A 4 de Novembro de 2008, no mesmo dia em que Barack Obama foi eleito o 44º presidente da história americana, os eleitores da Califórnia optaram, em referendo, por impedir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Contudo, agora, um juiz de São Francisco (where else?) veio declarar que esse impedimento viola a Constituição americana, anulando, assim, a denominada Proposition 8, que os californianos haviam aprovado nas urnas.
Nos Estados Unidos, onde a maioria da população não é favorável ao casamento homossexual, cabe aos Estados federados legislar sobre esta matéria. Apenas cinco dos 50 Estados têm leis que o permitem (Iowa, Massachussetts, Vermont, New Hampshire e Connecticut). Assim, a permissão deste tipo de casamento no maior Estado da União é uma importante vitória para os activistas dos direitos dos LGBT.
Além disso, esta decisão veio relançar a discussão em torno de um tópico que andava, nos últimos tempos, ausente dos tópicos principais da política americana e traz alguns problemas ao presidente do país. Obama tem nesta questão uma posição algo dúbia e pouco clarificadora: assume-se como opositor do casamento homossexual, (apesar de ser favorável a uniões civis) mas também veio mostrar-se desfavorável a iniciativas como a da Proposition 8, que visam a discriminação de minorias através da alteração das constituições estaduais. Assim, a questão da Califórnia traz à baila um tema em que Obama não se sente à vontade.
Quem não pode deixar de estar satisfeito pelo regresso desta questão às luzes da ribalta são os activistas pró e contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que defendem sempre aguerridamente os seus ideais. Contudo, é duvidoso que a questão dos casamentos homossexuais ganhe tracção e se torne num dos grandes temas da campanha para as eleições de Novembro. Com a lenta recuperação económica, os elevados valores de desemprego, a guerra no Afeganistão, as reformas da saúde e do sector financeiro e muitos outros assuntos de destaque, esta questão parece bastante secundária.
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