quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A luta pelo Senado

As eleições intercalares para o Congresso americano aproximam-se rapidamente e são, sem dúvida, o grande destaque do ano político nos Estados Unidos. E, nestas midterms, o maior ponto de interesse serão as eleições para o Senado, onde existe a possibilidade de o GOP voltar a ser a força maioritária. Analisemos, então, as corridas mais importantes desde autêntica batalha pelo Senado:
Arkansas - Este é um dos Estados onde um incumbent democrata está seriamente em risco. A Senadora Blanche Lincoln enfrenta uma muito complicada luta pela reeleição e, segundo as últimas sondagens, deverá mesmo perder o seu assento no Senado.
Pennsylvania - O actual detentor do lugar, Arlen Specter, que em 2004 concorreu e venceu como republicano, mas que, em 2009, mudou para o Partido Democrata, procura agora a reeleição. Porém, o mais provável é não o conseguir, já que tudo indica que o candidato republicano, Pat Toomey, que em 2004 perdeu, por uma pequena margem, a nomeação do GOP para Specter, será capaz, desta vez na eleição geral, de o derrotar.
Colorado - Mais um Estado em que um incumbente democrata tenta a reeleição. Michael Bennet, que substituiu Ken Salazar quando este assumiu o cargo de Secretário do Interior, enfrenta uma dura batalha, mas onde tem hipóteses de vencer. No actual cenário político, o GOP leva alguma vantagem, mas, na minha opinião, este é um verdadeiro toss-up state.
Delaware - Aqui, os democratas teriam hipóteses de manter este lugar que, até Janeiro de 2009, foi de Joe Biden se o seu candidato fosse o filho deste, Beau Biden, Porém, como tal não sucedeu, o GOP deverá conquistar este assento.
Illinois - Nesta eleição disputa-se o lugar que Obama ocupou de 2005 a 2009. A sua perda representaria um rude golpe para o presidente e para os democratas, mais não fosse pela simbolismo. Num Estado fortemente democrata, uma vitória parece estar ao alcance do GOP, numa eleição aparentemente renhida entre o Representante Mark Kirk (R) e o tesoureiro do Estado, Alexi Giannoulias (D).
Missouri - Neste swing-state, é um republicano que se retira, nomeadamente o Senador Kit Bond. Num clima político mais favorável aos democratas, estes teriam uma excelente oportunidade em ganhar o lugar. Mas, com o cenário actual, o favoritismo recai para o GOP. Ainda assim, uma eleição a seguir atentamente, até porque é um dos raros casos onde o Partido Republicano tem de defender um seu assento no Senado.
North Dakota - Esta não será uma verdadeira luta, já que, com a retirada do Senador democrata, Byron Dorgan, o lugar mudará facilmente para as mãos do GOP.
Nevada - Provavelmente a eleição que será mais observada e comentada, dado que se trata do lugar do actual líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid. Reid, com índices de popularidade muito negativos, tem uma tarefa muito complicada pela frente. A sua enorme vantagem financeira poderá ser uma mais-valia, mas a melhor notícia para si seria uma candidatura de um tea-partier, que dividiria a Direita e lhe permitiria, muito provavelmente, vencer a eleição.
Indiana - O maior upset Democrata até ao momento. O Senador Evan Bayh decidiu não se recandidatar e deitou por terra as esperanças do Partido Democrata em manter o lugar, que, através de Bayh, parecia ao seu alcance. Assim, o GOP não terá grandes dificuldades em vencer esta corrida.
Ohio - O Senador republicano George Voinovich anunciou a sua retirada do Senado e colocou algum interesse nesta disputa num tradicional battleground state. Porém, o candidato do GOP, Rob Portman, parece o claro favorito para suceder a Voinovich. Os democratas poderão dar alguma luta e tentarem eleger um Senador por este Estado, mas, para já, os republicanos partem à frente.
New Hampshire - Mais um Estado onde se retira um Senador republicano. De qualquer forma, o GOP deve manter este lugar, já que o candidato democrata, Paul Hodes, aparece, nas sondagens, muito aquém do presumível concorrente republicano, Kelly Ayotte.
