Depois de duas semanas terríveis na sequência de uma má prestação no primeiro debate entre os candidatos à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama precisava de uma boa performance no segundo frente-a-frente com Mitt Romney, de modo a estancar a hemorragia que os seus números nas sondagens estavam a sofrer nos últimos dias. E, ontem à noite, foi mesmo isso que Obama fez, alcançando uma vitória sobre o seu adversário, num debate com um formato que lhe assentou como uma luva.
Ainda assim, os primeiros minutos de Obama não foram muito convincentes, mostrando-se algo nervoso e talvez pouco confiante, na sequência da sua fraca prestação anterior. Contudo, com o passar do tempo, o Presidente soltou-se e pareceu à vontade na interacção com os eleitores que estavam na audiência e que iam fazendo perguntas aos candidatos presidenciais. Mostrou ter a lição bem estudada e deixou a postura desinteressada do debate anterior, apresentando-se mais envolvido e motivado neste momento que podia ser decisivo para as suas aspirações a um segundo mandato. Tinha algumas linhas de ataque preparadas para encostar Romney às cordas e, em alguns momentos, conseguiu fazê-lo. Além disso, Obama foi também capaz de defender o seu mandato, ao mesmo tempo que apontava as contradições entre as posições de Mitt Romney durante as primárias e as que agora o republicano defende. No cômputo geral, Obama foi extremamente competente e bateu Romney,
ainda que não tenha sido uma vitória tão clara como a do antigo
Governador do Massachusetts no primeiro debate.
Apesar de, a meu ver, Romney ter saído derrotado do debate de ontem, a verdade é que não esteve mal. Mostrou uma atitude semelhante à de há duas semanas e também se mostrou capaz de dialogar e interagir com o público, o que constituiu um ponto a seu favor, tendo em conta os problemas de falta de ligação com o cidadão comum que lhe têm sido apontados. Todavia, os pontos que marcou durante o debate foram, de alguma forma, anulados pelo erro táctico que cometeu ao afirmar que Obama nunca denominou os ataques ao consulado norte-americano de Benghazi como um ataque terrorista, algo que Obama fez e que foi mesmo confirmado pela moderadora, Candy Crowley (que, por sinal, esteve muito bem). A reacção da audiência a este momento, aplaudindo o fact checking de Crowley, pareceu destabilizar Romney, que, por momentos, perdeu o fio à meada.
Agora, com esta vitória de Obama, confirmada pelas sondagens realizadas a seguir ao debate, é possível que o candidato democrata recupere algum terreno nas sondagens. Pelo menos, a sua prestação de ontem deverá servir para pausar o momentum de Romney. Mas, se há coisa que ficou provada pelo debate de ontem, foi que os dois candidatos estão à altura do momento e que não será por incompetência ou falta de jeito para debater que qualquer um deles não chegará à Casa Branca. A menos de três semanas da eleição, a corrida promete!
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