Com uma ajuda da moderadora, a jornalista da CNN, Candy Crowley, Mitt Romney teve aqui aquele que foi o seu pior momento no debate de ontem e que muito contribuiu para que Barack Obama fosse considerado o vencedor da noite.
Uma moderadora que faz este tipo de intervenção está a interferir de uma maneira que lhe devia ser vedada. Se quisesse, seria Obama a fazer aquele fact-checking, não a moderadora.
A Candy Crowley fugiu um pouco ao típico moderador de debates. Foi mais interventiva e adoptou um estilo semelhante ao que utiliza no programa State of the Union, da CNN. Compreendo que os republicanos não tenham gostado da ajuda que deu a Obama, mas não foi uma intervenção mais inadequada do que a de Max Frankel, no debate de 1976, quando Gerald Ford teve a sua memorável gaffe do (não) domínio soviético na Europa de Leste.
Vejamos. Afirmação: Obama afirmou, durante o debate, que no dia imediato à morte na Libia do Embaixador, e dos outros três cidadãos americanos, em comunicação pública, no "jardim das rosas" Casa Branca, qualificou aquele acto como "terrorismo". Mentira: Apenas uma longa, vaga e genérica comunicação sobre situações que envolvem relações entre culturas diferentes. Até com um angulo mais que discutível para um Presidente dos EUA. Apenas num pequeno parágrafo, nessa comunicação, aparece a palavra "terrorismo" como classificação genérica do tipo de actos: "puníveis". Nunca se referiu a "terrorismo" como o acto acontecido no dia anterior.
A moderadora já reconheceu o erro na forma e conteúdo da sua intervanção, mas continua a meter os pés pelas mãos. Nada de novo.
Obama, 5 dias após a sua não-classificação de "acção terrorista" na Líbia, num talk-show, afirmou que "ainda estava a estudar" o que aconteceu na Líbia.
A Embaixadora de Obama nas N. Unidas em 5 aparições públicas logo nos dias seguintes aos acontecimentos, classificou o assassínio dos 4 americanos como uma "multidão inflamada"... Só que video em tempo real e comunicação telefónicam descrevem um grupo de homens armados, numa elaborada accção de ataque. Que não era a primeira. E documentadamente prevista pelo Embaixador assassinado. .... O Sr. João Luis ou não percebe Inglês "Americano", ou deixou-se ofuscar pelas suas preferências, ou está em campânha de desinformação. Boa sorte.
Barack Obama, na agora famosa comunicação no Rose Garden, referiu a actos de terror. Não quero entrar em batalhas de semântica, discutindo a diferença entre terrorismo e actos de terror, que me faz lembrar a velha distinção entre genocídio e actos de genocídio, tão bem aproveitada para os interesses da ONU.
Seja como for, é um facto que Obama se referiu, nessa comunicação especificamente agendada para reagir aos acontecimentos de Benghazi, a actos de terror. Por isso, a não ser que se considere que Obama, a meio do discurso, decidiu mudar de assunto e começar a falar de outra coisa qualquer, parece-me que a posição de Obama e de Crowley no debate foi mais aproximada da verdade do que a de Romney.
Ainda assim, parece-me que a verdadeira questão é a de definição de terrorismo, um assunto verdadeiramente polémico e ausente de consenso na comunidade internacional. Na minha opinião, o que aconteceu na Líbia, foi um acto de terrorismo, já que o ataque ao embaixador americano não cabe nas leis da guerra tradicional. Todavia, o mais provável é que não se tenha tratado de um ataque organizado por parte da Al-Qaeda ou de outra organização terrorista, mas sim de um ataque de oportunidade, na sequência dos protestos para com o tal filme que ridicularizava Maomé. Essa é, parece-me a mim, a posição da Administração Obama e não me parece muito lógico, ou mesmo eficaz politicamente, atacá-la por isso.
Mas, como a minha compreensão do inglês pode não ser a melhor, ou posso ter sido ofuscado pelas minhas preferências, deixo-lhe a campanha de desinformação do Washington Post sobre este assunto:
Uma moderadora que faz este tipo de intervenção está a interferir de uma maneira que lhe devia ser vedada. Se quisesse, seria Obama a fazer aquele fact-checking, não a moderadora.
