quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A reacção de Obama

Barack Obama tem vivido tempos difíceis, com a sua popularidade a atingir, muito recentemente, os seus níveis mais baixos de sempre. Todavia, o Presidente dos Estados Unidos parece estar a esboçar uma reacção a esse mau momento, montando uma nova investida de forma a reconquistar os eleitores, principalmente os independentes, que votaram em si em 2008, mas que agora estão descontentes com a forma como tem liderado a nação norte-americana.
Na Sexta-feira passada, Obama anunciou a retirada total dos militares americanos do Iraque, cumprindo um acordo que o seu antecessor havia formado com a liderança iraquiana e uma promessa sua que remontava à sua campanha eleitoral, quando prometeu transferir recursos do Iraque para a mais consensual guerra no Afeganistão. Com esta decisão, Barack Obama deverá retirar dividendos políticos, pois o conflito iniciado em 2003, através da operação Iraqui Freedom é já há muitos anos altamente impopular, tendo já ceifado milhares de vidas americanas e obrigado a enormes gastos monetários que contribuíram para o actual défice do Estado Federal. Assim, mesmo que após a saída das tropas norte-americanas do território iraquiano se verifique um aumento da violência no terreno, dificilmente Obama verá a opinião pública a recriminá-lo pela sua decisão de retirar daquele país do Médio Oriente. E, se juntarmos a retirada do Iraque às várias eliminações de inimigos dos Estados Unidos que decorreram durante a administração Obama (com Bin Laden à cabeça), chegamos à conclusão que o actual Presidente será praticamente imbatível em questões de política externa quando tiver que enfrentar o eventual nomeado republicano.
Contudo, as matérias de política externa são um caso completamente diferente e bastante mais decisivo, já que a economia será certamente o tópico que dominará a campanha eleitoral do próximo ano. Durante muito tempo, Barack Obama foi criticado por dar menos importância às questões da economia e do emprego do que seria desejável na actual conjuntura mundial. Mas, agora, o Chefe de Estado americano parece querer contrariar essas criticas. Os seus périplos por vários locais dos Estados Unidos mais afectados pela crise económica (mas também Estados ou distritos decisivos nas eleições presidenciais) provam a sua vontade em demonstrar que está empenhado na melhoria da situação económica do país. 
Nessas viagens, Obama promoveu o seu plano de combate ao desemprego. Plano esse que foi bloqueado no Senado, tendo todos os senadores republicanos votado contra (além de três fragilizados democratas). Esse era um desfecho previsível, mas ainda assim a Casa Branca não abdicou de forçar a sua votação no Congresso, sabendo que dessa forma teria mais possibilidades de caracterizar a oposição como uma força de bloqueio que impede qualquer iniciativa democrata unicamente por motivos políticos. Essa estratégia, principalmente numa altura em que a taxa de aprovação do Congresso anda pelas ruas da amargura, não chegando sequer aos single digits, é bem capaz de ser uma das mais acertadas e com mais possibilidade de êxito.
Finalmente, Obama utiliza o facto de os norte-americanos, apesar de não estarem satisfeitos com o seu trabalho, ainda gostarem de si pessoalmente para marcar pontos em situações onde se sente como peixe na água, como é bom exemplo a sua presença, ontem, no Tonight Show, de Jay Leno. Nesse registo, Obama consegue soltar-se e lembrar aos eleitores americanos as razões que os levaram a votar nele, em 2008. Contudo, a principal dúvida é se estes factores serão suficientes para os convencer a fazer o mesmo, mas em 2012.


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