A precisamente nove semanas das eleições intercalares, os democratas já não podem esconder ou disfarçar o óbvio: perspectiva-se uma enorme derrota eleitoral em Novembro, que deverá significar a perda do controlo da Câmara dos Representantes e talvez do Senado (sendo certo que nesta câmara perderão sempre muitos lugares), além da derrota em corridas para o cargo de governador estadual em alguns dos mais importantes estados da União.
O último sinal que comprova a formação desta tempestade, que se aproxima a grande velocidade, veio da mais recente tracking poll semanal da Gallup, que concedeu a maior vantagem de sempre dos republicanos sobre os democratas no voto nacional para o congresso: nada menos que 10 pontos percentuais (51%-41%). Com tamanho choque, nem a ligeira recuperação democrata nos números da Rasmussen serve de consolo.
A grande impopularidade da liderança democrata no Congresso, com a speaker Nancy Pelosi e o líder da maioria no Senado Harry Reid à cabeça, e a manutenção dos números de aprovação do trabalho de Barack Obama bem abaixo da linha dos 50%, leva já a que, um pouco por todo o país, os candidatos democratas se distanciem da chefia do seu partido, com alguns deles a irem mais longe, criticando mesmo os seus líderes e as suas políticas. E mesmo entre os políticos democratas mais leais à liderança partidária surge com redobrada insistância a noção de que Obama precisa de começar a fazer rolar cabeças na sua administração, nomeadamente na esfera económica - o Secretário do Tesouro, Timothy Geithner, e o Conselheiro da Casa Branca para as questões económicas, Larry Summer, são os nomes mais falados.
Porém, parece-me que a melhor solução democrata não passa por uma mera mudança de caras na administração, mas sim pela melhor gestão da mensagem que transmitem ao público americano. É certo que surgiram problemas que fogem ao controlo de qualquer governo, como o desastre ambiental no Golfo do México. Mas, numa altura em que o emprego e a economia são os problemas que mais assolam o dia-a-dia dos americanos, a Casa Branca e o Congresso, controlados pelos democratas, têm falhado na tarefa de tranquilizar a população e de demonstrar que estão empenhados em melhorar a situação do país. Hoje mesmo, o presidente americano irá dirigir-se ao país e o tema é a retirada americana do Iraque. Esta é mais uma promessa cumprida de Obama e o presidente não irá deixar de lembrar isso mesmo. O problema é que este tema soa a George W. Bush, a pessimismo e a desilusão, numa altura em que os americanos precisam é de esperança e confiança.
O alarme continua a tocar e a maioria dos democratas já o ouviu. Será que Obama, Pelosi e companhia não o estão a ouvir? Ou será que o preferem ignorar?
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