Kentucky - Aqui também sai de cena um Senador do GOP, neste caso o controverso Jim Bunning. Quem já anunciou que irá concorrer para este cargo é o filho de Ron Paul, Rand Paul. Os democratas têm aqui um long-shot de recuperar um lugar aos republicanos, mas não é um cenário totalmente inverosímil.
California - É um dos Estados mais liberais da América, mas, mesmo assim, a democrata Barbara Boxer não tem a reeleição assegurada. As primárias republicanas serão muito disputadas e só depois de se conhecer o nomeado do GOP é que se poderá ter uma melhor visão do que será a corrida no golden state. Ainda assim, o favoritismo tem de ser atribuído a Boxer.
Flórida - Uma das eleições mais interessantes, mas principalmente pelo que se passa no lado republicano. Com a retirada do Senador LeMieux, o Governador da Flórida, Charlie Crist, avançou para a corrida. Porém, Marc Rubio, Speaker of the House do Estado e bem mais conservador, posiciona-se como o favorito para conseguir a nomeação republicana. O vencedor desta disputa deverá ser o novo Senador do sunshine state.
Nova Iorque (B) - A actual detentora do cargo, Kirsten Gilibrand, não tem a reeleição assegurada, mas, a não ser que o seu opositor do GOP seja o antigo Governador George Pataki, deverá manter-se em funções.
Wisconsin - O Senador Russ Feingold não teria, à partida, grandes dificuldades em conseguir um novo mandato como Senador deste Estado. Porém, no actual panorama político, poderá ter dificuldades acrescidas. Ainda assim, uma derrota de Feingold seria uma enorme surpresa.
North Carolina - O Senador republicano Richard Burr parece ser um incumbente vulnerável e, neste Estado onde Obama venceu surpreendentemente em 2008, a demografia começa a favorecer os democratas. Porém, seria necessária uma campanha praticamente sem erros para colocar em perigo Burr.
Nos restantes Estados em jogo, não haverá novidades, salvo uma monumental surpresa ou escândalo. Assim, as corridas no Idaho, Utah, Arizona, Alasca, North Dakota, South Dakota, Kansas, Oklahoma, Iowa, Lousiana, Alabama, South Carolina e Geórgia ficarão na coluna vermelha do GOP. Já os democratas não deixarão escapar os Estados de Washington, Oregon, Maryland, Hawai, Nova Iorque (A), Vermont e Connecticut.
Vistas todas as disputas pelo Senado, percebe-se que o caminho do GOP para uma eventual maioria não é impossível, mas é, pelo menos, bastante improvável. Apesar de ainda faltarem cerca de oito meses até ao acto eleitoral, a minha previsão é que os Democratas continuem a representar a maioria, mas diminuída, pelo menos, em cinco ou seis lugares.

4 comentários:

  1. Resta saber se Charlie Christ não muda para o lado Democrata, o que é mais ou menos a sua única hipótese de sobrevivência. Fala-se muito nisso.

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  2. Seria, de facto, interessante se Christ concorresse como Democrata. Porém, a nível social, o actual Governador da Flórida é tudo menos liberal (pro-gun, pro-life, contra o casamento gay, etc), por isso acho que seria mais viável uma candidatura como Independente. Além disso, não seria uma acrobacia política tão grande e o eleitorado talvez aceitasse melhor. Lieberman fez o mesmo em 2006 e venceu.

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  3. A minha previsao e o controlo das duas camaras do congreeso pelo partido republicano em Novembro deste ano.

    E o culpado tem nome: Barack Hussein Obama


    Joao Fernandes

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  4. João, sinceramente, não acredito. Seria preciso que os republicanos vencessem todas as corridas, incluindo algumas que não me parecem ao seu alcance como na Califórnia, Illinois ou Wisconsin. A House é mais difícil de prever, mas, dada a grande vantagem da maioria democrata, ainda acho que serão capaz de a manter.

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