá ser decisivo para a escolha do candidato presidencial do Partido Republicano.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Indecisão no Michigan

Chegou mais um dia de eleições primárias presidenciais nos Estados Unidos da América. Desta vez, são os Estados do Michigan e do Arizona a votarem para eleger o candidato republicano à Presidência. E se para a votação no Arizona não há grandes expectativas - espera-se que Mitt Romney obtenha uma vitória confortável -, a história no Michigan é outra, já que é muito difícil antever o vencedor desta primária. Aliás, esta primária parece ser a mais competitiva de todas as que já se desenrolaram até ao momento.
À imagem da própria disputa pela nomeação presidencial republicana, a corrida no Michigan tem sido marcada por constantes alterações na sua dinâmica, com as sondagens a mostrarem, num curto período de tempo, mudanças na liderança e nas votações de Romney e Santorum, os dois candidatos à vitória neste Estado do Midwest norte-americano. Primeiro, Mitt Romney, que nasceu no Michigan, era visto como o grande favorito à vitória. Contudo, depois da tripla vitória de Santorum no Colorado, Missouri e Minnesota, o antigo Senador da Pensilvânia tomou a liderança nas sondagens do Michigan, tendo-se distanciado rapidamente de Romney. Só que depois de uma barragem de ataques negativos contra Santorum e uma boa prestação no debate da semana passada, Romney voltou a encurtar a distância, chegando mesmo a ultrapassar o seu adversário. Parecia, assim, que Mitt se encaminhava para uma vitória na primária de logo à noite. Acontece, porém, que num ressurgimento tardio de Santorum, este voltou a colar-se a Romney, surgindo, em duas sondagens divulgadas durante o dia de ontem, novamente na liderança da corrida. 
O equilíbrio é, portanto, a nota dominante na primária do Michigan, que decidirá se será Romney ou Santorum a cantar vitória no rescaldo da noite de hoje. Contudo, há outro factor a ter em conta nesta primária. Como Nate Silver aponta neste texto, o complexo sistema de distribuição de delegados da primária do Michigan pode levar a que o candidato mais votado não seja aquele que arrecada mais delegados. Assim sendo, há sempre a possibilidade de os dois concorrentes declararem vitória no Estado dos Grandes Lagos: um enquanto o candidato mais votado e o outro enquanto o que amealhou mais delegados. 
Como vimos, a indecisão e a incerteza marcam a antevisão da noite eleitoral que se aproxima. Todavia, os resultados de logo deverão ter uma grande influência na presente corrida pela nomeação, até porque a Super-Tuesday é já de hoje a oito dias. Chegamos, por isso, aos momentos decisivos desta campanha pela nomeação presidencial pelo Partido Republicano.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Os candidatos no debate de ontem

Mitt Romney - Apesar de não ter estado propriamente brilhante, Romney foi claramente o vencedor do debate de ontem. Consciente que o principal perigo vem agora da parte da Santorum, o antigo Governador do Massachusetts mostrou ter feito os trabalhos de casa e levou bastante material para atacar o seu adversário. O seu melhor momento foi quando encostou Santorum às cordas, criticando-o por ter apoiado Arlen Specter (Senador republicano que, mais tarde, se mudou para o lado democrata) e por ter várias vezes votado, no Senado, contra a sua consciência. A jogar num Estado favorável, teve a audiência do seu lado, o que ajuda sempre a transmitir a imagem de vitória. Pode ter conseguido, ontem à noite, um fôlego decisivo para vencer as primárias no Michigan e no Arizona, na próxima Terça-feira.

Rick Santorum - Foi, sem dúvida, o derrotado da noite. Sendo este o último debate antes das próximas primárias e talvez mesmo o último da campanha eleitoral, Santorum tinha aqui a grande oportunidade para desferir um golpe fatal em Romney. Contudo, as suas boas prestações em anteriores debates não se repetiram e Santorum pareceu nervoso e incapaz de se defender convincentemente dos ataques dos seus adversários. Ficaram ainda mais uma vez demonstradas as dificuldades que os candidatos membros do Congresso sentem em justificar e defender o seu historial de votos no Capitólio. Para alguém que tinha tudo a ganhar no debate de ontem, Santorum jogou demasiadamente à defesa e saiu derrotado por um Romney mais dinâmico e decidido.

