O discurso do presidente dos Estados Unidos da passada Terça-feira, transmitido directamente da Sala Oval (recentemente renovada a gosto dos Obama), serviu para o Chefe de Estado americano selar uma das principais promessas que fez durante a campanha presidencial: a retirada do Iraque. Apesar de ficarem ainda cerca de 50 mil homens e mulheres das forças armadas americanas naquele país do Médio Oriente, as operações militares terminaram oficialmente e Obama concentra agora todas as atenções no Afeganistão, o palco de guerra onde sempre prometeu continuar a batalha contra a Al-Qaeda de Bin Laden.
Esta comunicação à nação, onde o presidente disse ser altura de virar a página, foi também aproveitada, de forma inteligente, para clarificar ao país que, agora (já o devia ser há muito), a principal prioridade será a recuperação económica e financeira dos Estados Unidos. Além disso, Obama, não deixou de lembrar que o estado das finanças públicas se deve, em grande parte, ao enorme esforço financeiro realizado, durante sete anos, no Iraque. Dessa forma, voltou a culpar, algo implicitamente, o seu antecessor pela crise que a nação atravessa.
Foi um bom discurso de Obama, que lhe poderá valer a subida de alguns pontos percentuais nas próximas sondagens. Exaltou os valores americanos e elogiou as forças armadas, cumprindo à risca o seu papel de Commander-in-chief. Mais: o teor da mensagem foi susceptível de agradar tanto a democratas, como a republicanos, pois Obama foi de encontro ao exigido pela esquerda americana, ao terminar o conflito no Iraque, mas, ao mesmo tempo, não se desviou do rumo seguido por Bush desde o "surge", engendrado por Petraeus, em 2007.
Porém, Barack Obama não perdeu tempo a envolver-se numa nova grande empreitada diplomática na mesma zona geográfica. Agora, tenta levar a bom porto o processo de paz do Médio Oriente, algo que todos os últimos presidente americanos tentam, sem sucesso, conseguir (apesar de Bill Clinton, com Rabin e Arafat, ter estado muito perto). As negociações, com os líderes de Israel, da Palestina, da Jordânia e do Egipto, sob a égide do presidente americano, já começaram, mas o seu desfecho é, como sempre, incerto.
Se Obama conseguir que as partes envolvidas se entendam e cheguem a um acordo sólido e com possibilidades de se manter (o que é algo de muito complexo), então terá conseguido justificar, plenamente, o seu Nobel da Paz de 2009. Caso contrário, será mais um presidente "queimado" por esta questão. O que não é certo é se os americanos concordam com esta nova grande intervenção americana, logo depois de o seu presidente ter prometido concentrar as suas atenções no interior das fronteiras do país.
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