segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Happy new year!

O Máquina Política deseja a todos os seus leitores um fantástico 2013!

domingo, 30 de dezembro de 2012

2012 em revista

Com a chegada do final de 2012, é altura de se fazer o tradicional balanço do ano que agora termina. Nos Estados Unidos, a agenda política foi marcada, como não podia deixar de ser, pelas eleições presidenciais. Contudo, nem só da corrida pela Casa Branca se fez a história do ano que agora termina.
Ainda assim, os primeiros meses de 2012 foram dedicados principalmente à campanha pela nomeação presidencial republicana. Mitt Romney, o grande favorito a vencer as primárias do GOP, enfrentou um leque de opositores que pode ser considerado relativamente fraco. Todavia, acossado pelos candidatos conservadores, especialmente Rick Santorum, Romney foi obrigado a fazer uma campanha acentuadamente à Direita, com destaque para a sua posição muito dura relativamente à imigração, e isso foi-lhe fatal quando, mais à frente, teve de enfrentar Obama na eleição geral.
Eventualmente, Mitt Romney acabou por selar a nomeação republicana. Para derrotar o Presidente, o antigo Governador do Massachusetts centrou a sua mensagem na economia, já que a recuperação económica norte-americana continuava a ser anémica. Apesar de situação da economia dos Estados não ser a melhor, a verdade é que o PIB do país manteve-se em subida (ainda que ligeira) e a taxa de desemprego desceu finalmente abaixo da barreira dos 8%. Além disso, os cidadãos americanos continuavam a ver George W. Bush como o principal culpado pelo estado da economia dos EUA, o que dava a Barack Obama algum espaço de manobra para gerir as suas próprias responsabilidades na matéria.
Outra questão que voltou a estar na ordem do dia neste último ano foi a reforma do sistema de saúde, a grande marca do primeiro mandato de Obama enquanto Presidente. Sempre debaixo de imensa polémica, esta fulcral peça legislativa esteve em risco de ser anulada por via judicial. Porém, o Supremo Tribunal, numa histórica decisão, considerou constitucional a reforma, conhecida como Obamacare. A discussão na mais alta instância judicial norte-americana foi intensa e chegou mesmo a pensar-se que o Supreme Court iria anular o Obamacare, mas, numa reviravolta surpreendente, o Chief Justice John Roberts, normalmente conservador, alinhou com os juízes liberais e permitiu a passagem da reforma da saúde, numa apertada votação de cinco votos favoráveis e quatro votos contra.
Com a chegada do Verão, começou em força a campanha pela Presidência. Barack Obama e Mitt Romney enfrentaram-se para decidir quem seria o Chefe de Estado norte-americano a partir de 20 de Janeiro de 2013. Foi, em grande parte, uma corrida mais renhida do que parece, agora que conhecemos os resultados finais. Barack Obama foi, uma vez mais, um candidato muito forte, tendo apenas falhado aquando do primeiro debate, e liderou a mais eficaz, competente e inovadora campanha da história das eleições norte-americanas. Foi capaz de convencer os norte-americanos de que era o melhor candidato para liderar o país durante mais quatro anos, ao mesmo tempo que minou a credibilidade e a imagem do seu opositor. Por sua vez, Romney, apesar de ter conseguido o que muitos consideravam impossível, ou seja, ameaçar a reeleição de Obama, cometeu demasiados erros e deixou-se caracterizar como um milionário desligado da realidade do cidadão americano comum. A 6 de Novembro, com um empurrão final proporcionado pelo furacão Sandy, Obama venceu de forma relativamente folgada a eleição e conquistou o direito a um segundo mandato na Casa Branca.
A vitória de Obama, assim como os péssimos resultados do partido nas eleições para o Congresso, levaram a uma pequena convulsão no seio do Partido Republicano. Muitas vozes, mesmo internamente, se levantaram para criticar as posições ortodoxas e rígidas do GOP relativamente à imigração, que prejudica  os republicanos de forma particularmente intensa junto do eleitorado hispânico, e a questões sociais, que tem afastado os jovens e as mulheres do voto em candidatos republicanos, como ficou bem evidente nas últimas eleições. Na verdade, a crescente influência da ala mais conservadora do partido tem trazido alguns dissabores ao GOP, especialmente em eleições primárias, já que, em alguns casos, o Partido Republicano tem nomeado políticos demasiadamente conservadores, com consequências desastrosas, nomeadamente para os resultados republicanos em eleições para o Senado. Em 2012, ficou claro que o Partido Republicano tem de repensar a sua estratégia e a sua plataforma política, de forma a manter-se competitivo nas urnas, especialmente em anos de eleições presidenciais.
2012 ficou também marcado, infelizmente, por mais uma série de incidentes com armas de fogo. O mais mediático, e também o mais mortífero, foi a tragédia de Newtown, no Connecticut, em que perderam a vida 27 pessoas, incluindo 20 crianças. Este massacre voltou a colocar em cima da mesa a questão do posse de armas nos Estados Unidos, com Barack Obama a clamar por um sério debate sobre esta matéria, de modo a que se possam evitar incidentes deste género no futuro. Desta vez, e ao contrário do que aconteceu em outras ocasiões, tudo indica que a discussão vai mesmo avançar e que o entendimento bipartidário que permita a criação de nova legislação que regule a compra e o porte de armas (pelo menos as de cariz militar) pode ser alcançado.
Por fim, a terminar o ano de 2012, é o fiscal cliff que tem dominado as atenções. Sem que os democratas e republicanos cheguem a um acordo, os Estados Unidos cairão, a 1 de Janeiro de 2013, num verdadeiro "precipício fiscal", com aumentos de impostos para todos os americanos e brutais cortes na despesa federal, com os previsíveis efeitos devastadores na economia do país. Até ao momento, e a poucas horas do deadline, não notícias de um entendimento entre os dois partidos e a situação é deveras preocupante. Resta, por isso, aguardar que um compromisso entre democratas e republicanos e entre a Casa Branca e o Congresso seja ainda possível e que o adeus a 2012 e as boas-vindas a 2013 possam ser comemorados de forma mais tranquila por todos os cidadãos dos Estados Unidos da América.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Merry Christmas!