Newt Gingrich - Teve uma sólida prestação e voltou a uma receita que lhe deu proveitos no passado: as críticas à comunicação social. Apesar de parecer calmo e seguro de si, a verdade é que foi praticamente irrelevante no debate. Por este andar, também a sua candidatura se tornará irrelevante nesta campanha eleitoral. 

Ron Paul - Como sempre, o congressista do Texas foi coerente e apresentou as suas ideias de forma clara. Os seus ataques tiveram como único destinatário Rick Santorum e fala-se já abertamente numa alegada aliança entre si e Mitt Romney. Será que poderemos ter Paul numa eventual administração Romney?

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Um debate decisivo

Como já tenho dito, os debates televisivos têm sido fundamentais na campanha presidencial em curso. Boas prestações nestes eventos têm permitido a ascensão (casos de Gingrich ou Santorum) ou a queda de candidatos (com Rick Perry a ser o exemplo mais flagrante) diante da opinião pública norte-americana. Assim sendo, o debate de hoje à noite, organizado pela CNN e realizado no Arizona, reveste-se de uma importância acrescida por ser o último antes das primárias da próxima Terça-feira - no Michigan e no Arizona - e da Super Tuesday que se realiza a 6 de Março.
Mais logo, veremos então se Rick Santorum consegue manter a pressão sobre Mitt Romney, de forma a continuar a representar uma ameaça para a nomeação do ex-Governador do Massachusetts, ou se é Romney que é capaz de afastar a principal concorrência e, finalmente, conseguir apelar aos corações e mentes dos eleitores mais conservadores. Por outro lado, é sempre conveniente prestar atenção a Newt Gingrich, que já provou ser capaz de voltar à luta pela nomeação através das suas prestações arrojadas nos debates.
O debate, com moderação de John King, tem transmissão na CNN, a partir da 1 hora da madrugada em Portugal.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Santorum e Romney lado a lado

Depois de um pequeno intervalo no calendário das primárias presidenciais, as decisões regressam já de hoje a oito dias, quando o Michigan e o Arizona realizam as suas primárias e que parecem estar a revestir-se de uma grande importância para o desfecho da disputa pela nomeação presidencial do Partido Republicano.
Começando pelo Sudoeste, o Arizona era considerado, até há pouco tempo atrás, terreno seguro para Mitt Romney, devido, principalmente, à forte comunidade mórmon presente nesse Estado. E, de facto, as sondagens pareciam confirmar o favoritismo do antigo Governador do Massachusetts. Contudo, um estudo divulgado ontem, da responsabilidade da Public Policy Polling (PPP), mostrou Romney com apenas três pontos percentuais de vantagem sobre Rick Santorum (39%-36%). Para já, apenas esta sondagem coloca os dois candidatos tão perto um do outro, pelo que o equilíbrio desta corrida carece de confirmação. Ainda assim, Romney tem motivos para se preocupar com o que se passa no "Faroeste" dos Estados Unidos.
Mas o principal problema de Mitt Romney localiza-se no Midwest, mais precisamente no Michigan, o seu Estado onde nasceu e onde o seu pai foi Governador nos anos 60. Durante a semana passada, as sondagens mostraram uma vantagem clara de Santorum, mas mais recentemente a corrida tende a equilibrar-se. Segundo a PPP, Santorum lidera com 37%, face aos 33% de Romney, estando esta diferença dentro da margem de erro apontada pela sondagem. Já a We Wask America encontrou um empate entre os dois candidatos a 29%. 
Tendo em contas os números apresentados, parece seguro afirmar que, durante a próxima semana, a campanha eleitoral estará ao rubro, com ambas a apostarem tudo por tudo para vencerem. Para Romney, uma derrota em qualquer um dos Estados será um duro golpe para a sua candidatura presidencial, que parece cada vez mais fragilizada. Mas uma derrota tanto no Michigan como no Arizona representaria uma verdadeira catástrofe para si e é difícil de dizer qual seria a reacção do establishment do GOP. O mais provável é que se instalasse o pânico e que se redobrassem os esforços por encontrar uma alternativa fora do actual leque de candidatos.
Contudo, Mitt Romney tem muito dinheiro para gastar e, como se viu na Florida, é capaz de atacar sem quartel os seus adversários através de anúncios televisivos. Além disso, Santorum começa agora a ser mais escrutinado pela imprensa e as suas ideias sobre questões sociais estão a levantar maior polémica e a desviá-lo da sua mensagem. Mas é incerto se isso chegará para que Romney saia vencedor na próxima Terça-feira. O melhor é mesmo esperar para ver.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O regresso dos Kennedys

