O Senado americano chumbou, ontem, a proposta de lei que terminaria com a política, em vigor desde 1993, que regula o acesso dos homossexuais às Forças Armadas dos Estados Unidos, o don't ask, don't tell. Com apenas 56 votos favoráveis, a liderança democrata ficou longe de conseguir os 60 necessários para ultrapassar o bloqueio republicano, a que se juntaram os dois senadores democratas do Arkansas.
Assim, continua bastante complicado o cumprimento de uma promessa eleitoral de Barack Obama que, na sua campanha presidencial, prometeu terminar com a discriminação dos gays e lésbicas que pretendem servir nas Forças Armadas. Mas, agora que a proposta fica em suspenso e existem dúvidas se ainda será possível a sua passagem nesta sessão do Senado (recorde-se que, a 2 de Novembro, 38 assentos vão a votos), as organizações e activistas dos direitos dos homossexuais não poupam o Presidente nas suas críticas, acusando-o de se ter envolvido pouco nesta questão e não ter feito tudo o que podia para garantir que cumpria a sua promessa.
Porém, é o líder da maioria no Senado, Harry Reid, que mais tem estado debaixo de fogo. Por um lado, os democratas acusam-no de ter "afugentado" os republicanos mais moderados e que podiam votar do seu lado ao recusar a apresentação de emendas à proposta por parte de senadores do GOP. Por outro, os senadores republicanos, com John McCain à cabeça, criticam Reid, que enfrenta uma dura batalha pela reeleição, por tentar obter ganhos políticos através da apresentação de legislação que motivasse e atraísse o voto gay e o voto latino nas eleições intercalares. Isto porque, além de linguagem que acabaria com o "don't ask, don't tell", faz parte deste pacote legislativo o DREAM act, que concederia a cidadania americana aos filhos de imigrantes ilegais que servissem nas Forças Armadas ou que frequentassem a universidade.
Na minha opinião, este é um daqueles casos em que uma medida, além de good politics, é também the right policy. E depois, se é verdade que Harry Reid pode estar a tentar obter pontos políticos desta questão, também os republicanos, ao bloquearem estas propostas (alegando este "jogo" de Reid ao invés de apontarem os defeitos da legislação), estão a incorrer no mesmo pecado que apontam ao líder da maioria do Senado.
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