terça-feira, 7 de setembro de 2010

Rahm Emanuel de saída?

Hoje, o mayor de Chicago, Richard Daley, anunciou que não concorrerá a um novo mandato nas próximas eleições, em Fevereiro de 2011. Esta notícia, mesmo estando relacionada com uma das maiores cidades americanas, teria pouco impacto mediático ou relevância nacional não fossem as consequências, a nível da Casa Branca, que podem resultar desta decisão de Daley.
Isto porque Rahm Emanuel, Chief-of-Staff da Casa Branca de Obama, nunca escondeu o seu desejo de um dia vir a chefiar os destinos da windy city. Agora, com Daley fora de cena, Emanuel tem o caminho aberto para concorrer e, apesar de faltarem apenas cerca de seis meses para as eleições é bem possível que o antigo congressista pelo Illinois tente a sua sorte na luta pela City Hall de Chicago.
Por outro lado, a saída do chief-of-staff (um dos mais proeminentes membros das administrações nos Estados Unidos) poderia ser uma forma de Barack Obama responder ao clima de insatisfação relativamente à sua governação entre os americanos e à previsível grande derrota eleitoral em Novembro deste ano, fazendo rolar algumas cabeças, mostrando que está disposto a "abanar" as coisas, de modo a reaproximar-se do rumo desejado pelos cidadãos. Além disso, Emanuel não é tão próximo de Obama como outros nomes do staff presidencial (David Axelrod ou Valerie Jarret, por exemplo) e, durante a sua estadia na Casa Branca, já fez surgir algumas polémicas.
Rahm, famoso pelo seu feitio complicado, foi contratado num cenário em que os democratas mantinham confortáveis maiorias no Congresso e parecia a pessoa indicada para manter os democratas na linha. Contudo, actualmente, perspectiva-se um panorama totalmente diferente para a segunda metade do mandato de Obama e Emanuel, com grandes anticorpos entre os congressistas republicanos, teria mais dificuldades para trabalhar numa situação em que o compromisso e o diálogo com o GOP seja uma condição necessária para a governação. Assim, colocar uma cara nova (e com quem os republicanos se sintam mais à vontade para se relacionarem) como Chief-of-Staff parece ser uma boa aposta para Obama.
Por fim, a retirada de Rahm Emanuel não causaria uma grande surpresa em Washington já, que é sobejamente conhecida a grande exigência e desgaste do cargo de Chief-of-Staff, o que faz com que quem desempenha esta função não o faça, por norma, por mais que dois anos. Por tudo isto,  parece-me que Barack Obama e Rahm Emanuel teriam aqui uma saída airosa para ambas as partes.

3 comentários:

  1. Percebo a lógica, mas vou ter saudades. E muitas. Rahm era um dos grandes pontos de interesse desta administração.
    Pergunto-me como é que isto afectará a já complicada relação com Israel.

    ResponderEliminar
  2. Em relação a Israel penso que Biden e os Clinton chegarão para segurar as pontas.
    Como eu referi no texto, Emanuel é um conselheiro de tempo de guerra, mas agora Obama precisa de alguém que consiga chegar a entendimentos no Capitólio e para isso precisará de injectar sangue novo na sua administração. Mas a saída de Emanuel também terá o condão de acalmar as bases mais liberais do Partido Democrata, que nunca gostaram de Rahm, mas que serão essenciais para a recandidatura de Obama que se aproxima a passos largos...

    ResponderEliminar
  3. Lá isso é verdade, Rahm não é lá muito popular para os lados do DailyKos ou do TPM...
    Já sobre Israel, veremos. Segundo se comenta, Bibi espera até ao fim do ano para ver resultados da diplomacia de Obama em relação ao Irão, depois disso nada é garantido. Excepto, claro, que Israel não vai permitir que Teerão tenha armas nucleares.
    Mas enfim, isto dava outro post...

    ResponderEliminar