Depois da morte do histórico Senador Teddy Kennedy, em 2009, e de Patrick Kennedy ter deixado a Câmara dos Representantes, em 2011, a mais famosa família política dos Estados Unidos ficou, pela primeira vez em 60 anos, sem nenhum representante no Congresso. Contudo, os Kennedy podem estar perto do regresso já que Joseph Kennedy III, neto de Robert Kennedy, irmão do Presidente John Kennedy e assassinado durante a sua campanha presidencial em 1968, anunciou ontem a sua candidatura à Câmara dos Representantes pelo Estado de sempre do seu clã, o Massachusetts. Com 31 anos, Joseph é o futuro político da família que, nos anos 60, se tornou mito e muito dificilmente os republicanos conseguirão arranjar um candidato capaz de bater um Kennedy. Camelot pode estar de volta.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Um novo frontrunner?


Após o hat-trick de Rick Santorum na passada Terça-feira, a corrida voltou a alterar-se totalmente e as sondagens a nível nacional têm mostrado um movimento nos números que favorece o antigo Senador pela Pensilvânia. Como se pode ver no gráfico de cima, a média do Real Clear Politics já atribui mesmo a liderança a Santorum, que ultrapassou Mitt Romney nas sondagens nacionais. E se no início da época de primárias, este tipo de estudos não tinha grande significado, agora, quando nos aproximamos de votações em Estados maiores e de dias com várias primárias (com destaque para a Super-Tuesday), as sondagens nacionais serão um indicador mais importante e fiável para se "medir a temperatura" da corrida. 
Mas o excelente momento de Santorum também se faz sentir a nível local, como se pode comprovar através da sondagem da PPP no Michigan, um dos próximos Estados a ir a votos, que coloca o ex-Senador com uma robusta vantagem sobre Romney(39% contra 24%). Este resultado é ainda mais surpreendente se tivermos em conta que Romney joga em casa no Michigan, dado que foi nesse Estado que cresceu, tendo o seu pai sido Governador.
Como se viu, Rick Santorum é a mais recente sensação nas primárias republicanas. Pelo menos para já, é a maior ameaça a Romney, que nem com a vitória nos caucuses do Maine e na straw poll da CPAC (encontro anual de conservadores) conseguiu contrariar o momentum do seu adversário. Mas, como já aprendemos neste ciclo eleitoral, o melhor é mesmo esperar para ver se o actual estatuto de Santorum é para manter ou se se trata apenas de mais um flavour of the month na interminável procura por parte do eleitorado conservador de um candidato que derrote Romney.
Seja como for, creio que um político que perdeu a possibilidade de ser reeleito para o Senado por quase 20 pontos percentuais de diferença (a maior derrota de um Senador incumbente desde 1980) dificilmente conseguirá ser o nomeado republicano para disputar a presidência.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Cartoon: anyone but Romney

