Pois é, a actual disputa pela Casa Branca não pára de nos surpreender. Antes do debate da passada Quarta-feira, Barack Obama parecia bem encaminhado para a reeleição, com as sondagens a mostrarem o candidato democrata na dianteira a nível nacional, mas, principalmente, com uma vantagem aparentemente decisiva em quase todos os battleground states.
Contudo, o resultado do debate televisivo em Denver mudou drasticamente o cenário da corrida. Logo nos primeiros dias seguintes ao frente-a-frente, algumas sondagens começaram a dar a entender que Mitt Romney poderia estar a recuperar terreno face ao Presidente. Inicialmente, esses indicadores poderiam não passar de ruído estatístico, ou um bump natural e decorrente da boa prestação no debate do nomeado republicano. Porém, neste momento, quase uma semana depois do debate, é já possível perceber que a recuperação de Mitt Romney ultrapassa mesmo as melhores expectativas do mais optimista dos republicanos.
As sondagens nacionais mostram agora que a corrida pode muito bem estar empatada. Esse é, aliás, o resultado da última tracking poll da Rasmussen, que mostra os dois candidatos com 48% dos votos. Na Gallup, Obama surge ainda com 5% de avanço em relação ao seu opositor, mas, com esta entidade e alterar, hoje mesmo, a sua amostra (passando de eleitores registados para apenas eleitores prováveis), é bem possível que os próximos números indiquem, também, um empate entre Obama e Romney. Outra sondagem nacional, da Pew Research, é ainda mais negativa para o actual ocupante da Sala Oval, já que aponta agora para uma vantagem de quatro pontos percentuais para o republicano, em grande contraste com a anterior sondagem da mesma empresa, que atribuia a Obama uma liderança com 8% de diferença relativamente a Romney. Com estes dados, a média das sondagens do RealClearPolitics já atribui a Obama uma vantagem de apenas 0,5% (no Pollster, Obama ainda lidera por 2 pontos percentuais).
Também nas sondagens estaduais se assistiu a uma acentuada recuperação de Mitt Romney, ainda que Obama mantenha, na maior parte dos casos, uma ligeira vantagem. Estados como a Florida e a Virginia, onde Obama vinha a solidificar a sua posição, parecem agora totalmente empatados ou mesmo a inclinarem-se novamente para o candidato republicano. Noutros locais, onde Barack Obama tinha lideranças firmes, como no Ohio, no Wisconsin e mesmo na Pennsylvania, voltam agora a estar ao alcance de Mitt Romney. Ou seja, o Colégio Eleitoral, que há uma semana parecia um pesadelo para Romney, volta a estar totalmente em aberto.
É possível que o inevitável contra-ataque democrata sirva para compensar parte das perdas de Obama no pós-debate. Além disso, dificilmente o debate vice-presidencial de Quinta-feira (assim como os posteriores dois debates entre os "chefes de fila") correrá tão mal aos democratas como o da semana passada. Até porque, agora, o jogo das expectativas está virado do avesso e espera-se que o ticket do GOP volte a derrotar copiosamente o adversário. Ainda assim, é realmente notável a mudança brutal numa corrida que já leva largos meses de duração devido ao impacto de um evento de 90 minutos. Costuma-se dizer que os debates raramente têm grande influência numa campanha eleitoral. Todavia, a manter-se a dinâmica actual, é bem possível que esse mito venha a cair em 2012.
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