O Máquina Política deseja a todos os seus leitores um feliz Natal!

sábado, 22 de dezembro de 2012

John Kerry sucederá a Hillary

Barack Obama anunciou formalmente que nomeará o Senador John Kerry para suceder a Hillary Clinton como Secretário de Estado norte-americano. Esta era a escolha anunciada, depois de Susan Rice, alegadamente a primeira escolha de Obama, ter saído da corrida para a liderança da diplomacia dos Estados Unidos, devido à polémica levantada pelo Partido Republicano relativamente à forma como Rice lidou com os acontecimentos em Benghazi.
Kerry, Senador pelo Massachusetts desde 1985, Presidente da Comissão de Relações Externas do Senado nos últimos quatro anos e candidato presidencial democrata em 2004, é uma opção segura e lógica por parte do Presidente dos Estados Unidos. Aliás, já em 2008, após a primeira vitória de Obama, John Kerry havia sido apontado como presumível Secretário de Estado. Todavia, na altura, e de forma surpreendentemente, a escolha acabou por recair em Hillary Clinton, a grande adversária de Obama nas eleições primárias desse ciclo eleitoral. 
Esta notícia é também positiva para os republicanos que, além de terem conseguido derrubar Susan Rice, têm ainda a oportunidade de recuperar um lugar no Senado. Isto porque com a saída de Kerry da câmara alta, terá de se realizar uma eleição especial para substituir o futuro Secretário de Estado. Ora, o principal favorito para suceder a Kerry é precisamente um republicano. Scott Brown, que perdeu o seu lugar no Senado nas últimas eleições para a democrata Elizabeth Warren, tem todas as possibilidades de recuperar o seu lugar numa eleição especial, com uma afluência às urnas muito inferior àquela que se observa quando as eleições para o Senado coincidem com as eleições presidenciais, como foi o caso de 2012. 
Assim, e dado que John Kerry é mais do que qualificado para o cargo de Secretário de Estado, tudo indica que a sua confirmação pelo Senado será rápida e pouco atribulada, dado que a sua nomeação para o Departamento de Estado agrada aos dois partidos e, claro está, ao próprio Kerry que tem, desta forma, a oportunidade de fechar com chave de ouro uma distinta carreira política.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Time's Person of the Year 2012: Barack Obama

