As convenções servem, essencialmente, para que os partidos e as respectivas campanhas presidenciais possam fazer passar aos eleitores americanos a imagem que querem transmitir dos seus candidatos à Casa Branca. E, se no caso de candidatos que concorrem pela primeira vez o principal objectivo é dá-los a conhecer ao grande público, já os Presidentes em exercício, com quem os eleitores estão totalmente familiarizados, têm de demonstrar que o melhor para o país é a sua reeleição. No fundo, trata-se de responder à questão tornada famosa por Ronald Reagan, em 1980, quando concorria contra Jimmy Carter: "are we better of than we were four years ago?"
Até ontem, essa pergunta não havia sido verdadeiramente abordada na Convenção Democrata. As figuras mais ou menos secundárias preocuparam-se principalmente em atacar Mitt Romney, enquanto Michelle Obama serviu para mostrar o lado humano e pessoal de Obama, lembrando aos americanos as razões que os levam a gostar do Presidente a nível pessoal, mesmo que não apreciem as suas políticas. Contudo, Bill Clinton, num discurso muito aguardado, serviu para apresentar o caso a favor do primeiro mandato de Barack Obama. E, como é seu apanágio, o 42º Presidente não desiludiu.
Fugindo muitas vezes ao texto, Clinton falou convictamente, dirigindo-se de forma directa e clara aos eleitores, em especial aos da classe média, explicando as razões que, no seu entender, devem levar os eleitores a permitir a Barack Obama continuar na Sala Oval por mais quatro anos. Um dos melhores momentos do seu discurso foi quando referiu que o argumento republicano era "nós deixamos a Obama o país numa confusão, mas ele ainda não acabou de arrumar a casa, por isso despeçam-no e devolvam-nos o poder".
Ainda que Bill Clinton não tenha, porventura, atingido o brilhantismo alcançado, na véspera, por Michelle Obama, é indiscutível que o ex-Presidente marcou pontos importantes para a campanha de Obama. No final, Obama subiu ao palco para agradecer e cumprimentar Clinton, mostrando aos democratas e ao país que as querelas antigas (geradas aquando das primárias de 2008) estão definitivamente para trás das costas.
Hoje, no último dia da Convenção Nacional Democrata, sobem ao palco os dois nomes do ticket presidencial do partido, Barack Obama e Joe Biden. Contudo, como não podia deixar de ser, cabe a Obama o grande destaque. Com os seus conhecidos dotes oratórios, o Presidente aceitará a nomeação presidencial democrata e dirigir-se-à aos americanos. Se Obama tiver tanto sucesso como a sua esposa e como Bill Clinton, então a Convenção Democrata terá sido uma enorme ajuda para as suas hipóteses de reeleição.
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