segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A estratégia democrata

Como se tem dito insistentemente, as perspectivas democratas para as próximas eleições de Setembro não poderiam ser mais negras: poderão perder o controlo das duas câmaras do Congresso (uma probabilidade no caso da Câmara dos Representantes e uma possibilidade no caso do Senado) e   de importantes governos estaduais. Contudo, é óbvio que o Partido Democrata não se deixará derrotar sem prestar uma réplica, pelo menos a possível, à "onda" republicana que se avizinha.
Ontem, no programa "Meet the Press", o director da campanha presidencial de Obama e o actual responsável da Casa Branca pelas midterms, David Plouffe, deixou algumas pistas relativamente à estratégia que será utilizada pelos democratas para minimizar as perdas nas eleições que se aproximam. Nessa entrevista, Plouffe afirmou que os actuais líderes do GOP são Sarah Palin, Rush Limbaugh e Glen Beck e caracterizou o Partido Republicano como sendo intolerante e extremista. Ao fazê-lo, o objectivo de Plouffe é claro: tentar "assustar" o eleitorado moderado e independente, sugerindo que as franjas mais conservadores do GOP tomaram de assalto o partido, encostando-o à direita.
E, de facto, tal não deixa de ser verdade. A influência do Tea Party no interior do Partido Republicano já trouxe mesmo alguns dissabores ao establishment do GOP, em particular no Nevada e no Kentucky, dois estados onde os republicanos eram favoritos à partida, mas que estão, agora, em jogo. Também noutros estados, como no Alasca e no Utah, a ala mais conservadora do GOP conseguiu afastar candidatos menos próximos da sua plataforma política, mas, aqui, sem consequências eleitorais. Além disso, políticos outrora vistos como moderados e com quem os democratas podiam contar para iniciativas bipartidárias, tiveram de "fugir" para a direita, de modo a assegurarem o seu futuro no Partido Republicano, com John McCain a ser o melhor exemplo deste fenómeno.
Assim, se os democratas apostarem num ataque a nível nacional contra esta espécie de "sequestro" do GOP pelas suas alas mais radicais, podem conseguir alguns ganhos entre o eleitorado independente e, ao mesmo tempo, motivar e mobilizar as suas bases, que parecem pouco envolvidos neste ciclo eleitoral. Entretanto, os republicanos já se devem ter apercebido desta ameaça, o que  explicaria a moderação de Glen Beck no evento que organizou a semana passada na capital americana, denominada "Restoring Honor", de modo a não providenciar citações polémicas que os democratas pudessem utilizar nas campanhas deste Outono.
De qualquer forma, com esta ou qualquer outra estratégia, os democratas serão sempre derrotados no dia 2 de Novembro; porém, a dúvida ainda subsiste em relação à dimensão dessa derrota. Se os democratas  conseguirem conter os danos, mantendo o controlo da House e perdendo apenas 4 ou 5 lugares no Senado, então poderão cantar vitória. Mas, por agora, esse cenário parece difícil de se concretizar.

1 comentário:

  1. Nao percebo porque continuam a insistir nesta estrategia.

    Desde que Obama foi eleito, os democratas ja proclamaram por 1000 vezes o Rush Limbaugh como lider do partido republicano; acusaram os Tea Partiers de tudo desde hillbillies, facistas, segregacionistas, etc; a Sarah Palin e tratada como a incarnacao do Diabo; o Rand Paul queria acabar com o Civil Rights Act; os Republicanos no Congresso e qualquer pessoa que seja contra o passagem da Health care reform esta nas maos das corporacaoes e, no fundo, so protesta porque existe um negro na casa Branca...

    Meus amigos, os resultados estao a vista e nao deixam duvidas: preve-se um terramoto de magnitude maxima em Washington dentro de 2 meses!

    http://hotair.com/archives/2010/09/06/gop-gains-in-generic-congressional-ballot-with-cnn-rasmussen/

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