Após o debate da semana passada, o primeiro entre os candidatos à Presidência, hoje é dia de debate entre os running mates de Barack Obama e Mitt Romney. Mais logo, às 2 da madrugada em Portugal, no Kentucky, Joe Biden e Paul Ryan estarão frente-a-frente para esgrimir argumentos, num debate que ganhou uma renovada importância após a péssima prestação de Obama, na semana passada, e que resultou na recolagem de Romney ao Presidente nas sondagens.
O actual Vice-Presidente está, por isso, sob intensa pressão, obrigado a uma boa performance de forma a não permitir ao ticket republicano renovar o seu momentum. Mas Biden é um político muitíssimo experiente e, em 2008, nas primárias presidenciais democratas, mostrou ser muito competente em debates, ganhando, inclusivamente, vários deles (na altura, como ocupava os últimos lugares das sondagens, ninguém prestou muita atenção a isso). Mais tarde, na eleição geral, debateu face a Sarah Palin, mas teve a ingrata tarefa de ter de enfrentar um adversário que tinha, porventura, as mais baixas expectativas de sempre numa corrida presidencial. Ainda assim, Joe Biden saiu-se muito bem e evitou a arrogância ou o paternalismo, posturas que poderiam prejudicar a sua imagem junto dos telespectadores. Biden tem a vantagem de se conseguir mostrar aos eleitores como sendo um deles, adoptando um discurso simples e directo. Contudo, essa frontalidade também lhe traz, por vezes, dissabores, porque, como se sabe, o Veep de Obama é propenso a gaffes que podem comprometer a mensagem que pretende transmitir.
Já Paul Ryan, seguro e constante, é um caso totalmente distinto. Sem qualquer tipo de experiência em debates a este nível, torna-se muito difícil de prever como será a prestação do congressista do Wisconsin. Terá certamente de ser capaz de lidar com um Biden agressivo e que atacará o seu plano fiscal. Nos últimos tempos, Ryan tem sido bastante pressionado pela imprensa para que seja mais específico em relação a um eventual orçamento de uma administração republicana. Todavia, o vice de Romney tem preferido fugir à questão, afirmando que necessita de muito tempo para essa explicação. Esse argumento, porém, não deve resultar esta noite e espera-se algo mais substancial por parte do Presidente da Comissão do Orçamento da Câmara dos Representantes. Outro tema que pode dar que falar é a questão do aborto, novamente em voga depois de Romney ter vindo a público suavizar a sua posição que, de momento, é diferente da do seu running mate que, como católico, é um pro-life convicto.
É, então, com muito expectativa que se aguarda este debate vice-presidencial que poderá resultar no estancamento da hemorragia democrata ou para a piorar, dependendo de como se saírem Joe Biden e Paul Ryan. Por isso, mais logo, milhões de norte-americanos (e não só) estarão em frente às televisões para assistirem a um debate que, ao contrário do que costuma acontecer, pode mesmo ter um impacto decisivo na corrida pela Casa Branca.
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