Realiza-se hoje à noite (início de madrugada em Portugal), o primeiro dos quatro debates (um deles entre os candidatos vice-presidenciais) da campanha presidencial norte-americana. Na Universidade do Colorado, em Denver, e com moderação de Jim Lehrer, da PBS, os dois candidatos à Casa Branca enfrentam-se, durante hora e meia, num momento que se pode revelar decisivo para a definição do vencedor da corrida presidencial.
Barack Obama teve um mês de Setembro muito positivo e colocou-se numa posição privilegiada para alcançar um novo mandato de quatro anos à frente dos destinos dos Estados Unidos. Parte, por isso, em vantagem para este debate e deverá adoptar uma postura moderada, sem grande agressividade, tentando mostrar-se "presidencial". Foi isso, aliás, que sucedeu nos debates da campanha de 2008, que também ocorreram num momento em que Obama estava na frente das sondagens. Nessas ocasiões, Obama foi um candidato sereno e confiante, que não marcou grandes pontos nos debates, mas também não cometeu erros que lhe pudessem custar o seu estatuto de frontrunner. Há quatro anos, a estratégia de Obama foi vitoriosa já que, apesar de não ter sido brilhante nos debates, demonstrou estar pronto para ocupar a Sala Oval. Agora, o actual Presidente deverá repetir essa fórmula, evitando correr riscos, ao mesmo tempo que tentará utilizar o seu estatuto de Commander-in-Chief para se demarcar do seu opositor, que, afinal, é apenas alguém a concorrer ao seu emprego.
Para Mitt Romney este debate é fundamental. As sondagens têm mostrado que o nomeado republicano está solidamente abaixo de Obama e tem uma importante desvantagem para anular se quiser chegar à Casa Branca. Por isso, tem-se dito que Romney precisa de vencer o debate de hoje para voltar a equilibrar a corrida e que a melhor forma de o fazer é ser agressivo e atacar sem quartel o seu adversário. Contudo, essa táctica é arriscada, porque pode levar os cidadãos norte-americanos, que gostam, a nível pessoal, do seu Presidente, a simpatizarem com Barack Obama. Além disso, Romney é visto, por muitos eleitores, como alguém pouco amigável e com quem não tomariam uma cerveja. Assim sendo, uma postura demasiadamente agressiva por parte do ex-Governador do Massachusetts poderia agravar ainda mais essa sua imagem. Como tal, considero ser mais provável assistirmos a uma postura algo neutra por parte de Romney, tentando mostrar-se conhecedor de todos os dossiers que passam na secretária do Presidente e pronto a assumir a liderança dos Estados Unidos.
Num debate politico, o vencedor é também determinado pelo jogo das expectativas. Antes de cada debate, cada campanha tenta reduzir as expectativas relativas à prestação do seu candidato, de forma a ser mais fácil ao político alcançar um desempenho considerado positivo. Por exemplo, em 2008, esperava-se tão pouco de Sarah Palin que, após ter realizado um desempenho, no máximo, mediano, muitos analistas consideraram que a candidata vice-presidencial republicana havia sido a vencedora do debate frente a Joe Biden. Desta vez, assiste-se, como sempre, a este jogo, com ambas as campanhas a inflaccionarem as capacidades do adversário e a reduzirem as do seu chefe de fila.
Seja como for, o vencedor da noite só será conhecido após o debate e resta-nos, agora, esperar pelo grande evento que colocará milhões de americanos (mas não só) em frente à televisão. Contudo, e apesar de todo o buzz mediático à volta do frente a frente entre os dois candidatos presidenciais, é bem possível que este evento não venha a ter um grande impacto na corrida pela Casa Branca. Mas isso só saberemos mais tarde. Agora, let the games begin!
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