O Máquina Política está de volta, após um curto interregno, em que não tive muito tempo para escrever, devido, particularmente, à preparação da defesa da minha tese de mestrado e a um consequente período de descanso, mas também para evitar uma overdose de política norte-americana provocada pela sobreposição das eleições presidenciais de 6 de Novembro e da conclusão minha tese sobre o sistema eleitoral dos Estados Unidos.
Com o país do Tio Sam ainda em ressaca pós-eleitoral e em período de holidays, a actividade política do outro lado do Atlântico não é muito substancial. Nos últimos dias, a sucessão de Hillary Clinton e o fiscal cliff têm sido os assuntos dominantes na agenda política norte-americana. Em relação ao primeiro tema, tudo indica que Barack Obama estará cada vez mais inclinado a escolher Susan Rice, actual Embaixadora dos Estados Unidos na ONU como a Secretária de Estado para o seu segundo mandato na Casa Branca. Apesar de várias críticas que Rice tem recebido devido à sua reacção aos atentados de Benghazi por parte do Partido Republicano, em especial de proeminentes senadores do GOP, como John McCain ou Lindsey Graham, o Presidente tem feito questão de repetidamente a elogiar e defender, o que dá a entender que Obama já escolheu a sua nova responsável pela diplomacia norte-americana.
No que diz respeito ao fiscal cliff, a incerteza é maior e aproxima-se o precipício fiscal que chegará com o final de 2012, quando expirarem os cortes fiscais da era Bush e entrarem em vigor grandes reduções nas despesas federais. Ora, sem um acordo entre os dois partidos que permita prolongar esses cortes de impostos e minimizar os cortes na despesa, a economia norte-americana corre sérios riscos de entrar em recessão, com todas as consequências que isso acarreta para milhões de pessoas.
Após a vitória democrata nas últimas eleições, o partido de Obama sente agora que tem maior legitimidade para fazer valer a sua vontade. Por isso, a posição dos democratas tem-se concentrado na extensão dos cortes fiscais, excepto para os cidadãos com maiores rendimentos e no corte em despesas militares. Contudo, o GOP, apesar de já ter dado alguns sinais de abertura,
continua pouco disposto a fazer grandes cedências, nomeadamente no que diz respeito ao aumento de impostos. Há mesmo, no seio do Partido Republicano, quem fale em não ceder um milímetro para os democratas e deixar que se ultrapasse o fiscal cliff. Todavia, há vozes mais sensatas no GOP e que pretendem chegar a um acordo, até porque compreendem que seriam os republicanos os mais responsabilizados pelos cidadãos americanos no caso de uma ruptura nas negociações.
Assim sendo, o mês de Dezembro será dominado pelas negociações entre os dois partidos que terão de chegar a um acordo que evite o fiscal cliff, mas que não aumente de forma substancial a dívida externa norte-americana. Como se percebe, este é um frágil equilíbrio que não será facilmente alcançável, especialmente porque a actual polarização política nos Estados Unidos não favorece acordos bipartidários.
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