Ainda que muito lentamente, continuam as negociações entre democratas e republicanos com vista à reforma da imigração no país. Com o apoio da Casa Branca de Barack Obama, é o o chamado Gang of Eight, constituido por oito senadores dos dois partidos, que lidera o processo que deverá levar à apresentação de uma proposta que possa ser aprovada pelo Congresso norte-americano.
Aparentemente, tudo aponta para que a reforma da imigração tenha já os votos suficientes para passar no Senado, mesmo tendo em conta que necessitaria de uma maioria de pelo menos 60 senadores para ultrapassar um eventual bloqueio através de filibuster. Contudo, o Gang of Eight pretende alcançar uma super-maioria, conseguindo o apoio de 70 ou mais dos 100 senadores e uma maioria entre os representantes dos dois partidos. Dessa forma, demonstrando força e consenso, seria bem mais provável que a Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos e cujos membros são bem mais voláteis e polarizados politicamente, aprovasse também esta reforma.
Com os votos democratas garantidos, assim como os de pelo menos quase uma dezena de senadores republicanos mais moderados, falta agora atrair os votos de republicanos relativamente conservadores. Para isso, a chave parece ser Marco Rubio, o senador da Florida e porventura a maior figura do Partido Republicano na actualidade. Filho de pais cubanos que imigraram para os Estados Unidos, Rubio foi um dos proponentes desta reforma que permitirá legalizar milhões de cidadãos ilegais no país e tornou-se o líder do GOP nesta questão. Com o seu apoio inequívoco, muitos dos congressistas republicanos terão maior propensão em aprovar a reforma da imigração. Caso contrário, terão na "desistência" de Rubio um excelente motivo para votarem contra.
Nos últimos tempos, Marco Rubio tem preferido manter um low profile, deixando o destaque para o Gang of Eight que integra. Todavia, é certo que terá sempre um papel determimante para o futuro da reforma da imigração. Ao apostar muito do seu capital político neste tema, Rubio tem também muito a ganhar e a perder. Se a reforma passar tranquilamente e de forma consensual no Congresso, então Rubio terá afirmado a sua liderança e será um concorrente de peso para as eleições presidenciais de 2016. Se, pelo contrário, a reforma falhar, então Rubio terá perdido a batalha que travou o seio do seu próprio partido, ao mesmo tempo que verá o voto hispânico fugir ainda mais dos republicanos, com todas as consequências eleitorais que daí advêm, como tão bem se tem visto nas últimas eleições.
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