Barack Obama foi escolhido pela revista Time como a Pessoa do Ano de 2012, tendo batido nomes Tim Cook, CEO da Apple ou Mohamed Morsi, Presidente do Egipto. O Presidente dos Estados Unidos já havia recebido igual honra em 2008, ano em que venceu pela primeira vez a corrida pela Casa Branca. Quatro anos depois, a conceituada revista norte-americana voltou a escolher Obama, principalmente devido à sua vitória eleitoral. Afinal, como explica a Time, apesar de ter concorrido à reeleição debaixo de condições adversas para um Presidente em exercício, Obama foi capaz de conquistar por duas vezes uma maioria absoluta do voto popular, feito que apenas quatro presidentes norte-americanos haviam alcançado.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Daniel Inouye (1924-2012)

Morreu Daniel Inouye, Senador democrata pelo Estado do Hawaii e que era o mais velho membro da câmara alta do Congresso dos Estados Unidos. 
Além de uma carreira política longa e bem sucedida (o seu percurso no Senado foi o segundo mais longo da história), Inouye tinha também uma fantástica histórica de vida. Descendente de japoneses, estava em Pearl Harbor no infame dia de 7 de Dezembro de 1941 como voluntário médico, tendo-se alistado no Exército dois anos mais tarde (quando os EUA passaram a admitir norte-americanos com raízes nipónicas). Já nos dias finais da guerra, Inoye perdeu um braço em combate, tendo sido condecorado com a Medal of Honor pela bravura demonstrada.
De regresso aos Estados Unidos depois da guerra, o ex-soldado inscreveu-se na universidade, onde tirou Ciência Política e Direito. Depois dos estudos, Inouye interessou-se pela política, tendo sido congressista e senador na legislatura do Hawaii. Entretanto, em 1959, o Havaii tornou-se um Estado de pleno direito dos Estados Unidos e Daniel Inouye concorreu e ganhou a disputa pelo primeiro lugar de congressista pelo Estado no Congresso norte-americano. Pouco depois, em 1962, foi eleito para o Senado, onde permaneceu até ontem, data da sua morte, tendo servido quase 60 anos na câmara alta. Desde 2010, como membro mais antigo da maioria, Inouye era também o President pro tempore do Senado, cargo que passará agora a ser ocupado pelo Senador Patrick Leahy.

sábado, 15 de dezembro de 2012

A tragédia americana

Os Estados Unidos foram, ontem, abalados por uma tragédia com contornos que, infelizmente, se vão tornando repetitivos em terras do Tio Sam. Numa escola do Estado do Connecticut, um jovem de 24 abriu fogo matando 26 pessoas (entre elas, 20 crianças e a própria mãe, professora na escola). Antes disso, o mesmo jovem tinha tirado a vida ao próprio irmão, noutro local. No final, suicidou-se, fazendo com que o saldo deste indescritível acto de terror se cifrasse em 28 vítimas mortais.
Sendo o segundo ataque com armas de fogo mais mortífero da história do país, a tragédia de ontem chocou os Estados Unidos e o mundo. Desta vez, e ao contrário do que aconteceu em acontecimentos semelhantes num passado recente, como o ataque à Congressista Gabrielle Giffords ou o tiroteio na estreia do filme Batman no Colorado, o debate sobre o uso de armas de fogo nos EUA pode estar novamente em cima da mesa. Ainda ontem, na sua reacção ao sucedido, Barack Obama deu indícios disso mesmo. 
Nos próximos tempos, veremos se o emocionado discurso do Presidente serve ou não de rastilho para uma das mais antigas e calorosas discussões nos Estados Unidos. É verdade que o porte de armas de fogo é, desde sempre, uma característica intrínseca de grande parte do povo norte-americano. Contudo, este tipo de incidentes (que não podem nunca ser explicadas apenas pela facilidade de acesso a armas de fogo) são cada vez mais frequentes e assumem-se já como uma espécie de tragédia americana.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Obama em alta