ResponderEliminarA Candy Crowley fugiu um pouco ao típico moderador de debates. Foi mais interventiva e adoptou um estilo semelhante ao que utiliza no programa State of the Union, da CNN. Compreendo que os republicanos não tenham gostado da ajuda que deu a Obama, mas não foi uma intervenção mais inadequada do que a de Max Frankel, no debate de 1976, quando Gerald Ford teve a sua memorável gaffe do (não) domínio soviético na Europa de Leste.
ResponderEliminarVejamos.
ResponderEliminarAfirmação: Obama afirmou, durante o debate, que no dia imediato à morte na Libia do Embaixador, e dos outros três cidadãos americanos, em comunicação pública, no "jardim das rosas" Casa Branca, qualificou aquele acto como "terrorismo".
Mentira: Apenas uma longa, vaga e genérica comunicação sobre situações que envolvem relações entre culturas diferentes. Até com um angulo mais que discutível para um Presidente dos EUA. Apenas num pequeno parágrafo, nessa comunicação, aparece a palavra "terrorismo" como classificação genérica do tipo de actos: "puníveis". Nunca se referiu a "terrorismo" como o acto acontecido no dia anterior.
A moderadora já reconheceu o erro na forma e conteúdo da sua intervanção, mas continua a meter os pés pelas mãos. Nada de novo.
Obama, 5 dias após a sua não-classificação de "acção terrorista" na Líbia, num talk-show, afirmou que "ainda estava a estudar" o que aconteceu na Líbia.
A Embaixadora de Obama nas N. Unidas em 5 aparições públicas logo nos dias seguintes aos acontecimentos, classificou o assassínio dos 4 americanos como uma "multidão inflamada"...
Só que video em tempo real e comunicação telefónicam descrevem um grupo de homens armados, numa elaborada accção de ataque. Que não era a primeira. E documentadamente prevista pelo Embaixador assassinado.
....
O Sr. João Luis ou não percebe Inglês "Americano", ou deixou-se ofuscar pelas suas preferências, ou está em campânha de desinformação.
Boa sorte.
Caro Anónimo,
EliminarBarack Obama, na agora famosa comunicação no Rose Garden, referiu a actos de terror. Não quero entrar em batalhas de semântica, discutindo a diferença entre terrorismo e actos de terror, que me faz lembrar a velha distinção entre genocídio e actos de genocídio, tão bem aproveitada para os interesses da ONU.
Seja como for, é um facto que Obama se referiu, nessa comunicação especificamente agendada para reagir aos acontecimentos de Benghazi, a actos de terror. Por isso, a não ser que se considere que Obama, a meio do discurso, decidiu mudar de assunto e começar a falar de outra coisa qualquer, parece-me que a posição de Obama e de Crowley no debate foi mais aproximada da verdade do que a de Romney.
Ainda assim, parece-me que a verdadeira questão é a de definição de terrorismo, um assunto verdadeiramente polémico e ausente de consenso na comunidade internacional. Na minha opinião, o que aconteceu na Líbia, foi um acto de terrorismo, já que o ataque ao embaixador americano não cabe nas leis da guerra tradicional. Todavia, o mais provável é que não se tenha tratado de um ataque organizado por parte da Al-Qaeda ou de outra organização terrorista, mas sim de um ataque de oportunidade, na sequência dos protestos para com o tal filme que ridicularizava Maomé. Essa é, parece-me a mim, a posição da Administração Obama e não me parece muito lógico, ou mesmo eficaz politicamente, atacá-la por isso.
Mas, como a minha compreensão do inglês pode não ser a melhor, ou posso ter sido ofuscado pelas minhas preferências, deixo-lhe a campanha de desinformação do Washington Post sobre este assunto:
http://www.washingtonpost.com/opinions/benghazi-attack-becomes-political-ammunition/2012/10/19/e1ad82ae-1a2d-11e2-bd10-5ff056538b7c_story.html