A dez dias do dia de todas as decisões, a eleição presidencial norte-americana está longe de estar decidida. Nesta altura, reina a incerteza relativamente ao vencedor da disputa pela Casa Branca e nem as dezenas de novas sondagens que saem todos os dias clarificam o estado da corrida. Aliás, as sondagens têm servido para confundir ainda mais quem, como eu, segue atentamente a campanha presidencial dos Estados Unidos.
De um lado, temos a maioria das sondagens nacionais, incluindo as tracking polls mais credenciadas, como as da Gallup ou da Rasmussen, que têm mostrado Mitt Romney com uma vantagem importante, entre os três e os sete pontos percentuais, sobre Barack Obama. Por outro lado, as sondagens nos battleground states indicam que o Presidente continua em melhor posição para vencer em Estados como o Ohio (o mais importante de todos), o Nevada e o Wisconsin, que, juntos, chegariam para Obama garantir a reeleição. Além disso, noutros Estados (Virginia, Colorado, New Hampshire e Florida), Obama continua altamente competitivo e com hipóteses de vitória.
Como explicar esta diferença tão gritante entre as sondagens nacionais e as sondagens estaduais? Bem, na minha opinião, pelo menos parte da explicação reside numa extraordinariamente eficaz campanha democrata nos Estados decisivos, que tem permitido a Obama aguentar-se nesses locais de uma forma que não tem conseguido fazer no resto do país. Se analisarmos todas as sondagens estaduais, e não apenas as que dizem respeito aos battleground states, vemos que o apoio de Obama diminuiu nos Estados marginais em eleições americanas. Dito de outra forma, o candidato democrata deverá perder por mais nos Estados normalmente republicanos e deverá ganhar por menos nos Estados tradicionalmente democratas.
Assim, e com base nestes resultados contraditórios, é totalmente possível que Mitt Romney, mesmo conseguindo um maior número de votos a níve nacional, não seja capaz de derrotar Obama no Colégio Eleitoral. Não seria um cenário inédito na história dos Estados Unidos, pois tal situação já ocorreu por três vezes, a última das quais, em 2000, quando Al Gore, o candidato mais votado, perdeu no Colégio Eleitoral para George W. Bush.
Não seria, a meu ver, a forma ideal de terminar uma campanha eleitoral interessante e bastante renhida, ao mesmo tempo que colocaria, uma vez mais, o sistema eleitoral norte-americano debaixo de fogo, deixando-o vulnerável a alterações que, para um apaixonado das eleições norte-americanas como eu, retirariam emoção e interesse ao processo de escolha do líder político dos Estados Unidos.
Um candidato que vença o voto popular por mais de 1% dificilmente perderá o Colégio Eleitoral. E, neste momento, afigura-se-me bem provável que Romney vença o voto popular por uma margem superior a 1%.
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