Depois da sua reeleição, faz hoje precisamente um mês, Barack Obama atravessa agora o tradicional período de lua de mel e isso reflecte-se nos números das sondagens, que indicam que a taxa de aprovação do trabalho do Presidente está nos valores mais altos desde 2009. Isso mesmo é perceptível no gráfico de cima, que demonstra sem margem para dúvidas o momento positivo que atravessa a Presidência de Obama, pelo menos aos olhos da maioria dos norte-americanos. Ainda assim, este fenómeno de subida nas sondagens após um triunfo eleitoral não é novidade (afinal, para um político melhorar a sua imagem não há melhor do que vencer uma eleição) e se Obama se quiser manter nas boas graças do público terá que somar vitórias políticas e evitar que a situação económica dos Estados Unidos se degrade. Seja como for,  numa altura em que a Casa Branca precisa da maior margem de manobra possível para as negociações do fiscal cliff com os republicanos, esta popularidade de Obama só vem ajudar os democratas.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O precipício fiscal aproxima-se

O Máquina Política está de volta, após um curto interregno, em que não tive muito tempo para escrever, devido, particularmente, à preparação da defesa da minha tese de mestrado e a um consequente período de descanso, mas também para evitar uma overdose de política norte-americana provocada pela sobreposição das eleições presidenciais de 6 de Novembro e da conclusão minha tese sobre o sistema eleitoral dos Estados Unidos.
Com o país do Tio Sam ainda em ressaca pós-eleitoral e em período de holidays, a actividade política do outro lado do Atlântico não é muito substancial. Nos últimos dias, a sucessão de Hillary Clinton e o fiscal cliff têm sido os assuntos dominantes na agenda política norte-americana. Em relação ao primeiro tema, tudo indica que Barack Obama estará cada vez mais inclinado a escolher Susan Rice, actual Embaixadora dos Estados Unidos na ONU como a Secretária de Estado para o seu segundo mandato na Casa Branca. Apesar de várias críticas que Rice tem recebido devido à sua reacção aos atentados de Benghazi por parte do Partido Republicano, em especial de proeminentes senadores do GOP, como John McCain ou Lindsey Graham, o Presidente tem feito questão de repetidamente a elogiar e defender, o que dá a entender que Obama já escolheu a sua nova responsável pela diplomacia norte-americana.
No que diz respeito ao fiscal cliff, a incerteza é maior e aproxima-se o precipício fiscal que chegará com o final de 2012, quando expirarem os cortes fiscais da era Bush e entrarem em vigor grandes reduções nas despesas federais. Ora, sem um acordo entre os dois partidos que permita prolongar esses cortes de impostos e minimizar os cortes na despesa, a economia norte-americana corre sérios riscos de entrar em recessão, com todas as consequências que isso acarreta para milhões de pessoas.
Após a vitória democrata nas últimas eleições, o partido de Obama sente agora que tem maior legitimidade para fazer valer a sua vontade. Por isso, a posição dos democratas tem-se concentrado na extensão dos cortes fiscais, excepto para os cidadãos com maiores rendimentos e no corte em despesas militares. Contudo, o GOP, apesar de já ter dado alguns sinais de abertura, continua pouco disposto a fazer grandes cedências, nomeadamente no que diz respeito ao aumento de impostos. Há mesmo, no seio do Partido Republicano, quem fale em não ceder um milímetro para os democratas e deixar que se ultrapasse o fiscal cliff. Todavia, há vozes mais sensatas no GOP e que pretendem chegar a um acordo, até porque compreendem que seriam os republicanos os mais responsabilizados pelos cidadãos americanos no caso de uma ruptura nas negociações.
Assim sendo, o mês de Dezembro será dominado pelas negociações entre os dois partidos que terão de chegar a um acordo que evite o fiscal cliff, mas que não aumente de forma substancial a dívida externa norte-americana. Como se percebe, este é um frágil equilíbrio que não será facilmente alcançável, especialmente porque a actual polarização política nos Estados Unidos não favorece acordos bipartidários.