Antes do debate, era opinião praticamente generalizada que Mitt Romney precisava de alcançar uma vitória no seu frente a frente com Barack Obama para ser capaz de alterar o rumo da corrida presidencial, que parecia, até ontem, encaminhar-se para a reeleição do actual Presidente.
Na verdade, ontem à noite, Romney não só conseguiu sair vitorioso do debate, como amealhou um triunfo por KO, derrotando Obama sem apelo nem agravo. A diferença entre os dois candidatos à Casa Branca foi de tal ordem que, no rescaldo do debate, a atribuição da vitória ao nomeado republicano foi totalmente consensual e até a própria campanha de Obama admitiu a derrota. À Direita, os conservadores rejubilaram com a actuação de Romney, enquanto que, à Esquerda, os liberais criticaram Obama pela sua medíocre prestação.
Nos dias que antecederam este primeiro debate, a campanha democrata tentou reduzir as expectativas, lembrando que Romney havia já passado por um enorme número de debates durante as primárias republicanas, ao passo que Obama já não era posto à prova desta forma desde 2008. E, de facto, o Presidente pareceu completamente enferrujado e pouco à vontade no debate de ontem. Aliás, um dos seus principais problemas prendeu-se com a atitude com que enfrentou o debate, mostrando-se cansado, com pouca vontade de participar neste momento importante para a sua reeleição e algo condescendente em relação ao seu adversário. A nível de conteúdo, Barack Obama também desiludiu: não atacou alguns pontos sensíveis de Romney, como o comentário dos 47%, e mostrou-se algo defensivo quando viu o seu mandato ser atacado, desviando as culpas para o seu antecessor. Foi, portanto, um Barack Obama irreconhecível que esteve ontem em cima do palco, em Denver. Se quiser ser reeleito, o ainda Presidente tem de dar a volta a esta sua prestação extremamente negativa e melhorar substancialmente nos dois próximos debates.
Por seu turno, Mitt Romney esteve à altura do momento e obteve uma excelente prestação na altura em que mais precisava de o fazer. Nesse aspecto fez lembrar o Romney que, durante as primárias, destroçou Newt Gingrich num debate decisivo, quando o antigo Speaker parecia estar a tornar-se uma real ameaça para a sua nomeação pelo GOP. Confiante e seguro, Mitt Romney pareceu mais "presidencial" do que o próprio ocupante da Casa Branca e manteve, durante todo o debate, um semblante positivo que contrastou com o enfado evidente do seu oponente. Se no que diz respeito à forma esteve bem, também não esteve pior no conteúdo, ainda que não tenha sido verdadeiramente pressionado por Obama. O seu discurso foi mais moderado e centrista do que alguma vez se lhe viu nesta campanha eleitoral, o que mostra que Romney já percebeu que tem de se afastar da ala mais radical do seu partido para ter hipóteses de vencer a eleição.
No final do debate, o vencedor era inquestionável (uma sondagem da CNN mostrou que 67% dos telespectadores atribuiram o triunfo a Romney, enquanto apenas 25% consideraram ter sido Obama a estar melhor). Contudo, o impacto do desfecho do debate na corrida eleitoral é uma incógnita e teremos de estar atentos às sondagens dos próximos dias para percebermos se Romney consegue ou não uma subida nas intenções de voto dos eleitores americanos com base na noite de ontem. Normalmente, os debates não resultam em grandes mexidas nas sondagens, mas o triunfo de Romney sobre Obama foi tão esmagador que é de crer que os números da corrida voltem a apertar e que o equilíbrio volte a imperar nesta disputa pela Presidência dos Estados Unidos.
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