A ascenção de Santorum

Rick Santorum varreu completamente as primárias da passada Terça-feira, amealhando vitórias nos caucuses do Colorado e do Minnesota, assim como na primária do Missouri, ainda que esta não atribuísse qualquer delegado. 
Foi, sem dúvida, um resultado brutal para o antigo Senador pela Pensilvânia, que, nos últimos dias de campanha no Minnesota e no Missouri, conseguiu destacar-se dos seus opositores. Já a sua vitória no Colorado, que se supunha ser terreno seguro para Mitt Romney, foi uma grande surpresa e representou a cereja no topo do bolo para Santorum que se tornou, assim, o candidato com mais triunfos (quatro), ultrapassando Romney (que conta com três) e Gingrich (apenas venceu na Carolina do Sul).
Depois de um 2011 muito apagado - até finais de Dezembro, estava constantemente no último lugar das sondagens -, Santorum conseguiu ganhar tracção no Iowa, triunfando mesmo neste Estado, ainda que apenas tenha sido declarado vencedor depois de uma recontagem dos votos. Todavia, o momentum pós-Iowa não foi sentido de forma muita intensa e a estrela do ex-Senador foi perdendo brilho, tendo-se chegado mesmo a falar numa possível desistência. Mas Santorum não desistiu e, apelando aos eleitores mais conservadores com base nos seus valores religiosos e familiares, foi capaz de voltar ao topo e ser agora a maior ameaça para Mitt Romney.
Ainda assim, Romney é ainda o grande favorito a conseguir a nomeação republicana. Conta uma estrutura altamente capaz e profissional  e tem o apoio do establishment do partido. Mas, principalmente, tem uma enorme vantagem financeira, o que, numa campanha marcada pelo negativismo, lhe dá a capacidade de atacar sem tréguas os seus adversários, através de anúncios televisivos, na rádio, nos jornais, ou na Internet.
Mas a principal vítima da ascensão de Santorum foi Newt Gingrich, que teve uma noite péssima na Terça-feira e perdeu a possibilidade de continuar a afirmar ser a única alternativa a Romney. O antigo Speaker, que já provou nesta campanha ser capaz do mais improvável dos regressos à disputa pela nomeação, procura agora bons resultados na Super-Tuesday, apostando no Ohio e no seu home-state da Geórgia, um prémio muito apetecível, já que o seu vencedor, através do sistema de winner-takes-all, arrecada automaticamente os 70 delegados em discussão.
O calendário das primárias segue já amanhã, com a realização de uns pouco relevantes caucuses no Maine, mas, nas próximas semanas, as atenções estarão viradas para as primárias do Arizona e do Michigan, que têm lugar no dia 28. Romney parte como favorito nos dois Estados, fruto importante comunidade mórmon no primeiro Estado e de ser uma espécie de favorite-son no segundo, já que o seu pai foi Governador do Michigan na década de 60. Porém, como já se viu tantas vezes nesta campanha, o melhor é não fazer muitas apostas.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Noite de primárias

Continuam as eleições primárias nos Estados Unidos, com vista à escolha do político republicano que defrontará Obama, em Novembro. Hoje, decorrem caucuses no Colorado e no Minnesota, e um concurso de beleza no Missouri, já que a primária que tem lugar neste Estado do Midwest  não elege nenhum delegado (para esse efeito, serão realizadas caucuses no dia 17 de Março.
Foram hoje divulgadas sondagens da PPP nestes três Estados. No Colorado, espera-se uma vitória clara de Mitt Romney, de acordo com os números daquela empresa:  37% das intenções de voto para Romney, contra 27% de Rick  Santorum, 21% de  Newt Gingrich e 13% de Ron Paul. No Minnesotta, Santorum lidera com 33%, seguido de Romney, com 24%, Gingrich com 22% e Ron Paul, com 20%. Relativamente ao Missouri, a mesma empresa aponta para uma vitória folgada de Santorum, que surge com 45%, seguido de Romney, com 32%, e Ron Paul, com 19% (Gingrich não surge nos boletins de voto).
Se a PPP estiver correcta nas suas previsões, esta pode ser uma grande noite para Santorum, que venceria duas das três corridas e se colocaria como o grande adversário de Romney, relegando Newt para uma incómoda posição. Assim sendo, as eleições de hoje podem provocar mais uma reviravolta nesta campanha eleitoral, que, a cada dia que passa, nos continua a surpreender.

