O Politico revelou hoje uma grande sondagem que faz antever um futuro complicado para Barack Obama, em especial no que diz respeito às suas perspectivas de reeleição. Segundo os resultados divulgados, apenas 38% dos inquiridos acham que o actual presidente merece ser reeleito e somente 46% vêem favoravelmente o seu trabalho à frente dos destinos do país.
É preciso, porém, ter alguma cautela ao analisar estes resultados. Barack Obama vai a meio do seu mandato e é natural que esse período, marcado por grandes iniciativas legislativas, como a reforma da saúde e do sistema financeiro, dê azo a uma maior fricção entre o eleitorado, sempre céptico em relação a grandes mudanças. A partir de agora, e à medida que Obama começa a preparar o terreno para a reeleição, vai certamente investir em medidas mais populares e menos conflituosas. Se voltarmos atrás no tempo, também Bill Clinton (o caso de George W. Bush não é comparável, devido ao 11 de Setembro), o último presidente democrata, a meio do seu primeiro mandato e sofrendo uma grande derrota eleitoral nas midterms de 1994, sofria de baixos índices de aprovação do seu trabalho. Contudo, na eleição presidencial de 1996, venceu o republicano Bob Dole folgadamente.
O principal problema de Obama prende-se, ainda e sempre, com a economia. A recuperação da crise de 2008 está a ser mais lenta e difícil do que os americanos esperavam, os níveis de desemprego continuam em níveis históricos e o défice nacional é astronómico. Se desejar ser reeleito, Obama terá de enfrentar estes problemas e torná-los a sua principal prioridade para os próximos dois anos. Contudo, e como Obama faz e continuará a fazer questão de lembrar, foi o seu antecessor que aumentou exponencialmente a dívida pública ao envolver o país em duas guerras longínquas ao mesmo tempo que promovia o maior corte de impostos desde os tempos de Ronald Reagan. A táctica do blame Bushi pode não explicar tudo e já não faz milagres como em 2008, mas ainda relembrará os americanos que o regresso ao passado não será a melhor solução.
Obama tem ainda vantagem do seu lado quando olha para as eleições de 2012. O campo de potenciais candidatos republicanos, apesar de extenso e diversificado, não contém nenhuma verdadeira ameaça. De um lado, as figuras mais conservadoras e que entusiasmam as bases republicanas, como Sarah Palin ou Mike Huckabee, têm grandes dificuldades em penetrar no eleitorado independente. Por outro, políticos mais moderados, como Mitt Romney, Tim Pawlenty ou Mitch Daniels, farão os Tea Party e os republicanos mais conservadores franzir o sobrolho.
Por tudo isto, e apesar de Barack Obama não estar na situação que o próprio desejaria, penso que é muito cedo para escrevermos, desde já, o obituário do futuro político do 44º presidente americano. Até Novembro de 2012 muita água vai passar debaixo da ponte e a história política americana é fértil em grandes e surpreendentes recuperações e reviravoltas.
E o futuro ainda pode ficar pior. Duas sondagens da rasmussen - eu sei, eu sei, tende republicano! - de hoje poe os republicanos cada vez mais perto dos democratas nas corridas senatorias no Connecticut e Delaware:
ResponderEliminarhttp://www.rasmussenreports.com/public_content/politics/elections/election_2010/election_2010_senate_elections/connecticut/election_2010_connecticut_senate
http://www.rasmussenreports.com/public_content/politics/elections/election_2010/election_2010_senate_elections/delaware/election_2010_delaware_senate
Podes escrever o seguinte: Novembro proximo, a Camara e o Senado vao mudar de maos!
Sim, mas atenção que a sondagem do Delaware conta com uma candidatura "write in" de Mike Castle, o candidato derrotado nas primárias republicanas, que recebe 5% das intenções de voto. Castle não anunciou que vai tentar ser eleito para o Senado desta forma e tem o fazer durante esta semana. Falarei mais sobre este assunto brevemente.
ResponderEliminarNao acredito que o Castle se "auto-candidate". Mas esperarei pelo teu post para explicar porque :)
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