Sarah Palin fez ontem a sua primeira grande aparição no Iowa, o primeiro estado a ir a votos nas primárias presidenciais americanas, realizando o principal discurso no Ronald Reagan Dinner, um evento organizado pelo Partido Republicano do estado. Esta presença mediática de Palin no Hawkeye State, pode tratar-se de uma importante indicação de que a ex-governadora do Alasca estará mesmo a considerar candidatar-se à presidência americana, já em 2012.
No seu discurso, Sarah Palin lembrou que as primárias já terminaram e que, agora, é tempo do GOP se unir, tendo em vista uma grande vitória nas eleições intercalares de Novembro. Apesar de não ter abordado directamente a questão de uma eventual candidatura à Casa Branca, Palin saiu deste evento como a grande representante do movimento insurgente no interior do Partido Republicano, mas também como a maior representante e símbolo do GOP a nível nacional. Contudo, isso não significa que a candidata à vice-presidência em 2008 seja a grande favorita para conseguir a nomeação republicana daqui a dois anos.Logo à partida, a grande popularidade de Sarah Palin entre o eleitorado conservador e a sua posição actual de kingmaker dentro do GOP, seria seriamente afectada por uma derrota eleitoral nas primárias ou na eleição geral de 2012. Por isso, Palin terá muito a perder se decidir avançar. Por outro lado, o caminho para a nomeação é um percurso longo, tortuoso e de final incerto.
A história política americana diz-nos que um candidato presidencial tem de vencer um dos dois primeiros momentos das primárias (os caucuses do Iowa e as primárias de New Hampshire) para poder sonhar com a vitória. E em nenhum desses estados Sarah Palin pode contar com o seu estatuto de super estrela para ter bons resultados nas urnas. As populações do Iowa e do New Hampshire levam muito a sério o seu papel de testar os aspirantes à presidência do país e a campanha nestes estados é feita porta-a-porta, com contacto directo com os eleitores. Assim, Palin terá de descer do altíssimo pedestal a que subiu para disputar essas corridas fundamentais.
Para já, a antiga running mate de John McCain parte atrás de Mitt Romney no New Hampshire e de Mike Huckabee no Iowa. Ambos disputaram as primárias de 2008 e já têm uma forte implantação no terreno. De qualquer forma, as hipóteses de Palin no New Hampshire são residuais e, por isso, tem de concentrar os seus esforços no Iowa, à imagem do que fez, com sucesso, Barack Obama, há dois anos. Se vencer aí, então tudo é possível.
É provável que, por esta altura, Sarah Palin ainda não tenha feito a sua decisão final. E não necessita de se apressar. Como é uma figura altamente conhecida do público americano, pode entrar na corrida mais tarde do que os seus concorrentes. Dessa forma, terá tempo para ver como se desenrolam as midterms e que clima político lhes sucederá e, quando e se optar pela candidatura, contará certamente com um grupo de activistas numeroso e entusiasta que a poderá ajudar a ganhar algum momentum e a a atenuar o défice de presença e organização no terreno dos seus adversários.
Mesmo com a influência, peso e impacto dos movimentos Tea Party nas eleições primárias republicanas, como se tem assistido no presente ciclo eleitoral, Sarah Palin terá sempre enormes dificuldades para conseguir a nomeação. Depois disso, o passo seguinte seria o de enfrentar e derrotar Barack Obama que, apesar dos seus índices de popularidade negativos, será sempre o grande favorito à vitória, especialmente frente a Sarah Palin, que conta com grandes problemas de implantação junto do eleitorado independente. Assim, certamente que Obama e os democratas estarão a torcer por Palin nas primárias republicanas.
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