Melhores perspectivas para Obama

Enquanto decorre a disputa pela nomeação presidencial do GOP, as atenções estão viradas para o que acontece no lado republicano. Entretanto, porém, Barack Obama vai discretamente melhorando a sua posição à medida que se aproxima a eleição geral, que terá lugar a 6 de Novembro. Durante 2011, o Presidente foi relativamente impopular e parecia fragilizado, o que levou grande parte dos norte-americanos a pensarem que Obama seria um Presidente de um só mandato. Contudo, actualmente, a situação é outra, principalmente devido à ténue mas indesmentível melhoria económica, mas também graças à impopularidade dos seus opositores republicanos.
Na semana passada, foi anunciado que, durante o mês de Janeiro, a economia americana tinha criado 243 mil novos postos de trabalho, fazendo descer a taxa de desemprego para 8,3%. Se esta tendência de recuperação se mantiver, Obama poderá ter a reeleição facilitada, já que retira aos republicanos o seu principal argumento de campanha. Eles poderão ainda afirmar que a retoma económica da América sob o leme da administração Obama está a ser lenta demais, mas é duvidoso que essa mensagem seja eficiente.
Outra vantagem de Obama é o facto de a recuperação económica se fazer sentir de forma mais vincada no Midwest dos Estados Unidos, uma região tradicionalmente decisiva em eleições presidenciais. Não admira, por isso, que Obama esteja a subir nas sondagens dos Estados desta região, como o comprova um recente estudo no Ohio, que o coloca com uma considerável vantagem (49% - 42%) sobre Mitt Romney, o provável nomeado republicano. Ora, se Barack conseguir dominar no Midwest (mesmo que não vença no Indiana, onde ganhou em 2008) nem precisará de ir buscar votos eleitorais a Estados em outras regiões, como no Oeste ou no Sul, e derrotará, com maior ou menor dificuldade, o seu opositor republicano.
Além da retoma económica norte-americana, são também os próprios candidatos republicanos que favorecem as chances de Obama vencer em Novembro. Apesar de os números de aprovação do trabalho do Presidente não serem famosos e continuarem em terreno negativo, a verdade é que os índices dos concorrentes do GOP ainda são mais fracos. Mesmo Romney, que é o que consegue melhores resultados frente a Obama, tem, segundo a média do Pollster, um score altamente negativo de 33%-48% em taxa de favorabilidade. E estes valores têm tendência a piorar, à medida que prosseguem as primárias republicanas, marcada por uma campanha negativa que prejudica todos os candidatos, ao mesmo tempo que beneficia Barack Obama.
No entanto, faltam ainda nove longos meses até ao dia de todas as decisões. Até lá, muito pode suceder. Se a economia continuar a melhorar, ainda que lentamente, e se a campanha de Obama for eficaz ao "pintar" Romney negativamente, então é quase certo que o actual Presidente terá direito a cumprir um novo mandato. Mas se, por outro lado, a economia dos Estados Unidos estagnar e se Romney conseguir melhorar a sua imagem quando ultrapassar as primárias do seu partido, então será o republicano o favorito à vitória final. Seja como for, a verdade é que, neste início de 2012, as chances de Obama melhoraram consideravelmente.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

A Oeste nada de novo

Resultados provisórios (45% dos votos apurados) dos caucuses do Nevada:

Mitt Romney - 42,6%
Newt Gingrich - 26,0%
Ron Paul - 18,4%
Rick Santorum - 13%

Como se esperava, Mitt Romney venceu facilmente os caucuses do Nevada, com um resultado que se espera chegar perto da marca dos 50%, após todos os votos estarem contados. Num Estado com uma forte comunidade mórmon e onde Romney tem uma organização de campanha montada há cinco anos, a sua vitória nunca esteve em causa e era antecipada como normal. Ainda assim, com este triunfo, o ex-Governador do Massachusetts consegue a terceira vitória em cinco eleições disputadas até ao momento e é cada vez mais o grande favorito a defrontar Obama na eleição geral de Novembro. 
Para já, a maior desilusão foi o score obtido por Ron Paul, que aposta nos caucuses e nos Estados mais pequenos, onde a sua entusiasta e jovem campanha pode ser mais eficaz. Contudo, parece que nem foi capaz de alcançar o segundo lugar, perdendo para Gingrich que, praticamente abdicando de competir no Nevada, deverá ter sido o candidato mais votado depois de Romney. E, por falar no antigo Speaker, diga-se que, afinal, os rumores que chegaram a circular sobre uma possível desistência eram infundados. Newt pretende continuar na corrida e na sua conferência de imprensa de ontem, onde atacou Mitt Romney ininterruptamente, deixou isso bem claro. 
Todavia, o voto conservador continua a ser dividido entre Gingrich e Santorum, sem que nenhum deles esteja, aparentemente, a pensar em desistir a favor do outro, de forma a criar uma mais forte e credível alternativa a Mitt Romney.  Assim sendo, Romney continua a perfilar-se como o presumível nomeado republicano. Ainda para mais quando se olha para o calendário das primárias e se percebe que Fevereiro deverá ser um mês altamente favorável para Romney, com poucas oportunidades de vitória para os seus opositores. Não seria, por isso, uma grande surpresa que Romney pudesse selar a nomeação na Super-Tuesday, a 6 de Março.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Romney não se preocupa com os pobres

