Com o Natal à porta, não há muito tempo para escrever. Todavia, com o início das primárias à porta - os caucuses do Iowa são já dia 3 de Janeiro - a corrida republicana está mais agitada do que nunca. E é precisamente no hawkeye state que se centram as atenções da campanha eleitoral, já que o vencedor da primeira eleição da época de primárias é uma incógnita completa.
Até há uns dias atrás, Newt Gingrich parecia imparável rumo à vitória no Iowa. Contudo, uma cerrada ronda de ataques liderada por Ron Paul prejudicou os seus números nas sondagens, tendo sido ultrapassado pelo congressista do Texas, mas também pelo principal favorito a conseguir a nomeação, Mitt Romney. Só que o feitiço parece ter-se virado para o feiticeiro e agora é Paul que se encontra debaixo de fogo, acusado de comentários racistas, mas não só, como se pode conferir por este artigo do Politico.
Por detrás da chuva de críticas a Paul, o campeão da ala libertária do GOP, podem estar as campanhas dos seus adversários, mas também de alguns sectores do Partido Republicano do Iowa. Isto porque Ron Paul, sendo um candidato de franja, com algumas ideias totalmente opostas às da plataforma política republicana (Paul defende a não intervenção no estrangeiro, a diminuição das forças armadas, o aborto ou a legalização das drogas leves), não tem qualquer hipótese de conseguir a nomeação republicana. Assim, a sua vitória no Iowa tornaria esse Estado praticamente irrelevante no processo de escolha do candidato presidencial do GOP e isso é algo que preocupa os responsáveis republicanos locais que não querem ver a credibilidade dos seus caucuses ameaçada.
Por outro lado, a ascensão de Paul no Iowa, ás custas de Gingrich, beneficia claramente Mitt Romney que não se importaria de ver Ron Paul vencer nesse Estado, anulando assim a possibilidade de um outro candidato viável ganhar momentum e ameaçar o seu estatuto de grande favorito nas primárias seguintes, em New Hampshire. Mais: com os ataques negativos centrados em Paul e em Gingrich, Romney pode, por contraste, sobressair como o único candidato capaz de derrotar Obama em Novembro do próximo ano. E isso parece já estar a acontecer, com uma recente sondagem a dar-lhe a liderança no Iowa. Ora, com uma vitória no Iowa, seguir-se-ia, quase de certeza, um novo triunfo no New Hampshire. Com essas duas vitórias "no saco", muito dificilmente não seria Romney o nomeado republicano.
De momento, as estrelas parecem estar a alinhar-se de forma a favorecerem Mitt Romney. Porém, dada a natureza incerta de todas as campanhas eleitorais (e esta em particular), o melhor é mesmo esperar para ver o que acontece no dia 3 de Janeiro. Depois dos caucuses do Iowa, certamente que teremos mais certezas. Ou não.
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