Hermain Cain está definitivamente em alta. Quando a maioria dos analistas o considerava pouco mais que um sideshow nesta corrida presidencial, eis que o georgiano surpreende meio mundo ao intrometer-se na luta pela nomeação, chegando já a liderar a corrida em algumas sondagens nacionais e também no importante Estado do Iowa.
Contudo, esta ascensão quase meteórica nas sondagens com que Cain se colou a Romney no topo dos favoritos não é um fenómeno sem precedentes. Anteriormente, já Donald Trump, Michelle Bachmann e Rick Perry viveram experiências semelhantes, tendo-se colocado, em diferentes momentos, como a grande sensação da corrida. Porém, em todos esses casos o momentum conseguido foi de pouca dura e seguido de uma rápida e substancial descida nas sondagens.
Curiosamente, essas várias oscilações nas sondagens não afectaram Mitt Romney, que tem mantido valores constantes e quase inalteráveis. Assim, parece que o núcleo duro de votantes em Romney está já encontrado, enquanto que o grosso dos eleitores republicanos, que ainda desconfiam do político com raízes no Nordeste americano, continua à procura de uma alternativa viável, dando o seu apoio a quem parecer no momento o melhor colocado para bater Romney e, depois, enfrentar Obama na eleição geral.
Assim sendo, é minha convicção que Herman Cain não será o nomeado republicano, apesar da sua mensagem anti-Washington, anti-política e anti-establishment soar muito bem a um grande grupo do eleitorado na conjuntura actual. De facto, deverá suceder a Cain o mesmo que aos exemplos anteriormente citados (ainda que Perry seja um caso diferente e ainda possa recuperar) e a visibilidade e responsabilidade acrescidas, consequências do seu novo estatuto na corrida, mostrarão que não está preparado para assumir a Presidência dos Estados Unidos. Aliás, essa dinâmica pode já ter começado no Domingo passado, quando no programa televisivo Meet the Press, Cain afirmou não estar familiarizado com o conceito de neoconservadorismo, tirada que trouxe à memória Sarah Palin e o seu desconhecimento sobre a doutrina Bush.
Ninguém tem dúvidas de que Herman Cain tenha agora alcançado um lugar de destaque na disputa pela nomeação republicana. Todavia, a sua campanha entra agora numa nova fase e a tarefa que tem pela frente - manter-se no topo e mostrar ser um candidato viável - é bem mais complicada. E o antigo CEO de uma cadeia de pizzarias tem hoje um novo teste, em mais um debate televisivo, eventos onde até se tem saído bastante bem.
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