Não foi exactamente isso que disse o grande favorito a conseguir a nomeação republicana, mas será certamente assim que a história circulará nos próximos dias. Ontem, numa entrevista à CNN, Mitt Romney afirmou que a sua principal preocupação é a classe média, não tendo de se preocupar nem com os ricos, que estão a ir bem, nem com os muito pobres, porque existe uma rede de segurança. 
Dentro do contexto, o sentido geral é perceptível, mas estamos a falar de uma campanha presidencial, onde erros deste tipo são facilmente utilizados pelos adversários. O caso de Romney é ainda mais grave porque vem encaixar numa narrativa pré-existente, segundo a qual o antigo Governador do Massachusetts está desligado da realidade do cidadão norte-americano comum, e surge depois de gaffes como a aposta de 10 mil dólares, dizer que gosta de despedir pessoas ou descrever-se como desempregado.
Este novo lapso verbal surge numa altura em que Romney estava em sentido ascendente, após uma robusta vitória na primária da Florida e a última coisa que precisava era de um incidente deste género a "roubar-lhe" o seu ciclo de notícias positivas. Nos próximos dias, veremos qual a influência que terá na corrida.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Romney dominador

Resultados da primária da Florida:
 
Mitt Romney -46,4%
Newt Gingrich - 31,9%
Rick Santorum -13,4%
Ron Paul - 7%

Como os números indicam, Mitt Romney obteve ontem uma estrondosa vitória na primária da Florida, deixando o seu mais directo perseguidor, Newt Gingrich, a mais de 14 pontos percentuais de distância. Com este resultado, o antigo Governador do Massachusetts volta a parecer o inevitável nomeado presidencial pelo Partido Republicano. Uma vitória deste calibre no mais importante Estado em eleições presidenciais norte-americanas deve fazer cair as dúvidas que ainda existiam em alguns eleitores mais conservadores. Aliás, as sondagens não têm deixado margens para dúvidas: entre Romney e Gingrich é o primeiro que melhores resultados consegue nos hipotéticos embates face a Obama. Por isso, não admira que Mitt Romney, no seu discurso de vitória de ontem, tenha focado as suas atenções em Barack Obama e não nos seus adversários republicanos, dando a entender que está já mais preocupado com a eleição geral de Novembro, do que com o que resta das primárias do seu partido.
Mas Newt parece não querer desarmar e tenciona ficar na corrida até ao fim, esperando impedir Romney de conseguir uma maioria absoluta em delegados e levar a decisão para a Convenção Nacional Republicana. Contudo, é preciso que obtenha rapidamente alguns bons resultados, para que o dinheiro proveniente das contribuições financeiras continue a entrar nos cofres das suas campanhas. Gingrich já provou por várias vezes ao longo desta campanha que consegue ressurgir das cinzas. Poderá consegui-lo uma vez mais, mas o tempo começa a escassear e as próximas primárias não o favorecem. Apostará forte na Super-Tuesday, altura em que o seu Estado de origem, a Géorgia, irá a votos, mas é incerto que tenha capacidade para competir em vários locais ao mesmo tempo (nesse dia, dez Estados realizarão as suas primárias).
Quem também parece apostar numa última oportunidade é Rick Santorum, que, apesar do fraco resultado de ontem, tenciona capitalizar com uma possível queda de Gingrich, assumindo-se como o candidato preferido dos eleitores mais conservadores. Contudo, à imagem de Newt, é também difícil de idealizar um caminho rumo à nomeação para o antigo Senador da Pensilvânia. 
Finalmente, Ron Paul, que praticamente abdicou de competir na Florida, preferindo apostar em Estados mais pequenos e em que a votação seja feita através de caucuses, onde pode mais facilmente aproveitar a sua excelente estrutura de campanha, continuará até ao final. Tentará angariar o máximo de delegados possível, de forma a poder chegar à Convenção numa posição de força e que lhe permita optimizar a sua notoriedade, tanto do seu nome (preparando uma possível futura candidatura do seu filho, Rand), como dos seus ideiais libertários.